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sábado, 21 de abril de 2012

GLOBO RURAL - O eixo Rede Globo-Monsanto

 17/04/2012 - original publicado na edição 690 do Observatório da Imprensa
Fábio de Oliveira Ribeiro*


No programa Globo Rural de 15/04/2012 foi veiculada uma longa reportagem sobre a Monsanto feita nos EUA.

A pior companhia de 2011
Nenhum ambientalista ou ativista norte-americano que critica a atuação da Monsanto foi entrevistado pelos repórteres do Globo Rural.


Portanto, a matéria, que parece ter cunho jornalístico, funciona como uma excelente peça de propaganda da Monsanto e de seu milho transgênico.


A reportagem-propaganda foi veiculada justamente durante a realização da Cúpula das Américas, reunião de chefes de Estado e diplomatas em que os EUA fazem uma ofensiva diplomática para recuperar sua credibilidade e importância política e econômica na América Latina.

Os EUA deixaram de ser o maior e mais importante parceiro comercial do Brasil. Mesmo assim, a Rede Globo preferiu veicular a peça de propaganda que produziu sobre a Monsanto.

Não poderia ter feito uma matéria jornalística sobre a integração agroindustrial dos BRICS?

Vez por outra, o Globo Rural faz matérias sobre a criação de peixes, as novas tecnologias aplicadas à pesca e os problemas deste importante ramo de atividade produtiva. Neste momento, não seria mais barato, fácil e relevante os jornalistas daquele programa fazerem uma matéria sobre a influência negativa na pesca litorânea brasileira do vazamento provocado pela Chevron norte-americana? Uma das características da propaganda é enfatizar os pontos positivos de uma mercadoria e omitir seus pontos negativos.

O comportamento jornalístico da Rede Globo indica claramente que os Estados também são mercadorias.

Algum tipo de regulação
A pauta do Globo Rural de 15/04/2012 evidencia a opção da emissora pelos EUA. A tentativa do clã Marinho de reforçar a política externa norte-americana neste momento é evidente, pois não só fez propaganda da Monsanto como evitou tocar no desastre ambiental da Chevron no Rio de Janeiro.

O Itamaraty, instituição pública encarregada de formular a política externa brasileira, aposta nos BRICs.
 Mas a Rede Globo, empresa privada que visa ao lucro, parece querer ter a sua própria política externa e enfiá-la goela abaixo dos brasileiros. O que a Rede Globo [uma concessão pública, sempre bom lembrar] fez em 15/04/2012 com seu programa Globo Rural não foi exercitar a “liberdade de imprensa”, mas abusar de sua condição de empresa quase monopolista.

O Brasil tem feito uma política externa coerente e eficiente, mas não tem uma rede de televisão tão grande quanto a Globo para reforçar internamente suas decisões diplomáticas. O clã Marinho, entretanto, usou a sua empresa para fortalecer a política externa norte-americana dentro do Brasil.

É por causa deste tipo de abuso que a mídia tem que sofrer algum tipo de regulação. A política externa brasileira não pode mais ficar à mercê de uma empresa privada que faz de tudo para impor sua própria política externa ao país.

*Fábio de Oliveira Ribeiro é advogado, Osasco, SP

terça-feira, 29 de novembro de 2011

O mau cheiro do petróleo

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 Por Mauro Santayana*
 
Seria a hora de voltar novamente às ruas, como nelas estivemos há mais de meio século, e com a mesma palavra de ordem, a de que “o petróleo é nosso”. Todo o petróleo que a natureza nos destinou
 
O petróleo foi o mais importante parteiro da alucinada civilização contemporânea. A causa objetiva da Primeira Guerra Mundial já estava no controle das fontes mundiais de matérias-primas — como o petróleo — indispensáveis na corrida pela prosperidade e poder das nações.

Há maldições de que não podemos escapar: uma delas é a necessidade da corrida armamentista, a fim de garantir a incolumidade das nações. Essa competição alucinada depende de uma complexidade de operações econômicas e industriais interdependentes e, acima de tudo, do acelerado desenvolvimento tecnológico.

É preciso ter em conta que, para impedir o terrorismo bélico das nações mais poderosas de hoje, teremos que encontrar caminhos novos, que as contenham. Seus investimentos na indústria da guerra vão do aprimoramento de pistolas de combate à exploração do solo de Marte, sem falar nas atividades diplomáticas e atos criminosos clandestinos.

