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quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Dois preciosos depoimentos sobre a Era FHC e a morte da alma nacional

"Seu crime mais hediondo foi destruir a Alma Nacional, o sonho coletivo. Com o jogo perverso de estimular a busca de pretensas vantagens individuais, o governo FHC destruiu a busca de objetivos coletivos". (Aloysio Biondi)

Neste momento em que o tema da privatização da economia brasileira volta ao foco do debate político e considerando que entre as novas gerações de eleitores no histórico segundo turno do dia 31 muitos pouco sabem sobre como o PSDB sangrou o Estado brasileiro, nada melhor que resgatar reflexões de dois pensadores da importância de Aloysio Biondi e Darcy Ribeiro sobre o triste legado da década de 1990.

Os anos FHC e a morte da alma nacional
Por Aloysio Biondi. Artigo publicado na revista "Bundas" em 7 de agosto de 1999

Reverencialmente, peço licença ao mestre Celso Furtado para repeti-lo:

“Nunca estivemos tão longe do país com que sonhamos um dia”.

Uma pequena frase. Capaz, porém, de detonar um turbilhão de lembranças, das emoções e expectativas, dos dias em que o Brasil era um país e tinha sonhos. Um povo que sonhava virar Povo. Estudantes, intelectuais, empresários, trabalhadores, agricultores, classe média envolvidos no debate pelo desenvolvimento, conscientes, todos, de que havia um preço a pagar, resistências a enfrentar. Inimigos, interesses externos a vencer. Um país com alma, sonhos.

Durante 40 anos, 45 anos, houve crises de todos os tipos. Mas havia o amanhã, a promessa do amanhã. A busca do amanhã. Um lugar no mundo. Na década de 50, com a economia resumida praticamente ao café, açúcar, algodão e outros produtos agrícolas, o país lançou-se à loucura de buscar a industrialização. Sem dólares para importar máquinas e equipamentos, pois os preços dos produtos agrícolas estavam de lastros no mercado mundial, estrangulando países pobres como o Brasil. Mesmo assim, o país ousou. Era a época em que os intelectuais e formadores de opinião escreviam livros, artigos, teses sobre e contra as políticas de estrangulamento que os países ricos impunham a países como o Brasil. Ou faziam músicas, peças teatrais, filmes sobre a realidade brasileira. Reforçavam a alma brasileira. O sonho realizável. Será que dona Ruth Cardoso se lembra disso?

Chegou a década de 60, e com ela o golpe militar inspirado pelos EUA, desvios de rota que, no entanto, não conseguiram enterrar de vez os sonhos de construção de um país... A alma nacional resistia. Veio a crise do petróleo, no começo dos anos 70, e o país, que produzia 130 mil barris por dia, mergulhou novamente no abismo da falta de dólares, na recessão, no avanço da miséria. Um país “quebrado”, com total falta de dólares, mas que insistia em sonhar com um amanhã.

Em nome desse sonho, novamente, a população pagou a conta. O governo contraiu dívidas fabulosas, criou impostos, apertou o cinto e o crânio dos brasileiros, para canalizar o dinheiro disponível, dos impostos ou empréstimos, para montar indústrias capazes de fornecer produtos que ainda eram importados, de aço a alumínio, de celulose a petroquímicos, de máquinas a sistemas de telecomunicações. Substituir importações para economizar dólares, necessários para a compra do petróleo, ainda não descoberto em grande escala no território brasileiro.

Para atender a todas essas novas indústrias, era preciso também construir usinas, as Itaipus, rodovias, ferrovias (o Brasil chegou a produzir 5.000 vagões por ano, com encomendas do governo), sistemas de telecomunicações. Mais aperto de cinto, mais impostos, menos dinheiro para as questões sociais, nunca esquecidas nem mesmo nos debates e escritos dos economistas, ou de empresários. Mas havia a esperança do amanhã. O sonho, de que fala mestre Furtado, de um país economicamente forte, exatamente por dispor de todos os recursos naturais para isso, mas também capaz, ao atingir esse estágio, de maior justiça social, de extinção da miséria. Habitado por um Povo. Orgulhoso de si. Solidário, porque se reconhecendo no outro.

