sábado, 7 de dezembro de 2013

O choro hipócrita por Mandela

"À época do apartheid, numa das revoltas do Soweto, sob o governo branco de Botha, o governo terrorista e racista de Israel ofereceu armas nucleares ao governo sul africano para enfrentar o levante do povo negro.

Mandela era classificado como terrorista não só por Margareth Teatcher, mas pelos norte-americanos, israelenses e sicários.

Mandela, comunista, sempre foi visto com desconfiança, mesmo depois de solto e presidente do seu país, por essa gente.

Hoje, com sua morte, existe a dor entre os que são oprimidos e a hipocrisia entre os que oprimem.

Num mundo de líderes medíocres, de figuras de segunda categoria política, Chávez, Nelson Mandela e Fidel Castro [foto] somavam as únicas lideranças mundiais com status de estadistas. Resta Castro.

Cada vez mais vamos tomando a feição de objetos, diante do deus consumo, denúncia feita pelo próprio papa.

E quando morre uma figura como Nelson Mandela, não é questão do mundo ficar mais pobre.

Fica mais sombrio, frio e acelera o rumo ao precipício que o capitalismo com todas as suas malignidades, racismo, opressão, exploração, etc, vai nos levando."
(Laerte Braga)

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06/12/2013- Chora por Mandela, mas acha um absurdo pobre querer os mesmos direitos
- Leonardo Sakamoto - em seu blog

Precisamos de mais pessoas como Mandela.

Pessoas que são capazes de usar a força quando necessário e adotar uma atitude conciliadora quando preciso. Mas que não descartam qualquer uma das duas ações políticas.

Por conta da morte de Mandela, estamos sendo soterrados por reportagens que louvam apenas um desses lados e esquece o outro, como se as folhas de uma árvore existissem sem o seu tronco e os galhos.

O apartheid não morreu apenas por conta do sorriso bonito e das falas carismáticas do líder sul-africano, mas por décadas de luta firme contra a segregação coordenada por uma resistência que ele ajudou a estruturar.

É fascinante como regimes execrados pelo Ocidente foram, muitas vezes, os únicos que estenderam a mão a Mandela e à luta contra o apartheid.

E como, décadas depois, muitos países prestam suas homenagens a ele, sem um mísero mea culpa por seu papel covarde durante sua prisão.

Ou, pior: como veículos de comunicação desse mesmo Ocidente ignoram a complexidade da luta de Mandela, defendendo que o pacifismo foi o seu caminho.

Desculpem, mas a necessária conciliação para curar feridas ou a tolerância são diferentes de injustiça.

E ser pacifista não significa morrer em silêncio, em paz, de fome ou baioneta.

A desobediência civil professada por Gandhi é uma saída, mas não a única e nem cabe em todas as situações em que um grupo de pessoas é aviltado por outro.

“Eu celebrei a ideia de uma sociedade livre e democrática, na qual todas as pessoas vivam juntas em harmonia e com oportunidades iguais.

É um ideal pelo qual espero viver e o qual espero alcançar.

Mas, se for necessário, é um ideal pelo qual estou pronto para morrer'', disse ele, ao ser condenado a 27 anos de prisão.

As histórias das lutas sociais ao redor do mundo são porcamente ensinadas.

Ao ler o que os jovens aprendem nas carteiras escolares ou no conteúdo trazido por nós jornalistas, fico com a impressão que a descolonização da Índia, o fim do apartheid na África do Sul ou a independência de Timor Leste foram obtidas apenas através de longas discussões regadas a chá e um pouco de desobediência.

Dessa forma, a interpretação dos fatos, passada adiante, segue satisfatória aos grupos no poder.

Muitos que hoje lamentam por Mandela detestam manifestações públicas e mudanças no status quo.

Adoram um revolucionário quando este é reconhecido internacionalmente e aparece em estampas de camisetas, mas repudiam quem ocupa propriedades, por exemplo, “impedindo o progresso''.

Leio reclamações da violência de protestos quando estes vêm dos mais pobres entre os mais pobres – “um estupro à legalidade” – feitas por uma legião de pés-descalços empunhando armas de destruição em massa, como enxadas, foices e facões.