"Sem o petróleo, não haveria o desenvolvimento da medicina nem o aumento da expectativa de vida em países desenvolvidos"


Sem o petróleo, é fácil deduzir, não haveria bombas nucleares. Sem o petróleo, dirão outros, não haveria tampouco o desenvolvimento da medicina, e o notável aumento da expectativa de vida dos homens dos países desenvolvidos. Nem o crescimento da produção agrícola no mundo inteiro. Em suma, sem o óleo, fonte de numerosos derivados, também a química se arrastaria lentamente, e não com a extraordinária velocidade em que ela produz centenas de novas substâncias quase todos os dias.

Chegamos tarde à era do petróleo, e é constrangedor constatar que, para esse atraso, tenham contribuído muitos brasileiros. As oligarquias rurais, que dominavam o Império e a República, durante as primeiras décadas, temiam a industrialização autônoma do país, que reduziria sua força econômica e seu poder político.

Com esse perverso instinto de sobrevivência de classe, aceitavam o imperialismo britânico e sabotavam o esforço de industrialização nacional. Foi assim que chegaram a somar-se aos ingleses, no pleito que esses moveram contra Mauá — e ganharam, com a providencial ajuda do tribunal mais elevado do país no período de declínio do Segundo Reinado.

É necessário que se leia, com as devidas ressalvas, tendo em vista seu interesse pessoal no caso, o excelente ensaio de Monteiro Lobato sobre o petróleo. Ele mostra como já naquele tempo — no fim da República Velha e início do governo provisório de Vargas — os norte-americanos impediam o livre comércio dos brasileiros. Lobato conta que os soviéticos queriam trocar petróleo, que tinham em abundância, por café, cujo consumo queriam disseminar no Exército Vermelho, com o propósito de combater o alcoolismo — e o governo do paulista Washington Luiz não se dispôs ao negócio extremamente vantajoso.

O café que não trocamos pelo petróleo foi, em seguida, queimado, com a crise de 29, a fim de assegurar o preço internacional — medida que não trouxe qualquer efeito prático.

A crise, sendo capitalista, não impediria negócio de troca de mercadorias, sem o uso de moedas, como o que Moscou nos oferecia — e seria vantajoso para ambas as nações a fim de enfrentar as dificuldades dos anos 30. Quando ainda estávamos nessas indecisões, os argentinos já contavam com a YPF, empresa estatal, detentora do monopólio da exploração de seu petróleo, estabelecido no governo de Yrigoyen.

A campanha pelo petróleo foi um dos grandes momentos da história de nosso país, porque uniu, na mesma consciência de nação, altos oficiais das Forças Armadas, intelectuais, estudantes, sindicatos de trabalhadores, partidos políticos e até mesmo parlamentares conservadores. Foi um belo momento que os norte-americanos trataram de esvaziar, com a cumplicidade de seus agentes brasileiros, na primeira tentativa de golpe de Estado, que levou Vargas ao suicídio. É bom lembrar a coligação de quase todos os grandes meios de comunicação do país no combate sem tréguas ao presidente — o estadista brasileiro que melhor entendeu a necessidade de desenvolvimento econômico autônomo, como fundamento da soberania nacional.

O problema do petróleo retorna às preocupações brasileiras, com a descoberta das grandes jazidas situadas abaixo da camada de sal no litoral do país. Provavelmente a fim de criar a cizânia que favoreça as empresas estrangeiras, não satisfeitas com a legislação do governo neoliberal de 1995 a 2003, surgiu o problema da distribuição dos royalties. Para quem conhece a história política do mundo, trata-se de uma bem urdida manobra de diversão.

Enquanto se discute a participação dos estados produtores e não produtores na parcela que ficará com o Brasil, fatos mais graves são esquecidos. Como se sabe, a não ser que caia veto presidencial à emenda do senador Pedro Simon à lei do pré-sal, que impede a devolução dos royalties a serem pagos pelas empresas exploradoras, é um roubo contra os brasileiros. Como já é comum, assessores parlamentares e deputados amaciados pelos argumentos conhecidos dos lobistas, conseguiram o inimaginável: determinar que seja devolvido às empresas o valor dos royalties em petróleo. Trocando em miúdos: não pagarão coisa alguma — a União, isto é, o povo, é que pagará. Trata-se de entregar com uma mão e receber de volta com a outra.

Há mais: a tática é a de ganhar tempo a fim de aumentar a brecha já existente, desde a emenda que acabou com o monopólio da atividade pela Petrobras, e se conceda a licitação de áreas do pré-sal a empresas estrangeiras, em lugar de assegurá-las à empresa nacional, que deveria ser apenas estatal.

