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terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

Quem é Yoani Sánchez?

2 Fev 2012 - Cubadebate do blog La Pupila Insomne


Com o título “Yoani Sánchez: Bloguera ou mercenária? “, o jornalista brasileiro Altamiro Borges publicou uma caracterização da multipremiada blogger que se soma à informação que nos últimos dias vários espaços alternativos do Brasil têm difundindo sobre este mediático personagem. Complementando o trabalho de Altamiro, que preside o Centro de Estudos de Meios Alternativos Barão de Itararé na cidade de São Paulo e é autor, entre outros títulos, do livro A ditadura da mídia, e de outros jornalistas brasileiros, La Pupila Insomne elaborou este dossiê.

1. Empregada da SINA:
-Yoani Sánchez (YS) se reúne frequentemente e recebe instruções da Repartição de Interesses dos EUA (SINA) em Havana. Além das fotografias e vídeos que documentou a imprensa cubana, Wikileaks publicou vários cabogramas que registram, desde 2008, reuniões de YS com funcionários da SINA em Havana. Em pelo menos 11 cabogramas não censurados e emitidos desde o Escritório de Washington em Cuba, há referências a reuniões com a blogger e intercâmbio de informação dela com diplomatas dessa embaixada. [1]

-A SINA conspirou com YS e executou a fraude da falsa entrevista a Barack Obama.
Segundo cabograma emitido desde a SINA no dia 28 de agosto de 2009, as respostas da publicitária “entrevista” foram redigidas por funcionários da Repartição de Interesses dos Estados Unidos. Quatro meses depois, o texto retornou para a sede diplomática enviado pela Casa Branca, com um alto por cento de coincidência entre a resposta e a versão original, incluindo quase exatamente a mesma introdução na qual Obama felicitaria a Sánchez pelo prêmio María Moors Cabot, da Universidade de Columbia. O cabograma de 28 de agosto também incluía as perguntas que a “jornalista” enviaria ao presidente cubano Raúl Castro – coisa que nessa data ainda não tinha feito. [2]

-A diplomacia estadunidense promove e dirige a blogger Yoani Sánchez como uma alternativa crível para dissidência tradicional.
O Chefe da SINA em Havana, Jonathan Farrar, escreveu ao Departamento de Estado em 9 de abril de 2009 e revelou Wikileaks: ”Pensamos que a jovem geração de dissidentes não tradicionais, como Yoani Sánchez, pode desempenhar um papel em longo prazo em uma Cuba pós-Castro”. Nesse cabograma, Farrar aconselha ao Departamento de Estado que concentre seus esforços nesta dissidente e lhe ofereça mais apoio. [3]

-O discurso de YS está ligado à política de Washington para Cuba, e ela tem admitido abertamente esta subordinação:
Os Estados Unidos deseja uma mudança de governo em Cuba, mas é também o que eu desejo.” (Declarações a Salim Lamrani, publicadas em Rebelión a partir de 15 de abril de 2010, em duas partes http://www.rebelion.org/noticia.php?id=104205. (Se pode acessar também a fragmentos do áudio da entrevista)

-Sua figura é sobredimensionada continuamente pelo Departamento de Estado, instituição que destina 20 milhões de dólares anuais à subversão em Cuba e privilegia neste fundo o uso das novas tecnologias e a criação de líderes nas redes sociais. A Secretária de Estado tem feito referência diretamente a YS ao menos em um discurso todos os anos, desde 2009 até 2011. Em 9 de novembro de 2009, seu escritório fez uma declaração por ocasião de um falso “assalto” contra bloggers cubanos; em 3 de maio de 2010, Clinton a elogiou durante a homenagem pelo Dia da Liberdade de Imprensa, e em março de 2011, lhe fez homenagem no 2011 International Women of Courage Awards. No entanto, nenhum dos jornalistas e bloggers registrados no Barômetro 2012 de Repórteres sem Fronteiras é cubano:

O Barômetro de 2012 de RSF, que é atualizado cada ano, identifica 306 jornalistas e ciberdissidentes mortos e presos, para os que o Departamento de Estado não tem prestado a mais mínima atenção. De fato não ha referência a nenhuma dessas pessoas na página oficial www.state.gov, mas quem fizer ali uma busca do nome “Yoani Sanchez” encontrará listados 11 relatórios e declarações, desde 2008 até a data, emitidas por essa instituição[4].