No começo dos anos 90, o sonho estava ao alcance da mão, o amanhã chegava. O Brasil conquistara uma posição entre as dez maiores economias do mundo. Melhor ainda: o Brasil nadava em dólares, porque era capaz de realizar exportações muito maiores do que as importações. Poucos se lembram disso hoje, mas o Brasil tinha um dos maiores saldos comerciais positivos (exportações menos importações) do mundo, na casa dos 10 a 15 bilhões de dólares por ano. Tinha dólares seus, não precisava mais de empréstimos ou de capital das multinacionais para realizar investimentos e manter a economia em expansão, para criação de empregos e solução dos problemas do seu povo. Foi ontem, e está tudo tão distante.

A serviço de outros países, o governo escancarou o mercado às importações e às multinacionais. Feiticeiros malditos transformaram o saldo positivo da balança comercial em um “rombo” permanente, deram vantagens na cobrança de impostos sobre a remessa de juros e de lucros estimulando o envio de dólares para o exterior, elevaram os juros para cobrir os rombos criados, “quebraram” assim a União, Estados, Municípios. Destruíram a indústria e a agricultura. Em cinco ou seis anos, clones malditos dos intelectuais de ontem destruíram o que havia sido construído ao longo de décadas. Destruíram mais. Destruíram o sonho, a Alma Nacional.

O que somos hoje? Um quintal dos países ricos? Não. Somos um curral. Bovinos ruminando babosamente enquanto o vizinho do lado, o trabalhador, o funcionário público, o aposentado, o agricultor, o empresário, todos, um a um, são arrastados para o grande matadouro em que o país se transformou, com suas mil formas de abate como o desemprego, os cortes na aposentadoria, as falsas reformas do funcionalismo, a falência, as importações. Bovinos ruminando no curral, enquanto empresas de todos os portes são engolidas por grupos estrangeiros e até o petróleo, ou os campos mais fabulosos de petróleo do mundo, com poços capazes de produzir 10.000 (dez mil) barris por dia, em um único poço, são entregues a preço simbólico às multinacionais

Em cinco anos, o governo Fernando Henrique Cardoso não destruiu apenas a economia nacional, tornando-a dependente do exterior. Seu crime mais hediondo foi destruir a Alma Nacional, o sonho coletivo. Para isso, e com a ajuda dos meios de comunicação, jogou o consumidor contra os empresários nacionais, “esses aproveitadores”; o contribuinte contra os funcionários públicos, “esses marajás”; o pobre contra os agricultores, “esses caloteiros”; a opinião pública contra os aposentados, ”esses vagabundos”.

No governo FHC, o brasileiro foi levado a esquecer que, em qualquer país do mundo, a sociedade só pode funcionar com base em objetivos que atendam aos interesses, necessidades de todos – ou, mais claramente, não se pode por exemplo ter uma política de importação indiscriminada, a pretexto de beneficiar o consumidor, sem provocar desemprego e quebra de empresas. Ou, a longo prazo, desemprego generalizado.

Com o jogo perverso de estimular a busca de pretensas vantagens individuais, o governo FHC destruiu a busca de objetivos coletivos. Destruiu a Alma Nacional, o Projeto Nacional. A violenta desnacionalização sofrida pelo Brasil, em sua economia, vai eternizar a remessa de lucros, dividendos, juros para o exterior. Isto é, vai torná-lo totalmente dependente da boa vontade dos governos de países ricos em fornecer dólares e, portanto, de ordens e autorizações desses governos de países ricos. Uma espécie de colônia, mesmo, como alertou o economista Celso Furtado em palestra que ele encerrou com sua frase, arrasadora para quem viveu o Brasil de 50 para cá, “nunca estivemos tão distante do Brasil com que um dia sonhamos”.

Mesmo sem tê-lo consultado a respeito, uma sugestão: escreva a frase de Furtado em um pedaço de papel, e a releia todos os dias. Ou faça decalques com ela. Sugira que seus amigos façam o mesmo.

E comece a agir. Ainda há tempo de ressuscitar a Alma Nacional, antes que o Brasil vire colônia.

