02/07/2012 - Atualizado em 03/08/2012
- Luis Nassif on line
- Coluna Econômica - GGN
Ao completar 10 anos recentemente o Programa Bolsa Família apresenta-se como a mais bem sucedida das iniciativas sociais do governo Lula, não importa o que digam adversários e porta-vozes abrigados na mídia empresarial conservadora.
Essa é a razão que nos leva a publicar o texto abaixo - de um ano e pouco atrás -, cujas linhas revelam-se ainda atuais e cada vez mais merecedoras de conhecimento e reflexão. (Blog Educom)
Se houve um vitorioso na Conferência Rio+20 foram as políticas de transferência de rendas do país e, entre elas, especificamente o Bolsa Família.
A agenda da pobreza acabou indo para o centro do documento final da conferência.
E em todo lugar em que se discutia o tema, a experiência brasileira era apontada como a mais bem sucedida, em vários aspectos: efetividade (não gera dependência), os beneficiários trabalham, há o emponderamento das mulheres, melhor frequência escolar e desempenho das crianças.
Hoje em dia, há pelos menos duas delegações internacionais por semana visitando o MDS (Ministério do Desenvolvimento Social), segundo informa a Ministra Tereza Campello, para saber mais detalhes da experiência.
Com 9 anos de vida e 13,5 milhões de famílias atendidas, com riqueza de séries históricas, estatísticas e avaliações, o BF conseguiu desmentir várias lendas urbanas:
Lenda 1 – o BF criará preguiçosos acomodados.
Os levantamentos comprovam que maioria absoluta dos adultos beneficiados trabalha na formalidade e na informalidade.
Lenda 2 – as beneficiárias tratarão de ter mais filhos para receber mais auxílio.
O último censo comprovou redução geral da natalidade no país, mais ainda no nordeste, mais ainda entre os beneficiários do BF.
Lenda 3 – um mero assistencialismo sem desdobramentos.
Nos estudos com gestantes, as que recebem BF frequentam em 50% a mais o pré-natal; as crianças nascem com mais peso e altura; houve redução da mortalidade materna e infantil. Há maior frequência das crianças às escolas.
Agora, através do Programa Brasil Carinhoso, se entra no foco do foco, as famílias mais miseráveis com crianças de 0 a 6 anos. No total, 2,7 milhões de crianças.
Em 9 anos, atendendo 13,5 milhões de família, o BF consegue uma avaliação refinada e de segurança para todos os parceiros.
Com Brasil Carinhoso pretende-se chegar a 2,7 milhões de crianças, em famílias pobres com filhos entre 0 e 6 anos de idade.
A grande preocupação da presidente, explica Tereza Campello [foto], é que essas crianças não podem esperar: qualquer impacto da pobreza sobre sua formação, qualquer problema nutricional as afetará por toda a vida
Essas famílias representam 40% dos extremamente pobres do país. Primeiro, se levantará sua renda atual. O Brasil Carinhoso complementará até atingir R$ 70,00 per capita por mês.
Hoje em dia, não há um técnico de renome que tenha ressalvas maiores ao Bolsa Família. As críticas estão concentradas em colunistas sem conhecimento maior de metodologia de políticas sociais, de estatísticas.
No início do governo Lula, havia duas vertentes de discussão sobre políticas sociais.
Uma, a do universalismo inconsequente, a do distributivismo sem metodologia – cujo representante maior era Frei Betto e seu Fome Zero.
A outra, um modelo metodologicamente sofisticado, tem como figura central (na parte de focalização) o economista Ricardo Paes de Barros [foto].
Prevaleceu um misto do modelo, com as estatísticas sendo utilizadas para focalizar melhor os benefícios. Foi esse modelo que acabou consagrando universalmente o BF.
As críticas desinformadas - 1
Conhecido por sua militância conservadora, o colunista Merval Pereira [foto] (o Globo e CBN) apresentou como contraponto ao Bolsa Familia o que ele considerou uma proposta alternativa de esquerda.
“O Fome Zero/Bolsa-Família, do jeito que estava montado pela turma do Frei Betto, era um projeto de reforma estrutural, da estrutura do Estado. Frei Betto queria fazer comissões regionais sem políticos, para distribuição do Bolsa-Família, e a partir daí fazer educação popular”.
As críticas desinformadas - 2
Continua o revolucionário Merval:
“ Era um projeto muito mais de esquerda, muito mais voltado para mudanças estruturais da sociedade. O Bolsa-Família hoje é um programa para manter a dominação do governo sobre esse povo necessitado. Patrus transformou-o num instrumento político espetacular, que foi o começo da força do lulismo”.
O conceito de educação popular significa fora da rede oficial, levando mensagens populares aos alunos.
As críticas desinformadas – 3
O que Merval descreve, em seu discurso, é modelo similar ao do MST e sua universidade popular.
A troco de quê um comentarista claramente conservador de repente se põe a defender modelos revolucionários que levem a “mudanças estruturais na sociedade”?
Primeiro, a necessidade de ser negativo em relação a tudo. Segundo, o despreparo para tratar com temas técnicos.
Empunha o primeiro argumento que lhe vem à mão, mesmo sendo contra tudo o que defende.
As críticas desinformadas – 4
Quando foi lançado, o Fome Zero nem podia ser tratado como programa. Era um amontoado de iniciativas caóticas cerca de slogans vazios.
O objetivo seria mobilizar a sociedade para receber ajuda, sem nenhuma preocupação com logística de distribuição, com levantamentos estatísticos. Não havia a preocupação mínima de integrar o auxílio com educação, meio social.
Não gerou sequer um documento expondo qualquer filosofia.