2. Falsa líder:
-Segundo uma enquete realizada pela SINA e revelada por Wikileaks, YS é conhecida só por um 2% dos que responderam a enquete. O “opositor” mais conhecido na Ilha é Luis Posada Carriles, segundo a sondagem. [5]
-O blog Generación Y, principal meio de expressão da blogger, não tem nenhum impacto na audiência cubana.

O blog não está bloqueado em Cuba e, no entanto, o tráfico desde a Ilha é insignificante, segundo medidores especializados na web como Alexa.com. Veja desde onde se acede ao blog (o rank é o lugar que ocupa em cada país, de acordo com o tráfico dos usuários locais):
Países que más acedem ao blog Generación Y, segundo Alexa.com

-Seu blog não é um referente (sic) internacional para consultar os temas de Cuba, apesar dos enormes recursos técnicos, a maquinaria publicitária que tem a sua disposição e as versões em 21 idiomas deste blog. Veja uma comparação do tráfego, segundo Alexa.com, entre o blog Generacion Y, Cubadebate e Juventud Rebelde, os jornais mais visitados na Ilha. Em azul, Generación Y:
Outra comparação: segundo Alexa, o blog ocupa o lugar 99.444 a nível mundial. Alexa é o sistema mais profissional na Internet para conhecer o ranking da web e registra o comportamento do tráfego de mais de 5 milhões de sítios indexados por Google. Valora o domínio primário, neste caso desdecuba.com.


Para ter uma ideia do que significa o número 99.444: o site web do jornal O Povo, de Fortaleza, situa-se no lugar 14.043. A distância entre um e outro é abismal, não só em posição na web, senão nos recursos que recebe. [6]

3.-Falsa experta e falsa libertária
-Sua ignorância sobre a história e a realidade cubana é proverbial.
É extenso seu ciberbestiário. Reproduzimos algumas frases da entrevista concedida a Salim Lamrani:

•(a Lei de Ajuste Cubano dos EUA contra Cuba não é ingerência porque) há relações fortes. Joga-se beisebol em Cuba como nos Estados Unidos.
•Privatizar, não gosto do término porque possui uma conotação pejorativa, mas de colocar em mãos privadas, simNão diria que (o lobby fundamentalista de Miami, sic) são inimigos da pátria.
•Pensei que com o que tinha aprendido na Suíça, poderia mudar as coisas voltando a Cuba.
•Estas pessoas que estão a favor das sanções econômicas (a população de seu país) não são anti-cubanas. Penso que defendem Cuba segundo seus próprios critérios. (Os Cinco presos nos Estados Unidos) não é um tema que interesse à população. É propaganda política.
•(O caso Posada Carriles) é um tema político que não interessa as pessoas. É uma cortina de fumo.
•(Os Cinco) O governo cubano diz que não desempenhavam atividades de espionagem senão que haviam infiltrado grupos cubanos para evitar atos terroristas. Mas o governo cubano sempre disse que esses grupos estavam vinculados a Washington. (Já houve uma invasão dos EUA a Cuba, diz Lamrani) Quando?
•O regime (de Batista que assassinou 20 000 cubanos) era uma ditadura, mas havia uma liberdade de imprensa plural e aberta.
•Cuba é uma ilha sui generis. Podemos criar um capitalismo sui generis.

A propósito destas confissões de YS a Lamrani, escreveu no jornal Público Ignácio Echeverría, que é um dos principais críticos literários da Espanha e testamenteiro do escritor chileno Roberto Bolaño: "[uma jornalista] escandalosamente inconsistente, incapaz de resistir o brutal aluvião de rigorosas perguntas e de acusações mais ou menos veladas que Lamrani lhe faz. O documento, em sua totalidade, é surpreendente e incomodamente instrutivo; pois resulta em definitiva desoladora a mistura de ingenuidade e indigência intelectual que Yoani Sánchez manifesta, sua fraqueza ideológica, sua própria vulnerabilidade."

-Sua escassa liderança também tem que ver com seu desprezo pelo povo de Cuba.
Em uma entrevista prestada para o El Nuevo Día, de Porto Rico, expressou: “Um 80% (do povo cubano) vai para uma direção ou para outra segunda sopre o vento porque o oportunismo calou bem fundo no país”. [7]