Voltemos agora a janeiro de 1997, quando, um mês antes de morrer, Darcy Ribeiro foi de cadeira de rodas a um ato na Associação Brasileira de Imprensa contra a privatização da Companhia Vale do Rio Doce e fez um emocionado discurso. "Essa gente quer vender, quer entregar o Brasil porque acha melhor. Essa gente usa o Brasil, usa a Nação, para alcançar os seus objetivos", disse Darcy Ribeiro.

Da Carta Maior*
O discurso abaixo foi feito por Darcy Ribeiro no dia 10 de janeiro de 1997, no Rio de Janeiro, durante um ato público contra a privatização da Companhia Vale do Rio Doce realizado no auditório da Associação Brasileira de Imprensa (ABI). Naquela ocasião, Darcy Ribeiro disse a amigos: “Vou ao ato na ABI pela Vale nem que seja carregado”. Ele foi de cadeiras de rodas e falou o seguinte:

Senhores membros da mesa, queridíssimos companheiros e amigos.

Preciso contar duas coisas de verdade: não sei se é porque estou velho, sentimental - não sei por que - não posso mais ouvir o Hino Nacional sem vontade de chorar! A segunda coisa que gostaria de dizer preliminarmente, em nome dos que estão aqui e de todos os brasileiros é o seguinte: um beijo na testa de Barbosa Lima Sobrinho!

Eu não vou chegar lá! Mas é muito bonito ver um brasileiro, o mais eminente dos patriotas brasileiros, que lutou todas as lutas brasileiras desses últimos 80 anos, vê-lo vivo comemorando os seus 100 anos. Por isso quero fazer esta pequena homenagem em nome de todos os brasileiros, tanto quanto posso representá-los...

O meu discurso vem agora: Por que é que o Presidente Fernando Henrique - um presidente tão culto, tão inteligente, tão agradável - é um presidente tão ruim! É incrível que Fernando Henrique se deixe dirigir pela pior gente que há, que é o economista! Basta dizer que se você pegar três deles, dos mais eminentes e colocá-los juntos para discutir qualquer assunto - eles vão discordar entre si. Eles sempre discordam em tudo porque não têm certeza de nada...

E Fernando Henrique só lê na cartilha dos economistas do BNDEs e do Ministério da Fazenda... É incrível! Eles são bisonhos, são jovens com a cabeça feita lá fora. Eles não têm nada de patriótico, eles não têm compromisso conosco. É gente que nunca fez nada na vida e nem é provável que venha a fazer. Essa gente quer vender, quer entregar o Brasil porque acha melhor. Essa gente usa o Brasil, usa a Nação, para alcançar os seus objetivos. Por isso que é importante que existam cabeças como a de Barbosa Lima Sobrinho...

Existe no mundo empresa mais exitosa para fazer mineração, tirando o minério das minas e transportando-o para os compradores do que a Vale do Rio Doce? Existe acaso empresa no mundo com o domínio da tecnologia mais avançada e mais alta do que a Vale? Existe alguma empresa no mundo com as técnicas de reflorestamento empregadas pela Vale? Existe empresa de mineração no mundo, pública, que seja mais lucrativa do que a Vale? Existe empresa que cuide melhor de seus trabalhadores? É claro que não! É por isso que precisamos defender a Vale. E saber que se ela for privatizada logo de cara 30% de seus trabalhadores serão despedidos.

Existe por acaso empresa melhor associada a outras para a exploração de minérios? É claro que não! Se Fernando Henrique tivesse respostas positivas a estas perguntas, que há empresas melhores do que a Vale, poderíamos entender a sua posição. De que a entrega da Vale estava certa. Mas nada disso existe! Entregar a Vale pura e simplesmente para a acumulação dos banqueiros é uma coisa criminosa!

Por isso temos que aprofundar esta campanha em defesa da Vale do Rio Doce tanto quanto possível, mostrando a Fernando Henrique, de todos os modos, que a Nação não aceita esta venda. A Vale é a segunda das empresas criadas através da sagacidade intensa, da capacidade imensa de Getúlio Vargas. Getúlio fez todo esforço para trazer para o Brasil empresas privadas que quisessem produzir aço. Getúlio sabia que só com um grande parque siderúrgico o Brasil poderia dar certo. Era preciso criar a matriz da indústria brasileira. E a "mater", a mãe da indústria brasileira, foi a Companhia Siderúrgica Nacional.

