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sexta-feira, 28 de setembro de 2012

Russomanno e a vulgaridade do desejo


17/09/2012 - por Eliane Brum (*) - original extraído da Revista Época


O “patrulheiro do consumidor” lidera em São Paulo porque, se a política é de mercado, ele pode convencer como mercadoria.


Como se define um povo? De várias maneiras.

A principal, me parece, é pela qualidade do seu desejo. É por este viés que também podemos compreender o fenômeno Celso Russomanno (PRB).

Como um homem que se tornou conhecido por bolinar mulheres na cobertura de bailes de carnaval e como “patrulheiro do consumidor” em programa da TV Record, apoiado pela Igreja Universal do Reino de Deus, torna-se líder de intenções de votos na maior cidade do Brasil?

Acredito que parte da resposta possa estar no desejo. Na vulgaridade do nosso desejo. No que consiste o desejo das diferentes camadas da população, seja o topo da pirâmide, a classe média tradicional, o que tem sido chamado de “nova classe média” ou classe C.

Para além das diferenças, que são muitas, há algo que tem igualado a socialite que faz compras no Shopping Cidade Jardim, um dos mais luxuosos de São Paulo, ao jovem das periferias paulistanas carentes de serviços públicos de qualidade. E o que é? A identificação como consumidor, acima de todas as maneiras de olhar para si mesmo – e para o outro. É para consumir que boa parte da população não só de São Paulo quanto do Brasil urbano tem conduzido o movimento da vida – e se consumido neste movimento.

Dois textos recentes são especialmente reveladores para nos ajudar a compreender o Brasil atual. Em sua coluna de 4/9, na Folha de S. Paulo, o filósofo Vladimir Safatle faz uma análise interessantíssima do caso Russomanno. Ele parte do fato de que a ascensão econômica de larga parcela da população no lulismo se dá principalmente pela ampliação das possibilidades de consumo – e não pela ampliação do acesso a serviços sociais de qualidade. Logo, para essa camada da população, os direitos da cidadania são decodificados como direitos do consumidor. Nada mais lógico para representá-la e defender seus interesses do que um prefeito que seja um pretenso “patrulheiro do consumidor”, bancado por uma das igrejas líderes da “teologia da prosperidade”. Russomanno seria, na definição de Safatle, “o filho bastardo do lulismo com o populismo conservador”.

Na ótima reportagem intitulada “O Funk da Ostentação em São Paulo”, o repórter de Época Rafael de Pino conta como se dá a apropriação do funk carioca nas periferias de São Paulo. Preste atenção na abertura da matéria, que reproduzo aqui:

‘Vida é ter um Hyundai e uma Hornet/10 mil pra gastar, Rolex e Juliet’, canta o paulista MC Danado no funk ‘Top do momento’. Para quem não entendeu, ele fala, na ordem, de um carro, uma moto, dinheiro, um relógio e um par de óculos – um refrão avaliado em R$ 400 mil. Na plateia do show na Zona Leste, região que concentra bairros populares de São Paulo, os versos são repetidos aos berros pelas quase 1.000 pessoas presentes, que pagaram ingressos a R$ 30. O público da sexta-feira é jovem, etnicamente diverso e poderia ser descrito em três palavras: ‘classe C emergente’.”


MC Danado, como nos conta Rafael de Pino, antes de se tornar um astro, trabalhou como office-boy e auxiliar de escritório. Ele diz o seguinte: “Gosto da ostentação, gosto de ostentar. Parte do que canto, eu tenho. Outra parte, desejo e vou conquistar com meu trabalho”. Vale a pena conferir os refrões de outros funkeiros da ostentação, como MC Guimê: “Ta-pa-ta-pa tá patrão, ta-pa-ta-pa tá patrão/Tênis Nike Shox, Bermuda da Oakley, Olha a situação”. Ou MCs BackDi e Bio-G3: “É classe A, é classe A/quando o bonde passa nas pistas geral, tá ligado que é ruim de aturar/É classe A, é classe A/Nós tem carro, tem moto e dinheiro”.