4.-Mentirosa compulsiva
-Mentiu quando denunciou perante a imprensa internacional que tinha sido golpeada pela polícia em Havana.
Meios de todo o mundo resenharam que 6 de novembro de 2009 havia sido presa, junto com três amigos por “três fortes desconhecidos” durante uma “tarde carregada de golpes, gritos e insultos”. Em 8 de novembro recebeu jornalistas em sua casa para mostrar as evidências de supostas pancadas, das que não tinha falado até 48 horas depois. De acordo com os que reportaram este encontro na casa da blogger, YS disse que recebeu “pancadas e empurrões, “golpes nas articulações”, nova “onda de golpes”, o “joelho sobre [seu] peito”, os golpes nos “rins e [...] a cabeça”, “o cabelo” puxado, o “rosto envermelhado pela pressão e muita dor no corpo”, “os golpes [que] seguiam caindo” e “todos estes morados”. Porém, o correspondente da BBC em Havana Fernando Ravsberg disse que Sánchez “não tem hematomas, marcas ou cicatrizes”. [8]
O jornal La República, da Espanha, publicou um vídeo com depoimentos dos médicos que a atenderam um dia depois das supostas pancadas, quando ela se apresentou para reclamar um documento que provasse que tinha sido vítima da violência. Os três especialistas que a assistiram referiram que YS não tinha o menor indício de violência, apesar de ter passado 24 horas do suposto ataque e de ela ter tez muito branca, uma pele que dificilmente esconderia marcas e arroxeados causados por um ataque violento.

Aqui se pode ver o vídeo com o depoimento dos médicos em Youtube. Ver vídeo: http://www.youtube.com/watch?v=cPm68xcBzPs&feature=player_detailpage

-Mente quando afirma que tinha feito uma entrevista a Barack Obama e, por suposto, escondeu a via através da qual enviou lhe o questionário.

-Mente continuamente quando afirma não ter acesso a Internet.
Escreveu um livro sobre o uso da ferramenta WordPress para a geração de blogs, que é impossível conceber off line, salvo que outra pessoa com navegação fluida à rede de redes tenha escrito para ela. O livro, WordPress: Um blog para falar ao mundo, se apresenta como “um guia de uso desta potente ferramenta de comunicação” na Internet.
Provavelmente seja a tuiteira e a blogger mais ativa em Cuba, de acordo com os pós e as mensagens que envia diariamente. Ela abriu seu blog em fevereiro de 2007 e sua conta em Twitter a fins de 2008, e ambos os espaços mantém plena atividade. Na rede de microblogging seus envios se incrementaram quase o dobro em 2011, com respeito a 2010, como é provado nas estatísticas do comportamento histórico de sua conta @yoanisanchez.
De acordo com TweetStats, escreve um promédio de 9,3 Tweets por dia. Em 2011 manteve um promédio de 400 Tweets, por mês:
Utiliza diversas plataformas e aplicações para enviar Twitter, e frequentemente sobe vídeos e fotografias às redes sociais e a seu próprio blog. Para isto necessita navegação na Internet ou um telefone com serviço de roaming internacional, que inclua navegação web. A prova de que usa diversas plataformas, e não só a línea telefônica, é esta gráfica que mostra as aplicações que utiliza YS para acessar o Twitter:
A interface mais usada por YS para enviar mensagens a Twitter é ping.fm. Esta aplicação publica de forma simultânea um comentário em várias redes sociais, se o usuário previamente o configura para isso. Pode-se aceder desde um telefone celular, mas este, necessariamente, tem que ter serviço de navegação. [9]

-Mente quando se apresenta como vítima
Seu estado natural é a lamentação. Além dos exemplos anteriores, se poderiam acrescentar seus contínuos pedidos de recarga de seu celular ou suas descrições sobre os problemas da vida cotidiana em Cuba, que segundo ela, também sofre. Mas suas fontes de ingressos públicas dizem outra coisa. Os prêmios e publicações de livros geraram para ela ingressos por cima dos 200 000 dólares nos últimos três anos; o que dá a possibilidade para ela de pagar sem nenhum problema luxos aos que não tem acesso o 99 por cento da população cubana e latino-americana, e, também, seus altíssimos gastos em mensagens, chamadas telefônicas e serviços de Internet. Só em envios de SMS (mensagens curtas desde o celular) a Twitter desde Cuba, YS gasta um promédio de 400 CUC (moeda equivalente ao dólar) cada mês, que é o que custam os tweets que envia nesse período de tempo através das mensagens por celular. O custo de cada envio é de 1 CUC.