Sem a CSN não existiria indústria naval, indústria de automóveis, o Brasil não teria dado todos os passos imensos que deu, para o progresso. Volta Redonda foi negociada com Roosevelt como condição para o Brasil apoiar os Aliados na guerra. Pois a CSN foi entregue a três banqueiros. Quem pode confiar que três banqueiros agirão de acordo com a Nação e com os interesses do povo brasileiro? Ninguém!

Agora a segunda empresa também negociada por Getúlio pode ser vendida. Os ingleses queriam que enquanto continuasse a Segunda Guerra, enquanto durasse a guerra, o Brasil vendesse para eles, fiado, todo o minério de ferro que pudessem absorver. Getúlio aproveitou a oportunidade e fez um acordo pensando nos interesses do Brasil. Os ingleses passaram a propriedade que tinham sobre as jazidas de ferro em Minas Gerais com a condição de que o Brasil vendesse fiado para eles. E essa foi a origem, o início da grande Vale do Rio Doce que temos hoje.

Quando a Vale se instalou existiam outras empresas que se dedicavam a mineração, como a Hanna. E a Vale cresceu. É por isso que não há nada mais incompreensível, absurdo, criminoso, de lesa-pátria, do que esta tentativa do Governo de privatizar a Vale do Rio Doce.

*Este texto de Darcy Ribeiro foi distribuído à imprensa por Oswaldo Peres Maneschy

Saiba quem foi Aloysio Biondi (1936-2000) e como adquirir 'O Brasil Privatizado', livro do jornalista

Saiba quem foi Darcy Ribeiro (1922-1997)

sábado, 10 de outubro de 2009

Livros

Troque livros

Cuba, Apesar do Bloqueio Mário Augusto Jakobskind. Booklink. R$ 26 (edição impressa); R$ 15 (e-book) Comprar.
Em 2009, Mário Augusto Jakobskind lançou no Uruguai, pela Editora Tropicana, o livro "Apesar do Bloqueio, 50 anos de Revolução" (imagem ao lado; reprodução), em função do marco histórico representado pelo ano da comemoração. A edição atual apresentada pela Booklink está atualizada até 2010.Para falar sobre Cuba, além de mostrar o cerco midiático, o autor lembra as previsões equivocadas de analistas ignorantes da realidade cubana sobre o fim do regime em vigor na ilha caribenha, depois da desintegração da URSS. Muitos desses analistas garantiam que o fim ocorreria em semanas ou meses. A realidade mostrou que as pitonisas falharam redondamente, como mostra o livro de Mário Augusto Jakobskind. Mais do que adjetivos, Cuba, Apesar do Bloqueio apresenta fatos que falam por si só, como, por exemplo, a participação do então Presidente Fidel Castro num encontro de jornalistas latino-americanos, quando o dirigente máximo de Cuba mostrou o seu dom de jornalista. Confira post sobre o lançamento do livro, dia 14, nos destaques.

Poemas da recordação e outros movimentos Conceição Evaristo. Nandyala.
Memória , feminilidade e resistência negra. Esta é a tônica de Poemas da Recordação e outros movimentos, antologia poética da consagrada escritora afro-mineira Conceição Evaristo, que inaugura a Coleção Vozes da Diáspora Negra (Nandyala Editora). Tecendo os fios de suas vivências pessoais e coletivas, a poeta convida o leitor a mergulhar em profundas “águas-lembraças”, espelho hídrico do qual emergem imagens e vozes femininas a revelar uma tessitura poética inscrita na ancestralidade, “nova velha seiva” que “aborda os tempos do viver”. Assim, avó, tia, mãe e filha performatizam a “letra-desenho” de vidas traçadas em sonhos e esperanças, apesar da dor, do banzo, da fome e do frio que habitam o cotidiano de sujeitos negros em exclusão sócio-racial. Conheça melhor a autora aqui.

Para uma revolução democrática da justiça Boaventura de Sousa Santos. Cortez. R$ 15.
A revolução democrática da justiça nunca poderá ocorrer sem a revolução democrática do Estado e da sociedade. Mas esta, por sua vez, tão pouco será possível sem a revolução democrática da justiça. É, pois, pertinente perguntar pela contribuição do sistema judicial para uma tal revolução democrática mais ampla. A contribuição é possível mas sob condição de o sistema judicial passar a ser outro, muito diferente daquele que conhecemos. Sociólogo português, Boaventura de Sousa Santos é professor da Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra. Este blog já republicou o muito comentado artigo "A contrarrevolução jurídica", de Boaventura Santos.