MC Menor, outra estrela ascendente, explica: “Enxergo o mundo como meu público enxerga. Nasci na comunidade, sei que lá ninguém quer cantar pobreza e miséria”. Não por acaso, é em São Paulo que o funk se torna uma expressão do desejo de consumo da juventude emergente das periferias.

Ao ascender economicamente, a “nova classe média” parece se apropriar da visão de mundo da classe média tradicional – talvez com mais pragmatismo e certamente com muito mais pressa. Em vez de lutar coletivamente por escola pública de qualidade, saúde pública de qualidade, transporte público de qualidade, o caminho é individual, via consumo: escola privada e plano de saúde privado, mesmo que sem qualidade, e carro para se livrar do ônibus, mesmo que fique parado no trânsito. O núcleo a partir do qual são eleitas as prioridades não é a comunidade, mas a família.

Se no passado recente o rap arrastou multidões nas periferias de São Paulo com um discurso fortemente ideológico contra o mercado, hoje o espaço é parcialmente ocupado pelo “funk da ostentação” e seu discurso de que uma vida só ganha sentido no consumo. As marcas de uma vida não se dão pela experiência, mas se adquirem pela compra: as marcas da vida são grifes de luxo, segundo nos informam as letras do funk paulista. Alguns dos grandes nomes do rap engajado do passado também podem ser vistos hoje anunciando produtos na TV com desembaraço – o que também quer dizer alguma coisa.


É importante observar, porém, que aquilo que eu tenho chamado aqui de vulgaridade do desejo não é uma novidade trazida pela “nova classe média”. Ao contrário, a influência tem sinal trocado. O que os emergentes da classe C tem feito é se apropriar da vulgaridade do desejo das elites. O funk da ostentação de MC Danado, ao recitar grifes e fazer uma ode ao consumo, pode estar na boca de qualquer socialite que possamos entrevistar agora no corredor de um dos shoppings de luxo.

Neste contexto, a vulgaridade do desejo tem em Russomanno sua expressão mais bem acabada na política. Assim como na religião encontra expressão em parte das igrejas evangélicas neopentecostais e sua teologia do compre agora para ganhar agora. Nesta eleição de São Paulo, testemunhamos uma aliança e uma síntese da nova configuração do Brasil – possivelmente menos transitória do que alguns acreditam ser.

Russomanno não inventou a vulgaridade do desejo – apenas a explicitou e tratou de encarná-la. Seus oponentes têm uma biografia muito mais relevante, assim como partidos mais sólidos. Mas parecem ter perdido essa vantagem junto a setores da população no momento em que se renderem à lógica do consumo e viraram também eles um produto eleitoral. Pela adesão à política de mercado, perderam a chance de representar uma alternativa, inclusive moral.

José Serra (PSDB) tem feito quase qualquer coisa para conquistar o apoio das igrejas na tentativa de vencer as disputas eleitorais. Basta lembrar como um dos exemplos mais contundentes o falso debate do aborto estimulado por ele na última eleição presidencial, na ânsia de ganhar o voto religioso. 

E Fernando Haddad (PT), que se pretende “novo”, antes do início oficial da campanha já tinha abraçado o velho Maluf. Para quê? Para ter mais tempo de TV – o lugar por excelência no qual os produtos são “vendidos” aos consumidores.

Quem transformou eleitores em consumidores de produtos eleitorais não foi Celso Russomanno. Ele apenas aproveitou-se da conjuntura propícia – e não perdeu a oportunidade ao perceber que os outros reduziram-se a ponto de jogar no seu campo. Afinal, de mercadoria Russomanno entende.

É bastante interessante que entre os mais perplexos diante deste novo Brasil, representado pelo fenômeno Russomanno, estejam o PT e a Igreja Católica. Ambos, porém, estão no cerne da mudança que agora se desenha com maior clareza.

A “era” Lula marcou e segue marcando sua atuação também pelo esvaziamento dos movimentos sociais – e da saída coletiva, construída e conquistada que foi decisiva para a formação do PT.

Também estimulou sem qualquer prurido o personalismo populista na figura do líder/pai. Assim como na campanha que elegeu Dilma Rousseff, a sucessora de Lula no governo foi apresentada como filha do pai/mãe do povo. Em nenhum momento, nem o PT nem Lula pareceram se importar de verdade com o fato de que os numerosos militantes que no passado ocupavam os espaços públicos com suas bandeiras e seu idealismo foram gradualmente sendo substituídos por cabos eleitorais pagos, em mais uma adesão à lógica de mercado.

