16/01/2014 - A estranha noção de liberdade das elites
-Fernando Brito - blogue Tijolaço
Quando surgiu o factóide do “Rei dos Camarotes”, a não ser na blogosfera, não foi tratado como escandaloso o fato de termos uma classe média e uma mídia babacas ao ponto de elegerem este pateta como um “agregador de valor”.
E não foram raros os que saíram dizendo que, como o dinheiro era dele – embora uma parte fosse devida aos impostos que não pagou à cidade de São Paulo - ele era livre para ser idiota o quanto quisesse.
E, afinal, ele só estava ali para “zoar, pegar as meninas e dar um rolé”.
Não sou destes que quer fazer uma sociologia primária, de ver os “rolezinhos” como movimento libertário, revolucionário ou o escambau, como diziam no meu tempo.
A garotada está nessa apenas, também, para “zoar, pegar as meninas e dar um rolé”.
Normal, desde que o mundo é mundo e enquanto os jovens são jovens.
Mas quando a direita se digna a olhar para a pobreza, podem crer, não é em favor dos pobres.
Quer capturar não apenas o medo dos pobres que as elites sempre tiveram.
Mas também transformar sua erupção na vida social em uma cortina de fumaça para seus interesses políticos.
Servir-se de sua despolitização para levá-la como água ao moinho de seus interesses.
E de uns tolos que não entendem que transformar em efemérides barulhentas o direito dos jovens pobres de “zoar, pegar as meninas e dar um rolé” é criar as condições para que estes jovens voltem a um tempo onde não podiam isso e também não podiam estudar, trabalhar, entrar na universidade pelo sistema de cotas e, sequer, andar na rua sem serem abordados, humilhados e agredidos pela polícia.
A sabedoria política nos exige mais.
E que a garotada da periferia, se não quiser gramar mais séculos de opressão, não pode ser idiota feito ele.
Fonte:
http://tijolaco.com.br/blog/?p=12673
Leituras afins:
- Imprensa e rolezinho - Luciano Martins Costa
Nota:
A inserção de algumas imagens adicionais, capturadas do Google Images, são de nossa responsabilidade, elas inexistem no texto original.