Como forma de atingir essa meta, gestores ressaltam a necessidade de políticas que incluam o cidadão no debate.
Agência Notisa – Uma sociedade saudável se constrói no âmbito local, onde vivem as pessoas e também onde adoecem e morrem. Dessa forma, a gestão de saúde não pode vir de cima, sendo imposta às comunidades, sem levar em conta as características de cada lugar. Nesta quinta-feira (20), no segundo dia da Conferência Mundial sobre Determinantes Sociais da Saúde, que acontece no Rio de Janeiro, gestores de vários países se reuniram para mostrar que as ações em saúde devem ser pensadas a partir das realidades locais e com a participação das populações.
Segundos eles, isso só acontece com um estado descentralizado e participativo. David Butler-Jones, representante da Agência de Saúde Pública do Canadá, disse que ouvir a comunidade é algo de muito valor. Atitude que deve ser tomada por todos, ao invés de partir do pressuposto de que “a comunidade não sabe do que precisa”.
Como exemplo, David citou um caso de uma comunidade que visitou na Amazônia brasileira. Segundo ele, quando perguntados sobre o queriam para sua comunidade, as pessoas disseram que queriam um caminho asfaltado até o rio. “Por que eles pediram isso? Porque eles precisavam ir todo o dia ao rio para se banhar. E quando voltavam, ficavam todos sujos de novo, porque o chão era de terra. Só ouvindo essa comunidade é que o gestor saberá disso”, relatou o palestrante.
Segundo Sebastião Afonso Viana Macedo Neves, governador do Acre, o principal desafio dos governos é essa capacidade de ouvir e interagir com os grupos sociais locais. Ele também deu um exemplo, enfatizando que ouvir é fundamental: “Foi por procurar ouvir a sociedade que nós do governo verificamos que a maior deficiência na área de saúde do estado estava nos serviços de oftalmologia. A maior queixa das pessoas era falta de atendimentos oftalmológicos, sobretudo, de pessoas idosas”, disse.
Hyun Kyung Park, presidente da Fundação para a Mulher e a Família de Seul (capital da Coréia do Sul), complementou dizendo que as ações governamentais devem também ter capacidade de mudar o comportamento não saudável do cidadão. Segundo ela, uma forma que Seul emprega para conseguir isso é a mobilização nas escolas. “No Clube do café da manhã, por exemplo, a dieta escolar é modificada para mudar também o hábito alimentício dos alunos e de suas famílias em casa", disse.
A ideia de clubes também foi implementada no Irã. “Acreditamos que os clubes sociais (de idosos, crianças, mulheres, entre outros) são formas de organização eficientes no nível local”, disse Mohammad Hady Ayazi, vice-prefeito para Assuntos Sociais de Teerã (Irã).
Mohammad contou ainda que na sua cidade existem também grupos de trabalhos locais, para diferentes áreas além da saúde, como meio ambiente e educação. “O grupo é composto por pessoas locais e revela indicadores de determinantes sociais de saúde (que são as condições sociais em que as pessoas vivem e trabalham). A partir desses indicadores, ações são tomadas pelos governantes”, disse.
Agência Notisa (science journalism – jornalismo científico)