Mostrando postagens com marcador Fernando Henrique Cardoso. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Fernando Henrique Cardoso. Mostrar todas as postagens

sábado, 26 de maio de 2012

A Semana

GOLPE NO CHILE – A REVISTA VEJA – DILMA VETA 

 Laerte Braga


José Serra foi preso por autoridades chilenas no dia do golpe militar no Chile e levado para o Estádio Nacional de Santiago. Poucos dos que para lá foram saíram vivos e os que saíram foram massacrados pela tortura, pela barbárie da ditadura militar de Augusto Pinochet. Fernando Henrique Cardoso exilado no Chile à época e amigo de Serra de convivência diária sequer foi molestado.


José Serra foi solto no mesmo dia e levado a um local seguro por interferência direta do embaixador do Brasil naquele país, Antônio Castro da Câmara Neto, responsável pela cooptação do general Pinochet para o golpe. As primeiras reuniões, preparativas do golpe, foram realizadas na embaixada do Brasil, que já vivia sob o tacão dos militares desde 1964.


O golpe militar no Chile derrubou o presidente constitucional Salvador Allende, primeiro socialista eleito pelo voto direto para a presidência de um país em todo o mundo.


A história da participação brasileira é vergonhosa e está contada pelo site OPERA MUNDI depois de entrevistas realizadas entre outubro de 2011 e maio de 2012.


http://operamundi.uol.com.br/conteudo/reportagens/22064/comissao+da+verdade+deve+investigar+participacao+de+brasileiros+no+golpe+do+chile.shtml


A ditadura militar brasileira foi ponta de lança dos interesses norte-americanos na América Latina em todo o processo golpista que culminou na derrubada de Allende. O OPERA MUNDI relata que, a partir de depoimento dos protagonistas da história, empresários paulistas contribuíram com 100 milhões de dólares para o movimento de extrema direita PATRIA y LIBERTAD.


Os militares brasileiros exportaram para os militares chilenos know how de tortura e assassinato de adversários. Em 1970 o general francês Paul Aussaresses, de extrema-direita e com larga experiência na guerra da independência da Argélia, instalou no Brasil um centro para treinamento de torturadores com recursos da CIA – Agência Central de Inteligência.


O OPERA MUNDI revela que por ali passaram os principais torturadores e assassinos das ditaduras militares. A escola preparava torturadores e assassinos para todos os governos ditatoriais da América Latina, fato revelado num trabalho da jornalista francesa Marie-Monique Robin no documentário ESQUADRÃO DA MORTE – A ESCOLA FRANCESA. O trabalho, premiado, revelou a ação de franceses nessa parte do mundo. Esquema laranja dos norte-americanos.


A escritora chilena Mónica Gonzáles corrobora o trabalho de Marie-Monique no livro LA CONJURA – OS MIL E UM DIAS DO GOLPE.


Empresários brasileiros freqüentavam a escola de tortura do general francês e foram responsáveis por fartos recursos para a “instituição”.


É um dos primeiros desafios da Comissão da Verdade à medida que os documentos e fatos vão surgindo e sendo comprovados. O golpe militar no Brasil que depôs o presidente João Goulart foi uma ação de fora para dentro e os militares golpistas estavam a serviço de potência estrangeira.



Em todo esse processo de boçalidade a mídia de mercado foi cúmplice, alguns ao extremo, caso das ORGANIZAÇÕES GLOBO e do jornal FOLHA DE SÃO PAULO, que emprestava caminhões de entrega para a desova de corpos de vítimas da tortura.



Fernando Henrique Cardoso, o mais oferecido dos políticos brasileiros e no exílio no Chile, já havia se alinhado com os setores de extrema-direita dos EUA, empresários golpistas no Brasil e em toda a América Latina. A razão de José Serra ter sido solto no próprio dia do golpe, por interferência direta do embaixador brasileiro, foi exatamente essa. Mais ou menos o seguinte – “pode soltar que ele é nosso, está infiltrado na esquerda”.



