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sexta-feira, 26 de julho de 2013

OS DEUSES DO FUTEBOL



Laerte Braga


O futebol é mágico, tem deuses próprios. Mortais ,Morreu, por exemplo, Djalma Santos, o maior lateral direito da história de nosso futebol e um dos maiores da história do futebol e o Atlético Mineiro conquistou a Taça Libertadores da América nas mãos do técnico Cuca.

É preciso chamar Celso Barros, o homem da UNIMED no Fluminense e apresentá-lo a realidade, maior que a pretensão. Dispensou Cuca que havia salvo o clube do rebaixamento e chamou outro pretencioso, Muricy, para conquistar a Libertadores Muricy saiu falando de ratos no vestiário do tricolor.

Heleno de Freitas, numa partida do Botafogo,irritou-se quando o companheiro não aproveitou um dos seus passes geniais. Mostrou a camisa, a sua era de seda e disse – “jogamos no mesmo time”. Terminou no campo de concentração de Barbacena, durante algum tempo chamado de hospício.

Foi um deus irado.
“Deem-me Zizinho e serei campeão”. Frase de Bela Gutman aos diretores do São Paulo quando chamado a trabalhar no clube. Zizinho foi para o tricolor paulista e Bela Gutman cumpriu a palavra, 1957. Em anos antes Gentill Cardoso havia dito aos diretores do Fluminense a mesma coisa só que em relação a Ademir Menezes, outro deus do futebol.
O São Paulo repetiu o fato anos mais tarde com Gérson e depois com Pedro Rocha.

Os dois últimos jogadores capazes de integrarem esse Olimpo foram Romário e Ronaldo o Fenômeno. Zico era um craque,,mas a mídia o transformou num deus sem condições para isso, no máximo semi-deus.
Pelé perdeu a condição de Zeus depois que abriu a boca. Segundo Romário foi o maior jogador de futebol do mundo, mas mudo seria um gênio absoluto..Tem o defeito de falar bobagens o tempo inteiro e servir aos seus senhores.

Didi  um dos que se assentam no trono de Zeus foi explicar a Feola e Carlos Nascimento em 1958 que não ganharíamos a Copa sem Garrincha, Pelé e Zito. Não estava criticando a Joel, ou a Dida ou a Dino Sani. Foi o contrário, perguntou a Feola e Nascimento se já haviam vistos os globe trotters jogarem basquete. E explicou que Dino era globe trotter, mas se esquecia que o gol era o objetivo.
Em 1958 deixamos aqui Maurinho, superior a Joel. Canhoteiro.

nhoteiro, superior a É  Pepe e Zagalo e Julinho e Evaristo Macedo porque jogavam-no futebol estrangeiro. Ou Gino, centro-avante do São Paulo e bem melhor que Mazzola
Vem cá Celso de Barros, lembra-se desse rapaz? É o Cuca, campeão da Libertadores da América.

Lembra-se dessa arrogância? É o Muricy, invenção de Rogério Ceni para derrubar Paulo Autuori no seu mau caratismo já denunciado pela mulher de um jogador.

Mané Garrincha, talvez o deus dos deuses. Comprou um rádio de pilhas na Suécia e deu de presente a Newton Santos, o maior lateral esquerdo do mundo em todos os tempos. “Quero isso não, só fala em sueco”

Na Copa de 70 Jairzinho inventou essa mania de entrar no meio da barreira adversária e Rivelino fez a bola passar por ali, Jair caiu propositadamente na hora do chute. Rivelino assenta-se no trono de Zeus. Era um fenômeno quase no nível de Pelé e Maradona ou Messi, hoje.

Nem falo de Di Stéfano ou Puskas, para ficar só nos brasileiros. Ou Néstor Rossi quando lhe perguntaram como fazia para jogar daquele jeito – “toco e me voy”.

Quero saber onde está Amarildo, o da Rocinha, nunca joguem com o time da PM, nem a guisa de treino. É a velha cavalaria de Átila, “por onde passa não medra grama”. Só coquetel Molotov.