Ou contra povos indígenas, cansados de passar fome e frio, reivindicando territórios que historicamente foram deles, na maioria das vezes com flechas, enxadas e paciência.

Ou ainda professores que exigem melhores salários e resolvem ir às ruas para mostrar sua indignação e pressionar para que o poder público mude o comportamento.

Todos eles são uns vândalos.

Daí, essa pessoa que ama Mandela, mas não sabe quem ele é, pensa: poxa, por que essa gente maltrapilha simplesmente não sofre em silêncio, né?

Muitas das leis criticadas em protestos e ocupações de terra ou mesmo no apartheid não foram criadas pelos que sofrem em decorrência de injustiça social, mas sim por aqueles que estavam ou estão na raiz do problema e defendem regras para que tudo fique como está.

Nem sempre a legalidade é justa. E essa frase assusta muita gente.

Mandela é a inspiração.

Com ele, é possível acreditar que manifestações populares e ocupações resultem nos pequenos vencendo os grandes.

E, com o tempo, os rotos e rasgados sendo capazes de sobrepujar ricos e poderosos.

Por isso, o desespero inconsciente presente em muitas reclamações sobre a violência inerente ou involuntária desses atos.

Ou na tentativa de reescrever a história editando aquilo que não interessa.

Enquanto isso, mais um indígena foi morto no Mato Grosso do Sul.

Mas tudo bem. Devia ser apenas mais um vândalo, não um homem de bem como Mandela.

Enfim, precisamos de mais pessoas como Mandela.

Pois os bons do século 20 estão morrendo antes que realmente entendamos suas mensagens.

Fonte:
http://blogdosakamoto.blogosfera.uol.com.br/2013/12/06/chora-por-mandela-mas-acha-um-absurdo-pobre-querer-os-mesmos-direitos/

Nota:
A inserção das imagens, quase todas capturadas do Google Images, são de nossa responsabilidade, pois inexistem no texto original.


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Pablo Neruda - homenagem do Educom a Nelson Mandela

FICA PROIBIDO 

Fica proibido chorar sem aprender,
levantar-se um dia sem saber o que fazer, 
ter medo de suas lembranças.

Fica proibido não rir dos problemas,
não lutar pelo que se quer,
abandonar tudo por medo,
não transformar sonhos em realidade.

Fica proibido não demonstrar amor, 
fazer com que alguém pague por suas dívidas
e mau humor.

Fica proibido deixar os amigos,
não compreender o que viveram juntos,
chamá-los somente quando necessitar deles.

Fica proibido não ser você mesmo diante das pessoas,
fingir que elas não lhe importam,
ser gentil só para ser lembrado,
esquecer aqueles que gostam de você.

Fica proibido não fazer as coisas por si mesmo quando puder fazê-las,
ter medo da vida e de seus compromissos,
não viver cada dia como se fosse o último suspiro. 

Fica proibido sentir saudades de alguém sem se alegrar,
esquecer seus olhos, seu sorriso, só porque seus
caminhos se desencontraram,
esquecer seu passado e pagá-lo com seu presente.

Fica proibido não tentar compreender as pessoas,
pensar que as vidas delas valem mais do que a sua,
não saber que cada um tem seu caminho e sua sorte,
não ter um momento para quem necessita de você,
não compreender que o que a vida dá ela também tira. 

Fica proibido não buscar a felicidade,
não viver sua vida com uma atitude positiva,
não pensar que podemos ser melhores.

Fica proibido não pensar que sem você este mundo não seria igual.

Shosholoza, Madiba

Shosholoza, Madiba (Seguindo adiante, Madiba)
Wen'uyabaleka (Você está indo embora)
Wen'uyabaleka (Você está indo embora)
Kule ... Zontaba (Através das montanhas)
Stimela siphume South Africa (Trem da África do Sul)


Canto e silêncio para Rolihlahla Madiba Mandela, de etnia Xhosa, de um pequeno vilarejo em Transkei, oeste da África do Sul e que se tornou exemplo da luta pela libertação de seu povo e da equidade racial.