A cúpula da Igreja Católica no Brasil, por sua vez, atendendo às diretrizes do Vaticano, esforçou-se nas últimas décadas para esvaziar movimentos como a Teologia da Libertação, que representavam uma inserção do evangelho na política pelo caminho coletivo e pela formação de base. Esforçou-se com tanto afinco que perseguiu alguns de seus representantes mais importantes – e marginalizou outros.

Mas parece que nem o PT de Lula nem a CNBB têm compreendido que o fenômeno Russomanno também foi gerado no ventre de suas guinadas conservadoras – e, no caso do PT, de suas alianças pragmáticas e da sua atuação para transformar a política num balcão de negócios. Sem esquecer, claro, que o PRB de Russomanno é da base de apoio do governo Dilma.

Quando a presidente do país dá o Ministério da Cultura para Marta Suplicy, para que ela suba no palanque do candidato do PT à prefeitura de São Paulo, por mais que os protagonistas aleguem apenas coincidência, é só política de mercado que enxergamos.

E tudo piora quando Marta invoca uma trindade político-religiosa no palanque de Haddad: “O trio é capaz de alavancar (a candidatura de Haddad): a presidente Dilma, o Lula e eu. Eu, porque tenho o apelo de quem fez; eu sou a pessoa que faz. O Lula porque é um ‘deus’ e a presidente Dilma porque é bem avaliada. Então, com a entrada desse trio, vai dar certo”.

Diante do que está aí, feito e dito, por que o eleitor vai achar que Russomanno é pior? Ou que as alternativas a ele são de fato diferentes?

O mais importante não é atacar Celso Russomanno, mas compreender o que ele revela do Brasil atual. O fenômeno Russomanno pode ter algo a nos ensinar. Quem sabe sua liderança nas pesquisas eleitorais possa mostrar aos futuros candidatos que ética e coerência na política valem a pena se quiserem se tornar alternativas reais para uma parcela do eleitorado. Ou que se nivelar por baixo em nome dos fins pode ser um tiro no pé – tanto quanto se aliar com qualquer um. E talvez o fenômeno Russomanno possa ensinar aos futuros governantes que um povo se define pela qualidade do seu desejo. E desejo só se qualifica com educação.


Sempre se pode lamentar que o eleitor deseje o que deseja, mas o eleitor – em geral subestimado – sabe o que quer.

Se a maioria acredita que tudo o que dá sentido a uma vida humana pode ser comprado num shopping, então São Paulo – e o Brasil – merecem Celso Russomanno.



(*) Eliane Brum, jornalista, escritora e documentarista. Ganhou mais de 40 prêmios nacionais e internacionais de reportagem. É autora de um romance - Uma Duas (LeYa) - e de três livros de reportagem: Coluna Prestes – O Avesso da Lenda (Artes e Ofícios), A Vida Que Ninguém Vê (Arquipélago Editorial, Prêmio Jabuti 2007) e O Olho da Rua (Globo). E codiretora de dois documentários: Uma História Severina e Gretchen Filme Estrada. 

Fonte:
http://revistaepoca.globo.com/Sociedade/eliane-brum/noticia/2012/09/russomanno-e-vulgaridade-do-desejo.html

segunda-feira, 17 de setembro de 2012

Dois alertas: golpes em gestação

[Pareceu combinado, mas o tom dessas postagens diferem tanto que foi por mero acaso que elas sairam, justo neste fim de semana (15/09), véspera do início do julgamento pelo STF do chamado "núcleo político" dos acusados no chamado "mensalão".

Essa coincidência ganha destaque, porque parte da mídia-empresa, estrelada pela revista Veja - por sua vez envolvida até o pescoço com outro escândalo, o do seu diretor da sucursal de Brasília, Policarpo Jr. entreleçando as suas com as atividades do bicheiro Carlinhos Cachoeira -, tenta pressionar o Supremo para que apenas referende a condenação dos réus que ela mesma já proclamou, desde quando as denúncias vieram à tona há 7 anos. Se possível - esse é seu objetivo maior, ainda que atropelando o rito processual -, inclua nela, o ex-Presidente Lula.