Cuidar da Terra, proteger a vida: como evitar o fim do mundo Leonardo Boff. Record. R$ 39,90.
Um dos maiores teólogos mundiais e árduo defensor da consciência ambiental, Leonardo Boff lança livro inédito — que completa sua vasta obra com mais de 70 livros publicados, em diversos idiomas — sobre uma das questões que mais preocupa a população do planeta: como superar a crise ecológica atual, agravada pelo aquecimento global, para evitar uma situação ameaçadora para o futuro da humanidade. Chegamos a um ponto em que as bases de nossa sobrevivência como espécie humana estão ameaçadas. Porém, essa ameaça não vem de algum meteoro rasante como o que outrora dizimou dinossauros, mas de algo mais próximo e cotidiano: as ações humanas, tão desrespeitosas com os ritmos da natureza e com a dinâmica da Terra. Um planeta limitado não suporta um projeto ilimitado. Em Cuidar da Terra, proteger a vida: como evitar o fim do mundo, Leonardo Boff alerta para o fato de que o conjunto das crises que assolam a humanidade nos remete a uma única crise: a do nosso modo de viver, conviver, de nos relacionarmos com a natureza, explorando-a de forma ilimitada em função de benefícios materiais. 




O Brasil Privatizado - Um balanço do desmonte do Estado Aloysio Biondi. Perseu Abramo. R$ 10.
Como se construiu o mito das privatizações? Quais os grupos beneficiados? Por que o Brasil ficou mais pobre depois delas? Um dramático balanço - fartamente documentado - dos resultados que a política de privatização deixou para o país na área social e econômica. Editado pela Fundação Perseu Abramo, foi indicado para o Prêmio Jabuti 2000. Da página de Aloysio Biondi: Biondi escreveu o livro O Brasil Privatizado – Um Balanço do Desmonte do Estado, em que calculou quanto o governo gastou e quanto obteve com a venda das estatais. O cálculo cuidadoso mostra que o discurso da equipe econômica do governo Fernando Henrique Cardoso escondia o fato de que R$ 87,6 bilhões não entraram ou saíram dos cofres públicos nesse processo. Isso precisava ser descontado do saldo. “O balanço geral mostra que o Brasil ‘torrou’ suas estatais, e não houve redução alguma na dívida interna, até o final do ano passado (1998)”, escreveu o jornalista. O livro foi um campeão de tiragem: mais de 130 mil cópias.




Hitler ganhou a guerra. Walter Graziano. Palíndromo. R$ 30. E-book
Quem pensa que muitos dos enormes problemas do mundo começariam a ser solucionados a partir da troca de presidente nos Estados Unidos está gravemente equivocado. O atual presidente não é outra coisa senão "a ponta de um iceberg" de uma complicada estrutura de poder urdida cuidadosamente durante muito tempo por uma reduzida elite de clãs familiares, muito ricos, que estão por trás da exploração do petróleo, dos bancos, da indústria farmacêutica, da indústria bélica, das universidades e dos meios de comunicação mais importantes do mundo, entre outros setores. Trata-se, nada menos, daqueles que antes e durante a Segunda Guerra Mundial financiaram Hitler...
 