E cuidado com Brilhante Ulstra. Joga com pau de arara, choque elétrico, bastões de basebol e tem mania de ser “patriota”, o “último refugio dos canalhas” na opinião de Samuel Johnson.

Zizinho assenta-se no trono de Zeus como um dos maiores. Gérson também. O drible formidável de Clodoaldo em quatro adversários lhe vale um trono e pena que Pagão tenha morrido cedo, mas foi para o Olimpo.

A vitória do Atlético, mesmo nos pênaltis, como diria Nélson Rodrigues estava escrita há mil anos. O gol aos 41 minutos explica isso.

E há um trono especial para Leônidas da Silva, o Diamante Negro.

Há muito mais tronos, mas gastaríamos um dia inteiro para relacioná-los.

O drible de corpo de Tostão nos ingleses. A jogada de Pelé que não entrou sobre o goleiro do Uruguai e o fantástico gol contra o País de Gales em 1958.

Tim, mais tarde técnico, segundo os especialistas da época, passava meses sem errar um passe.

E Castilho. Reserva de Veludo no Fluminense e titular da seleção brasileira com Veludo na reserva. Mais tarde passaram a fazer revezamento.
Era assombroso como goleiro.

E hoje a mídia rotula de craque qualquer perna de pau que faz um gol diferente,

É lógico, o futebol evoluiu, a questão do condicionamento físico, mas duvido que esses supermans segurassem Garrincha ou um passe de Didi, de Zizinho, de Gérson ou de Rivelino
.
Nem vou falar de Drceu Lopes. Deixa para lá, quero saber onde está o Amarildo e fora Cabral, o homem do novo AI-5.
Cabral não tem trono, tem cela.

quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

A ditadura e o futebol brasileiro

O canal de esportes ESPN Brasil exibiu em dezembro a série de documentários "Memórias do Chumbo - O Futebol nos Tempos do Condor", mostrando a exploração do futebol por quatro ditaduras do Cone Sul - Argentina, Chile, Uruguai e Brasil. Este é o episódio final e primeiro a ser distribuído na internet. Documento histórico e imperdível.

domingo, 10 de janeiro de 2010

Futebol europeu (até a mídia brasileira!) usa mortes na Cabinda para atacar África

por Rodrigo Brandão, Equipe do Blog EDUCOM
Começou neste domingo, 10 de janeiro, a 27ª Copa Africana de Nações, reunindo as 16 melhores seleções de futebol do continente negro. Infelizmente, uma tragédia já marcou para sempre esta CAN. Na sexta, 8, um ônibus que transportava a delegação de Togo, do Congo – onde os togoleses se prepararam – a Angola, país-sede da competição foi metralhado por guerrilheiros da Frente de Libertação do Estado da Cabinda (FLEC), que há quase 35 anos luta pela independência do enclave angolano, situado entre o Congo e a República Democrática do Congo.

Três homens não sobreviveram aos disparos – o motorista congolês, além de um dos auxiliares técnicos e do assessor de imprensa da seleção de Togo – e o goleiro Kodjovi Obialé está internado em estado grave, correndo risco de sequelas motoras. Nossos sentimentos às famílias das vítimas e nossos melhores pensamentos com a delegação de Togo, que desistiu de jogar a CAN a pedido de seu governo. Chocante que os nomes das vítimas fatais não apareçam nos jornais e sites.

O que não se pode aceitar é que alguns se aproveitem do trágico atentado para atacar a imagem da África e do futebol daquele sofrido continente, como se um incidente como esse não pudesse ocorrer em qualquer parte do mundo, afetando um evento esportivo de tal magnitude. Por acaso na Grã-Bretanha e na Espanha também não há violentas lutas separatistas? Então como as Copas do Mundo de 1966 e 1982 puderam ser realizadas – em épocas nas quais as guerrilhas do IRA e do ETA eram mais atuantes, sendo ainda coadjuvadas por outros grupos igualmente violentos – e, tem mais, com vários jogos, no caso da Espanha, em cidades então turbulentas, como Bilbao e Barcelona? Como as Olimpíadas de 1972, em Munique, continuaram mesmo após a morte de dezenas de atletas israelenses feitos reféns por ativistas palestinos?

