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quinta-feira, 8 de novembro de 2012

Esta terça-feira [06/11/2012] e o mundo

Embora as urnas já tenham consagrado a reeleição de Barack Obama por uma escassa maioria (50% a 49%) por isso e pelo teor do artigo achamos que ainda valeria a pena publicá-lo. (Equipe Educom)


06/11/2012 - Mauro Santayana em seu blog


(JB) - Seria muito melhor que assim não fosse, mas do resultado das eleições norte-americanas de hoje [06/11] dependerá o futuro imediato do mundo.


As pesquisas mostram que Obama parece vitorioso, quando se trata dos votos populares, mas no sistema norte-americano é preciso que ele disponha da maioria do colégio eleitoral – o que é outra coisa.


Basta lembrar que, em 2000, Al Gore obteve meio milhão de votos diretos a mais do que Bush, mas a estranha recontagem de votos na Flórida, aprovada por uma Suprema Corte engajada na direita, garantiu os sufrágios dos delegados eleitores daquele estado a Bush.



Os resultados dessa violência judiciária são os que conhecemos: atentado às Torres Gêmeas; a invasão do Iraque e do Afeganistão; milhares de soldados ianques e de seus aliados  mortos; centenas de milhares de civis chacinados naqueles países e nos outros que se seguiram; o retorno da barbárie de Estado, com os sequestros de suspeitos no mundo inteiro, pelos agentes da CIA, Guantánamo, Abu Ghraib e outros centros de tortura e morte. São os estigmas de um tempo orgulhoso de seus amplos conhecimentos científicos. Uma época em que o iluminismo se dissolve nas trevas da selvageria.

Muitos são os estudos sobre a relação entre o mito e a realidade na formação espiritual dos Estados Unidos. Esses estudos remontam aos passageiros do Mayflower, animados pela visão teológica do contrato dos homens com Deus e com o destino, fundado na Última Ceia de Jesus com seus discípulos. The convenants, se chamava a seita protestante chefiada por William Bradford, o líder dos peregrinos que chegaram em 1620 à baía de Plymouth, e fundaram a colônia que deu origem política à Nova Inglaterra. Os convenants, reconhecem os historiadores, eram uma dissidência – ou heresia - de esquerda no anglicanismo, e com essa orientação Bradford governou diretamente a comunidade, durante 30 anos. A mesma orientação seguiu John Winthrop, na Colônia de Massachusetts, um pouco mais ao norte.


O melhor dos Estados Unidos surgiu ali, na Baía de Massachusetts, com a educação universalizada, as decisões tomadas democraticamente, o trabalho persistente e a solidariedade.

O pior, também, com o fanatismo religioso, a repressão ao amor não convencional, a caça às bruxas.

Não é por acaso que Arthur Miller recorre às feiticeiras de Salém a fim de explicar o irracional processo do macarthismo, em sua peça clássica, The Crucible, de 1952. 



Uma análise mais acurada da história dos Estados Unidos encontrará na palavra escrita o grande vetor de seu desenvolvimento. No primeiro século, foram a Bíblia e os textos religiosos impressos que construíram o mito, ao qual se ajustava a realidade. No século 18, foram os textos jornalísticos, inspirados na filosofia moral e política inglesa, fundada no pensamento greco-romano. Esses textos impressos na Nova Inglaterra – alguns deles traduzidos para o entendimento popular, como os de Thomas Payne, entre os quais o mais lúcido de todos, The Common Sense - mobilizaram as colônias para a autonomia.

Meditados e discutidos, foram  o germe da Declaração da Independência e da Constituição de 1787. A partir de então, os papéis impressos se encarregam de fazer a realidade norte-americana, na reconstrução mítica da História, e na projeção ficcional da contemporaneidade de cada tempo. Tratou-se de um processo dialético, no qual a ficção e a contrafacção histórica alimentaram a realidade e essa realidade induzida realimentou o mito. E, nisso, chegamos às eleições de hoje.

Em texto publicado anteontem na edição online do New York Times, o professor de História da Academia Naval dos Estados Unidos, e ex-oficial da Marinha, Aaron O’Connell, trata da permanente militarização dos Estados Unidos, contra a qual Eisenhower advertira, há 51 anos, e a atribui, entre outras razões, ao mito da superioridade militar norte-americana no mundo.