As críticas desinformadas – 5
Todo defeito que Merval vê na BF era constitutivo do tal Fome Zero.
E as principais críticas ao Fome Zero vinham justamente dos economistas “focalistas”, aqueles que em geral são mais acatados nos círculos políticos que Merval frequenta.
Na época, defendia-se a focalização como maneira de focar os gastos nos mais necessitados, evitando desperdícios. A crítica contrária era a dos universalistas – que queriam políticas sociais para todos.
As críticas desinformadas – 6
O que o BF fez foi incorporar toda a ciência dos indicadores dos focalistas, montar sistemas exemplares de acompanhamento e avaliação, e universalizar o atendimento a todos os miseráveis.
É essa visão, amarrada a metodologias de primeiro nível, que a transformou em modelo universal de políticas sociais, perseguido por países africanos, asiáticos, por ONGs europeias e norte-americanas.
Para consultas veja também:
- Fecundidade por Grandes Regiões e Faixas de Renda Domiciliar nos Censos Demográficos 2000 e 2010.
- Considerações sobre possíveis impactos das ações do Brasil Carinhoso sobre a fecundidade.
- Taxas de mortalidade infantil por região e faixa de renda domiciliar per capita entre os censos de 2000 e 2010.
Fonte:
http://jornalggn.com.br/blog/luisnassif/a-vitoria-do-bolsa-familia
Especial sobre o Programa Brasil Carinhoso
Benefício
reduz em 62% a extrema pobreza na primeira infância
Pagamento
do Brasil Carinhoso começou em junho [2012], chegando a 1,97 milhão de famílias
O dia 18 de
junho representa um marco na luta contra a pobreza no Brasil. A partir desse
dia, 1,97 milhão de famílias começaram a receber o novo benefício do programa
Bolsa Família, concebido para acabar com a extrema pobreza na primeira
infância.
O novo benefício
é calculado de modo a garantir renda mensal per
capita (computados os recursos próprios e os benefícios) acima da linha de
extrema pobreza de R$ 70 para todas as famílias do programa, com filhos de 0 a
6 anos, que permaneciam na extrema pobreza mesmo depois de receber as
transferências tradicionais do Bolsa Família.
Estimativas
feitas a partir do Censo 2010 indicam que, com o novo benefício, a extrema
pobreza das crianças de 0 a 6 anos deve cair 62%. A extrema pobreza em todas as
faixas etárias deve cair quase 40%, já que o benefício alcança não apenas as
crianças, mas todas as pessoas de suas famílias.
Essa novidade faz
parte da Ação Brasil Carinhoso (ABC), lançada em maio pela presidenta Dilma
Rousseff, no âmbito do Plano Brasil Sem Miséria (BSM). O diagnóstico que
embasou o BSM mostra que crianças e adolescentes de até 15 anos representam 40%
da população que vive na extrema pobreza.
“Nesse universo
(0 a 15 anos), o foco na primeira infância era necessário e urgente porque essa
é a fase mais decisiva para o crescimento e
desenvolvimento do ser humano, e passa muito rápido, mas suas marcas permanecem
ao longo da vida”, ressalta o secretário nacional de Renda de Cidadania, Luís
Henrique Paiva.
Valores e famílias beneficiadas – O novo benefício não possui valor máximo. Seu objetivo é fazer com
que todas as famílias beneficiárias com integrantes na primeira infância superem
a extrema pobreza, mesmo as mais numerosas – que estão se tornando cada vez
menos comuns. A taxa média de fecundidade no Brasil está abaixo da necessária
para a reposição da população. Entre as famílias do programa, a média de filhos
equivale à taxa de reposição, e não há qualquer indício de reversão dessa
tendência.
Para 1,97 milhão
de famílias que começam a receber o novo benefício, o valor médio do Bolsa
Família passará de R$ 153 para R$ 237. Cerca de 90% dessas famílias receberão
até R$ 352 e 99% receberão até R$ 532. Apenas 16 mil famílias receberão valor
maior que esse, o que representa 0,1% dos 13,5 milhões de famílias do programa.
São justamente as famílias maiores, que mais precisam de apoio para que as
crianças possam se alimentar bem, estudar e crescer saudáveis.
O benefício
médio para todas as famílias do programa aumentou de R$ 120 para R$ 134.
Estudos comparativos mostram que a focalização do Bolsa Família nos
mais pobres está entre as melhores para programas internacionais do mesmo tipo.
Esses estudos também apontam que a extrema pobreza seria um terço maior, não
fossem as transferências do programa.
A segunda rodada
de avaliação de impacto do programa Bolsa Família registrou impactos positivos na
educação das crianças beneficiárias (tanto na frequência escolar quanto na
própria taxa de aprovação); na saúde, tanto das crianças (aumento da vacinação
em dia e do aleitamento materno) quanto das gestantes (aumento do número de
consultas de pré-natal); e na autonomia das mulheres (são as mães, sempre que
possível, que recebem o benefício).
Tudo isso
resulta de um programa com orçamento de R$ 20 bilhões em 2012, que representa
menos de 0,5% do PIB, o que o coloca como solução extremamente eficiente no
combate à extrema pobreza.
O programa Bolsa
Família, que se tornou referência internacional no combate à pobreza, está
entre os mais avaliados e auditados no governo federal. Batimentos e checagens
de informações são feitos anualmente.
A lista de beneficiários é pública e está
disponível em:
Para
evitar exploração indevida das informações sobre as famílias, a legislação do
programa define que seus demais dados só podem ser repassados a terceiros para
fins de implantação de políticas públicas ou de realização de estudos e
pesquisas.