O desmentido formal de Marcelo Leonardo, advogado do publicitário Marcos Valério, ("O Marcos Valério não dá entrevistas desde 2005 e confirmou para mim hoje que não deu entrevista para a Veja e também não confirma o conteúdo da matéria") não foi suficiente.

A partidarização por integrantes da grande mídia torna-se assim mais relevante e evidente do que sua propalada isenção. "Nada impede que uma denúncia seja feita contra Lula mais adiante", apressou-se em sugerir Merval Pereira, de O Globo, solidário e repercutindo de imediato, o mesmo ódio golpista que há décadas acalenta os sonhos do sr. Roberto Civita, o dono da revista Veja]

(Equipe Educom)


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Alerta 1

16/09/2012 - Conspiração - blog Aposentado Invocado

Está em curso uma conspiração da "elite" brasileira para conquistar o poder político por meios ilegais.

A revista Veja e os jornais da ANJ [Associação Nacional dos Jornais] preparam esse golpe faz tempo e, em reunião secreta, vendo que Serra será derrotado, sem nomes para lançar a presidência do Brasil, resolveram que o momento é agora. Lula tem que dar o sinal para o contra-ataque.

Essa gente não é adversária política e nem se preocupa com as regras da democracia, eles são inimigos de morte. Não se conformam da perda do poder e estão prontos para o golpe de Estado.

Lula, não se engane, a "elite" quer lhe ver morto.

Fonte:
http://aposentadoinvocado1.blogspot.com.br/2012/09/esta-em-curso-uma-conspiracao-da-elite.html


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Alerta 2

16/09/2012 - Veja confessa: não há entrevista!
- por Altamiro Borges em seu blog

A “Carta ao Leitor” da Veja, que equivale ao editorial da revista, traz uma informação que até agora passou meio despercebida, mas que tem excitado alguns internautas – principalmente os trogloditas da direita.

O publicitário Marcos Valério deu ou não uma entrevista exclusiva à publicação, confirmando a tese alardeada na reportagem de que “Lula era o chefe” do mensalão?

Valério não quis dar entrevista sobre as acusações diretas do envolvimento de Lula que ele vem fazendo”, garante o diretor da Veja, Eurípedes Alcântara.

O serviçal da famiglia Marinho pode até estar blefando, fazendo mistério. Mas tudo indica que a entrevista realmente não existiu e que a revista novamente se baseou em boatos e fofocas na linha da escandalização da política, visando vender mais exemplares e interferir na disputa política e eleitoral em curso no país. Se a entrevista existisse, ela seria publicada na íntegra. Mesmo assim, não comprovaria nada. Seria a opinião do publicitário Marcos Valério, já condenado no tribunal de exceção do chamado “mensalão do PT”.

Roberto Civita, da Veja

Lula e a excitação dos golpistas
Na “Carta ao Leitor”, intitulada “Lula era o chefe”, Eurípedes Alcântara faz um grande esforço para recuperar a credibilidade da Veja. O artigo é pura apologia da desgastada revista, coisa típica de um funcionário do alto escalão que tenta justificar seu salário. Para ele, a revista é um bastião da ética.

Veja se orgulha de ter desempenhado um papel fundamental em mais esse processo de depuração da vida política nacional”. Ele só não explica as ligações da Veja com a quadrilha de Carlinhos Cachoeira, reveladas nas gravações da PF.

O texto também confirma o ódio doentio que a famiglia Civita nutre contra Lula – o ex-operário que chegou à Presidência da República num país que sempre foi comandado pelas elites.

A mesma revista que tentou esconder as revelações do livro “A privataria tucana”, do jornalista Amaury Ribeiro Jr., garante que durante o governo Lula “a podridão subiu a rampa do Palácio do Planalto e se instalou nas imediações e até no próprio gabinete presidencial”.

Para comprovar a sua tese golpista, ela não vacila em explorar boatos e fofocas.

Reportagem exclusiva desta edição do editor Rodrigo Rangel, da sucursal de Brasília, feita com base em revelações de Marcos Valério a parentes, amigos e associados, reabre de forma incontornável a questão da participação do ex-presidente no mensalão. Lula era o chefe, vem repetindo Valério com mais frequência e amargura..."