Nossa cultura militarizou-se desde Eisenhower – escreve O’Connel – e os civis, não os serviços armados, são a causa principal disso. Dos congressistas que apelam para o apoio às nossas tropas, a fim de justificar os gastos com as guerras, aos programas de televisão e aos jogos como os “NCIS”, “Homeland” e “Call of Duty” ao vergonhoso e irreal reality show “Stern earn Stripes”, os norte-americanos são submetidos à sua dieta diária de estórias que valorizam o militarismo, enquanto os redatores dessas estórias cumprem a sua tarefa por oportunismo político e seus resultados comerciais”.

O’Connell poderia ir mais atrás em suas reflexões, lembrar “O Destino Manifesto” de John Sullivan e o endeusamento dos assassinos de índios, como o general Custler, e os heróis de fancaria, como Buffalo Bill e os reles assassinos do Oeste, elevados à glória pelas revistas de cinco centavos, entre eles Jesse James, Billy the Kid, Doc Holliday – e, do outro lado, o lendário Wyatt Earp, também muito menor do que a sua lenda.

O’Connell pondera que os veteranos de guerra merecem todo o respeito e o afeto de seus concidadãos, como os merecem também os policiais, os que se dedicam aos trabalhos nas emergências, e os professores. Mas nenhuma instituição, e menos ainda as que são mantidas com o dinheiro dos contribuintes, está imune às críticas.

O mesmo autor cita, ainda, outra frase de Eisenhower, ao assumir a presidência, em 1953: “Cada arma que é fabricada, cada nave de guerra lançada, cada foguete disparado, significa, em seu sentido final,  um roubo contra aqueles cuja fome não foi satisfeita, contra aqueles que têm frio e não foram agasalhados”.

É conhecido o telegrama do grande magnata do jornalismo ianque, na passagem do século 19 para o século 20, William Hearst, a seu repórter-ilustrador Frederic Remington enviado a Havana – que comunicara ao patrão a inexistência de fatos em Cuba que merecessem cartoons de denúncia contra os espanhóis: “você me forneça os desenhos, e eu fornecerei a guerra”. O envenenamento da opinião pública foi de tal intensidade, pelas duas grandes cadeias de jornais (a de Hearst e a de Pullitzer) que William James, ao falar para os estudantes de Harvard, e se opor à guerra que a imprensa pedia, foi intensamente vaiado.

Um dos mais respeitáveis pensadores do mundo, James – pai da psicologia moderna – comparou os jovens que o insultavam, por pedir a paz, a uma imensa horda de lobos sedentos de sangue. Com esse passado de ambiguidades e conflitos morais e ideológicos, os Estados Unidos vão hoje [06/11] às urnas. O mais antigo e respeitado jornal americano, o The New York Times, que não se somara ao belicismo de Pullitzer e Hearst, na Guerra da Espanha, declarou seu apoio a Obama. Murdoch, com seus jornais e sua televisão, prefere Mitt Romney.

Romney, em declaração durante a campanha, reafirma a doutrina do direito ao império universal pelos Estados Unidos, a do Destino Manifesto, de 1845, ao dizer que "Deus não criou este país para que fosse uma nação de seguidores. Os Estados Unidos não estão destinados a ser apenas um dos vários poderes globais em equilíbrio. Os Estados Unidos devem conduzir o mundo ou outros o farão."


Se Frederic Remington [foto] não houvesse fornecido as imagens falsas de Cuba, Hearst talvez não tivesse conseguido a guerra, e a história dos Estados Unidos no século 20 fosse outra.

O governo de McKinley [foto] relutara o máximo em seguir os belicistas.

Esta é uma lição para muitos jornalistas brasileiros, que sabem muito bem do que estamos falando.

Fonte:
http://www.maurosantayana.com/2012/11/esta-terca-feira-e-o-mundo.html

quarta-feira, 7 de novembro de 2012

Tanto cá como acolá, mídias que se parecem

04.11.2012 - Mídias que se parecem - Claudio Bernabucci (*)
- extraído da revista Carta Capital

A poética imagem do arco-íris no céu de Brasília, imortalizada na primeira página do Globo no dia seguinte à condenação de José Dirceu, não tem representado o pano de fundo desejado pelos conservadores para as recentes eleições administrativas.

Não obstante a instrumentalização eleitoral do “mensalão” e os tons de cruzada utilizados, a direita saiu do pleito redimensionada e a base governista fortalecida.

Isso denota, entre outras coisas, que o eleitor brasileiro tem mais maturidade de quanto apostava a reação justiceira da grande imprensa e que o excesso de agressividade política pode resultar contraproducente no resultado das urnas.


