Todas as instituições, entidades e cidadãos que defendem a liberdade e o respeito à soberania das nações devem posicionar-se da forma mais contundente possível contra a arrogante e inaceitável chantagem do governo britânico, que ameaçou invadir a embaixada equatoriana em Londres para sequestrar Julian Assange, utilizando como pretexto uma estapafúrdia e retalatória denúncia forjada na Suécia, caso o governo de Rafael Correa tivesse a coragem de conceder-lhe asilo político.
A concessão do asilo foi anunciada às 9 horas desta 5ª feira, 16. Agora saberemos se a ameaça era pra valer ou apenas um vergonhoso blefe para influenciar a decisão de Correa.
É extremamente insultuoso ao Equador que um país do 1º mundo tenha reagido com tamanha virulência ao que, até então, não passava de um boato jornalístico, não confirmado pelas autoridades.
E os equatorianos têm carradas de razão para salvarem o porta-voz do WikiLeaks da tramóia arquitetada por EUA, Reino Unido e Suéca, pois ele nada fez além de expor os podres de altas autoridades, revelando aos cidadãos comuns as monstruosidades cometidas na surdina pelos poderosos.
O ridículo leão desdentado pensa que ainda está rugindo, mas a mensagem entregue à chancelaria do Equador (vide íntegra aqui) não passou de um miado servil, de gatinho que tudo faz para merecer as carícias do amo estadunidense.
Na carta que o chanceler equatoriano não deveria sequer ter-se dignado a receber, devolvendo-a de pronto como desrespeitosa e descabida, os britânicos se disseram dispostos a "cumprir com as nossas obrigações legais, descritas na Decisão Marco relativa à Ordem de Detenções Europeia e à Lei de Extradição de 2003 (Extradition Act 2003), de levar o Sr. Assange à prisão e extraditá-lo à Suécia".
Mas, deixando transparecer que não concretizariam tal bazófia, advertiram também que negariam salvo-conduto para Assange deixar o país. O mais provável é que apenas deixem-no mofando indefinidamente na embaixada.
De qualquer forma, declararam-se prontos para cometer uma flagrante e grotesca violação das leis internacionais, a elas sobrepondo um mostrengo jurídico pactuado unilateralmente pelo Reino Unido com os EUA de George Bush, na onda de histeria e de abusos contra os direitos dos cidadãos subsequente ao atentado contra o WTC.
O mundo precisa dar um basta a esta escalada de arbitrariedades que vem desde o 11 de setembro de 2001. E a hora é agora!
*Celso Lungaretti é jornalista, escritor e mantém o blog Náufrago da Utopia
Fonte: extraído do portal 247