Infoproletários - Degradação real do trabalho virtual. Ricardo Antunes. Boitempo. R$ 44 Ao contrário do prometido, a tecnologia não aliviou a deterioração do trabalho, diz o sociólogo Ricardo Antunes (foto) em reportagem publicada na última semana em O Estado de S. Paulo, sob o título ‘Admirável Mundo Novo': "Apenas a transformou".
A não ser em seus livros, em que analisa com acidez marxista as transformações do trabalho e suas implicações na vida cotidiana, o sociólogo Ricardo Antunes, da Unicamp, tem dificuldade de contar a dura verdade a um trabalhador. Certo dia lhe telefonou uma funcionária do banco querendo saber por que ele não pagava contas pela internet. "Porque eu não lido bem com tecnologia", Antunes disfarçou. A moça insistiu dias depois. "Porque eu não confio na internet", foi a segunda resposta que ela ouviu. Só no terceiro contato o sociólogo abriu o jogo: "Porque eu não quero que você perca seu emprego". É justamente do trabalho no admirável mundo imaginado pelos entusiastas da era digital que trata seu novo livro, a coletânea de ensaios Infoproletários - Degradação real do trabalho virtual (lançado pela Boitempo). Organizada em parceria com o também sociólogo Ruy Braga e com lançamento previsto para 26 de outubro próximo, a obra faz um recorte preferencial pelos operadores de telemarketing e trabalhadores de call center, expressões máximas da atual precarização do trabalho, segundo Antunes. "Não é possível que o século 21 transcorra com essa destruição do trabalho em escala monumental sem que algumas "placas tectônicas" se movimentem - e eu não estou falando de geofísica, obviamente", ironiza. "A história está aberta para qualquer tipo de saída." (Christian Carvalho Cruz - O Estado de S.Paulo). Mais 


 
Honoráveis bandidos: Um Retrato do Brasil na Era Sarney. Palmério Dória. Golden Books. R$ 29,90
Palmério Dória, um dos jornalistas mais respeitados do país, conta pela primeira vez em um livro toda a história secreta do surgimento, enriquecimento e tomada do poder pela família Sarney, no Maranhão e por seu patriarca no Planalto Central. Dória devassa a vida do homem que virou presidente da República por acidente, transformou o Maranhão no quintal de sua casa e beneficiou amigos e parentes. Um livro arrasador, na mesma linha de Memórias das Trevas, que tinha o também senador Antonio Carlos Magalhães como personagem e vendeu mais de 80.000 exemplares quando lançado. Diante de ameaças de morte, nenhuma livraria do Maranhão pos à venda Honoráveis Bandidos e a agência de publicidade contratada pela editora desistiu de espalhar outdoors por São Luiz.





A América que não está na mídia. Mário Augusto Jakobskind. Altadena. R$ 25
Jakobskind (foto), com este livro, volta a nos integrar ao continente. Já o relato inicial leva a indagar sobre as origens do terror espalhado pela direita na América Latina. Em minhas andanças de exilado político, eu vivia na Argentina naquele 1976, quando um golpe militar lá implantou o terrorismo de Estado. Morava em Buenos Aires, era correspondente dos jornais “Excelsior”, do México, e de “O Estado de S.Paulo”, mas só fui saber da “Noite dos Lápis”, muito tempo depois. O horror se escondia nas profundezas dos segredos e do medo da população. São essas histórias ocultas que Mário Augusto conta agora, interpretando o passado recente não apenas para conhecê-lo, mas - mais do que tudo - para nos lembrar daquilo que não pode repetir-se jamais. Mais do que isso, porém, este livro mostra o progressivo empobrecimento dos meios de comunicação entre nós. Informar passou a ser tratado como uma dessas quinquilharias que o capitalismo predatório da sociedade de consumo nos oferece a cada dia como se fosse o paraíso. O essencial está de fora na grande imprensa, no rádio e na televisão.
*trecho do prefácio de Flávio Tavares
Mais informações sobre o livro e como adquiri-lo na internet






Tem planta que virou bicho! Alda de Miranda. Escrituras. R$ 18
Pimentão vira beija-flor, repolho se transforma em leitão roxo e uma pacífica carambola ressurge como uma assustadora serpente. O livro Tem planta que virou bicho! é a fusão do trabalho da publicitária Alda de Miranda, com o olhar atento do fotógrafo Cacio Murilo, que deu vida a vegetais, frutas e legumes, esculpindo-os em divertidos animais. O livro, recheado de poesia, fala sobre os alimentos e os animais de um jeito divertido e totalmente diferente. Entre rimas e imagens criativas, esta história conta sobre o dia em que os habitantes de um lugar distante resolveram brincar de faz de conta e os animais e as plantas decidiram trocar de lugar. Surgem, então, seres estranhos como o inhame-tubarão, o melão-canário, o chuchu-sapo, a maçã-coruja, a banana-boto, a uva-formiga, um curioso alho-pato. Depois de uma tarde inteira de brincadeiras, tudo volta ao normal... "Tem planta que virou bicho!" apresenta 13 transformações de vegetais em bichos, incentiva hábitos saudáveis de vida e fala das coisas da natureza enquanto passeia pelo universo lúdico, onde o que vale de verdade é a vontade de acreditar. Nos rodapés, informações nutricionais sobre os alimentos e formas divertidas de consumi-los.




