Laerte Braga


Se lenda ou verdade não sei. O senador Amaral Peixoto, genro de Getúlio Vargas e almirante nas horas vagas, além de presidente do lendário PSD (não o de Kassab), costumava contar uma história no mínimo interessante.

Dizia ele que quando da inauguração de um dos fornos da Cia Siderúrgica Nacional, em Volta Redonda, nada de um dos fornos pegar no tranco. Chamaram engenheiros altamente qualificados, especialistas no negócio, nacionais e gringos e o forno nada. Lá pelas tantas um dos trabalhadores alertou o engenheiro chefe que havia um desnível no terreno e por esse motivo o forno não daria partida nunca.

Segundo o senador Amaral Peixoto foi uma questão de “calços para nivelar o terreno”.

Os professores da rede pública de Minas Gerais estão em greve por melhores condições de trabalho e salariais em torno de pouco mais de dois meses. O governador do estado é um ornitorrinco inventado pelos tucanos desde a pré-história tucana, ainda no Congresso Nacional Constituinte e com passagem pelo governo de FHC, onde criou o tétrico “fator previdenciário”.

Burocrata de quinta categoria, ávido por poder, disposto a qualquer negócio para chegar ao topo, produto incompleto da evolução da espécie, despeja através da mídia mineira comprada e silenciada (o jornal ESTADO DE MINAS é departamento do Palácio de Governo) um monte de mentiras em torno das reivindicações dos professores e dos “feitos” do seu governo e deu pai em Minas, o tresloucado Aécio Bafômetro Neves.

Conta ainda com apoio do Tribunal de Justiça – declarou a greve ilegal em flagrante desrespeito ao direito de greve e cumplicidade com o Executivo – e o desplante de besteiras de alguns deputados, ditas no último volume.

Professores deveriam ser serventes de pedreiro, pois ganhariam mais. Duplo desrespeito. Aos professores e aos serventes de pedreiro. Foi uma sugestão ouvida na Assembléia mineira.

Tucanos não gostam de professores e médicos que atuam nos serviços públicos na área de saúde. Servidores públicos de um modo geral.

São adeptos das privatizações, terceirizações, etc, permitem maior mobilidade, mais rapidez e segurança nas propinas e nos “negócios” de um modo geral.

Nesta semana que termina, por exemplo, saiu aí a notícia que um diretor da VALE, à época da privatização criminosa da empresa, manobrou uma jogada com ações da antiga CIA VALE DO RIO DOCE, tudo em proveito próprio e dos interesses tucanos/DEM, etc.

Em ato na Assembléia Legislativa de Minas Gerais uma professora foi desrespeitada por um deputado (dizem que são representantes do povo, um décimo se tanto). Deputados estaduais em Minas e em qualquer estado brasileiro desrespeitam cidadãos a todo dia, toda hora. Não há a menor transparência na ação de deputados estaduais, ressalto um crédito para um décimo dessas figuras execráveis.

Antônio Anastasia não quer saber de investimentos na saúde, na educação, em nada que não implique em contratos com as empresas que controlam o governo do estado desde os tempos de Aécio (o que morava no Rio e governava Minas).

As escolas públicas estaduais estão à deriva, caindo aos pedaços, sem qualquer tipo de investimento (muito em propaganda isso sim) e os professores largados à própria sorte diante de um quadro caótico.

Isso implica em dizer que os cidadãos mineiros que freqüentam escolas públicas recebem um ensino onde apenas o professor funciona, na consciência política que lhe é inerente. Esse direito básico, educação, o governo costuma tratar com Polícia Militar distribuindo bordoadas para todos os lados.

Já a ANDRADE GUTIERREZ pode fazer e desfazer, entra pela porta da frente do Palácio, da Assembléia, do Tribunal, etc, a empresa e suas e seus aliados, pois como costumam dizer alguns advogados em Belo Horizonte (capital do estado), o negócio é o nível do “cartão”. Cartão de ouro, trânsito em qualquer esfera do governo, solução garantida (por governo entenda-se o todo. Executivo, Judiciário e Legislativo). Cartão de prata exige um pouco mais de sacrifício, mas também funciona e cartão de bronze... Bom aí depende do tamanho da mala.

A mídia nacional silencia sobre a greve dos professores de Minas Gerais, como silencia sobre todos os fatos que contrariam interesses daqueles que compram. Foi o caso do governador de São Paulo, que, distribuindo nove milhões de reais (dinheiro público), sem licitação, em assinaturas de VEJA, ÉPOCA (GLOBO), ISTO É, FOLHA DE SÃO PAULO, ESTADO DE SÃO PAULO, comprou o silêncio da turma da “liberdade de expressão”.