"Se no Ministério de Minas e Energia estivessem Leonel Brizola ou Itamar Franco, Moshiri seria convidado a sair do gabinete"

O episódio da Chevron vai além da desídia técnica, que ocasionou o vazamento no Campo de Frade. Mais grave ainda do que o acidente, foi a arrogância com que o dirigente mundial da empresa, Ali Moshiri, se dirigiu ao ministro Edison Lobão, ao reclamar que uma empresa do porte da Chevron não pode ser tratada da maneira com que as autoridades brasileiras a estariam tratando. Só isso bastaria para que o Brasil exigisse o fim de suas atividades imediatamente em nosso país.

Se no Ministério de Minas e Energia estivessem homens como Leonel Brizola ou Itamar Franco, o senhor Moshiri seria convidado a sair do gabinete, no mesmo momento de seu desaforo, antes que as autoridades de imigração o instassem a deixar o Brasil, como persona non grata. Aconselhamos os leitores a acompanharem os fatos pelo blog do deputado Brizola Neto, o Tijolaço.

Quando assistimos à insolência dos dirigentes da empresa petrolífera texana, constatamos como foi criminosa a política entreguista do governo dos tucanos de São Paulo. Já não basta às multinacionais do petróleo obter os lucros que obtêm em nosso país, nem causar os danos que causaram. Querem, além disso, tratar os brasileiros como um povo colonizado e de joelhos.

Seria a hora de voltar novamente às ruas, como nelas estivemos há mais de meio século, e com a mesma palavra de ordem, a de que “o petróleo é nosso”. Todo o petróleo que a natureza nos destinou.
 
 
Publicado  originalmente  no Jornal do Brasil 
Extraído da Agência Petroleira de Notícias 

sexta-feira, 18 de novembro de 2011

DOMINIQUE STRAUSS KAHAN E JULIAN ASSANGE - AS TIAS NOS TEMPOS DE JK



Laerte Braga


Sérgio Porto no seu inesquecível Stanislaw Ponte Preta tinha uma tia. Zulmira. Senhora de larga experiência na vida, capaz de percepção da realidade num átimo e de sabedoria incrível. Todos nós temos tias. Eu por exemplo, dentre as respeitáveis, tenho no cesto uma que é pilantra de quatro costados. Nada a ver com tia Zulmira ou tantas outras. Cai de quatro ao ver cheiro de dinheiro. Se o figurão tiver titulo, seja comendador, desembargador, conde, o que for, então, vai caindo de quatro e resfolegando amor eterno. Adora juntar remédios vencidos e doar para os “pobres” da paróquia. Sábio, o pároco joga fora. 

Adora broches e jogos de chá alheios.

Dominique Strauss Kahan, ex-diretor do FMI – Fundo Monetário Internacional – tem um monte de tias. A justiça francesa, detetives particulares para vasculharem a vida de suas conquistas e uma incrível vocação Sílvio Berlusconi. A diferença está que um canta a Marselhesa, outro não.

Julian Assange não tem esse tipo de tia. A colônia inglesa quer extraditá-lo para a Suécia, numa operação triangular que possa acabar em Washington e pena de prisão perpétua.

Uma prostituta francesa declarou a jornais de seu país que participou de várias “festas” promovidas por Strauss Kahan. Bem remunerada – de causar inveja a muitas “tias” – e apreciou a “incrível energia” do político francês.

O processo contra o principal responsável pelo site WIKILEAKS começou numa cidade sueca, foi arquivado por falta de provas a pedido do próprio Ministério Público, ou que nome tenha lá e reaberto em Estocolmo a pedido do governo dos EUA. Para um faltavam provas, para outro bastou um grito de Washington.

Registre-se que Suécia e Grã Bretanha são colônias membros da Comunidade Européia, grande protetorado norte-americano na Europa.

O crime de Assange não foi promover festas com prostitutas, ou agarrar uma camareira de um hotel em New York (embora eu creia que nesse caso Strauss Kahan tenha sido vítima de armação e por conta da “fama”).

Foi o de revelar crimes cometidos pelos norte-americanos em suas ações “libertadoras” mundo afora, as barbáries da OTAN e aqui entre nós, que William Waack, jornalista global, é espião dos EUA.

Um terceiro personagem nessa história. Brad Manning. Soldado do exército dos EUA acusado de repassar documentos secretos a Assange revelando toda a “preocupação” do complexo terrorista ISRAEL/EUA TERRORISMO S/A com o resto do mundo. Está preso em condições sub humanas. Sobral Pinto invocaria a lei universal de proteção aos animais.