É de se esperar que dinâmica similar possa se verificar daqui a poucos dias no outro hemisfério, na disputa estratégica pela Presidência dos Unidos Unidos.


Nas últimas semanas da campanha que opõe Obama a Romney, aconteceram fatos graves mas pouco divulgados no Brasil: os eleitores americanos sofreram pressões inéditas e autênticas chantagens por parte de poderosos oligarcas, inconformados com a possibilidade de vitória do candidato democrata.

Vale a pena mencionar alguns episódios para dar ideia da violência do combate. Era fato sabido que os Koch, donos de uma das maiores fortunas dos EUA, torciam pela direita mais retrógrada.

Nesta campanha, pela primeira vez, eles se atreveram a escrever aos 50 mil funcionários do seu grupo petroquímico, de que poderiam “sofrer consequências em caso de vitória de um candidato que queira impor outras regulamentações aos negócios”.

Outro exemplo: David Siguel [sic: 'Siegel', foto] é um bilionário do setor imobiliário da Flórida, já famoso por algumas extravagâncias como a construção da maior mansão do país, chamada com sobriedade de Versailles. Siguel [sic] teve o mérito de ser mais franco com os trabalhadores: declarou em entrevista que em caso de vitória de Obama ele poderia “fechar a empresa e despedir os 7 mil dependentes”.


Enredos do gênero apareceram aos magotes na imprensa americana.

Representam, porém, e apenas a ponta mais radical de uma aliança integrada pela finança e grandes corporações, visceralmente contra Obama, réu de querer lhes impor regras e limites depois da crise iniciada em 2008. Dois enredos talvez tenham marcado a fogo tal coligação antidemocrata.



O primeiro foi a pesada indenização de 25 bilhões de dólares imposta pelo governo a cinco bancos comprometidos com os escândalos dos empréstimos bilionários subprime: JP Morgan Chase, Bank of America, City Group, Wells Fargo e Ally Financial.



O segundo, mais recentemente, é constituído pela acusação formal de fraude contra a Bear Stearns, financeira controlada pela JP Morgan, acusada pelo procurador-geral de Nova York de ter enganado os investidores nos escândalos acima citados.

Esse processo é o primeiro fruto importante da task force, iniciativa do governo Obama, que visa indagar a respeito das irregularidades financeiras originárias da crise.

Caso as acusações contra o JP Morgan sejam confirmadas em juízo, elas estabeleceriam uma jurisprudência muito perigosa para todo o sistema financeiro americano. Não por acaso Wall Street virou as costas a Obama, com quem simpatizou na primeira eleição, e agora financia, copiosamente, o adversário Romney. Como resultado dessa situação, a atual campanha é destinada a ser a mais cara da história americana, com orçamento total de aproximadamente 6 bilhões de dólares.

Os financiamentos das corporações, liberados e sem limites em base a duas sentenças da Justiça em 2010, tem resultado na tremenda distorção da campanha, oferecendo ao candidato republicano uma vantagem nunca vista: entre os “grandes contribuintes”, ele recolheu quatro vezes mais do que o democrata.

Obama se confirma mais forte nas numerosas doações individuais e em alguns setores industriais de vanguarda, como a eletrônica, mas a desproporção dos meios materiais é brutal. Ao violar o sagrado princípio das oportunidades iguais, em tempos normais essa disparidade seria tomada como ameaça à democracia.


Hoje, no calor do combate, parece não haver espaço para sutilezas.

É certo que, em tais condições, uma vitória de Obama representaria um autêntico milagre: a supremacia da participação dos cidadãos contra o poder do dinheiro. Sobretudo, poderia significar a aplicação de novas regras contra a prepotência da finança e das grandes corporações, além de um primeiro passo para reequilibrar as relações de força entre política e setor econômico-financeiro, de sorte a beneficiar o futuro da nossa civilização.


De regresso às nossas latitudes, é certo que as mudanças encarnadas por Obama são exatamente as que os nossos donos do poder detestam profundamente.


Portanto, é necessária toda a atenção aos maus exemplos americanos, porque, aí sempre nasceu inspiração para as tragédias pátrias.

(*) Claudio Bernabucci, formado em Ciência Política na Universidade La Sapienza, em Roma, é ex-assessor internacional da prefeitura da capital italiana e ex-funcionário da ONU. Interpreta o Brasil, país que escolheu para morar a partir de 2010, aos olhos do mundo.