-Mente acerca das estatísticas de seu blog
Na entrevista com Salim Lanrani que citamos antes, disse: “Meu blog tem 10 milhões de entradas por mês. É um furacão.
Ela repetiu isso em outras entrevistas. O dado é falso. Nielsen, a firma mais prestigiosa de registro estatístico de audiência nos Estados Unidos, registrava o tráfico dos principais meios estadunidense na Internet em março de 2009. Só USAToday, CBS News, Washington Post e BBC tinham um tráfego próximo dos dez milhões de usuários por mês[10], e todos ocupam posições por baixo do lugar 400 a nível mundial, segundo Alexa. Portanto, é impossível que Generación Y possua um tráfego de 10 milhões de usuários por mês, com o lugar 99.444.
E um dado adicional. Quando ela falou com Salim Lamrani em abril de 2010, o jornal digital cubano Cubadebate publicou uma gráfica onde se desmentia o dado oferecido pela blogger respeito ao tráfico em Generación Y. Nesse momento, seu blog estava no lugar 73.236 e agora está no lugar 99.444. O tráfego decaiu rapidamente. Ou seja, agora a mentira é mais evidente ainda.
Porém, não é isso o que afirma um site reconhecido internacionalmente para medições de tráfego, como Alexa.com, de Armazon e para nada suspeito de parcialidade a favor de meios alternativos de Cuba, a Venezuela e a Espanha. Uma simples comparação do blog de YS (linha azul) com outros meios confirma que Generación Y tem muito menos tráfego que as web com as que se compara, que fizeram público seu tráfego, inferior aos 10 milhões de acessos mensais. Generación Y altera suas estatísticas? Pareceria que sim. Outro exemplo, o site web de maior tráfego nos Estados Unidos é um dos que possui maior tráfego no mundo, The New York Times, reporta 17 milhões de entradas mensais.


-Mente para suas fontes e as manipula
Em fevereiro de 2009, utilizou a igreja Santa Teresinha do Menino Jesús, de Santiago de Cuba, para o proselitismo político. Ao final da missa, reuniu-se num escritório dentro da casa do pároco, com os paroquianos jovens e uns “turistas” polacos, para “conversar” sobre as possibilidades da Internet em ações contra o governo cubano. Neste vídeo, os jovens participantes da tertúlia, expressam seu estupor perante esse inusitado debate político dentro da Igreja. Ver vídeo:
http://www.youtube.com/watch?v=TkW00Bb_BFA&feature=player_detailpage

Em outubro de 2009, entrevistou um grupo de meninos no povoado de Taguayabón, em Camajuaní, na província de Villa Clara, e publicou um pós em seu blog onde os apresentou como exemplo da expressão crítica para o governo cubano, inclusive em crianças e adolescentes. Os pais se apresentaram perante as autoridades para denunciar a manipulação. Os próprios jovens ofereceram seu depoimento sobre o realmente acontecido. O vídeo se pode ver em Daily Motion: http://dai.ly/aUXCTn

-Falseia deliberadamente a realidade cubana, apresentando uma visão apocalíptica que a imprensa internacional jamais contrasta com outras fontes.
Esta é também outra das razões pelas quais não é crível para a audiência cubana, que vive cercada de problemas, mas não se reconhece neste discurso:

Cuba é “uma imensa prisão com muros ideológicos”, um “barco que faz águas ao ponto do naufrágio”. Um lugar onde “seres das sombras, que como vampiros se alimentam de nossa alegria humana, nos inoculam o temor através do golpe, a ameaça, a chantagem”. (No blog Generación Y, de 18, 2 e 12 de novembro de 2009, respectivamente).

Uma Ilha, com “gente esperando, com o pau ou a navalha embaixo da cama para um dia poder usá-los. Ódios enquistados contra aquele que os delatou, e impediu que tivessem um melhor emprego ou fez com que o filho mais novo não pudesse estudar na universidade. Há tantos aguardando por um possível caos que lhes dê o tempo necessário para a vingança, que desejaria não ter nascido nesta época, onde só se pode ser vítima ou vitimário, onde tantos evocam a noite das facas compridas.” (No blog Generación Y, em 25 de abril de 2009.)

