Amigos, recebemos via rede do 3º setor esta mensagem do teólogo e socioambientalista Leonardo Boff.
Estou enviando este pequeno texto sobre a intervenção do Papa acerca do aborto nas eleições.
Lboff
É importante que na intervenção do Papa na política interna do Brasil
acerca do tema do aborto, tenhamos presente este fato para não sermos
vítimas de hipocrisia: nos catolicíssimos países como Portugal,
Espanha, Bélgica, e na Itália dos Papas já se fez a descriminalização
do aborto (Cada um pode entrar no Google e constatar isso). Todos os
apelos dos Papas em contra, não modificou a opinião da população
quando se fez um plebiscito. Ela viu bem: não se trata apenas do
aspecto moral, a ser sempre considerado (somos contra o aborto), mas
deve-se atender também a seu aspecto de saúde pública. No Brasil a
cada dois dias morre uma mulher por abortos mal feitos, como foi
publicado recentemente em O Globo na primeira página. Diante de tal
fato devemos chamar a polícia ou chamar médico? O espírito humanitário
e a compaixão nos obriga a chamar o médico até para não sermos
acusados de crime de omissão de socorro.
Curiosamente, a descriminalização do aborto nestes países fez com que
o número de abortos diminuísse consideravelmente.
O organismo da ONU que cuida das Populações demonstrou há anos que
quando as mulheres são educadas e conscientizadas, elas regulam a
maternidade e o número de abortos cai enormente. Portanto, o dever do
Estado e da sociedade é educar e conscientizar e não simplesmente
condenar as mulheres que, sob pressões de toda ordem, praticam o
aborto. É impiedade impor sofrimento a quem já sofre.
Vale lembrar que o cânon 1398 condena com a excomunhão automática quem pratica o aborto e cria as condições para que seja feito. Ora, foi sob FHC e sendo ministro da saúde José Serra que foi introduzido o aborto na legislação, nas duas condições previstas em lei: em caso de estupro
ou de risco de morte da mãe. Se alguém é fundamentalista e aplica este cânon, tanto Serra quanto Fernando Henrique estariam excomungados. E Serra nem poderia ter comungado em Aparecida como ostensivamente o fez. Mas pessoalmene não o faria por achar esse cânon excessivamente
rigoroso.
Mas Dom José Sobrinho, arcebispo do Recife o fez. Canonista e
extremamente conservador, há dois anos atrás, quando se tratou de
praticar aborto numa menina de 9 anos, engravidada pelo pai e que de
forma nenhuma poderia dar a luz ao feto, por não ter os orgãos todos
preparados, apelou para este cânon 1398 e excomungou os médicos e
todos os que participaram do ato. O Brasil ficou escandalizado por
tanta insensibilidade e desumanidade. O Vaticano num artigo do
Osservatore Romano criticou a atitude nada pastoral deste Arcebispo.
É bom que mantenhamos o espírito crítico face a esta inoportuna
intervenção do Papa na politica brasileira. Mas o povo mais consciente
tem, neste momento, dificuldade em aceitar a autoridade moral de um
Papa que durante anos ocultou o crime de pedofilia entre padres e
bispos.
Como cristãos escutaremos a voz do Papa, mas neste caso, em que uma
eleição está em jogo, devemos recordar que o Estado brasileiro é laico
e pluralista. Tanto o Vaticano e o Governo devem respeitar os termos
do tratado que foi firmado recentemente onde se respeitam as
autonomias e se enfatiza a não intervenção na política interna do
pais, seja na do Vaticano seja na do Brasil.
Um abraço bem fraterno
Leonardo Boff
Frei Betto lamenta que papa seja 'usado como cabo eleitoral'
Da Rede Brasil Atual
SÃO PAULO - Frei Betto lamenta a postura do papa Bento 16, que voltou a trazer o aborto ao debate político brasileiro às vésperas do segundo turno das eleições presidenciais. Na manhã de ontem, dia 28, o papa esteve com 15 bispos brasileiros do Nordeste, a quem convocou a condenar o aborto e orientar fieis a "usar o próprio voto para a promoção do bem comum". Em entrevista à Rede Brasil Atual, o frei brasileiro sustenta que há temas mais relevantes para o momento.
