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quarta-feira, 18 de julho de 2012

O CRIME ORGANIZADO PELOS BANQUEIROS

13/07/2012 - Mauro Santayana em seu blog

A invenção da moeda, contemporânea à do Estado, foi um dos maiores lampejos da inteligência humana.

A primeira raiz indoeuropéia de moeda é “men”, associada aos movimentos da alma na mente, que chegou às línguas modernas pelo verbo sânscrito mányate (ele pensa).

Sem essa invenção, que permite a troca de bens de natureza e valores diferentes, não teria havido a civilização que conhecemos.

A construção das sociedades e sua organização em estados se fizeram sobre essa convenção, que se funda estritamente na boa fé de todos que dela se servem. Os estados, sempre foram os principais emissores de moeda. A moeda, em si mesma, é neutra, mas, desde que surgiu, passou a ser também servidora dos maiores vícios humanos. Com a moeda, vale repetir o lugar comum, cresceram a cobiça, a luxúria, a avareza – e os banqueiros.

A moeda, ou os valores monetários, mal ou bem, estavam sob o controle dos Estados emitentes, que se responsabilizavam pelo seu valor de face, mediante metais nobres ou estoques de grãos. Nos tempos modernos, no entanto, a sua garantia é apenas virtual. Os convênios internacionais se amarram a um pacto já
desfeito, o Acordo de Bretton Woods, de 1944. A ruptura do contrato foi ato unilateral dos Estados Unidos, sob a presidência Nixon, ao negar a conversibilidade em ouro do dólar, moeda de referência internacional pelo Acordo.

Essa decisão marca o surgimento de uma nova era, em que o valor da moeda não se relaciona com nada de sólido. Os bancos, ao administrá-la, deveriam conduzir-se de forma a merecer a confiança absoluta dos depositantes e dos acionistas, e assegurar essa mesma confiabilidade às suas operações de crédito. O papel social dos bancos é o de afastar os usurários e agiotas do mercado do dinheiro. Mas não é desta forma que têm agido, sobretudo nestes nossos tempos de desmantelamento dos estados.Hoje, não há diferença entre um Shylock shakespereano e qualquer dirigente dos grandes bancos.

Na Inglaterra, o escândalo do Barclays, que se confessou o primeiro banco responsável pela manipulação da taxa Libor, provocou o espanto da opinião pública, mas não dos meios financeiros que não só conheciam o deslize, como dele se beneficiavam.

Segundo noticiou ontem [12/07] El Pais, os dois grandes executivos da Novagalícia, surgida da incorporação de duas instituições oficiais da província galega – a NovaCaixa e a Caixa Galícia – e colocada sob o controle de Madri em setembro do ano passado, pediram desculpas aos seus clientes, por ter a instituição agido mal. Entre outros de seus malfeitos, esteve o de enganar pequenos investidores mal informados, entre eles alguns analfabetos, com aplicações de alto risco, ou seja, ancoradas em débitos podres, as famosas subprimes, adquiridas dos bancos maiores que operam no mercado imobiliário do mundo inteiro.

Além disso, os antigos responsáveis por esses desvios, deixaram seus cargos percebendo indenizações altíssimas. E os novos administradores tiveram sua remuneração reduzida, por serem as antigas absolutamente irracionais. Com todas essas desculpas, a Novagalícia quer uma injeção de seis bilhões de euros, a fim de regularizar a sua situação.

Este jornal reproduziu, ontem, artigo de The Economist, a propósito da manipulação da taxa Libor, por parte do Barclays, e disse, com a autoridade de uma revista que sempre esteve associada à City, que não há mais confiança nos maiores bancos, do mundo, como o Citigroup, o J.P.Morgan, a União de Bancos Suíços, o Deutschebank e o HSBC. Executivos desses bancos, de Wall Street a Tóquio, estão envolvidos na grande manipulação sobre uma movimentação financeira total de 800 trilhões de dólares.

Para entender a extensão da falcatrua, o PIB mundial do ano passado foi calculado em cerca de 70 trilhões de dólares, menos de dez por cento do dinheiro que circulou escorado na taxa manipulada pelos grandes bancos. A Libor, sendo a taxa usada nas operações interbancárias, serve de referência para todas as operações do mercado financeiro.