Político oferecido? Se ofereceu a Collor para salvar o seu governo, antes a Tancredo Neves para “dar prestígio internacional a seu governo” e se não pode servir a Collor e por extensão aos interesses de golpistas agora na farsa democrática, se foi recusado por Tancredo que ironizou seu oferecimento, fez com Itamar Franco caísse em sua lábia e acabou virando presidente da República. Em 1998 deu o golpe branco da emenda constitucional da reeleição.



Hoje se oferece aos EUA para ajudar a derrubar Chávez e cumprir as missões que lhe forem dadas. No Chile, no tempo do exílio, a Mercedes Benz bancava as despesas de FHC, Serra e seu grupo de “anselmos”.

 A revista VEJA decidiu partir para o contra ataque e na edição desta semana acusa Lula de ter procurado Gilmar Mendes para pedir que o mensalão não fosse julgado agora em troca de blindagem do ministro na CPMI do Cachoeira.


O mesmo expediente sujo e rasteiro usado quando Gilmar precisava de um escudo para proteger-se das críticas feitas e da repercussão negativa dos dois habeas corpus concedidos ao banqueiro Daniel Dantas, um dos mais perigosos criminosos brasileiros, preso pelo delegado Protógenes Queiroz.


VEJA, à época, participou da montagem de uma gravação supostamente feita por autoridades da ABIN – Agência Brasileira de Informações – no gabinete de Gilmar. Uma conversa com quem? Com quem? Com o senador Demóstenes Torres.


A farsa está hoje provada, como provado o envolvimento de VEJA com o banqueiro Carlos Cachoeira, como todo o Brasil sabe o que de fato representa o ministro Gilmar Mendes. Há dias, um dos seus parentes, aquinhoado com um programa de televisão numa emissora do ministro, disse ao vivo que as crianças de rua deveriam ser mortas e se prestariam a matéria prima para sabão.


É o perfil dessa gente.


De quebra tenta envolver o ministro Ayres Brito.

 O ex-presidente é raposa velha na política e jamais iria conversar com Gilmar Mendes sobre esse tipo de assunto, ou fazer esse tipo de pedido, ainda mais no escritório do ex-ministro Nélson Jobim, principal acessório de FHC em seu governo no Supremo Tribunal Federal, camaleão que sobrevive a tudo e todos em seu roteiro político de serviços ao que há de pior no País.

 VEJA tenta sair do esgoto valendo-se do próprio material do esgoto, Gilmar Mendes. Desnecessário dizer que o ministro “confirmou” a conversa com Lula. É um jogo de cartas marcadas e Gilmar teme que, se aprofundadas as investigações do caso Carlos Cachoeira, todas as suas trapaças venham a público.


Nessa agitada semana a presidente Dilma Roussef vetou artigos do Código Florestal aprovado pelo Congresso Nacional, contrariou interesses de ruralistas, o Planalto fala em alterações em vários itens do Código e numa Medida Provisória para a matéria.


O veto tem o mérito de evitar a destruição das florestas e rios do País de imediato, além de proporcionar um tempo maior para a discussão em torno do assunto, conscientização dos perigos oferecidos pelo latifúndio, pelo agronegócio, os tais transgênicos e assim permitir maior mobilização dos setores populares, pois como está vetado ou não, o dano acontece. A diferença é que numa situação em curto prazo, noutra a médio e longo prazo.


O País some, gera desertos em breve período de tempo.


O veto de Dilma, debaixo de grande pressão popular para isso, recoloca o tema em discussão. E uma pergunta. Como fica o ministro dos Esportes, Aldo Rebelo, do PC do B, já que foi ele o relator do projeto de Código Florestal e inteiramente alinhado com os latifundiários e as empresas que operam e controlam a agricultura no Brasil. MONSANTO, DOW CHEMICAL, etc?


A participação de empresários brasileiros no golpe contra Salvador Allende no Chile não surpreende ninguém, vem agora comprovada e detalhada. Foram co-autores junto com os norte-americanos do golpe no Brasil, na Argentina, no Uruguai, em todos os golpes na América Latina e continuam sendo o que são. Empresas multinacionais, essas, então, é o óbvio.