"Valério não quis dar entrevista sobre as acusações diretas do envolvimento de Lula que ele vem fazendo. Mas não desmentiu nada”.

Pronto! Está criado o fato para justificar o fuzilamento de Lula!

Fonte:
http://altamiroborges.blogspot.com.br/2012/09/veja-confessa-nao-ha-entrevista.html#more 

segunda-feira, 19 de março de 2012

UM MOMENTO DE DECISÃO

sábado, 17 de março de 2012 - Laerte Braga - blog Juntos Somos Fortes

O que os militares dessa geração pós golpe 1964 precisam enxergar é que não há revanchismo nos trabalhos da Comissão da Verdade, nas denúncias de tortura, assassinatos e nas várias ações para que a História de um período brutal seja conhecida por todos os brasileiros. Houve um golpe de estado em 1964, foi organizado e comandado por potência estrangeira através de dois agentes, o embaixador Lincoln Gordon e o general Vernon Walthers, contra um governo legítimo, dentro de um processo maior, a guerra-fria. A máxima de Nixon “para onde se inclinar o Brasil se inclinará a América Latina” foi dita anos depois, mas não passou de uma constatação da realidade daquela época. E tanto é assim que golpes semelhantes foram desfechados em países desta parte do mundo, alguns, com níveis de estupidez absolutos. Caso da Argentina e do Chile.


Emb. Lincoln Gordon

Gen. Vernon Walthers 

A ação dos governos gerados pelos golpes foi de caça pura e simples dos adversários, inclusive e grande número de militares comprometidos com o seu país. A forma de agir em momento algum fugiu do comando externo. O que foi a Operação Condor? Uma aliança de governos golpistas do chamado Cone Sul para promover

Letelier

 o assassinato de líderes oposicionistas exilados em qualquer parte do mundo. Orlando Letelier, ex-chanceler do governo de Salvador Allende, foi morto em New York, onde ocupava um cargo de funcionário nas Nações Unidas.

Os chamados projetos nacionais, ou seja, de busca do crescimento econômico para esses países circunscreveram-se ao permitido por Washington e às políticas de dominação impostas pelos EUA. Nada além disso.

No breve momento que o Brasil virou exportador de armas, por exemplo, a ENGESA, estatal que produzia artefatos bélicos de alta qualidade, foi sufocada violentamente pelo governo dos EUA, inclusive com seqüestro em alto mar de navios brasileiros que levavam seus produtos para compradores no Oriente Médio.

Em linhas gerais não mudou essa característica nos últimos anos, com alguns intervalos no governo Lula. O Brasil não conseguiu ainda sair da rede tecida durante os oito anos de governo de Fernando Henrique Cardoso e nosso crescimento econômico, ou nossa condição de potência emergente, não é capaz de produzir um carro nacional. Somos dependentes em tudo e por quase tudo de tecnologias estrangeiras e gradativamente, mas de forma acelerada, vamos voltando à condição de exportadores de matérias primas.

Ou seja, andando para trás, por maiores que sejam os números do PIB.

Num mundo unipolar, onde o controle se exerce a partir de um complexo militar/terrorista ISRAEL/EUA TERRORISMO S/A, gerido por bancos, grandes conglomerados e latifúndio, não percebemos que estamos sendo engolidos pelas beiradas e na prática somos potência de ocasião até que caia a ficha e tenhamos que refazer um caminho que já poderia ter sido feito desde muito.

Forças armadas existem para a garantia da soberania nacional, da integridade do território nacional e para isso devem estar preparadas e equipadas. Não duvido da capacidade dos nossos militares, mas num eventual conflito hoje, só para citar, iríamos de mosquetão, contra inimigos com bombas de alto poder destrutivo.

Ignorar essa realidade é desconhecer o tamanho do buraco aberto pelos golpes militares, pelos governos inconseqüentes de Sarney e Collor e pela trama consciente e traidora de Fernando Henrique Cardoso e tucanos no todo. A primeira atitude de Collor, depois de confiscar o dinheiro dos brasileiros, foi fechar o buraco da Serra do Cachimbo, sinalizando aos EUA que estava cumprindo rigorosamente o que fora acordado com intermediação da GLOBO.