Em Minas o governo demite jornalistas de empresas privadas que ousam criticar sua majestade imperial Antônio Anastasia, ornitorrinco político que veio dar com os costados aqui por obra e graça de Aécio Neves da Cunha, ex-governador, senador e aspirante a presidência da República.

Ele e Sérgio Cabral são a nova dupla da política brasileira no afã de criar a república do Pirlimpimpim (nada a ver com Monteiro Lobato, ou o Machado de Assis “branco” da Caixa Econômica Federal).

No caso do Machado de Assis foi viagem e preconceito mesmo.

O geógrafo brasileiro Milton Santos, reconhecido em todo o mundo, cunhou a expressão “globalitarização” para definir o modelo político e econômico vigente entre nós e nos chamados países democráticos governados pelo terror neoliberal. A globalização imposta pela militarização.

Mais de 50 mil crianças palestinas morreram assassinadas pelos terroristas nazi/sionistas de Israel nos conflitos ao longo dos últimos anos. Centenas de milhões de pessoas morreram ao longo das guerras de “ajuda humanitária” dos norte-americanos e seus aliados.

No Brasil, até hoje tutelado pelo fantasma da ditadura militar (é só olhar a luta para revelar a barbárie que imperou durante o regime), onde governantes pisam em ovos para não contrariar interesses das elites e a covardia dos militares escondidos na saia da anistia, as questões são tratadas de uma forma diversa. Temos um governo que fala uma coisa para fora e outra para dentro.

No caso de Minas Gerais acontece a redenção desse modelo. Aécio inventou um ornitorrinco político, ou seja, próximo da perfeição.

É um insulto a Minas e aos mineiros uma figura como Antônio Anastasia e seu séquito.

E aos professores e aos serventes de pedreiro, especificamente.

Anastasia não é nem uma questão de “calços” como dizia Amaral Peixoto, mas de sem vergonhice absoluta e plena mesmo. De ação deliberada contra a saúde, a educação, os direitos básicos do cidadão, pois governa em nome dos interesses básicos de elites podres e venais que controlam os palácios de sua majestade o ornitorrinco.

Deve ser isso, uma espécie diferenciada a serviço da pilantragem dos grandes, o grande golpe de Aécio (donatário do estado), a viagem a Marte do ex-governador, que pode ser tudo, menos bobo.

Professores e serventes de pedreiro é hora de ir às ruas e resgatar o que está sendo tomado de cada cidadão mineiro.

O respeito que nos é devido por governantes, mesmo que sejam anomalias como Antônio Anastasia (até rima). 

“O genoma do ornitorrinco (Ornithorhyncus anatinus), assim como o próprio animal, apresenta um amálgama de características que pertencem a um réptil ancestral e são derivadas de mamíferos”. Definição do cientista Wesley Warren, na revista NATURA, edição de 2008. 

Mais ou menos mistura de Nero/Calígula com Bush, pitadas de FHC e o fim do multiculturalismo decretado por outra figura da espécie, David Cameron, primeiro-ministro da Micro-Bretanha. Tem a forma das bombas da OTAN, das hordas nazi/sionistas de EUA/ISRAEL TERRORISMO S/A, assume também características de deputados estaduais de Minas (a maior parte deles), bordunas da Polícia Militar e hábitos noturnos, ou seja, na lua cheia é um perigo sem tamanho. Pior, é uma espécie sobre a qual não paira nenhuma ameaça de extinção.

O que vale dizer, que no caso dos que tomam forma dita humana, caso de Anastasia, dentre outros, o povo pode varrer, extinguir. O ornitorrinco em si, o bicho, mistura de mamífero com ovíparo, não tem nada a ver com isso, exceto ser incompleto, ou uma completa fraude – Anastasia.

Estão em todo o mundo. No Texas, por exemplo, o senador estadual John Whitimare, presidente do Comitê de Justiça do Senado, decidiu proibir a condenados a morte o direito à última refeição. É que Lawrence Russel Brewer, de 44 anos, executado na quarta-feira, dia 21, pediu uma farta última refeição e sequer tocou no prato. Segundo o senador isso é um desrespeito e custa dinheiro público. Tudo bem que o cozinheiro da penitenciária disse que o senador está mentindo, tirando proveito político da situação (senador mentir é uma espécie de pleonasmo, com raras exceções, Sarney então).

Anastasia quer que os professores mineiros não comam. Que nem o cavalo do inglês segundo Silva Mello. O dito estava onze dias em jejum e foi morrer no décimo segundo, quando já estava acostumando.