Fonte:
http://www.cartacapital.com.br/sociedade/midias-que-se-parecem/?autor=1347

segunda-feira, 22 de outubro de 2012

Por que a Europa do euro afunda na crise que ela própria alimenta

20/10/2012 - por J. Carlos de Assis(*)
- para o portal Carta Maior


Qualquer pessoa com nível razoável de reflexão é capaz de entender a essência da crise financeira mundial que se concentra, sobretudo, nos países mais ricos do mundo, e principalmente na área do euro.

Entretanto, essa percepção fica comprometida por um bombardeio ideológico de mídia que se manifesta ora pela distorção dos fatos ora pela manipulação de conceitos econômicos tendo em vista a defesa de interesses específicos de grupos.

Vejamos como isso tem funcionado.

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A crise originou-se de uma bacanal especulativa nos Estados Unidos e na Europa pela qual trilhões de dólares emprestados e rolados no mercado virtual de tomadores essencialmente insolventes revelaram-se impagáveis. Diante da quebra iminente, o Governo norte-americano, isto é, o Tesouro e o Fed intervieram no mercado para salvar os bancos ilíquidos. A crise financeira privada migrou para a Europa, forçando os governos locais a também intervirem para salvar os bancos.


A contrapartida do socorro aos bancos foi a absorção das suas dívidas pelos governos. No caso norte-americano, o Fed e o Tesouro atuaram conjuntamente, no primeiro caso através de trilhões de dólares de empréstimos de liquidez, e no segundo através de um programa especial (TARF) adotado ainda no Governo Bush, da ordem de 700 bilhões. Além disso, no caso americano, já no Governo Obama aprovou-se um programa adicional de 767 bilhões de dólares de estímulos fiscais, que em parte funcionou.


Disso tudo resultou um aumento vertiginoso do déficit e da dívida pública norte-americana, esta alcançando cerca de 90% do PIB. Não é uma dívida nada extraordinária, considerando-se o tamanho da recessão e do desemprego. Contudo, é uma dívida muito grande para o Partido Republicano. Tendo este último ganhado as eleições para a Câmara em 2009, tratou imediatamente de bloquear no Congresso um novo programa de estímulo proposto por Obama em 2010 de 400 bilhões de dólares. Portanto, os Estados Unidos poderiam ter perfeitamente insistido no programa de recuperação não fosse a postura fundamentalmente ideológica republicana.


Isso teria custado alguns pontos percentuais adicionais da dívida pública, os quais seriam provavelmente recuperados com uma aceleração do crescimento e da receita pública, como acontece em todos os ciclos de crises. Afinal, a despeito do valor absoluto da dívida, o país continua financiando-a a taxas extremamente baixas (3,5%). De qualquer modo, é preciso esperar o resultado das eleições para especular sobre qual destino os Estados Unidos escolherão levando boa parte do mundo consigo.


Na área do euro a situação tornou-se bem mais complexa. Os governos, para salvar os bancos, tiveram de levar a níveis recordes o déficit e a dívida pública. O que surgiu como crise financeira devida à pornográfica especulação foi transformada em crise fiscal pelos governos neoliberais. Assim mesmo, teria sido possível enfrentar a crise mediante um programa de estímulo fiscal caso esses governos, justamente por serem neoliberais, não estivessem obcecados pela ideia de cortar o déficit e a dívida.


E aqui não se trata apenas de ideologia, mas da institucionalidade européia estabelecida a partir da ideologia neoliberal. A Europa do euro criou um Banco Central independente (BCE) que se subordina aos mercados privados, não aos governos. Quando um governo, digamos, a Espanha, decide captar empréstimos, aumentando a dívida pública, fica exclusivamente em mãos do mercado financeiro, que exige a taxa de juros que quiser. Diferentemente do Fed americano, que irriga o mercado de moeda para facilitar a colocação desses títulos a taxas mais baixas, o BCE mantém rígida a oferta monetária, não prestando qualquer ajuda aos governos.


Mais recentemente, Mario Draghi [foto], o presidente do BCE, anunciou a disposição do banco de adquirir títulos dos governos em dificuldade de forma ilimitada desde que subordinem sua política fiscal a programas de austeridade. Isso ajuda muito pouco. É que a compra será no mercado secundário, criando grande conforto para os investidores, mas não liberando dinheiro diretamente para os governos A hipótese é que os donos privados dos títulos no mercado secundário vendam esses títulos ao BCE criando espaço para a compra de títulos novos emitidos pelos governos. Contudo, atenção: os governos não poderão fazer gastos novos financiados por esses títulos porque estarão limitados pelo programa de austeridade.


