China e Argentina mantêm  programas de cooperação para criação de diretrizes de  saúde.
Agência Notisa – Ontem (27), no primeiro dia da  Conferência HTAi, que acontece no Rio de Janeiro  até quarta-feira (29), o painel Challenges of HTA Translation Into National Clinical  Practice Guidelines in Developing Countries: Experience of Argentina and  Chile  mostrou como países latino-americanos contornam dificuldades para a produção de  diretrizes que possibilitem a criação de sistemas de saúde melhores.  Participaram da mesa-redonda, Victoria Wurcel (Ministério da Saúde da Argetina),  Graciela Demirdjian (National Pediatric Hospital J.P. Garrahan, Argentina), Luis  Vera Benavides e Patrícia Kraemer (ambos do Ministério da Saúde chileno).  
Segundo Victoria Wurcel, a situação  argentina – que pode ser estendida a muitos países da América Latina – torna  complicado o estabelecimento de diretrizes e protocolos de qualidade  inquestionável para orientação das práticas médicas. Entre as razões para tal  dificuldade, estão: a lenta penetração e consolidação de movimentos de pesquisas  baseadas em evidência; as barreiras linguísticas que tornam difícil o acesso à  literatura biomédica atualizada e a falta de recursos humanos e econômicos. Além  disso, disse Wurcel, o fato da Argentina ser dividida em 24 jurisdições  autônomas dificulta políticas nacionais, uma vez que estratégias para saúde não  podem ser impostas a todas as jurisdições, dificultando uma integração de  qualidade. 
Graciela Demirdjian apresentou a  situação do Hospital J.P. Garrahan, uma referência em tratamento pediátrico na  Argentina. A especialista lembrou que muitas vezes a elaboração de guias e  protocolos é desestimulada dentro dos próprios centros de saúde, sob o argumento  de que não há evidências para montá-los ou de que será um esforço  em vão.  Para  anular tais argumentos, é importante que, uma vez estabelecidos guias, haja um  monitoramento de sua aplicabilidade e eficiência. Na avaliação de Demirdjian,  protocolos bem definidos e criados com base em evidências científicas seguras  promovem e aumentam a qualidade do atendimento, ao mesmo tempo em que podem  reduzir custos. Além disso, são instrumentos importantes para preencher o espaço  entre a pesquisa e a prática, se configurando como ferramentas para o trabalho  médico diário. 
Já o sistema de saúde chileno  funciona num regime misto (privado e público), sendo o Ministério da Saúde o  grande pólo que designa políticas e programas nacionais, além de coordenar  órgãos subordinados e monitorar e avaliar a aplicação de suas estratégias para  saúde, explicou Luis Vera Benavides. Patrícia Kraemer detalhou os passos para  criação de guias do Ministério da Saúde chileno: coordenadores temáticos e  tecnológicos se unem para convocação de um painel de especialistas, vindos de  hospitais, universidades e outros centros de produção de conhecimento. Em  seguida, é feita pesquisa e análise de evidências para elaboração de diretrizes  para questões específicas, com eliminação de dados que não são relevantes. A  versão bruta do guia é levada para revisão e recebe sugestões de diversos  especialistas. Depois de corrigida, é impressa a versão final do protocolo,  também disponibilizado on-line. 
Uma iniciativa do Chile apresentada  pelos palestrantes foi o plano AUGE, instaurado em 2005, que é parte de um  movimento amplo de reforma do sistema de saúde chileno. O projeto busca garantir  a todos os chilenos o acesso a um pacote de medidas de saúde para alguns  problemas específicos, baseado nos princípios de “acesso, prazo, proteção  financeira e urgência vital”. A medida, porém, ainda é falha para criação de  diretrizes, porque, segundo Benavides, há problemas para padronização de guias a  nível nacional, havendo também falhas na monitoração e implementação das  garantias estabelecidas pelo AUGE. 
Para contornar as dificuldades de  criação de guias para a prática médica, Victoria Wurcel destacou que, além de  medidas a nível nacional como a Unidad  Coordinadora de Evaluación y Ejecución de Tecnologías en Salud (UCEETS – iniciativa argentina que busca a troca de  informações, participação conjunta, padronização e criação de um banco de dados  comum, entre outros objetivos para estabelecimento de guias para saúde), é  importante a cooperação entre países da América Latina. Segundo ela, Chile e  Argentina têm se esforçado para criação de estratégias capacitadoras, através da  troca de recursos, transferência de conhecimentos e facilitação de acesso a  novas tendências internacionais, eliminando tradicionais dificuldades de  atualização em pesquisas internacionais. Ainda que, como Graciela  Demirdjian ressaltou, a disseminação de diretrizes deva levar em  conta o contexto de cada situação, uma vez que “pessoas são diferentes e países  são diferentes”, as bases para montagem de protocolos são transferíveis, de  maneira que, acredita Victoria, a cooperação deve ser sempre estimulada.  
Nota: O Brasil é o primeiro país da América Latina a sediar a Conferência Internacional de Avaliação de Tecnologias de Saúde(HTAi). Essa de 2011 é oitava. O Blog  Educom Aprenda Ler a Mídia
está publicando a Cobertura Especial  da  HTAi  feita pela Agencia Notisa, que começou ontem e termina amanhã (Zilda Ferreira).
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