O mundo se tornou propriedade dos banqueiros. Os trabalhadores produzem para os banqueiros, que controlam os governos. E quando, no desvario de sua carência de ética, e falta de inteligência, os bancos investem na ganância dos derivativos e outras operações de saqueio, são os que trabalham, como empregados ou empreendedores honrados, que pagam. É assim que estão pagando os povos da Grécia, da Espanha, de Portugal, da Grã Bretanha, e do mundo inteiro, mediante o arrocho e o corte das despesas sociais, pelos governos vassalos, alem do desemprego, dos despejos inesperados, das doenças e do desespero, a fim de que os bancos e os banqueiros se safem.

Se os governantes do mundo inteiro fossem realmente honrados, seria a hora de decidirem, sumariamente, pela estatização dos bancos e o indiciamento dos principais executivos da banca mundial.

Eles são os grandes terroristas de nosso tempo. É de se esperar que venham a conhecer a cadeia, como a está conhecendo Bernard Madoff.

Entre o criador do índice Nasdaq e os dirigentes do Goldman Sachs e seus pares, não há qualquer diferença moral.

Os terroristas comuns matam dezenas ou centenas de cada vez. Os banqueiros são responsáveis pela morte de milhões de seres humanos, todos os anos, sem correr qualquer risco pessoal.

E ainda recebem bônus milionários.


Fonte:
http://www.maurosantayana.com/2012/07/o-crime-organizado-pelos-banqueiros.html