Dominque Strauss Kahan, como Sílvio Berlusconi, escapa de todas as sanções e punições possíveis sob o manto protetor da tia justiça. Assange corre o risco de ser extraditado para a Suécia e o governo de Estocolmo – governadoria geral dos EUA na colônia nórdica – enviá-lo a Washington, em nome da ordem, da paz, da democracia e da “ajuda humanitária”.

Um jeito de engaiolá-lo em prisão perpétua sem direito a condicional, uma submissão de Grã Bretanha e Suécia capaz de corar qualquer tia, por mais despudorada que seja.

Bueñel sabia como tratar tias assim. “O Discreto Charme da Burguesia”. Não tem nada a ver com perfume francês, mas com lixo.

Não sei porque, mas isso me lembra Marcelo Rossi num shopping abençoando fiéis e contando os livros vendidos, enquanto sentava a pua em seu concorrente mais próximo dentro da “santa igreja”, Fábio Melo. Aí é tio, Bento XVI.

Afaga os pimpolhos e conta os sacos de dinheiro. Aprendeu com Edir Macedo.

Tirando fora esse negócio de tia e tio, sem enfiar sobrinha chegada a um cheirinho no meio, o negócio é a tal da democracia. A viagem é em carros da década de cinqüenta.
Viva JK.

Que o digam os gregos sentindo os coturnos nazistas de tia Ângela Merkel, com as bandeiras dos bancos falidos e necessitados da piedade dos trabalhadores. Só que com um baita chicote para ordenar essa piedade.

Dá até para dar um pulo por aqui, outra vez, pegar a Chevron no contrapé e a GLOBO no silêncio podre de mídia comprada. Eita história mal contada.

Se forem “inocentes”, pode ter certeza que tanto Sérgio Cabral como Luciano Huck são culpados e em breve lançamentos imobiliários fantásticos na Barra da Tijuca, o garoto propaganda deve ser Zico.

A ressurreição da Rocinha.

A extradição de Assange é um crime sem que se possa medir as proporções, exceto a de constatar que governos como o dos EUA  de suas colônias que formam a tal Comunidade Européia são como que um IV Reich saindo da catacumbas e assentados em um tamanho arsenal nuclear que transforma o mundo num lugar sombrio, triste e sem gente, ou só com zumbis.

A preocupação maior deve ser como é que Juan Carlo de Bourbon vai fazer para caçar búfalos na Suíça a cinco mil dólares por cabeça.

Os povos que saem às ruas indignados com toda essa barbárie, com toda essa virulência democrática não contam. Em New York a polícia baixa o cacete alguém precisa conseguir ajuda humanitária para que os EUA respeitem direitos básicos e fundamentais, ou é só a Líbia que entra na lista de bombas da OTAN?

Os dois novos primeiros-ministros da Grécia e da Itália são ligados a banqueiros –Berlusconi é banqueiro também, mas meteu os pés pelas mãos.

O que está acontecendo é uma espécie de ajuste de contas, busca de equilíbrio fiscal, superávit primário na extorsão capitalista imposta ao mundo.

E a turma aqui dá pulos quando uma agência reguladora aumenta a nota do Brasil. É assustador.

Esse aumento é uma espécie de sinal de fumaça que a tia crise vem por aí, estão organizando o saque e em breve estaremos sob fogo cerrado das tias norte-americanas, seus banqueiros e suas grandes corporações.

No mais é só aguardar a profecia de Roger Noriega feita nas páginas de VEJA. Chávez morre em seis meses e a Venezuela vira o caos, os mariners terão que salvar o país.

Vai daí que Assange paga o pato da democracia e da informação livre para o gáudio dos “idiotas” na classificação feita por William Bonner, a turma que gosta de achar que “se não deu no JORNAL NACIONAL não aconteceu”.

Quem faz coro com essa afirmação é o bandido Ricardo Teixeira.

Haja tia e muito cuidado com boutiques. 

Se bobear Dominique Strauss Kahan ainda acaba presidente da França, próxima vítima da “crise” nesse tabuleiro de ajuste da nova ordem econômica. A imperialista capitalista.

No mínimo vão chamar o secretário de relações exteriores do PT – no rodízio da pelegada – com o objetivo de explicar tudo fazendo top top. 

José Serra vai atrás espargindo o incenso, FHC dando a bênção e Alckimin montado em cavalo da PM com a bandeira da USP como troféu. Aécio sobra, não é páreo para essa gente. Órfão desse tipo de tia acima descrito.