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terça-feira, 26 de julho de 2011

Campanha contra os Agrotóxicos lança filme de Silvio Tendler


Texto Maria Lucia Martins



Lançada no Dia Mundial da Saúde, a Campanha Permanente Contra  os  Agrotóxicos e Pela Vida ganhou um valioso meio difusão, o documentário “ O Veneno está na mesa”,  realizado por Silvio Tendler, lançado ontem,25 de julho,no Teatro Oi Casa Grande, onde havia mais de mil pessoas e, agora,  disponível para a reprodução livre. A Campanha alerta sobre os venenos usados nos cultivos agrícolas brasileiros e os efeitos destes sobre os seres vivos e sobre o ambiente natural.
Organizada por mais de 20 entidades e movimentos sociais, a Campanha tem como metas a substituição de insumos no cultivo e a discussão da necessidade de outro modelo de produção no campo. Mais de 70% dos alimentos que chegam à mesa dos brasileiros vêm de pequenos e médios agricultores, alguns impelidos ao uso de agrotóxicos por motivos diversos. Parte destes produtores de alimentos conseguiu migrar para um cultivo orgânico e cresce o número dos que buscam esta transição. Esta tendência resgata os saberes de nossa agricultura tradicional, que podem ser aliados a modernos conhecimentos sobre plantio sem agentes nocivos à saúde.
Consumo de 5,2 kg de veneno per capita
De acordo com a organização da campanha, cada brasileiro consome em média 5,2 kg de veneno por ano.  O Brasil foi considerado em 2009, o maior consumidor destas substâncias pelo segundo ano consecutivo.
A coordenadora do Sistema Nacional de Informações Toxico Farmacológicas (Sinitox), da Fiocruz, Rosany Bochner, afirma que “é preciso deixar claro que o que queremos com a campanha não é usar produtos menos tóxicos, não é nada paliativo. Nós não queremos mais agrotóxicos de nenhuma forma. É uma mudança de filosofia, temos que partir para produzir diversidade. Vamos ter que comer diferente, que fazer muita coisa e não depende só do agricultor, depende também da população, porque do jeito que está não é possível mais ficar". Rosany  também é consultora da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
Além da proibição definitiva do uso de venenos, a campanha aponta como saída para uma alimentação saudável e diversificada o fortalecimento da agricultura familiar e camponesa. Para isso, propõe uma série de ações, como a reforma agrária, o fim do desmatamento, a geração de trabalho e renda para a população rural, o uso de novas tecnologias que favoreçam o fim da utilização de agrotóxicos e a produção baseada na agroecologia .
Efeitos danosos comprovados
O material da campanha alerta que os agrotóxicos causam uma série de doenças como câncer, problemas hormonais, problema neurológicos, má formação do feto, depressão, doenças de pele, problemas de rim, diarréia, entre outras.Recentemente, uma pesquisa da Universidade Federal do Mato Grosso do Sul detectou a presença de agrotóxicos no leite materno e nos ovos comercializados no país.
De acordo com Rosany, a Anvisa está disposta a discutir o uso destes produtos tóxicos, mas enfrenta a resistência de setores do próprio governo e do legislativo, onde está presente a bancada ruralista favorável ao uso do agrotóxico. Rosany destaca também as dificuldades de informação sobre os riscos de agrotóxicos no sistema de saúde, no qual não é costume relacionar os sintomas de diversas doenças com a exposição aos agrotóxicos, o que dificulta tanto a cura quanto a identificação de evidências dos efeitos danosos dos agrotóxicos sobre as pessoas e o ambiente.