Notas
[1] Ver em http://cablesearch.org/

1.MEDIA REACTION: U.S., INDIA-PAKISTAN, SYRIA-IRAN, CUBA, EU, 26th Feb 2010 from Embassy Berlin · #10BERLIN223
2.CUBAN OPPOSITION SHOCKED AND ENERGIZED BY DEATH OF 26th Feb 2010 from US Interests Section Havana · #10HAVANA110
3.CUBA BUTTONED DOWN FOLLOWING DEATH OF 24th Feb 2010 from US Interests Section Havana · #10HAVANA107
4.STRIDENT GOC PROTEST OF USINT AND OTHER MISSIONS, OBSERVATION OF HUMAN RIGHTS DAY EVENTS 14th Dec 2009 from US Interests Section Havana · #09HAVANA739 · CONFIDENTIAL//NOFORN OO
5.CUBA UNLEASHES MOB ON BLOGGERS 23rd Nov 2009 from US Interests Section Havana · #09HAVANA704 · CONFIDENTIAL PP
6.HUNGARY: COUNTRY REVIEW ON RELATIONS WITH CUBA 20th Nov 2009 from Embassy Budapest · #09BUDAPEST837 · CONFIDENTIAL RR ·
7.BLOGGER THRILLED WITH POTUS RESPONSE TO HER Q&AS 18th Nov 2009 from US Interests Section Havana · #09HAVANA695 · CONFIDENTIAL PP
8.CUBA DENOUNCES U.S. INTERFERNCE IN BLOGGER CASE 12th Nov 2009 from US Interests Section Havana · #09HAVANA689
9.BLOGGERS BEATEN BUT NOT DETERRED 10th Nov 2009 from US Interests Section Havana · #09HAVANA684 ·
10.A SPLENDID LITTLE VISIT, FOR CUBA 21st Oct 2009 from US Interests Section Havana · #09HAVANA639
11.QUESTIONS FROM YOANI SANCHEZ TO POTUS 28th Aug 2009 from US Interests Section Havana · #09HAVANA527 ·

[2] Ver:
09HAVANA527: Perguntas (e respostas redigidas pela SINA) de Yoani Sánchez a Obama (PDF, 98Kb)
09HAVANA695: Blogger emocionada por respostas de Obama (redigidas pela SINA) (PDF, 90Kb)
As “respostas de Obama”, em inglês (PDF, 582 Kb )

[3] Jonathan D. Farrar, «The U.S. and the Role of the Opposition in Cuba», United States Interests Section, 9 de abril de 2009, cable 09HAVANA221.http://213.251.145.96/cable/2009/04/09HAVANA221.html
[4] http://search.state.gov/search (escreva na caixa de busca as palavras “yoani sánchez”
[5] Cabograma emitido em 9 de junho de 2008 pela SINA ao Departamento e divulgado por Wikileaks. Pode ser descarregado em http://wikileaks.org/cable/2008/07/08HAVANA542.html
[6] Estas estadísticas podem ser vistas em: http://www.alexa.com/siteinfo/desdecuba.com#
[7] Ver entrevista original em: http://www.elnuevodia.com/cubalasultimasimagenesdelnaufragio…-1069420.html
[8] Ver artigo em http://www.bbc.co.uk/mundo/america_latina/2009/11/091109_2218_cuba_yoani_rb.shtml
[9] Estes dados são públicos e estão disponíveis em http://tweetstats.com/status/yoanisanchez
[10] http://blog.nielsen.com/nielsenwire/online_mobile/msnbc-and-cnn-top-global-news-sites-in-march/

(Tradução La pupila insomne) Original en español http://lapupilainsomne.wordpress.com/2012/01/29/quien-es-yoani-sanchez/

1º video - http://www.youtube.com/watch?v=cPm68xcBzPs&feature=player_detailpage
2º video - http://www.youtube.com/watch?v=TkW00Bb_BFA&feature=player_detailpage
3º video - http://dai.ly/aUXCTn

Yoani Sánchez (ou como promover uma dissidente cubana)

29/05/2010 - Carta Maior - Hideyo Saito

A blogueira é a bola da vez da estratégia de Washington de forjar uma oposição interna em Cuba. Seu multimilionário blog não é resultado de iniciativa espontânea de uma cidadã que resolveu abrir o coração, como a mídia hegemônica costuma apresentá-lo. A execução do programa que financia essa política intervencionista foi provisoriamente suspensa pelo Senado estadunidense, sobretudo por causa da prisão, em Cuba, de um enviado de Washington que tinha a tarefa de tratar da distribuição do dinheiro.
O artigo é de Hideyo Saito.

A blogueira Yoani Sánchez é hoje a figura mais cortejada pela coalizão de forças que combate a revolução cubana, liderada por Washington e composta por outros governos, por partidos políticos, por órgãos da mídia e por ONGs do mundo inteiro. Trata-se de uma poderosa tropa de choque que exige ampla liberdade política, respeito aos direitos humanos e democracia, mas apenas em Cuba. Aparentemente nenhuma outra nação no mundo inspira seus cuidados em relação a esses direitos políticos e humanos. Da mesma forma, denuncia também a escassez de bens de consumo em Cuba, mas jamais menciona o estrangulamento econômico praticado por Washington (que, aliás, é condenado por todos os países-membros da ONU, com as únicas exceções dos próprios Estados Unidos e de Israel).