"Lamento que Bento 16 esteja sendo usado como cabo eleitoral, seja para qual partido for. Há temas muito mais importantes do que aborto e religião para se discutir em uma campanha eleitoral", afirmou Frei Betto. "Aborto se evita com políticas sociais. Num país em que se sabe que os futuros filhos terão saúde, escolaridade e oportunidades de trabalho, o número de aborto é reduzido. Lula fez o governo que mais fez para evitar o aborto no Brasil", analisa.
No discurso proferido durante reunião em Roma, o papa afirmou que se "os direitos fundamentais da pessoa ou da salvação das almas o exigirem, os pastores têm o grave dever de emitir um juízo moral, mesmo em matérias políticas". O discurso do papa reconheceu a possibilidade de eventuais efeitos negativos: "Ao defender a vida, não devemos temer a oposição ou a impopularidade".
Frei Betto relembrou que tal postura se parece com as de dom Nelson Westrupp, dom Benedito Beni dos Santos e dom Airton José dos Santos, bispos que subscreveram um panfleto produzido pela Regional Sul 1 da Confederação Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). O material trazia um pedido aos cristãos que não votassem no PT e em partidos que defendessem o aborto. Para o frei, o objetivo era clararamente fazer um manifesto anti-Dilma.
"Lamento também que três bispos tenham desviado a atenção da opinião pública para introduzir oportunisticamente o tema no debate", critica. Atuante em movimentos sociais, Frei Betto afirma que muitas mulheres acabam optando pelo aborto por se sentirem inseguras com o futuro que darão aos filhos. Mais
Atualizando:
O papa e a política: uma visão progressista
Por Dom Luiz Carlos Eccel
Já havia lido o discurso do Papa Bento XVI, aos Bispos do Maranhão, em visita ad limina apostolorum. Muito interessante o discurso do Papa. Ele não pode deixar de cumprir sua missão de Pastor Universal, exortando o Povo de Deus, especialmente no que diz respeito à defesa da VIDA. Mais
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Construir a cidadania a partir do exercício do direito de todos a expressão, comunicação e informação
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sexta-feira, 29 de outubro de 2010
segunda-feira, 25 de outubro de 2010
José Serra: Os santinhos de uma guerra suja
A poucos dias da eleição, a campanha de José Serra se aproxima de grupos ultraconservadores e reforça a tática do ódio religioso. O oportunismo político divide a Igreja e vira caso de polícia
Atenção: a reportagem não vem de nenhum blog sujo. É a capa desta semana da revista "Isto É", publicada pela Editora Três, do empresário Domingo Azulgaray. Texto de Alan Rodrigues e Bruna Cavalcanti.
"Eu gostaria de chamar a atenção para este papel que estão distribuindo na igreja. Acusam a candidata do PT, em nome da Igreja. Não é verdade. Isso não é jeito de fazer política. A Igreja não está autorizando essas coisas. Isso não é postura de cristão." Cara a cara com José Serra e sua equipe de campanha, frei Francisco Gonçalves de Souza passou-lhes um pito. O religioso comandava a missa em homenagem a São Francisco, no sábado 16, em Canindé, no sertão cearense.