Além do blog Educom, este texto foi publicado também nos seguintes sites:
http://www.jb.com.br/coisas-da-politica/noticias/2012/07/13/o-crime-organizado-pelos-banqueiros/
http://www.conversaafiada.com.br/economia/2012/07/13/santayana-o-barclays-e-as-licoes-da-europa/
http://www.vermelho.org.br/noticia.php?id_noticia=188480&id_secao=2
http://altamiroborges.blogspot.com.br/2012/07/o-crime-organizado-pelos-banqueiros.html
http://www.jornalofarol.com.br/ver-noticia.asp?codigo=16353
http://conexaose.blogspot.com.br/
http://blogdeumsem-mdia.blogspot.com.br/
http://ericksilveira.blogspot.com.br/2012/07/o-crime-organizado-pelos-banqueiros.html
http://jaderresende.blogspot.com.br/
http://contextolivre.blogspot.com.br/2012/07/o-crime-organizado-pelos-banqueiros.html
http://blogoosfero.cc/contextolivre/contextolivre/o-crime-organizado-pelos-banqueiros
http://esquerdopata.blogspot.com.br/2012/07/o-crime-organizado-pelos-banqueiros.html
http://cleberluizsabino.blogspot.com.br/
http://ecoepol.blogspot.com.br/2012/07/o-crime-organizado-pelos-banqueiros.html
http://jopbj.blogspot.com.br/2012/07/o-crime-organizado-pelos-banqueiros.html
http://blogln.ning.com/profiles/blogs/os-grandes-terroristas-de-nosso-tempo
http://carcari.blogspot.com.br/2012/07/o-crime-organizado-pelos-banqueiros.html
http://opensanti.blogspot.com.br/2012/07/o-crime-organizado-pelos-banqueiros.html
http://www.dignow.org/post/o-crime-organizado-pelos-banqueiros-4327584-76375.html
http://dralbertorossi.blogspot.com.br/2012/07/mauro-santayana-o-crime-organizado.html
http://www.tribunadaimprensa.com.br/?p=42874
http://www.folhadodelegado.jex.com.br/artigos+de+outros+autores/o+crime+organizado+pelos+banqueiros
http://contrapontopig.blogspot.com.br/2012/07/contraponto-8714-o-crime-organizado.html
http://aguinaldo-contramare.blogspot.com.br/2012/07/o-crime-organizado-pelos-banqueiros.html
http://racismoambiental.net.br/2012/07/os-grandes-terroristas-de-nosso-tempo/
http://carcari.blogspot.com.br/2012/07/o-crime-organizado-pelos-banqueiros.html
http://militanciaviva.blogspot.com.br/2012/07/o-crime-organizado-pelos-banqueiros.html
http://calangootango.blogspot.com.br/2012/07/mauro-santayana-o-crime-organizado.html
http://minutonoticias.com.br/o-crime-organizado-pelos-banqueiros
http://lutadeclasses.blogspot.com.br/2012/07/o-crime-organizado-pelos-banqueiros.html
http://fichacorrida.wordpress.com/2012/07/13/santayana-o-barclays-e-as-lies-da-europa/
http://blogdeumsem-mdia.blogspot.com.br/2012/07/bancos-o-crime-organizado-pelos.html
http://brasilsoberanoelivre.blogspot.com.br/2012/07/o-crime-organizado-pelos-banqueiros.html
http://correiodobrasil.com.br/o-crime-organizado-pelos-banqueiros/485998/
http://www.planetaosasco.com/oeste/index.php?/2012071339681/Nosso-pais/santayana-o-barclays-e-as-licoes-da-europa.html
http://cleberluizsabino.blogspot.com.br/2012/07/o-barclays-e-as-licoes-da-europa.html
http://www.ladislauleal.com.br/2012/07/o-crime-organizado-pelos-banqueiros-por.html
http://ajusticeiradeesquerda.blogspot.com.br/2012/07/o-crime-organizado-pelos-banqueiros.html
http://www.omorrodesaopaulo.com.br/2012/07/o-crime-organizado-pelos-banqueiros/
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http://opiniaodivergente.com/?p=708
http://vicentecidade21.blogspot.com.br/2012/07/o-esquerdopata-o-crime-organizado-pelos.html
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http://www.toup.com.br/mercado-de-financeiro/52617-mauro-santayana-o-crime-organizado-pelos-banqueiros.html
http://www.citador.pt/noticias/news/o-crime-organizado-pelos-banqueiros
http://blogln.ning.com/main/sharing/share?id=2189391%253ABlogPost%253A1009761
http://www.africas.com.br/os-grandes-terroristas-de-nosso-tempo/
http://carcara-ivab.blogspot.com.br/2012/07/os-grandes-terroristas-de-nosso-tempo.html
http://www.patrialatina.com.br/editorias.php?idprog=fa246d0262c3925617b0c72bb20eeb1d&cod=9999
http://lorotaspoliticaseverdades.blogspot.com.br/2012/07/o-crime-organizado-pelos-banqueiros.html
http://www.pcdob.org.br/noticia.php?id_noticia=188480&id_secao=2
http://franklinalves.blogspot.com.br/2012/07/o-crime-organizado-pelos-banqueiros.html
http://novobloglimpinhoecheiroso.wordpress.com/2012/07/16/mauro-santayana-o-crime-organizado-pelos-banqueiros/
http://www.correioprogressista.com.br/cache/124302
http://guerrilheirodoentardecer.blogspot.com.br/2012/07/mauro-santayana-o-crime-organizado.html
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quarta-feira, 7 de março de 2012

Bancos são os financiadores de armas nucleares

06/3/2012 - por Thalif Deen, da IPS* - Envolverde

Nações Unidas, 6/3/2012 – A indústria mundial de armas nucleares é financiada e mantida viva por mais de 300 bancos, fundos de pensão, companhias de seguros e gestores de ativos, segundo um estudo divulgado pela Campanha Internacional para Abolir as Armas Nucleares (Ican). Estas instituições realizam substanciais investimentos na produção de armas atômicas. O estudo, de 180 páginas, diz que as nações com poderio nuclear gastam mais de US$ 100 bilhões ao ano fabricando novas ogivas, modernizando as velhas e construindo mísseis balísticos, bombardeiros e submarinos para lançá-las.

Grande parte deste trabalho é feito por corporações como BAE Systems e Babcock International, na Grã-Bretanha, Lockheed Martin e Northrop Grumman, nos Estados Unidos, Thales e Safran, na França, e Larsen & Toubro, na Índia.

