Por isso, especialistas asseguram que investir na educação dos pacientes é uma boa estratégia.
Agência  Notisa – A  Conferência Internacional HTAi, que discutiu durante essa semana no Rio de  Janeiro a importância da avaliação de tecnologias em saúde, reservou para seu  último dia (29) o debate sobre o papel dos pacientes no próprio tratamento.  Segundo pesquisadores de diferentes países, a educação é uma importante  ferramenta, pois possibilita que os médicos conversem com os pacientes  utilizando uma linguagem que eles entendam. Dessa forma, os doentes aprendem  qual é a melhor opção para seu caso, tendo por base suas  preferências.
A  antropóloga Britta Mortensen, pesquisadora do Centro Dinamarquês para a  Avaliação de Tecnologias em Saúde, usou o seu país como exemplo para justificar  o quanto é importante investir na educação dos pacientes.
“As  doenças crônicas são cada vez mais frequentes no mundo. Só na Dinamarca, 1/3 da  população tem uma ou mais doenças crônicas. Cerca de 70 a 80% dos gastos do  sistema de saúde são destinados ao tratamento dessas pessoas. Além dos  benefícios para os pacientes, esse viés econômico mostra que a educação do  paciente é uma boa estratégia. Assim, eles podem cada vez mais gerir suas  doenças, reduzindo os custos do governo”, disse.
Na Espanha, o  epidemiologista Javier San Roman, membro da Unidade de Avaliação de Tecnologia  de Saúde da Agência governamental Lain Entralgo, desenvolveu uma ferramenta para  ajudar o paciente na tomada de decisão sobre como cuidar da sua doença. Segundo  ele, o método se mostrou muito eficaz na redução da passividade no processo de  tomada de decisões.
“Com esse método, o  paciente pode refletir sobre os prós e contras de cada opção terapêutica. Pode  tomar uma decisão mais embasada sobre que caminho seguir”, disse. O método  desenvolvido por ele, que parte de entrevistas com os pacientes, foi testado em  mulheres com câncer de mama.
Tanto Javier quanto  Britta e outros pesquisadores presentes no evento concordam que, infelizmente,  um programa de educação de pacientes criado em um país dificilmente terá a mesma  eficácia em outro. “A aplicabilidade fica comprometida devido aos diferentes  contextos locais, às praticas médicas, entre outros.”, explicou  Javier.
A pesquisadora Sophie  Werkö, do Conselho Sueco de Avaliação de Tecnologias em Saúde, avaliou  ferramentas de educação de pacientes na Suécia. Segundo ela, os métodos de  entrevista motivacionais e terapia cognitiva comportamental, ambos realizados em  grupo e individualmente, se mostraram eficazes na redução do HbA1C em pacientes  diabéticos e, inclusive, foram incorporados às diretrizes nacionais do  tratamento da doença.
“O programa de  educação em grupo se mostrou um dos mais eficazes. No entanto, o mais importante  é ressaltar que o programa tem mais sucesso quando é realizado por profissionais  que conhecem bem a doença e a metodologia”, destacou.
Os profissionais  responsáveis pela aplicação do programa no estudo conduzido por Sophie foram  enfermeiros. Porém, ela e os outros especialistas enfatizaram que uma  característica essencial de toda equipe de saúde envolvida no tratamento é saber  ouvir o doente. Só assim, os profissionais saberão o que é melhor para cada  paciente. A partir dos desejos e preferências deles.
Javier, Britta, Sophie  e os demais profissionais presentes no evento acreditam que o processo de tomada  de decisão compartilhada é o melhor caminho no tratamento de muitas doenças.  Embora eles considerem que são necessários mais estudos para avaliar a eficácia  dos programas e ferramentas, assim como seus custos, acreditam que o  investimento na educação dos pacientes não deve parar.
“Muitos pacientes  fazem o recomendado pelos médicos, porém não entendem o que estão fazendo. O  aprendizado dessas competências os faz ser mais independentes. Abre novas  perspectivas na sua vida e os tornam mais seguros”, resumiu Britta.
Agência Notisa (science journalism –  jornalismo científico