Meia hora após o início do culto, Serra tinha chegado à basílica, onde se espremiam cerca de 30 mil devotos, atraídos à cidade para uma tradicional romaria. O candidato tucano, acompanhado do senador Tasso Jereissati e de outros correligionários, estava em campanha. Em tese, aquele seria um palanque perfeito para alguém que, como Serra, tem peregrinado por templos religiosos se anunciando como um cristão fervoroso. Enquanto ele assistia à missa, barulhentos cabos eleitorais distribuíam panfletos. Os papéis acusavam Dilma Rousseff de defender "terroristas", o "aborto" e a "corrupção". Frei Francisco resolveu reagir ao circo e, então, o que era para ser uma peça publicitária do PSDB transformou-se num enorme vexame. Sob aplausos dos fiéis, o franciscano pediu que Serra e Jereissatti não atrapalhassem a cerimônia e que se retirassem, se não estavam ali para rezar. Jereissatti, descontrolado, passou a gritar que o padre era um petista e tentou subir no altar. As cenas gravadas pelas equipes de tevê de Serra jamais seriam usadas na campanha.
A saia-justa em Canindé foi apenas o primeiro sinal de que a estratégia tucana de apelar a preconceitos religiosos e difamação estava começando a dar errado. Um dia depois, no domingo 17, no bairro do Cambuci, região central de São Paulo, a Polícia Federal apreendia dois milhões de panfletos anti-Dilma numa gráfica pertencente à irmã e ao sobrinho de Sérgio Kobayashi, um dos mais influentes coordenadores da campanha do PSDB. A partir daí, pouco a pouco, vinha a público a armação de uma guerra suja comandada pela central de boatos instalada no comitê central de Serra. É a maior campanha de mentiras já montada em uma eleição. Os panfletos apreendidos evidenciavam que os tucanos montaram um bureau especializado em divulgar difamações, reunindo profissionais da mentira com a tarefa de espalharem boatos envolvendo principalmente sexo e aborto. Com tentáculos no submundo da campanha eleitoral, este aparelho utiliza-se de setores radicais geralmente afeitos à sombra da atividade política institucional: integralistas, monarquistas da direita extremada e setores ultraconservadores da Igreja (leia quadros acima e ao lado). Ao contrário do que pressupõe a biografia oficial de Serra, esses fatos demonstram que para tentar vencer a eleição o ex-governador paulista fez parceria até com grupos que sempre estiveram ao lado do autoritarismo. Mais
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Atenção: a reportagem não vem de nenhum blog sujo. É a capa desta semana da revista "Isto É", publicada pela Editora Três, do empresário Domingo Azulgaray. Texto de Alan Rodrigues e Bruna Cavalcanti.
"Eu gostaria de chamar a atenção para este papel que estão distribuindo na igreja. Acusam a candidata do PT, em nome da Igreja. Não é verdade. Isso não é jeito de fazer política. A Igreja não está autorizando essas coisas. Isso não é postura de cristão." Cara a cara com José Serra e sua equipe de campanha, frei Francisco Gonçalves de Souza passou-lhes um pito. O religioso comandava a missa em homenagem a São Francisco, no sábado 16, em Canindé, no sertão cearense.
Meia hora após o início do culto, Serra tinha chegado à basílica, onde se espremiam cerca de 30 mil devotos, atraídos à cidade para uma tradicional romaria. O candidato tucano, acompanhado do senador Tasso Jereissati e de outros correligionários, estava em campanha. Em tese, aquele seria um palanque perfeito para alguém que, como Serra, tem peregrinado por templos religiosos se anunciando como um cristão fervoroso. Enquanto ele assistia à missa, barulhentos cabos eleitorais distribuíam panfletos. Os papéis acusavam Dilma Rousseff de defender "terroristas", o "aborto" e a "corrupção". Frei Francisco resolveu reagir ao circo e, então, o que era para ser uma peça publicitária do PSDB transformou-se num enorme vexame. Sob aplausos dos fiéis, o franciscano pediu que Serra e Jereissatti não atrapalhassem a cerimônia e que se retirassem, se não estavam ali para rezar. Jereissatti, descontrolado, passou a gritar que o padre era um petista e tentou subir no altar. As cenas gravadas pelas equipes de tevê de Serra jamais seriam usadas na campanha.
