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terça-feira, 19 de julho de 2011

Escândalo Murdoch: outra renúncia uma morte suspeita

Sean Hore, o primeiro jornalista do News of the World a denunciar pressões para realizar escutas, foi encontrado morto em sua casa. Hore havia apontado o ex-editor do jornal agora fechado e ex-assessor do primeiro ministro britânico, Andy Coulson, como a pessoa que pedia que ele realizasse escutas. Escândalo derrubou sub-chefe da Polícia, John Yates, que admitiu ter demorado oito horas para decidir que "não valia a pena seguir investigando o caso".
Página/12

         Logo depois da prisão de Rebekah Brooks, braço direito de Rupert Murdoch, e da renúncia do chefe máximo da Polícia Metropolitana londrina, Paul Stephenson, por causa das escutas ilegais do império midiático Murdoch, ocorreu a demissão do sub-chefe da Polícia, John Yates, que, na semana passada, admitiu ao parlamento que demorou oito horas para decidir que “não valia a pena seguir investigando o caso”. Além disso, Sean Hore, o primeiro jornalista do News of the World a denunciar pressões para realizar escutas, foi encontrado morto em sua casa. Hore havia apontado o ex-editor do jornal agora fechado e ex-assessor do primeiro ministro britânico, Andy Coulson, como a pessoa que pedia que ele realizasse escutas.
         Yates resistia a renunciar a seu cargo, mas as possibilidades dele permanecer se reduziram após a renúncia de Stepehenson, que foi pressionado por seus vínculos com Neil Wallis, ex-subeditor do tablóide que era propriedade de Murdoch, e que foi detido na semana passada. A notícia da demissão de Yates surgiu pouco antes da ministra do Interior, Theresa May, comparecer ao Parlamento para explicar a crise da Scotland Yard e seus vínculos com o jornal que, após 168 anos, fechou por causa do escândalo.
         May, em sintonia com a posição oficial, assegurou que Stephenson tomou uma decisão “honrada” ao se demitir de seu posto, e acrescentou que “ainda há sérios aspectos que devem ser esclarecidos” sobre o escândalo das escutas. Ela também expressou sua “preocupação” pelos vínculos entre Scotland Yard e Wallis.
         No domingo, o caso havia assumido novos contornos com a prisão de Rebekah Brooks, que foi liberada 12 horas após ser detida para interrogatório. Nesta terça, juntamente com Rupert e James Murdcoh, a editora se apresentará ante a Câmara dos Comuns.
         Em meio a crescentes críticas oposicionistas, o primeiro ministro David Cameron propôs a realização de uma sessão extraordinária, quarta-feira, no Parlamento, “para que possa fazer uma declaração e informar a Câmara sobre a parte final desta investigação judicial e responder a qualquer pergunta que surja nestes últimos dias”, assinalou. Essa sessão modifica os planos dos parlamentares, que pretendiam desfrutar de seis semanas de férias a partir de terça. O próprio Cameron foi obrigado a abreviar seu giro pela África de cinco para dois dias, pressionado pelas queixas da oposição.
         O líder trabalhista Ed Miliband acusou o premier de estar “paralisado” por suas antigas decisões. Cameron, exigiu, tem que responder a “perguntas difíceis”. Entre elas, dizer se em suas reuniões com Rebekah Brooks, falou-se da compra da cadeia BskyB, uma aquisição que foi congelada por Murdoch em razão do escândalo.
         Como se tudo isso não bastasse, Hore, que havia incriminado o ex-porta voz do governo, foi encontrado morto em sua casa, ainda que a polícia tenha dito que, por enquanto, não suspeita de um caso de violência. Hore havia assegurado ao jornal New York Times que foi pressionado por Coulson, então redator chefe do jornal envolvido no escândalo, a realizar escutas. A morte do jornalista ainda não foi esclarecida, disse a policía no condado de Hertfordshire, onde Hoare morava.
         Tradução: Katarina Peixoto

quarta-feira, 13 de julho de 2011

A escola Murdoch de jornalismo patife

Poder em pane


No último domingo, um dos jornais de maior tiragem no Reino Unido deixou de circular. Criado há 168 anos, o tabloide "News of the World" fechou as portas depois de descoberta a maneira peculiar com que conseguia seus furos de reportagem.


Especializado em escândalos políticos ou de alcova, destruição de reputações, furos sensacionalistas, o jornal contratava, desde há muito, um detetive particular para grampear e ter acesso a telefones de políticos, celebridades e mesmo gente comum.


Por trás do jornal estão as marcas de seu dono, Rupert Murdoch . Proprietário do maior conglomerado de mídia do mundo, a News Corporation, Murdoch representa o jornalismo em seu processo de degradação.


Seus canais de comunicação, como a rede de TV Fox News, conseguiram impor o modelo de um jornalismo a serviço das opiniões mais conservadoras, repetidas com a sutileza de quem está em guerra contra qualquer sombra de divergência.


Sua figura representa, ao mesmo tempo, a oligopolização do mercado de mídia e a imposição de uma agenda caricata de debate. Basta lembrarmos do nível dos argumentos dos ditos "âncoras" da Fox News. Basta lembrarmos também de como um dos editores do "News of the World" acabou parando na campanha do atual primeiro-ministro britânico David Cameron.


Que um de seus jornais seja pego aplicando táticas fora de qualquer padrão mínimo de respeito à privacidade, eis algo que não deve nos estranhar. Murdoch tornou a produção de notícias setor de uma luta política onde reina a seletividade do escândalo.


Todos, em algum momento, fizeram algo que não gostariam de mostrar na esfera pública. Mas cabe ao jornal decidir quem vai ser exposto e quem será conservado, quem vai para a primeira página e quem vai para a nota do canto.


A lei "dois pesos, duas medidas" transforma-se em uma regra, adequando-se às exigências de uma sociedade do espetáculo.


Nesse sentido, o fechamento do "News of the World" deveria servir para uma autorreflexão da imprensa mundial. Muito já se disse a respeito da imprensa como quarto poder, mas o que acontece quando esse poder entra em pane?


Pode-se dizer que quem empenha sua credibilidade a serviço da luta política acaba por pagar um preço alto, como nesse caso. Mas quanto tempo é necessário esperar para que a conta seja paga?


Durante anos, o jornal de Murdoch usou da invasão criminosa da privacidade para influenciar a pauta dos escândalos. Mesmo descoberto, o estrago já foi feito.


A população tem o direito de perguntar se não existiria outros veículos que agem como o tabloide de Murdoch.


Artigo de Vladimir Pinheiro Safatle, professor livre docente do Departamento de Filosofia da Universidade de São Paulo (USP), especialista em epistemologia (teoria do conhecimento) e filosofia da música. Publicado na Folha, edição de l2/07/2011


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Aqui no RS, a escola Murdoch de jornalismo patife tem seguidores. Vocês não lembram que no governo Yeda (2007-2010) havia profissionais de imprensa que tinham acesso privilegiado ao sistema Guardião administrado pela Secretaria da Segurança para escutas autorizadas pela Justiça? O caso foi abafado, por motivos óbvios, mas o método by Rupert Murdoch de "jornalismo investigativo" também está plenamente consagrado na pequena pátria de bombachas. 

-Fonte: texto retirado do Blog Diário Gauche-