O que se percebe é que a inquietação dos militares golpistas na reserva, que lutam pelo “patriotismo”, ou convocam o “poder moderador”, na prática, reflete apenas a covardia de torturadores e mostra o caráter objeto/abjeto desses militares diante de forças maiores a movimentá-los, ou seja, usá-los, sob comando de militar estrangeiro (Vernon Walthers) para ocupar o governo do País, de outros países e moldá-los ao sabor de seus interesses.


Os torturadores se percebem, neste momento, pequenos demais diante do que aconteceu, nem por isso menos bárbaros, estúpidos e criminosos, assassinos lato senso.

domingo, 10 de julho de 2011

E O FHC? O SERGIO CABRAL? O COLLOR? O SARNEY?




Laerte Braga


Eu não votaria em José Dirceu para sindico de prédio. Mas recordo-me de uma frase de um deputado baiano do PFL à época da CPI do Mensalão. José Carlos Aleluia, o nome do deputado. Ao inquirir o ex-ministro chefe do Gabinete Civil, Aleluia afirmou o seguinte – “eu o conheço há anos e não creio que o senhor tenha tirado proveito próprio de verbas públicas, posto dinheiro público em seu bolso”.

 Não conheço os autos do processo do Mensalão. O que não significa que não tenha existido e que não exista em vários níveis. O ex-governador José Roberto Arruda, de Brasília, foi pego com a boca na botija num esquema semelhante. A corrupção no governo Sérgio Cabral no Rio de Janeiro é a luz do dia, escancarada.

O ex-procurador geral da República Geraldo Brindeiro sentou em cima de todos os inquéritos que apontavam escândalos no governo de Fernando Henrique (de longe o pior de todos, o mais cínico, o mais repulsivo) e principalmente o inquérito que apresentou provas públicas (houve cassação de um ou dois mandatos de deputados que venderam os votos) sobre a compra de votos para o golpe branco da reeleição.

Está lá até hoje sem que haja denúncia do Ministério Público, da Procuradoria Geral da República.

E FHC impune em todos os escândalos das privatizações criminosas feitas em seu governo. Jobim, que hoje é ministro de Dilma como foi de Lula deu um jeito.

Uma CPI da Corrupção no governo Sarney, da qual a figura principal foi o então senador Itamar Franco, mostrou o descalabro que foi o mandato presidencial do atual presidente do Senado. E essa prática permanece nos estados do Maranhão e do Amapá, se estenderam à família. Sarney posa de avalista da democracia, da república, tenta impedir a divulgação dos documentos sobre tortura e violência no regime militar, pois está comprometido com esse esquema até a medula do bigode pintado.

Sobre Collor então. O ex-presidente foi impedido por decisão do Congresso Nacional, debaixo de pressão da opinião pública, depois que entendeu que o dinheiro público era dele e de Paulo César Faria, mais tarde assassinado no clássica limpeza de trilho, cala a boca.

Nos últimos dias surgiram revelações impressionantes sobre a corrupção no governo de Sérgio Cabral. Ligações com empresários em troca de favores (contratos de obras e serviços no Estado), favorecimento ao pilantra Luciano Huck para investimentos em área ambiental através do escritório da agora ex-mulher de Cabral. Cada trem mais escabroso que outro e nada, exceto um pedido de apuração dos fatos feito pelo deputado estadual Marcelo Freixo, mas que esbarra na maioria de deputados corruptos que forma a Assembléia Legislativa do Rio de Janeiro.

O pedido de condenação dos acusados do Mensalão feito pelo procurador geral da República pode até estar respaldado em provas e se essas existirem os réus, lógico, devem ser condenados. Roberto Jeferson, por exemplo, é réu confesso. Abriu a boca quando viu que não conseguiria extorquir mais.