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A saia-justa em Canindé foi apenas o primeiro sinal de que a estratégia tucana de apelar a preconceitos religiosos e difamação estava começando a dar errado. Um dia depois, no domingo 17, no bairro do Cambuci, região central de São Paulo, a Polícia Federal apreendia dois milhões de panfletos anti-Dilma numa gráfica pertencente à irmã e ao sobrinho de Sérgio Kobayashi, um dos mais influentes coordenadores da campanha do PSDB. A partir daí, pouco a pouco, vinha a público a armação de uma guerra suja comandada pela central de boatos instalada no comitê central de Serra. É a maior campanha de mentiras já montada em uma eleição. Os panfletos apreendidos evidenciavam que os tucanos montaram um bureau especializado em divulgar difamações, reunindo profissionais da mentira com a tarefa de espalharem boatos envolvendo principalmente sexo e aborto. Com tentáculos no submundo da campanha eleitoral, este aparelho utiliza-se de setores radicais geralmente afeitos à sombra da atividade política institucional: integralistas, monarquistas da direita extremada e setores ultraconservadores da Igreja (leia quadros acima e ao lado). Ao contrário do que pressupõe a biografia oficial de Serra, esses fatos demonstram que para tentar vencer a eleição o ex-governador paulista fez parceria até com grupos que sempre estiveram ao lado do autoritarismo. Mais
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domingo, 17 de outubro de 2010
O aborto e o casal Mônica e José Serra
Artigo de Alípio Freire*
Camaradas e Amigos,
Até este momento, nenhum de vocês me viu escrever sobre o aborto que teria feito a senhora Mônica Serra.
Antes de tudo, porque considero que a privacidade das pessoas deve ser respeitada e preservada – princípio que aprendi ainda em criança, em minha casa, com os meus pais, e que os anos de militância e de vida, apenas reforçaram e consolidaram, dando-lhe contornos políticos mais claros e precisos.
Aprendi que transformar a privacidade das pessoas em espetáculo público é uma prática fascista, como é igualmente fascista todo ato de despolitizar e desqualificar o debate político (política = luta de classes, segmentos e grupos sociais em defesa dos seus interesses), substituindo esse debate pela discussão da privacidade e intimidade dos indivíduos.
Como muito bem afirma o filósofo Jean-Paul Sartre sobre a questão da tortura, penso igualmente a respeito do fascismo:
Não são os fascistas que produzem os fascismo. São as práticas fascistas que produzem homens e mulheres fascistas.
Sou intolerante com esse tipo de assunto.
E creio que devamos ser todos.
Com as últimas informações, ficou claro para mim que, a única responsável por haver transformado em espetáculo público sua intimidade (aborto realizado aos quatro meses de gravidez), foi a própria senhora Mônica Serra, esposa do candidato à Presidência da República, senhor José Serra, que o fez publicamente para suas alunas, e em diversas aulas e ocasiões. A mesma senhora que, em campanha pela eleição do seu esposo, afirmou que a candidata à Presidência, Dilma Rousseff “vai matar as criancinhas”.
A auto-exposição pública, além de todas as mazelas já apontadas neste texto, ainda carrega as virtudes do narcisismo e da egolatria.
Enquanto a senhora Mônica age dessa maneira (hipócrita, duplamente mentirosa, vulgar, narcísica, ególatra e fascista), a campanha do seu esposo – senhor José Serra – contrata um serviço de telemarketing para difundir que a candidata Dilma Rousseff, uma vez eleita, legalizaria o aborto em nosso país. De acordo com o jornal “Correio Braziliense”, os telefonemas são dados por funcionárias mulheres do telemarketing, acrescentando: “Elas ligam em horário comercial no telefone fixo e procuram saber se há eleitor de Marina Silva (PV) na residência. Caso haja, as atendentes insistem na tecla de que a petista é a favor do aborto e que ela hoje se diz contrária apenas para ludibriar o eleitor”.
Por essas e outras, organizei alguns materiais que recebi de diversas fontes acerca do assunto, e que lhes repasso no pé desta mensagem e em arquivo.