Assim, a Europa do euro, pela ideologia de seus dirigentes e por sua institucionalidade, mergulhou nas tramas de um oximoro: com a decisão do BCE, ela pode ter uma maior capacidade de gasto público, sim, mas desde que não use essa capacidade do lado fiscal, já que tem que reduzir o déficit e a dívida pública.






Enquanto isso, a demanda continua estagnada, o desemprego se eleva às nuvens – 13% em média, 25% na Espanha e na Grécia, 50% entre jovens, contração na maioria dos países e queda da taxa de crescimento até na orgulhosa Alemanha, que tem feito tudo para matar o seu mercado impondo-lhe políticas restritivas do gasto público!



(*) Economista, professor de Economia Internacional da UEPB, autor, entre outros livros, do recém-lançado “A Razão de Deus”, pela editora Civilização Brasileira.
Esta coluna sai também nos sites Brasilianas e Rumos do Brasil, e, às terças, no jornal carioca “Monitor Mercantil”.

Fonte:
http://www.cartamaior.com.br/templates/materiaMostrar.cfm?materia_id=21114

segunda-feira, 8 de outubro de 2012

Depois do Afeganistão, o Pentágono muda-se para a América Latina

06/10/2012 - Richard Rozoff, no blog Stop NATO
- “After Afghanistan, Pentagon Moves on Latin America
Traduzido pelo pessoal da Vila Vudu, de
http://rickrozoff.wordpress.com/2012/10/06/after-afghanistan-pentagon-moves-on-latin-america/

[O secretário Panetta, no Peru, oferecerá a possibilidade de o país unir-se como parceiro dos EUA num programa chamado “Conselheiros do Ministério da Defesa”, Ministry of  Defense Advisers, MODA.

O programa MODA é ativo no Afeganistão. Agora, o Departamento de Defesa o está expandindo para outros países, entre os quais Peru e Montenegro.

No Hemisfério Ocidental, Chile, Brasil, Peru, Colômbia e Guatemala já participam da Iniciativa DIRI (Defense Industrial Reform Initiative - Iniciativa de Reforma Industrial da Defesa).]

WASHINGTON. Em visita essa semana para encontrar-se com líderes do Peru e Uruguai e respectivos ministros numa conferência de ministros da Defesa das Américas, o Secretário de Defesa dos EUA Leon E. Panetta implementará itens da “Orientação Estratégica do Departamento de Defesa dos EUA para 2012” [orig. 2012 DOD Strategic Guidance: Sustaining US Global Leadership. Priorities for the 21th century Defense [1]] relativos ao Hemisfério Ocidental. [2]

Ontem [05/10], antes da viagem de Panetta, o Departamento de Defesa distribuiu uma “Declaração sobre a Política de Defesa do Hemisfério Ocidental” [orig. Western Hemisphere Defense Policy Statement [3]].

A Declaração “visa a explicar como essa orientação estratégica modelará nosso engajamento da região, como aplica-se à região e, assim, acrescenta novos detalhes sobre como implementaremos essa Orientação Estratégica no Hemisfério Ocidental” –disse um dos funcionários da Defesa aos jornalistas que viajarão com o secretário Panetta.

O documento articula coerentemente os nossos objetivos e a Orientação Estratégica” – acrescentou. – “Entendo que é importante destacar que o secretário não estará apenas divulgando a Orientação Estratégica, mas, de fato já esteja trabalhando para implementá-la enquanto está lá”.

Panetta fará esse trabalho, disse o funcionário, operando com nações na América Latina nos esforços que envolvem (...) fortalecer instituições de
defesa multilateral na região e apoiar o crescimento de instituições de defesa profissionais e amadurecidas.

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Os funcionários do Ministério da Defesa dos EUA buscam também fortalecer as instituições multilaterais de Defesa na região, onde muitos países, dentre os quais Uruguai, Peru, Argentina, Brasil e outros são o que o funcionário do Ministério da Defesa chamou de “exportadores de segurança”.

Esses países, disse ele, contribuem significativamente para a segurança regional e global, inclusive com tropas de pacificação para a ONU, além de ajudarem a construir capacidades e treinarem polícias e forças armadas na América Central e em outros pontos.

Em abril, em Cartagena, Colômbia, durante a Cúpula das Américas, o presidente da Colômbia Juan Manuel Santos e o presidente Barack Obama assinaram um plano de ação para coordenarem esforços na mesma direção” – disse o funcionário da Defesa. E explicou que “Estaremos alavancando essa experiência, as capacidades, as lições aprendidas em tantos países da América Latina, para coordenar esforços que evitem retrabalho na América Central”.