Clubes da Inglaterra, ao que parece, dão de ombros para esse chamado à coerência. Chelsea F.C e Portsmouth, que somados cederam sete jogadores a diferentes seleções classificadas para a CAN Angola-2010, pasmem, exigiram a devolução de “seus” atletas, os mesmos que, em sua maioria, foram comprados como mercadoria na feira ainda na pré-adolescência – quando algumas centenas de dólares são suficientes para seduzir famílias famintas – por essas megamultinacionais da bola. Vale lembrar que mais de 90% dos jogadores inscritos na Copa Africana de Nações são contratados de clubes europeus. E o que dizer da imprensa européia, se apressando em questionar até mesmo a realização da Copa do Mundo na África do Sul? Acaso a Europa esqueceu-se da enorme (enorme? Infinita!) parcela de responsabilidade na tragédia de violência, miséria e fome em que se transformou o continente onde praticamente nasceu a humanidade?

E, lamentável, setores da imprensa brasileira – até mesmo aquele canal de esportes que se orgulha de ser independente, politicamente correto e crítico, a ESPN Brasil – parecem ter comprado a tese de que africano não tem que se meter a organizar evento internacional! Ou no mínimo reproduzem as críticas fáceis, esquecendo de fazer o devido resgate histórico e as obrigatórias contextualizações.

Vamos contar uma historinha para, quem sabe, refrescar a memória dessa gente, talvez acometida da mesma doença que vitimou o jornalista Boris Casoy. Até o século 19, os atuais Congo, República Democrática do Congo (que um dia já foi Zaire) e o enclave angolano da Cabinda eram todos parte do histórico Reino do Congo, já então invadido e espoliado por franceses, belgas e portugueses. Num belo dia de 1885, quando as pressões da industrializada Grã-Bretanha já haviam obrigado à abolição do tráfico negreiro África-Américas, as potências colonizadoras européias resolveram se reunir em Berlim e formalizar uma “partilha” do continente africano, para iniciarem uma nova etapa de exploração, talvez mais sofisticada. Nos salões perfumados da capital alemã, o antigo Congo foi dividido em Congos Francês, Belga e Português. O Congo Português é a Cabinda. Poucos anos depois da partilha, os belgas exigiram um litoral para seu Congo “Kinshasa” – assim os portugueses cederam parte de seu litoral (a franja sul do território) e isolaram para sempre a atual Cabinda de Angola (veja mapa). Em 1975, com a vitória das forças libertadoras da África Portuguesa sobre as tropas de Lisboa na Guerra do Ultramar, o MPLA, movimento libertador de Angola, conseguiu reunir a Cabinda ao território da nova República de Angola. Desde então, os cabindenses lutam por sua independência contra o exército angolano, motivo pelo qual, provavelmente, aconteceu o terrível atentado do dia 8.

Jornalistas brasileiros, acordem! Essa crise tem as impressões digitais do colonialismo e do imperialismo europeus, mas há quem insista em negar. Mesmo quando se sabe que a Europa, através de seu futebol explorador do trabalho infantil, associado a patrocinadores como Adidas e Nike, que fabricam material esportivo através de mão-de-obra barata ou precária (adivinhem onde?), quando não com trabalho escravo mesmo, continua a reproduzir na África a lógica espoliadora de todas as etapas do imperialismo: a primeira etapa colonialista (marcada pelo Pacto Colonial e pela escravidão dos negros), o pós-Conferência de Berlim (com o acúmulo de capital das metrópoles via empobrecimento das colônias) e a conjuntura atual, de submissão dos interesses locais às transnacionais sediadas nas antigas metrópoles. Pobre Mãe África...



Repare no mapa. A Cabinda não faz fronteira com Angola, o que motiva a luta pela soberania da região. O Zaire é a atual República Democrática do Congo