Há uns dois dias, a candidata Dilma Rousseff assinou um documento público, no qual afirma que, durante sua gestão, a questão do aborto permanecerá tal qual está definida legalmente hoje.
Ainda que defensor da descriminalização do aborto e entender que esta é uma questão de políticas públicas – de Saúde e de Direitos Humanos – sinto-me na obrigação (ética e política) de declarar que concordo com este gesto da candidata Dilma Rousseff: a descriminalização do aborto é um assunto por demais sério e a quantidade de preconceitos que envolve (e que vêm sendo explorados calhordamente e de forma crapulosa nestas eleições pelo candidato José Serra, sua família e a frente DEM-Tucanos que ele representa), e que a atual correlação de forças impede qualquer avanço nessa direção. Depois de toda essa campanha, orquestrada pelo que há de mais podre em nossa sociedade, garantir os pequenos avanços conquistados a esse respeito, já é uma vitória.
Aos que ficam indignados com esta decisão da candidata Dilma Rousseff, chamo a atenção para quatro aspectos da questão:
Primeiro: a luta de classes (o fazer política) não se limita aos processos eleitorais – as eleições são um importante momento da política, mas não resumem ou substituem todas as manifestações do fazer político. Mais que as eleições, é a capacidade de mobilização e organização dos trabalhadores e dos demais explorados e oprimidos, quem tem a maior possibilidade de mudar a correlação de forças na sociedade, em favor dos interesses da maioria.
Segundo: hoje, derrotar a aliança DEM-Tucanos é mais importante do que discutir a questão do aborto, uma vez que a derrota das forças que apóiam o candidato José Serra deve ser, neste momento, nestas eleições, a questão prioritária, a questão principal. Desta derrota, depende a possibilidade de avançarmos em várias questões (pontuais ou não), inclusive aquelas relativas às diversas políticas públicas.
Terceiro: os rumos mais à esquerda ou à direita de qualquer Governo dependerão sempre da nossa capacidade de pressão, da nossa capacidade de sermos sujeitos políticos: e só o somos, coletivamente. Ou seja, somente organizados somos um sujeito político capaz de enfrentar adversários e inimigos – o resto será sempre radicalismo-de-gogó, radicalidade inconseqüente. Necessitamos ser o suficientemente fortes em termos de organização e capacidade de mobilização, para empurrarmos os poderes da República na direção do atendimento dos nossos interesses. Por exemplo: se cercássemos a sede do Supremo Tribunal Federal – STF, no momento de votações de assuntos substantivos para os nossos interesses, dificilmente os bípedes togados que ali decidem sobre destinos do país, se sentiriam à vontade para agir como agem. Se cercássemos com milhões de pessoas o STF, dificilmente personagens como o doutor Gilmar Mendes estariam compondo essa importante instância de poder. Sairiam de lá enxotados e sob nossas vaias. O mesmo serve para o Congresso.
Quarto: enquanto prosseguirmos esperando que os nossos representantes que compõem esses poderes (por melhores e honestos que sejam) sejam capazes sozinhos de responderem às nossas reivindicações e exigências, ou colheremos derrotas, ou os estimularemos a alianças por nós indesejadas, e mesmo a graves práticas não Republicanas, como o suborno, a compra de votos, os desvios de dinheiros públicos, as chantagens dos dossiês
Por fim, com esta minha mensagem espero ter contribuído para colocarmos a discussão do assunto ABORTO no seu mais adequado rumo, fugindo pelo menos da armadilha fascista que a santa aliança DEM-Tucanos propõe a todos nós.
Mais ainda, espero que, se vier a ser lida por dirigentes do Partido dos Trabalhadores, companheiros com responsabilidades no atual Governo e/ou coordenadores da campanha da candidata Dilma Rousseff, inspire medidas políticas e/ou legais sobre o problema do telemarketing, e outras barbaridades que vêm sendo cometidas.