O objetivo central dessa coalizão passou a ser, desde os anos 90, organizar e financiar uma oposição interna em Cuba. O congresso dos Estados Unidos aprovou leis especiais para respaldar essa política: a Torricelli, de 1992, e a Helms-Burton, de 1996. O intervencionismo teve seu auge no período de George W. Bush, que criou a Comissão de Apoio a uma Cuba Livre, presidida pela secretária de Estado, Condoleezza Rice, e indicou Caleb McCarry (um dos artífices do golpe contra o presidente Jean-Bertrand Aristide no Haiti), como responsável pela transição à democracia naquele país.

Os recursos oficiais estadunidenses destinados a essa finalidade foram, em 2009, de US$ 45 milhões, sem considerar o orçamento da Rádio e TV Martí e verbas paralelas não declaradas (1). No atual exercício, haviam sido liberados US$ 20 milhões, com a orientação de que fossem distribuídos diretamente aos destinatários em Cuba. O programa, entretanto, foi provisoriamente suspenso em abril último pelo presidente do Comitê Exterior do Senado, John Kerry (ex-candidato presidencial), provavelmente por causa da prisão em flagrante, em Cuba, de Alan P. Gross, quando fazia a distribuição de dinheiro e de equipamentos de comunicação (2).

O advogado José Pertierra, que atua em Washington, relacionou de forma exaustiva os diversos itens da ajuda provisoriamente suspensa, com base em informe oficial do Senado dos EUA. Destacamos apenas alguns, a título de exemplo: US$ 750 mil para os defensores de direitos humanos e da democracia; US$ 750 mil para parentes de presos políticos, como as “Damas de Branco”, e para ativistas que lutam para libertar aqueles presos; US$ 3,8 milhões para promover a liberdade de expressão, especialmente entre artistas, músicos, escritores, jornalistas e blogueiros (com ênfase nos afrocubanos); US$ 1,15 milhão para capacitar os ativistas mencionados no uso das novas tecnologias de comunicação.

A corrida pelo dinheiro de Washington
Essas informações tornam insustentável negar o financiamento estadunidense aos chamados dissidentes, de maneira geral. Não custa recordar ainda que aqueles que a mídia dominante insiste em chamar de presos políticos (cuja libertação está sendo reclamada pelo grevista de fome Guillermo Fariñas Hernández) foram julgados em 2003 justamente sob a acusação de receber dinheiro de Washington para combater a revolução. Em relatório de 2006, a Anistia Internacional registrou a realização, no ano anterior, de um congresso de dissidentes com a participação de mais de 350 organizações (a ata do encontro, porém, menciona a presença de 171 pessoas) nos arredores de Havana. Essa proliferação, porém, longe de mostrar a força da oposição, esconde a corrida de seus idealizadores para arrancar dinheiro de Washington.

Praticamente todas são organizações artificiais, criadas para que suas lideranças possam apresentar-se no escritório de representação dos EUA em Havana para receber a sua parte na cobiçada "ajuda em prol da democracia". Não há notícias sobre discussões políticas ou doutrinárias nessas entidades e muito menos de ações públicas sérias de sua iniciativa. Mas há fartos registros, isto sim, de brigas e denúncias recíprocas envolvendo a repartição e o uso da dinheirama. É por isso que, neste momento, a maioria dos dissidentes não vê com bons olhos a ascensão de Yoani Sánchez.

Lech Walesa de saias
O sonho dourado dos ideólogos de Washington é forjar em Cuba um novo Lech Walesa, o líder do sindicato Solidariedade e depois presidente da Polônia, apontado pelo National Endowment for Democracy (NED), do Departamento de Estado, como o maior triunfo de sua política. No caso de Cuba, isso foi tentado, entre 2000 e 2002, com um dissidente chamado Osvaldo Payá Sardiñas, organizador de um projeto de lei de iniciativa popular, que teve pouco mais de 11 mil assinaturas. O projeto foi recebido oficialmente, mas rejeitado pelo parlamento cubano.