Obama e Manuel Santos 
Em outubro”, continuou ele, “estamos construindo plano detalhado de ação, segundo o qual EUA e Colômbia coordenarão ações para alavancar recursos e capacidades para construir capacidades efetivas e circunstâncias de treinamento e outras, na América Central e em outros pontos”.

O mesmo funcionário disse aos jornalistas que os EUA e Canadá já estão trabalhando em plano específico de Defesa, para a América Central.

Estamos trabalhando em várias frentes, conforme orientação do secretário e nos termos da Orientação Estratégica para Defesa do Hemisfério Ocidental, para desenvolver abordagens inovadoras e parcerias inovadoras que nos capacitem a enfrentar desafios que sabemos que são muito complexos, e que enfrentamos no Hemisfério” – disse o funcionário.

Como parte do esforço para apoiar o crescimento de instituições de defesa maduras e profissionais, o secretário Panetta, oferecerá ao Peru a possibilidade de o país unir-se como parceiro dos EUA num programa chamado “Conselheiros do Ministério da Defesa”, Ministry of Defense Advisers, MODA.

O programa MODA é ativo no Afeganistão. Agora o Departamento de Defesa o está expandindo para outros países, como o Peru e Montenegro.

Se o Peru aceitar a parceria, o programa MODA introduzirá, no Departamento de Defesa do Peru, um especialista técnico, que ali trabalhará durante dois anos. Esse especialista operará como conselheiro técnico em questões como orçamento, compra, aquisição, planejamento e planejamento estratégico – informou aos jornalistas o funcionário do Departamento de Defesa.

O Programa MODA é parceria que os EUA oferecem a países que já trabalharam com os EUA em outro programa chamado DIRI, “Defense Industrial Reform Initiative” [Iniciativa de Reforma Industrial da Defesa]. Para esse programa, as equipes do Departamento de Defesa dos EUA são deslocadas para os diferentes países, onde operam por uma semana ou duas de cada vez, com os ministérios locais de defesa, sempre sobre questões técnicas e similares.

No Peru, disse o funcionário, “o secretário Panetta explicará o Programa MODA ao ministro de Defesa peruano. A partir do momento em que o Peru aceite a parceria, caberá aos EUA dar andamento ao programa, e assegurar que o MODA peruano atenda exatamente aos interesses do Peru, considerando as ações mais apropriadas e mais efetivas para os peruanos”.

No Hemisfério Ocidental, Chile, Brasil, Peru, Colômbia e Guatemala já participam atualmente do programa DIRI – disse o funcionário. 

Além de assistência humanitária e resposta a desastres, outros tópicos devem ser discutidos na conferência de ministros de Defesa, como preservação da paz, o Sistema Interamericano de Defesa e segurança e defesa, relacionada à atuação de militares em situação que não sejam de Defesa – como no combate ao tráfico de drogas.


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A Iniciativa das Operações Globais de Preservação da Paz dos EUA [orig. US Global Peacekeeping Operations Initiative, GPOI], opera com vários países, dentre os quais Peru, Uruguai, El Salvador, em treinamento e equipamento de tropas para preservação da paz e reabastecer centros de treinamento para esses agentes.

Desde 2007, os EUA já transferiram para o governo do Peru o equivalente a $7 milhões de dólares, de fundos da GPOI.

Notas dos tradutores (em inglês)
[1]  3/1/2012, U.S. Departament of Defense, em: “Sustaining U.S. Leadership: Priorities for 21st. Century Defense” .
Fonte: http://www.defense.gov/news/Defense_Strategic_Guidance.pdf

[2] 5/10/2012, U.S. Departament of Defense, em: “Panetta to Meet With Top Officials in Peru, Uruguay” .
Fonte: http://www.defense.gov/news/newsarticle.aspx?id=118122

[3] 4/10/2012, U.S. Departament of Defense , em: “DOD Releases the Western Hemisphere Defense Policy Statement”.
Fonte: http://www.defense.gov/releases/release.aspx?releaseid=15604 


Fonte do artigo:
http://redecastorphoto.blogspot.com.br/2012/10/depois-do-afeganistao-o-pentagono-muda.html

domingo, 22 de julho de 2012

“O CAVALEIRO DAS TREVAS”

Por Laerte Braga*



James Holmes, um jovem, invadiu quatro salas de projeções num cinema numa cidade do estado do Colorado e munido de uma espingarda, um fuzil e uma pistola “Glock”, disparou a esmo matando pelo menos 12 pessoas e ferindo perto de 60, algumas das quais em estado grave. 