*é jornalista e resistiu à ditadura militar (1964-85)
PS: Como se sabe, no sábado a Folha de S. Paulo publicou reportagem da jornalista Mônica Bergamo trazendo depoimentos de três ex-alunas de Mônica Serra na Unicamp confirmando terem ouvido de sua professora que sim, ela fez aborto. A matéria foi publicada sem destaque e já não pode mais ser encontrada no site da "Folha". Mas, para desespero dos tuiteiros tucanos que se mobilizaram esta madrugada para colocar a tag #monicabergamosuja nos TT (tópicos mais citados), este colunista de um jornal concorrente publicou a reportagem. Os cabos eleitorais de Serra na internet agora vão ter que malhar o "judas" Ricardo Noblat.
Monica Serra contou ter feito aborto, diz ex-aluna
Camaradas e Amigos,
Até este momento, nenhum de vocês me viu escrever sobre o aborto que teria feito a senhora Mônica Serra.
Antes de tudo, porque considero que a privacidade das pessoas deve ser respeitada e preservada – princípio que aprendi ainda em criança, em minha casa, com os meus pais, e que os anos de militância e de vida, apenas reforçaram e consolidaram, dando-lhe contornos políticos mais claros e precisos.
Aprendi que transformar a privacidade das pessoas em espetáculo público é uma prática fascista, como é igualmente fascista todo ato de despolitizar e desqualificar o debate político (política = luta de classes, segmentos e grupos sociais em defesa dos seus interesses), substituindo esse debate pela discussão da privacidade e intimidade dos indivíduos.
Como muito bem afirma o filósofo Jean-Paul Sartre sobre a questão da tortura, penso igualmente a respeito do fascismo:
Não são os fascistas que produzem os fascismo. São as práticas fascistas que produzem homens e mulheres fascistas.
Sou intolerante com esse tipo de assunto.
E creio que devamos ser todos.
Com as últimas informações, ficou claro para mim que, a única responsável por haver transformado em espetáculo público sua intimidade (aborto realizado aos quatro meses de gravidez), foi a própria senhora Mônica Serra, esposa do candidato à Presidência da República, senhor José Serra, que o fez publicamente para suas alunas, e em diversas aulas e ocasiões. A mesma senhora que, em campanha pela eleição do seu esposo, afirmou que a candidata à Presidência, Dilma Rousseff “vai matar as criancinhas”.
A auto-exposição pública, além de todas as mazelas já apontadas neste texto, ainda carrega as virtudes do narcisismo e da egolatria.
Enquanto a senhora Mônica age dessa maneira (hipócrita, duplamente mentirosa, vulgar, narcísica, ególatra e fascista), a campanha do seu esposo – senhor José Serra – contrata um serviço de telemarketing para difundir que a candidata Dilma Rousseff, uma vez eleita, legalizaria o aborto em nosso país. De acordo com o jornal “Correio Braziliense”, os telefonemas são dados por funcionárias mulheres do telemarketing, acrescentando: “Elas ligam em horário comercial no telefone fixo e procuram saber se há eleitor de Marina Silva (PV) na residência. Caso haja, as atendentes insistem na tecla de que a petista é a favor do aborto e que ela hoje se diz contrária apenas para ludibriar o eleitor”.
Por essas e outras, organizei alguns materiais que recebi de diversas fontes acerca do assunto, e que lhes repasso no pé desta mensagem e em arquivo.
Há uns dois dias, a candidata Dilma Rousseff assinou um documento público, no qual afirma que, durante sua gestão, a questão do aborto permanecerá tal qual está definida legalmente hoje.
Ainda que defensor da descriminalização do aborto e entender que esta é uma questão de políticas públicas – de Saúde e de Direitos Humanos – sinto-me na obrigação (ética e política) de declarar que concordo com este gesto da candidata Dilma Rousseff: a descriminalização do aborto é um assunto por demais sério e a quantidade de preconceitos que envolve (e que vêm sendo explorados calhordamente e de forma crapulosa nestas eleições pelo candidato José Serra, sua família e a frente DEM-Tucanos que ele representa), e que a atual correlação de forças impede qualquer avanço nessa direção. Depois de toda essa campanha, orquestrada pelo que há de mais podre em nossa sociedade, garantir os pequenos avanços conquistados a esse respeito, já é uma vitória.