Ele pretendia estabelecer nada menos que a liberdade para a criação de empresas privadas, inclusive órgãos de imprensa, a instituição do pluripartidarismo e outras medidas que implicavam eliminar o socialismo cubano de uma penada, baseado no suporte daquelas assinaturas (o número de eleitores no país é de 8,5 milhões). Equivale a um projeto de lei de iniciativa popular que fosse apresentado ao Congresso brasileiro, prevendo o fim da propriedade privada dos meios de produção, a convocação de eleições com candidatos indicados exclusivamente em assembleias de bairro e o fechamento dos oligopólios da comunicação. Seria cômico se o conteúdo da iniciativa não coincidisse com o do “programa de transição” divulgado em 2006 pela Comissão de Apoio a uma Cuba Livre, do governo Bush.

Em todo caso, com base nesse projeto Osvaldo Payá foi transformado em herói pela mídia dominante. Como acontece atualmente com a blogueira Sánchez, foi alvo de prêmios e honrarias mundo afora, além de merecer espaços enormes na mídia dominante. Recebeu, entre tantos outros, o Prêmio Andrei Sakharov da União Européia, quando estava sob a presidência do ex-premiê espanhol, José Maria Aznar, e foi recepcionado em audiência especial pelo Papa João Paulo II. Como o esforço não produziu os resultados esperados, a mesma mídia que o glorificava o esqueceu (como havia feito antes com Armando Valladares).

Agora, chegou a vez de Yoani Sánchez. Após ter resolvido subitamente voltar a Cuba de seu exílio na Suíça, colocou o blog no ar em abril de 2007. Pouco mais de meio ano mais tarde, ela já se transformava em personalidade mundial, com o acionamento da engrenagem publicitária da coalizão anticubana. Começaram a aparecer entrevistas de página inteira com a blogueira, não raro com chamadas de capa, em grandes publicações como The Wall Street Journal, The New York Times, The Washington Post, Die Zeit e El País, sem falar nos jornalões brasileiros e na indefectível Veja.

Ao mesmo tempo, sempre de forma significativamente sincronizada, surgiram os prêmios, os convites para viagens e outras iniciativas de cunho promocional. Em 2008 a blogueira foi premiada em vários países da Europa e nos Estados Unidos, além de ter sido incluída, pela revista Time, na relação das 100 personalidades mais influentes do mundo e pelo diário espanhol El País, entre os 100 hispano-americanos mais influentes. No mesmo ano, a revista estadunidense Foreign Policy a considerou um dos 10 intelectuais mais importantes do ano, assim como a revista mexicana Gato Pardo. Mais recentemente, lançou um livro em grande estilo, com edições quase simultâneas em diversos países, e adiantamento por conta de direito autoral (como os € 50 mil pagos pela editora italiana Rizzoli). Digno de registro também é que Yoani Sánchez enviou um questionário dirigido ao presidente Barack Obama e ele o respondeu prontamente. Ela explicou candidamente a atenção que Obama lhe dedicou: “talvez eu tenha sorte”.

Um blog multimilionário
A verdade é que o blog que a fez famosa desfruta de sorte não menos fantástica. Ele foi registrado por intermédio de um serviço chamado GoDaddy, uma companhia que costuma ser contratada pelo Pentágono para compra de domínios de forma anônima e segura para suas guerras no cyberespaço, conforme denunciou a jornalista espanhola Norelys Morales Aguilera (3). “Não há em toda Cuba uma só página de internet, nem privada, nem pública, com o potencial tecnológico e de design da que ela exibe em seu blog”, sustenta.

O blog é atualmente hospedado em servidor espanhol, que não lhe cobra nada ("por 18 meses", diz ela), embora processe 14 milhões de visitas mensais e ofereça suporte técnico praticamente exclusivo. No mercado, custaria milhares de dólares por mês. É traduzido para nada menos que 18 idiomas, luxo que nem os portais dos mais importantes organismos multilaterais, como a ONU, o Banco Mundial, o Fundo Monetário Internacional ou a OCDE, exibem. Sánchez diz que são amigos que fazem as traduções. Segundo o jornalista Pascual Serrano, ela usa recursos da web 2.0 a que muito poucos cubanos têm acesso, como o Twitter, os foros sociais e outros (4). Em 2009, segundo o jornalista francês Salim Lamrani, o Departamento do Tesouro dos EUA, baseando-se na lei do bloqueio, fechou mais de 80 sítios de internet relacionados a Cuba, alegando que eles promoviam comércio. A única exceção foi justamente o blog de Sánchez, embora lá também haja venda de livros. Aliás, o sistema de pagamento utilizado por ele, o Paypal, e o de “copyright” que protege os textos da blogueira estão igualmente vedados a qualquer outro cidadão cubano, pelas mesmas razões (5).