Instituições financeiras investem nestas companhias fornecendo empréstimos e comprando ações e bônus”, afirma o documento, considerado o primeiro de seu tipo. Com o título Dont Bank on the Bomb: The Global Financing of Nuclear Weapons Producers ("Não confiem na bomba: o financiamento mundial dos produtores de armas nucleares"), o estudo fornece detalhes das transações financeiras com 20 empresas intensamente envolvidas na fabricação, manutenção e modernização das forças atômicas norte-americanas, britânicas, francesas e indianas.

É necessária uma urgente campanha coordenada mundial pelo desinvestimento em armas nucleares, destaca o informe. Um movimento assim poderia ajudar a frear os programas de modernização e fortalecimento de armamentos e impulsionar as negociações para uma proibição universal desse tipo de bombas. “Deixar de investir nas companhias de armas nucleares é uma forma efetiva de o mundo corporativo avançar para a meta de uma abolição nuclear”, indica o estudo.

O trabalho exorta as instituições financeiras a deixarem de investir na indústria armamentista atômica. “Qualquer uso de armas nucleares violaria o direito internacional e teria catastróficas consequências humanitárias. Ao investir nos fabricantes, as instituições financeiras estão, na verdade, facilitando a construção de forças atômicas”, alerta. Na introdução do informe, o arcebispo anglicano sul-africano Desmond Tutu, prêmio Nobel da Paz, afirma: “ninguém deveria obter lucro com esta terrível indústria da morte, que ameaça a todos nós”.

Tutu exorta as instituições financeiras a apoiarem os esforços para eliminar a ameaça atômica, e destaca que o fim dos investimentos foi vital na campanha para acabar com o apartheid (sistema de segregação racial contra a maioria negra) na África do Sul. A mesma tática pode e deve ser empregada para enfrentar a criação mais maligna do homem: a bomba nuclear, sugere.

Por sua vez, Tim Wright, diretor de campanhas da Ican e coautor do estudo, disse à IPS que algumas das instituições identificadas no trabalho já expressaram sua “intenção de adotar políticas proibindo os investimentos em fabricantes de armas atômicas”. A campanha para que cessem os investimentos “provavelmente terá maior êxito em países onde a oposição às armas é mais forte”, por exemplo, nos escandinavos e no Japão, acrescentou. Wright destacou que cada vez mais bancos reconhecem que se deve aplicar algum tipo de critério ético aos investimentos, e que apoiar a fabricação de armas capazes de destruir cidades inteiras em um instante é algo claramente contrário à ética.
Das 322 instituições financeiras identificadas no informe, cerca da metade tem sede nos Estados Unidos e um terço na Europa. O estudo também denuncia instituições da Ásia, Austrália e Oriente Médio. As mais envolvidas com a indústria de armas nucleares são Bank of America, BlackRock e JP Morgan Chase, nos Estados Unidos, BNP Paribas, na França, Allianz e Deutsche Bank, na Alemanha, Mitsubishi UFJ Financial, no Japão, BBVA e Banco Santander, na Espanha, Credit Suisse e UBS, na Suíça, e Barclays, HSBC, Lloyds e Royal Bank of Scotland, na Grã-Bretanha.

Consultado sobre se seria viável uma campanha para boicotar estas entidades, Wright declarou à IPS que “se os bancos resistirem a ceder, os clientes terão que buscar alternativas éticas”. Muitos outros bancos, particularmente pequenos, negam-se a ter qualquer ligação com esta indústria, destacou. “Se as pessoas começarem a debandar em massa, isto enviará um forte sinal ao banco, de que seu apoio às companhias de armas nucleares é inaceitável. No caso das instituições multinacionais, uma campanha coordenada de boicote em vários países seria efetiva”, acrescentou.

O estudo também cita Setsuko Thurlow, sobrevivente da bomba atômica lançada pelos Estados Unidos sobre a cidade japonesa de Hiroshima em 1945, que fez um apelo para que se invista de forma ética e para não se contribuir com atividades que ameacem a Terra.


*(IPS) - A Agência Envolverde distribui com exclusividade no Brasil os textos da agência Inter Press Service (IPS) e do Projeto Terramérica. Jornais, revistas e websites que queiram ter acesso a este material podem entrar em contato com nossa redação através do email agencia@envolverde.com.br