Aos que ficam indignados com esta decisão da candidata Dilma Rousseff, chamo a atenção para quatro aspectos da questão:
Primeiro: a luta de classes (o fazer política) não se limita aos processos eleitorais – as eleições são um importante momento da política, mas não resumem ou substituem todas as manifestações do fazer político. Mais que as eleições, é a capacidade de mobilização e organização dos trabalhadores e dos demais explorados e oprimidos, quem tem a maior possibilidade de mudar a correlação de forças na sociedade, em favor dos interesses da maioria.
Segundo: hoje, derrotar a aliança DEM-Tucanos é mais importante do que discutir a questão do aborto, uma vez que a derrota das forças que apóiam o candidato José Serra deve ser, neste momento, nestas eleições, a questão prioritária, a questão principal. Desta derrota, depende a possibilidade de avançarmos em várias questões (pontuais ou não), inclusive aquelas relativas às diversas políticas públicas.
Terceiro: os rumos mais à esquerda ou à direita de qualquer Governo dependerão sempre da nossa capacidade de pressão, da nossa capacidade de sermos sujeitos políticos: e só o somos, coletivamente. Ou seja, somente organizados somos um sujeito político capaz de enfrentar adversários e inimigos – o resto será sempre radicalismo-de-gogó, radicalidade inconseqüente. Necessitamos ser o suficientemente fortes em termos de organização e capacidade de mobilização, para empurrarmos os poderes da República na direção do atendimento dos nossos interesses. Por exemplo: se cercássemos a sede do Supremo Tribunal Federal – STF, no momento de votações de assuntos substantivos para os nossos interesses, dificilmente os bípedes togados que ali decidem sobre destinos do país, se sentiriam à vontade para agir como agem. Se cercássemos com milhões de pessoas o STF, dificilmente personagens como o doutor Gilmar Mendes estariam compondo essa importante instância de poder. Sairiam de lá enxotados e sob nossas vaias. O mesmo serve para o Congresso.
Quarto: enquanto prosseguirmos esperando que os nossos representantes que compõem esses poderes (por melhores e honestos que sejam) sejam capazes sozinhos de responderem às nossas reivindicações e exigências, ou colheremos derrotas, ou os estimularemos a alianças por nós indesejadas, e mesmo a graves práticas não Republicanas, como o suborno, a compra de votos, os desvios de dinheiros públicos, as chantagens dos dossiês
Por fim, com esta minha mensagem espero ter contribuído para colocarmos a discussão do assunto ABORTO no seu mais adequado rumo, fugindo pelo menos da armadilha fascista que a santa aliança DEM-Tucanos propõe a todos nós.
Mais ainda, espero que, se vier a ser lida por dirigentes do Partido dos Trabalhadores, companheiros com responsabilidades no atual Governo e/ou coordenadores da campanha da candidata Dilma Rousseff, inspire medidas políticas e/ou legais sobre o problema do telemarketing, e outras barbaridades que vêm sendo cometidas.
*é jornalista e resistiu à ditadura militar (1964-85)
PS: Como se sabe, no sábado a Folha de S. Paulo publicou reportagem da jornalista Mônica Bergamo trazendo depoimentos de três ex-alunas de Mônica Serra na Unicamp confirmando terem ouvido de sua professora que sim, ela fez aborto. A matéria foi publicada sem destaque e já não pode mais ser encontrada no site da "Folha". Mas, para desespero dos tuiteiros tucanos que se mobilizaram esta madrugada para colocar a tag #monicabergamosuja nos TT (tópicos mais citados), este colunista de um jornal concorrente publicou a reportagem. Os cabos eleitorais de Serra na internet agora vão ter que malhar o "judas" Ricardo Noblat.
Monica Serra contou ter feito aborto, diz ex-aluna
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