Em recente entrevista a Lamrani, feita em Havana, Sánchez disse que seu blog não pode ser acessado de Cuba, como costuma “denunciar” aos dóceis jornalistas da mídia dominante. Só que desta vez foi desmentida no ato pelo entrevistador, que havia acabado de entrar na página sem qualquer restrição. Então, espertamente se corrigiu: “com freqüência ele fica bloqueado” (6). A verdade é que o blog – assim como qualquer outro sítio – jamais foi objeto de medida repressiva do governo cubano. Isso é comprovado pela Alexa - The Web Information Company, que mede o volume de acesso de páginas de internet do mundo inteiro: segundo seus dados, o portal Desde Cuba, que abriga o blog de Sánchez, tinha 7,1% do seu tráfego originário de equipamentos cubanos, no final de 2009 (7).

O blog de Sánchez também foi distinguido em 2008 como um dos 25 melhores do mundo pela TV CNN, além de ter sido premiado pela revista Time e pela TV Deutsche Welle. As justificativas das premiações e honrarias alegam a coragem cívica de sua idealizadora e exaltam a qualidade de suas crônicas, embora elas se caracterizem, na verdade, por uma descrição pouco sutil da situação cubana, num tom catastrofista, sem qualquer nuance. Em sua prosa simplista, Cuba não passa de uma “imensa prisão com muros ideológicos”, onde se ouvem os “gritos do déspota” e as pessoas vivem entre “o desencanto e a asfixia econômica”, por culpa exclusiva do governo. Não há programas sociais bem-sucedidos, mesmo que eles sejam reconhecidos até pelo Banco Mundial, assim como não há fatores externos que agravam as dificuldades do país – exatamente como no diagnóstico maniqueísta da extrema-direita de Miami.

Apesar de tudo, após se casar com um alemão e se estabelecer na Suíça entre 2002 e 2004, Yoani Sánchez não só decidiu voltar espontaneamente a esse inferno que descreve com tintas carregadas, como implorou ao governo cubano que anulasse a sua condição de emigrada (8). Definitivamente, não estamos diante de uma amadora que resolveu despretensiosamente escrever sobre sua rotina e a de seu país, como ela é descrita pela mídia dominante.

NOTAS
(1) Diversas auditorias pedidas por congressistas concluíram que havia desvio e corrupção envolvendo esse dinheiro, mas a "ajuda" continuou, a pedido dos próprios dissidentes, como Elizárdo Sánchez e Martha Beatriz Roque.
(2) José Pertierra. La guerra contra Cuba: Nuevos presupuestos y la misma premisa. CubaDebate, 02/04/2010. http://www.cubadebate.cu/opinion/2010/04/02/guerra-eeuu-contra-cuba-nuevos-presupuestos-misma-premisa/
(3) Norelys Morales Aguilera. Si los blogs son terapéuticos ¿Quién paga la terapia de Yoani Sánchez?. La República , 13/08/2009. http://larepublica.es/firmas/blogs/index.php/norelys/main-32/?paged=3.
(4) Pascual Serrano. Yoani en el país de las paradojas. Blog Pessoal, 19/01/2010. http://blogs.publico.es/dominiopublico/1781/yoani-en-el-pais-de-las-paradojas/
(5) Salim Lamrani. Cuba y la “ciberdisidencia”. Cubadebate, 26/11/2009. http://www.cubadebate.cu/opinion/2009/11/26/cuba-y-ciberdisidencia/
(6) Repórter desmascara blogueira cubana Yoani Sánchez em entrevista. Portal Vermelho, 25/04/2010. http://www.vermelho.org.br/noticia.php?id_noticia=128182&id_secao=7.
(7) Ver http://www.alexa.com/siteinfo/desdecuba.com. O jornalista espanhol Pascual Serrano solicitou a amigos de Havana que tentassem acessar o blog de Yoani Sánchez no mesmo horário. De cinco diferentes computadores, alguns residenciais, outros públicos, usando diferentes provedores, quatro entraram na página sem problema. Pascual Serrano. El blog censurado en Cuba. Rebelión, 26/03/2008. http://www.rebelion.org/noticia.php?id=65134.
(8) Ela contou em seu blog que se surpreendeu com a existência, no serviço de imigração, de fila de pessoas que retornam a Cuba após terem pedido para sair.


(*) O autor é jornalista com passagem pela Rádio Havana. Tem prontos os originais de um livro sobre a atualidade cubana, produzido em colaboração com Antonio Gabriel Haddad, com o título provisório de “Cuba sem bloqueio: a revolução cubana sem as manipulações impostas pela mídia dominante”.