Mostrando postagens com marcador Conferência Mundial sobre determinantes sociais da saúde. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Conferência Mundial sobre determinantes sociais da saúde. Mostrar todas as postagens

quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Gestão em saúde deve ser pensada em nível local

COBERTURA ESPECIAL – CONFERÊNCIA MUNDIAL SOBRE DETERMINANTES SOCIAIS DA SAÚDE
 

Como forma de atingir essa meta, gestores ressaltam a necessidade de políticas que incluam o cidadão no debate.

Agência Notisa – Uma sociedade saudável se constrói no âmbito local, onde vivem as pessoas e também onde adoecem e morrem. Dessa forma, a gestão de saúde não pode vir de cima, sendo imposta às comunidades, sem levar em conta as características de cada lugar. Nesta quinta-feira (20), no segundo dia da Conferência Mundial sobre Determinantes Sociais da Saúde, que acontece no Rio de Janeiro, gestores de vários países se reuniram para mostrar que as ações em saúde devem ser pensadas a partir das realidades locais e com a participação das populações.
Segundos eles, isso só acontece com um estado descentralizado e participativo. David Butler-Jones, representante da Agência de Saúde Pública do Canadá, disse que ouvir a comunidade é algo de muito valor. Atitude que deve ser tomada por todos, ao invés de partir do pressuposto de que “a comunidade não sabe do que precisa”.
Como exemplo, David citou um caso de uma comunidade que visitou na Amazônia brasileira. Segundo ele, quando perguntados sobre o queriam para sua comunidade, as pessoas disseram que queriam um caminho asfaltado até o rio. “Por que eles pediram isso? Porque eles precisavam ir todo o dia ao rio para se banhar. E quando voltavam, ficavam todos sujos de novo, porque o chão era de terra. Só ouvindo essa comunidade é que o gestor saberá disso”, relatou o palestrante.
Segundo Sebastião Afonso Viana Macedo Neves, governador do Acre, o principal desafio dos governos é essa capacidade de ouvir e interagir com os grupos sociais locais. Ele também deu um exemplo, enfatizando que ouvir é fundamental: “Foi por procurar ouvir a sociedade que nós do governo verificamos que a maior deficiência na área de saúde do estado estava nos serviços de oftalmologia. A maior queixa das pessoas era falta de atendimentos oftalmológicos, sobretudo, de pessoas idosas”, disse.
Hyun Kyung Park, presidente da Fundação para a Mulher e a Família de Seul (capital da Coréia do Sul), complementou dizendo que as ações governamentais devem também ter capacidade de mudar o comportamento não saudável do cidadão. Segundo ela, uma forma que Seul emprega para conseguir isso é a mobilização nas escolas. “No Clube do café da manhã, por exemplo, a dieta escolar é modificada para mudar também o hábito alimentício dos alunos e de suas famílias em casa", disse.
 
A ideia de clubes também foi implementada no Irã. “Acreditamos que os clubes sociais (de idosos, crianças, mulheres, entre outros) são formas de organização eficientes no nível local”, disse Mohammad Hady Ayazi, vice-prefeito para Assuntos Sociais de Teerã (Irã).

Mohammad contou ainda que na sua cidade existem também grupos de trabalhos locais, para diferentes áreas além da saúde, como meio ambiente e educação. “O grupo é composto por pessoas locais e revela indicadores de determinantes sociais de saúde (que são as condições sociais em que as pessoas vivem e trabalham). A partir desses indicadores, ações são tomadas pelos governantes”, disse.
Agência Notisa (science journalism – jornalismo científico)

quarta-feira, 19 de outubro de 2011

Representantes de diferentes países pregam a equidade como forma de melhorar a saúde

COBERTURA ESPECIAL – CONFERÊNCIA MUNDIAL SOBRE DETERMINANTES SOCIAIS DA SAÚDE

 
Durante primeira mesa redonda, saúde da mulher, pobreza e crise econômica foram alguns dos temas abordados.

 
Agência Notisa – Entre os dias 19 e 21 de outubro, o Rio de Janeiro sedia a Conferência Mundial sobre Determinantes Sociais da Saúde. Nesse período, centenas de representantes de diferentes países debaterão estratégias para diminuir a desigualdade mundial e tornar o acesso à saúde mais igualitário. Na tarde desta quarta-feira (19), após a sessão de abertura, que contou com a presença do ministro da saúde Alexandre Padilha, do vice-presidente Michel Temer, do governador Sérgio Cabral, da diretora geral da Organização Mundial da Saúde Margaret Chan e outros dirigentes, foi realizada a primeira mesa redonda do evento que deu uma prévia do que será abordado ao longo da conferência.
 
