17/06/2012 - Laerte Braga
publicado originalmente no blog Juntos Somos Fortes
O verde mais cinza, em tons Marina da Silva. Não é daltonismo.
É o cinismo e a barbárie capitalista.
Pode estar com sombreados Greenpeace, um dos negócios mais lucrativos do planeta.
O que é sustentabilidade? Sustentar o quê?
Milhares de ogivas nucleares, cinco mil ataques aéreos para devastar a Líbia, a fome na África, o trabalho escravo em países periféricos (expressão que adoram no jornalismo global podre e venal), a guerra civil montada na Síria, o genocídio contra palestinos na versão sionista do nazismo, as bases militares espalhadas pelo mundo, o agrotóxico, o transgênico, os salários dos professores, a privatização da saúde, o governo Dilma na prática de uma no cravo e outra na ferradura. Será isso a tal sustentabilidade?
Ou um convescote de entidades, partidos do clube de amigos e inimigos cordiais, num Rio de Janeiro transbordando de gente e os preços estratosféricos, tudo regado a vastos recursos oficiais ou semi oficiais. Os trabalhadores, óbvio, do lado de fora das cercas eletrificadas do capitalismo.
Daniel Dantas e Paulo Maluf estão citados entre os mais corruptos do mundo nos dados do Banco Mundial. Um é deputado e apóia a candidatura petista à Prefeitura de São Paulo (indicou um nome para o Ministério das Cidades como compensação) e Dantas tem um “ministro” de plantão na mais alta corte de justiça do País para eventuais habeas corpus.
Quem sabe sustentabilidade serão os cem bilhões de euros para salvar bancos espanhóis enquanto o rei caça elefantes na África, ou búfalos em campos privados na Suíça a cinco mil dólares por cabeça? Um quarto da população adulta da Espanha desempregada e mais da metade dos jovens que chegam ao chamado “mercado de trabalho” sem qualquer perspectiva?
Os gregos lutam nas ruas para preservar seu país. Os egípcios assistem seus militares curvarem-se e lustrarem as botas do sionismo num golpe de estado que mantém o regime de Mubarak sem Mubarak. Tal e qual os golpistas de 64 por aqui lustraram as botas de Lincoln Gordon e Vernon Walthers, pelo “direito” de encher as prisões, torturar, assassinar e depois transformar documentos confidenciais em secretos para escapar da vergonha das práticas criminosas, tudo recheado de patriotismo. “O último refúgio dos canalhas” na frase sempre necessária de Samuel Johnson.
Não há compromisso algum dos países ricos com políticas mínimas de preservação ambiental, de mudanças no sistema econômico, nada disso, enquanto é evidente a tentativa de países como o Brasil de salvar o que não tem salvação, o capitalismo. Pela voz de Anthony Patriot, o profeta do equilibrismo. Vai atravessar num cabo de aço a vários mil metros de altura, a distância entre a RIO+20 e Wall Street carregando uma nova proposta de dez mandamentos que não mudam mandamento algum. Dilma chega só para cortar a fita simbólica do cabo.
O espetáculo, o show midiático. Os “especialistas” deitando falação sobre como salvar o planeta enquanto o planeta vai sendo destruído por drones e outros artefatos mortais, cuja última preocupação é o ser humano, o trabalhador.
A classe média acha ótimo. Aboleta-se num automóvel, entope as ruas – paulista, por exemplo. adora um congestionamento e espera entrar no Guiness num desses feriadões da vida – e exibe aos filhos o progresso, todo esse mundo colorido que se junta para dizer que vai catar o lixo jogado nas ruas e depositá-lo em recipientes que irão permitir a reciclagem.
Não se pode criticar a VALE. A quadrilha privatizada no governo de FHC não admite críticas. É uma das principais acionistas do Estado brasileiro, detém o poder de veto sobre decisões do governo federal, de governos estaduais e municipais. Um moçambicano foi deportado pela Polícia Federal do Brasil. Estava chegando para a cúpula dos povos e ia relatar os crimes ambientais cometidos pela VALE em seu país. As técnicas de monitoramento e vigilância tem o made IN USA e o MADE MOSSAD, em estrita colaboração nos acordos assinados pelos de governos de FHC e Lula (esse inventou o “capitalismo à brasileira” e acha que ainda é presidente, fala vinte e quatro horas por dia, FHC pensa que é divindade).
Do lado de fora das cercas o povo da Cúpula dos Povos.
Consciente que a luta foge às “regras” impostas pelo poder, pela classe dominante e que o movimento popular há que ser como o de gregos, egípcios, trabalhadores espanhóis que acorrem às ruas e repudiam seus governos, ou os que de fato governam.
Grandes corporações, bancos, empresas fomentadoras do latifúndio em países como o Brasil.
Quem governa a União Européia? Os governantes detentores de mandatos populares na farsa democrática? Ou as centenas de instituições e agências sem mandato popular, mas senhoras absolutas do poder e dos governantes?
Quem governa o Brasil? Os acordos com Paulo Maluf para eventuais vitórias nas eleições – como se eleições fossem atestado completo de democracia – ou as manobras para manter impávido o poder de Carlinhos Cachoeira? Quem sabe as agências e escuros túneis do poder de bancos, empresas, latifúndio, agências que tornam milionários os seus integrantes e adjacências?
A grande lição da Cúpula dos Povos é que não existe alternativa dentro do sistema, lutando por dentro.
É nas ruas.
Muhamad Ali dizia a diferença entre ele “o maior de todos” e os outros, é que “luto por fora, não luto por dentro, não permito que se acheguem a mim, eu os destruo”.
A mídia resplandecente no exibir o show, o espetáculo e a mostrar a “turba”, ou seja, os que pagam essa espécie de “farra do boi” disfarçada em “vamos salvar o planeta”.
E ainda falta a senhora Hilary Clinton para a histeria da mídia e os noticiários carimbados pelo Departamento de Estado. Carimbados e autorizados.
O tom sombrio dessa gente é a volta às cavernas como previu Stanley Kubrick.
Só que essas defendidas por ogivas nucleares, bunkers com a suástica transformada em verde pelos marqueteiros do capitalismo, ar condicionado e farto estoque de iguarias para os novos barões na nova Idade Média, a Idade Média da Tecnologia do Terror.
Dizem que a senhora Clinton deve chegar numa nuvem escura chamada de Tempestade no Deserto e semear mercenários por todos os lados num discurso de “paz” e advertência que “estamos vigilantes para garantir a democracia”.
Quem sabe o ATO PATRIÓTICO, que entre outras coisas define modalidades de torturas permitidas, assassinatos em qualquer parte do mundo em nome dos direitos humanos, não salva o planeta?
Em todo o caso, em várias barracas, fragrâncias diversas oriundas de pesquisas cientificas capazes de tornar a realidade do dia a dia mais perfumada e palatável em meio ao esgoto capitalista?
Tudo é possível.
A luta é nas ruas e aos poucos vai tomando forma em todo o mundo.
É a percepção que é luta de sobrevivência para que se possa construir a alternativa socialista (sem aspas, vale dizer com os trabalhadores).
Fonte: http://juntosomos-fortes.blogspot.com.br/2012/06/semana-o-capitalismo-nao-e-daltonismo-e.html