O presidente Barack Obama, pela enésima vez diante de tragédias assim reuniu a mídia e disse que lamentava pelos mortos e feridos, apresentou seus pêsames à família, pediu a proteção divina e disse que “nós nunca vamos entender isso”.

Milt Romney, candidato republicano às eleições de novembro, tanto quanto Obama, disse mais ou menos a mesma coisa e ambos fizeram caras de compungidos diante da dor de familiares das vítimas. Os candidatos suspenderam os anúncios de suas campanhas no estado.

As quatro salas exibiam o filme BATMAN, O CAVALEIRO DAS TREVAS.

O fato aconteceu em Aurora e o chefe de Polícia da cidade disse que na casa do atirador foram encontradas armadilhas, dispositivos químicos e inflamáveis. O acusado vestia uma armadura de aço, dos pés à cabeça e proteção contra bombas de gás lacrimogêneo.    

No início desta semana um pai foi visitar o filho, irritou-se com o fato dele estar cantando músicas countries num karaokê, foi até o seu carro, muniu-se de uma pistola e atirou no filho. William Henry Oller Sr, de 70 anos é o nome do pai, o fato aconteceu em Shasta na Califórnia.

É claro que Obama entende os motivos que geram tragédias como essa aos borbotões nos EUA. Milt Romney, por outro lado, nem está aí para esse tipo de acontecimento. Quer saber se tem alguém ao alcance para demitir e que possa gerar mais recursos em suas contas bancárias nas Ilhas Cayman.

Jung em seu “CHEGANDO AO INCONSCIENTE” (O HOMEM E SEUS SÍMBOLOS, Ed. Nova Fronteira, 2002) ao falar dos sonhos diz o seguinte – “quanto mais a consciência for influenciada por preconceitos, erros, fantasias e anseios infantis, mais se dilata a fenda já existente, até chegar-se a uma dissociação neurótica e a uma vida mais ou menos artificial, em tudo distanciada dos instintos normais, da natureza e da verdade”.

O conceito de nação pressupõe povo, língua comum, tradições e território, embora hoje sejam reconhecidas como nações povos que tem língua, costumes e tradições comuns, caso dos ciganos, dos próprios judeus antes de Israel e agora dos palestinos, depois de Israel. O território não se torna fator imprescindível.

Em boa parte dos casos se torna anseio.

Num dos mais importantes livros sobre a sociedade contemporânea o francês Guy Débord, afirma o seguinte – “a classe ideológica totalitária no poder, é o poder de um mundo invertido: quanto mais forte ela é, mais afirma que não existe, e sua força serve-lhe em primeiro lugar para afirmar sua existência. É modesta apenas nesse ponto, pois sua inexistência oficial também deve coincidir com o nex plus ultra do desenvolvimento histórico, que ao mesmo tempo seria devido a seu infalível comando. Espalhada por toda parte, a burocracia deve ser a parte invisível à consciência de modo que toda a vida social se torna demente. A organização social da mentira absoluta decorre dessa contradição fundamental” (DÉDORD, Guy, a SOCIEDADE DO ESPETÁCULO, Ed. Contraponto, 1997, 2ª impressão).

É possível comprar uma Glock em qualquer casa de armas em qualquer cidade dos Estados Unidos. Basta uma entidade e uma certidão negativa de crimes e pronto. Sem falar no comércio clandestino. Cada militar que participa de missões de guerra tem o direito de levar sua arma pessoal quando passa à reserva, ou dá baixa.

É fabricada por uma empresa austríaca, tem três travas de segurança, é leve em relação a outras e privativa de forças militares e policiais. A maior parte das polícias do mundo usa a Glock.

Quando num dos filmes do Superman o ator abre mão de seus poderes e liga-se a Lois Lane, a ameaça de uma catástrofe o traz de volta à sua mansão num dos pólos da Terra onde ludibria seus algozes. Salva a humanidade, é obrigado a fazer com Lois Lane esqueça o que aconteceu e se veja novamente de posse de sua eterna virgindade.

Os roteiristas do filme sabiam que o público reagiria a um Superman vivendo nos subúrbios de New York ou qualquer cidade dos EUA, aparando grama, ajudando Lois em suas matérias jornalísticas, enquanto o mundo capitalista estivesse enfrentando riscos permanentes.