Margaret Chan afirmou que cada país tem seu ideal com relação ao desenvolvimento sustentável, entretanto, esse não poderá ser alcançado sem os determinantes sociais da saúde. Ela destacou a importância de combater problemas de saúde, como a mortalidade materna, e incentivar práticas saudáveis na população, por exemplo, o aleitamento materno nos primeiros anos de vida.
 
Para ela, é preciso que as evidências quanto a fatores de risco para doenças sejam preconizadas e divulgadas para a população. Mesmo que essa ação vá contra os interesses das indústrias. “Se o tabaco e os alimentos com muito açúcar prejudicam as pessoas, temos que dizer”, destacou. Segundo ela, as empresas podem ser influenciadas e incentivadas a agir de forma mais adequada, estabelecendo um equilíbrio. “Temos que lembrar que a indústria não é homogênea, algumas são boas e outras não. Temos que começar a atuar junto às boas”, ressaltou.
 
A ministra do desenvolvimento social do Brasil Tereza Campello lembrou os projetos nacionais que têm buscado uma maior equidade, por exemplo, o Bolsa Família.
 
Ela afirmou que mesmo durante um período de crise econômica, como a vivida atualmente no mundo, é fundamental que se discuta os determinantes sociais, pois é preciso evitar que haja um retrocesso social.
 
Com relação às estratégias para melhorar os determinantes sociais, a ministra citou o incentivo à agricultura familiar, a necessidade de fazer um esforço para promover a universalização nos serviços de saúde, educação e assistência social.
 
“Ainda temos 16 milhões de brasileiros vivendo no estado de pobreza”, afirmou Campello, enfatizando a necessidade de continuar expandindo os serviços.
 
O ministro da saúde da Grécia Andréas Loverdos afirmou que seu país vem sofrendo gravemente com a crise econômica. “Por essa razão, não há tempo para postergar as mudanças. Nós precisamos implementá-las de maneira rápida, precisa e muitas vezes de forma dura”, defendeu Loverdos.
 
Segundo ele, comparando os índices de 2009 com os atuais, a Grécia, mesmo em meio a crise, conseguiu atender 30% mais usuários no sistema de saúde pública, com 20% a menos de recursos financeiros.
 
Uma das medidas citadas pelo ministro para promover as mudanças idealizadas é a redução dos salários. “Não gostaria de tomar essa atitude, porém é preciso”, disse. Segundo ele, as reformas estruturais são fundamentais no país e já é possível ver melhora com relação à atenção básica de saúde. Outra medida que o palestrante defendeu foi a luta contra as más práticas e aos erros médicos.
 
O Estados Unidos foi lembrado por Kathleen Sebelius, secretária de saúde e de serviços humanos. Segundo ela, o país compartilha a ideia de que é melhor trabalhar junto. “A saúde não depende só do consultório médico. Depende também da forma como o cidadão se alimenta, como vive, como se exercita”, afirmou.
 
Segundo ela, se os EUA continuarem na tendência atual, uma a cada três crianças norte-americanas irá desenvolver diabetes no futuro. A obesidade infantil, disse ela, é outro problema grave que tem sido especialmente observada entre afroamericanos e hispânicos.
 
Rebeca Grynspan, administradora associada da United Nations Development Programme (UNDP), lembrou que o racismo desempenha papel importante nas questões social e de acesso à saúde. “Ser pobre hoje em dia, saí muito caro. Paga-se mais por água e eletricidade. Além disso, não se tem condições de ter uma alimentação adequada e tampouco tempo para práticas saudáveis”, afirmou.
 
Já Michel Sidibé, diretor executivo do Joint United Nation Programme on HIV/AIDS (UNAIDS), destacou a importância da conferência. Para ele, o mundo está mudando e, por isso, é necessário traçar novas formas de abordagem para a saúde.
 
O debate, que teve como foco a equidade, foi moderado por Zeinab Badawi, da BBC World.

Agência Notisa (science journalism – jornalismo científico)