Cel. Brilhante Ulstra

Cel. Curió














Deixar de lado as atrocidades cometidas por militares como Curió (ficou milionário achacando garimpeiros em Serra Pelada), Brilhante Ulstra e outros tantos é macular a história das forças armadas brasileiras e transformá-las, hoje, em cúmplices de um tempo sombrio, cruel e anti-nacional.

Puro espírito de corpo sem sentido e sem razão de ser, pois acaba sendo mancha. Inserir as forças armadas no processo de construção democrática e popular do Brasil, isso sim, dá um desenho claro das obrigações de garantir a soberania nacional e a integridade de nosso território.

As privatizações da VALE e da EMBRAER, para ficar em duas, foram dois crimes de lesa pátria sem tamanho. A constituição de 1946, feita por liberais em sua maioria, garantiu ao Brasil a posse do seu subsolo. Hoje sequer somos proprietários do solo que começa a ser comprado em várias regiões brasileiras por grupos estrangeiros.

Ou seja, reiterando, somos uma potência de ocasião, um entreposto do grande capital internacional.

Esse papo de Eike Batista como um dos mais ricos do mundo não exclui a participação estrangeira nos seus negócios e ser mais do rico mundo, ou um dos, não significa progresso que é algo que tem que ser comum a todos e não privilégio de alguns.

Ou os militares da nova geração entendem que os golpistas de 1964, notadamente os torturadores, os assassinos, os estupradores, são criminosos e praticaram crimes imprescritíveis – já denunciados por organizações internacionais -, ou essa mancha vai atravancar o cumprimento do real papel de uma força armada nacional.

 Têm que responder pelos seus crimes. Esses enxovalham inclusive as forças armadas através do falso patriotismo, aquele que Samuel Johnson chama de “último refúgio dos canalhas”. Foi a estupidez dita por um general num programa de televisão que “tortura existe em qualquer época, até hoje”.

O fato da tortura existir não significa que deixa de ser crime. Pelo contrário, se existe, tem que ser combatida. E boa parte da tortura que ainda resiste no Brasil é herança acumulada desde tempos do Brasil colônia, até os tempos da ditadura militar, exatamente por nunca ter sido punida, combatida de peito aberto e através de aparelhos que, numa democracia, no chamado estado de direito, não têm sentido, caso das polícias militares. Polícia é uma instituição civil.

Nesta semana a jornalista Hildegard Angel enviou uma carta a um ato de homenagem às vítimas da ditadura militar onde fala de justiça. Sua mãe Zuzu Angel foi morta pela ditadura ao buscar o paradeiro de seu filho Stuart Angel, também executado pela ditadura. O prestígio internacional de Zuzu e a mobilização que promovia, estavam incomodando e trazendo transtornos a um regime que usou o pretexto de restaurar “a ordem e a democracia”, para derrubar um governo legítimo.

Um documento comovente e repleto de sensatez.
Dilma Roussef dá sinais que começa acordar para a realidade de seu governo. Isola o partido dos pastores, sempre com os olhos ávidos – eles pastores – nos ministérios mais rentáveis para a “obra divina”, ou o loteamento que abriram no “paraíso”. É uma das ameaças mais graves e sérias que o País enfrenta e da qual apenas começa a se dar conta. O velho expediente de transformar a fé – direito de consciência de cada um e indiscutível e inalienável – em instrumento de político a partir das cúpulas.

A débâcle da Igreja Católica Apostólica Romana, no retrocesso dos papados de João Paulo II e agora de Bento XVI (estão sendo acusados de permitir lavagem de dinheiro criminoso no banco do Vaticano e cardeais disputam abertamente o botim), a perseguição implacável aos sobreviventes da Teologia da Libertação, escancara as portas para a venda de sprays que espantam o “capeta” e transformam legiões de incautos ludibriados em sua boa fé em eleitores cegos e conduzidos qual manada de cordeiros.

The silence of the lambs. O sangue que escorre é o do trabalhador.