O criador do super herói, na última edição da revista, renegou toda a ação do Superman e se declarou indignado com seu país.

No Brasil o máximo que conseguimos foi Jerônimo o Herói do Sertão e hoje o Saci foi substituído pela cabeça de abóbora do Haloween. Numa concessão de Walt Disney, tudo para levar o País a entrar na 2ª Grande Guerra, foi criado o personagem Zé Carioca, um papagaio esperto e safo, que se bem todas, mas não vai a lugar nenhum.

Essa cultura da barbárie é exportada por essa corporação invisível, mas material e presente em cada canto do mundo. Quem disse que os EUA são ainda uma nação?

Desde os tempos de Ronald Reagan todo um delicado processo de transformação vem sendo construído e George Bush - o filho – exatamente por ser um “moita”, deu foros definitivos à corporação. Os controladores são grupos sionistas e essa sociedade “demente” é produto disso”.

ISRAEL/EUA TERRORISMO HUMANITÁRIO S/A.

As mesmas empresas que receberam contratos de terceirização do governo dos EUA para recrutar, treinar e armar mercenários na guerra contra a Líbia, apoiados por bombardeios criminosos da OTAN – ORGANIZAÇÃO DO TRATADO ATLÂNTICO NORTE – atuam na Síria, recebem contratos de reconstrução dos países destruídos e começam a ocupar o Paraguai. São donas da Colômbia.

No filme, normal, típico filme de ação, CONSPIRAÇÃO, o ator Val Kilmer interpreta um ex-fuzileiro que vai a busca de um amigo mexicano numa cidade distante e lá percebe que o companheiro de tropa fora assassinado pelo grande empresário que fornece armas e equipamentos para a destruição de outros países e depois assume os contratos de reconstrução.

O “chefão”, cercado do aparato policial, fala com freqüência em patriotismo, em sociedade americana recuperando seus valores, sem “mestiços”. Mas explora a mão obra barata dos mexicanos, humilha-os e quando necessário mata. Para dar mais explosão ao filme, o personagem de Val Kilmer não tem uma parte da perna, perdeu-a em combate. No filme, o “mocinho” derrota a todos e ainda termina com a mocinha.

Já noutro filme, esse magistral, de Orson Welles, O PROCESSO, a obra de Franz Kafka, o personagem em busca de justiça abre uma porta e entra numa sala da justiça onde perto de duas mil máquinas de escrever batucam sem parar processos que nunca vão chegar a um fim.

James Holmes é produto desse meio demente que se espalha por todo o mundo. Como os traficantes que assumiram o poder no Paraguai com a contribuição da brasileira – conselheira de imigrantes - Marilene Sguarizi e o apoio disfarçado, invisível do governo brasileiro na omissão e cumplicidade, no cinismo de falar o contrário. Prática dos dois últimos governos, ligar a seta para um lado e virar para outro.

Trecho da carta de Marilene escrita aos brasileiros que moram no Paraguai:

A presidente Dilma se dirige a comunidade Brasileira no Paraguay através de minha pessoa a fim de transmitir "os bons ofícios do governo brasileiro para dar tranqüilidade no sentido de que não haverá travas comercias e econômicas entre o Brasil e Paraguay. O governo brasileiro fará todos os esforços para que os ´´Brasiguaios`` tenham a tranqüilidade te continuar trabalhando e de que não terão prejuízos de nenhuma índole na situação política atual do Paraguai. A mensagem dirigida aos senhores/as segue dizendo que a confiança entre os dois povos não foi alterada, da mesma forma que o novo governo do Paraguai é reconhecido pela sua legitimidade"

É a tal força invisível. É o que Débord chama de SOCIEDADE DO ESPETÁCULO, é a barbárie numa Glock, na mídia de mercado a serviço das elites, e na compensação idílica do personagem do filme a A CONSPIRAÇÃO, sobre patriotismo.

Segundo o inglês Samuel Johnson, “o último refúgio dos canalhas”. Ou seja, Obama sabe e não quer saber e Milt Romney não quer ter a menor idéia, enquanto os negros em Israel são deportados como eram os judeus nos campos de concentração de Hitler.

O filme é o mesmo, mudaram os figurantes, o tempo e se acrescentou à violência algo em torno de cinco mil ogivas nucleares capazes de destruir o planeta cem vezes se necessário for.

Sai a suástica, entra a águia e a estrela de David. Já o HSBC lava o dinheiro dessa gente. E o dístico in God we trust