Mas e o resto? Sarney vai ficar impune? Ele e sua família? Collor de Mello, FHC, Sérgio Cabral? O que dizer das ligações da filha de José Serra com o banqueiro Daniel Dantas e do papel de Gilmar Mendes beneficiando a esse banqueiro com dois habeas corpus em menos de uma hora e depois forjando, em cumplicidade com a revista VEJA (imprensa marrom, tipo aquele tablóide fechado na Grã Bretanha), uma gravação que nunca existiu em seu gabinete?

Como ficam esses caras? Gilmar Mendes é um dos que vai julgar o processo do mensalão. Deveria ser réu num monte de outros processos, o País inteiro sabe disso.

A ministra Ellen Gracie, em 2002,.decidiu uma querela no STF que os filhos do seu primeiro casamento eram interessados diretos em direitos futuros de herança e quando questionada sobre a sua suspeição rejeitou qualquer preliminar sobre o fato. Mas não pensou duas vezes em comprar com dinheiro público uma banheira de hidro-massagem para o seu apartamento funcional com verba pública, segundo ela, algo indispensável para um melhor conforto e melhores condições para exercício da magistratura.

Devia explicar isso para a juíza que revogou a Lei Áurea mantendo trabalho escravo e beneficiando uma empresa, em Brasília mesmo.

O importante a observar é que nada disso é corrupção em si, só corrupção. É conseqüência do modelo político e econômico brasileiro. Com todas as letras do capitalismo selvagem que se pratica aqui. Barões paulistas comandando o País, escolhidos a dedo pela corte em Wall Street e Washington, com caldos de barões do latifúndio (ainda são mantidos à distância, pois mordem e não há vacina que evite a morte. Uma mordida de Kátia Abreu mata em cinco segundos).

Banqueiros e grandes empresários. Onde há corrupção há o corruptor.

Como ficam Sérgio Cabral e sua ex-mulher no caso do favorecimento ao pilantra Luciano Huck? Ou FHC na compra de votos para reeleição? Os contratos firmados pelo governo do estado do Rio com Eike Batista?

Toda a sorte de trapaças que é implícita ao modelo, faz parte do cerne do modelo. É inerente a ele. O capitalismo não sobrevive sem corrupção, sem violência, sem barbárie.

O jornal O GLOBO estampou manchete sobre o pedido do procurador. Mas não diz uma linha sobre a corrupção de Cabral, ou a vergonha que foi o processo de privatizações no governo FHC. É simples, tanto o jornal, como a rede de tevê estão no bolso dos caras, têm interesse direto nos “negócios”.

Os políticos petistas envolvidos no escândalo, nesse e outros provocados pelas alianças com partidos padrão PR (o que vende casas no céu) pagam o preço não da ingenuidade, mas da capitulação diante dessa gente. Quem aos porcos se mistura, farelo come, é um ditado antigo.

O que existe é isso, um centro irradiador de doenças políticas e econômicas e tentáculos, todos envolvidos em grossa corrupção, que é conseqüência.

É óbvio, onde existe corrupto existe corruptor. Pouco importa que seja o esquema FIESP/DASLU, é o modelo.

A falta de transparência, de participação popular. De mecanismos de liberdade real de imprensa e não monopólio de quadrilhas que controlam o setor.

O cidadão comum e o último a saber e quando sabe o sabe pela voz dos próprios bandidos. Ou seja, via JORNAL NACIONAL, JORNAL DA NOITE, FOLHA DE SÃO PUALO, VEJA, ÉPOCA, etc.

Quando o filho de um dos diretores da RBS –REDE BRASIL SUL – que controla a mídia na região sul do País e é parte da GLOBO, estuprou uma menor em sua residência o silêncio foi total. Absoluto.

E aí? Sarney, Collor, FHC, Cabral, Paulo Hartung, bandidos de maior ou menor quilate vão ficar impunes? Aécio, Alckimin, Serra, Jereissati?

O problema é que o PT por seus dirigentes e o próprio Lula e agora Dilma se misturaram ao esquema, pagam o preço do equilibrismo diante de mafiosos muito mais espertos que eles.

E esse esquema é podre, o institucional no Brasil está falido. Até a Lei Áurea foi revogada.