Ou Dilma encurrala os bandidos na beira do despenhadeiro ou 2014 será o ano da tragédia prevista para 2012, pelo menos no Brasil, com as alianças espúrias capazes de levar qualquer Aécio Neves ao poder, seja ele José Serra ou Geraldo Alckimin e busca traduzir o seu governo em luta popular, como deveria ter feito desde o primeiro momento, a sua história sinaliza isso. Um retrocesso significa passar a escritura definitiva do Brasil e incorporá-lo ao complexo militar e terrorista que controla o que chamam de “globalização”.

FHC e dois outros ex-presidentes latino-americanos foram à Venezuela a convite de um “banco privado”, para aconselhar o candidato de oposição a Chávez. As eleições de outubro naquele país são o alvo preferencial do complexo terrorista e militar em se tratando de América Latina.

A mídia de mercado faz sua parte, vai manipulando as notícias sobre o estado de saúde de Chávez, da mesma forma que o faz em relação à Síria e ignora o prenúncio de uma crise entre Israel e o Egito, reflexo da vontade popular dos egípcios manifesta em eleições livres e democráticas.

Democracia e capitalismo são incompatíveis. Como água e óleo. Não se misturam, exceto como farsa.

Um acordo de Obama com Israel vai deixar o ataque ao Irã para depois das eleições nos EUA, em novembro. A posição da Rússia e da China contrárias as sanções maiores

Romney

Santorum

 ao Irã, logo, contra esse tipo de ação militar, além do desconhecimento da real capacidade de defesa daquele país, recomendam cautela, caldo de galinha e prudência. Um desastre militar antes das eleições seria o caos para o presidente em seu projeto de reeleição. E ainda mais se levarmos em conta que seus adversários – Rick Santorum e Milt Romney – estão criticando a saída das tropas “humanitárias” do Iraque e do Afeganistão. Destruíram, não alcançaram a totalidade de seus objetivos, mas na Líbia e no Iraque ficaram com o petróleo.

A filha do senador John McCain, um dos arquitetos do golpe militar em Honduras, disse em seu blog que se seu pai tivesse sido eleito presidente ela seria a primeira filha “mais doida de todos os tempos”. Megham McCain afirma taxativamente que com o pai a situação no Iraque e no Afeganistão seria outra.

Em Itaguaçu, Espírito Santo, feudo de companhias como a ARACRUZ, a VALE, a CST e outras, uma estrada vicinal aumenta de custo várias vezes a inflação somada de três anos. Passa de 600 mil reais o quilômetro, para 2,3 milhões e vereadores, prefeito e a mídia local, se irritam com denúncias de irregularidades.

O latifúndio agradece.
Nos EUA um grupo de cidadãos ainda não afetados pelo vírus da mediocridade que domina boa parte da população (aquela que limpa boca depois de um sanduíche do McDonald’s com as costas da mão), inicia uma campanha contra a MONSANTO. A empresa é uma das responsáveis pelo veneno de cada dia em nossas mesas, o transgênico com molho de agrotóxicos. Querem produtos orgânicos.

Para fechar, nesta semana, nenhum tresloucado invadiu alguma escola nos EUA e disparou contra professores e colegas. O alerta deve aumentar, significa que breve outra loucura desse gênero vai acontecer, embora em território afegão um ataque de nervos – versão oficial – levou um soldado do Tio Sam a matar civis indefesos.

Brad Manning, acusado de vazar documentos secretos divulgados pelo site Wikileaks continua preso em condições desumanas, denunciam organizações internacionais dos direitos humanos. É a tática de fazer servir de exemplo para dissuadir a outros de feitos dessa natureza. Mostrar a podridão.

A STRATFOR, companhia privada de inteligência, com sede no Texas, contrata jornalistas para veicular a “verdade” do grande espetáculo de Hollywood por todo o mundo. No Brasil é desnecessário dizer quais, até Hilary Clinton, a possessa, tem um preferido.

No fundo é tudo culpa do Irã ou dos palestinos. O governo de Israel é de santos, ou de profetas enviados por Jeová. Por via das dúvidas, com um vasto arsenal nuclear. Deve ser por isso, parceria, que Edir Macedo montou umas igrejas por lá. O próprio povo judeu começa a acordar da insânia de seus governantes.