Um homem chamado Jesus. Frei Betto. Rocco. R$ 38,50
Autor de mais de cinquenta livros, entre memórias, romances e ensaios, e vencedor de dois prêmios Jabuti, Frei Betto conta, em Um homem chamado Jesus, como viveu aquele que foi, sem dúvida, a mais importante figura humana da história ocidental. Nesta biografia romanceada, Jesus Cristo aparece como um homem apaixonado por Deus, pleno de compaixão, avesso ao moralismo, sedento de justiça e que faz do amor o eixo e o sentido da vida. Partindo dos Evangelhos canônicos, atribuídos aos apóstolos Mateus, Marcos, João e Lucas, Frei Betto acrescenta outros dados históricos que evidenciam as dimensões que tiveram as mensagens de Cristo em um tempo e lugar regidos pelas leis do dinheiro, do poder material e da violência. Frei Betto nos apresenta à Jerusalém do Novo Testamento e ao universo político e religioso da Judeia, da Samaria e da Galileia, povoadas por fariseus, saduceus, zelotas, essênios, fiscais, tetrarcas e, claro, o povo, sempre subjugado pelos doutores da lei e pelas autoridades romanas. Rico em detalhes históricos, "Um homem chamado Jesus" reconta a mais importante história humana e divina de todos os tempos.






Homens Invisíveis: relatos de uma humilhação social. Fernando Braga da Costa. Globo. R$ 35
São Paulo, Cidade Universitária, ano de 1994. Fernando Braga da Costa, aluno do segundo ano do curso de Psicologia da Universidade de São Paulo, tem uma tarefa: acompanhar, por um dia, o cotidiano de um grupo de trabalhadores. Ele escolheu os garis, que todos os dias varrem as calçadas e ruas e esvaziam as lixeiras do campus da maior universidade brasileira. Desde então, há 15 anos, o aluno, hoje psicólogo clínico e doutorando pela mesma universidade, se veste semanalmente de gari para ouvir os relatos de seus companheiros e sentir na pele a humilhação social sofrida por eles. A experiência e as diversas histórias reunidas viraram tema de seu mestrado e chegam aos leitores no livro Homens Invisíveis: Relatos de uma Humilhação Social. Leia mais sobre este livro aqui.





O ensino médio integrado no contexto da mundialização do capital. Bruno Miranda Neves. Multifoco. R$ 26
O trabalho do autor Bruno Miranda Neves nos convida a uma intensa reflexão sobre questões econômicas e educacionais. Bruno Miranda é pedagogo formado pela Uerj e representa com maestria uma nova geração de pensadores e questionadores das ideologias dominantes. Em nome de uma sociedade mais justa e igualitária, este ex-líder estudantil desenvolve intensa pesquisa no campo do ensino e nos revela em seu trabalho o quanto o sistema educacional ainda tem a caminhar para que possa contribuir efetivamente para uma formação completa e includente. 
Leia mais sobre o livro neste post.






Ouro Azul - Como as grandes corporações estão se apoderando da água doce do nosso planeta. Maude Barlow e Tony Clarke. MBooks. R$ 44,90
"Ouro Azul" foi publicado no Brasil pela editora M. Books e traduzido para 16 idiomas. Escrito a quatro mãos por Maude, especialista em água e fundadora do Projeto Planeta Azul (www.blueplanetproject.org) e Clarke, ativista que se levantou contra as práticas do livre-comércio, a obra aponta para os riscos da privatização da água e da conceituação dela como “necessidade” e não como “direito”. Uma vez considerada um “bem necessário”, a água pode ser enquadrada como commodity, atendendo aos interesses do lucro de grandes corporações que hoje já controlam boa parte da água do planeta. Dentre estas corporações, estão as que simultaneamente estendem seu poder a outras áreas como a política e setores econômicos, como Energia, Construção e Meios de Comunicação. E os “senhores da água do planeta” continuam a conquistar novos recursos.
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