Laerte Braga


O governador Cid Gomes, Ceará, disse a jornalistas que “professores têm que trabalhar por amor. Se não estiverem satisfeitos com o salário, arranjem outra profissão”. Cid Gomes é aquele que foi para a Europa cuidar dos “interesses” do Ceará e levou a sogra à custa dos cofres públicos. A senhora em questão sonhava conhecer Paris. Os cearenses pagaram o regalo.

Na cidade mineira de Juiz de Fora, 600 mil habitantes, pouco mais, numa manifestação de estudantes em solidariedade aos professores do setor público, policiais militares prenderam um professor, prenderam, algemaram e conduziram-no à Delegacia de Polícia, por tentar impedir que um guarda municipal, montado numa moto cortasse pelo meio o protesto em típica atitude de ameaça e represália, colocando em risco a vida de pessoas.

A guarda municipal de Juiz de Fora é formada por golden boys do “general” Vítor Valverde, secretário de Governo, uma das figuras mais repugnantes já produzidas na política daquela cidade e principal controlador do prefeito Custódio Matos, sonso de plantão na Prefeitura.

É desnecessário dizer que o prefeito é do PSDB – tucano – e parceiro do ex-prefeito Alberto Bejani, aquele que apareceu no JORNAL NACIONAL contando a montanha de notas de cinqüenta da propina paga pelos empresários do setor de transportes coletivos urbanos. Terminou na penitenciária Ariosvaldo de Campos Pires, mas já se converteu, virou o pastor Carlos e afirma que vai ser candidato a prefeito nas eleições de 2012.

Professores e estudantes se mobilizam em todo o País contra governos municipais e estaduais que têm a mesma visão do governador Cid Gomes. Escravagista, repulsiva, abominável.

A repressão a esses movimentos (que não se resumem a questões salariais, mas a condições mínimas de trabalho) não difere do que acontecia no tempo da ditadura militar. As policiais militares saem às ruas, em alguns lugares ao lado das guardas municipais e prendem e arrebentam no melhor estilo Brilhante Ustra, o mais célebre carniceiro do regime militar.

Polícias militares são uma aberração. Em qualquer lugar do mundo supostamente civilizado Polícia é uma instituição civil. Por aqui não. Existem com a função de proteger a ordem e a lei, mas a ordem e a lei segundo os interesses das elites. Professores, estudantes, trabalhadores de um modo geral são alvos preferidos desses chamados “homens da lei”.

A repressão aconteceu em São Paulo quando era governador José Serra. Em Minas com Aécio Neves e agora com o ornitorrinco Antônio Anastasia. No Rio com o dissimulado Sérgio Cabral, no Ceará com o governador Cid Gomes (puxa saco da sogra) e assim por diante.

Professor na pista para as “autoridades” é um perigo e uma ameaça às instituições, à ordem pública, etc.

Traficante, assaltante, essa turma, via de regra age de maneira impune quando não com cumplicidade dessas “autoridades” como se vê quase que diariamente no noticiário até da mídia comprada e guardada nos cofres do poder. A chamada grande mídia, não importa sua dimensão, se nacional, estadual ou regional.

Segundo a Polícia Militar de Minas Gerais o professor foi detido por “desacato à autoridade”. O clássico “teje preso”.

Costumam dizer que no Brasil estamos livres de tufões, tornados, furacões, etc. Mas é de Cid Gomes? Ou do prefeito de Juiz de Fora Custódio Matos? Ou de Sérgio Cabral agora defendendo a entrega do pré-sal a empresas estrangeiras? Ou de José Serra? de Geraldo Alckimin? Do ministro Paulo Bernardo – integrante do festival de besteiras que assola o País – ao defender a entrega da banda larga às teles e viajar em aviões dessas empresas? Uai! Não é sogra de Cid Gomes!

A prisão do professor em Juiz de Fora foi um ato de violência, característica genética em policias militares, como violentas e bárbaras são as ações contra estudantes, trabalhadores, sem terra, tudo em defesa dos interesses das elites.

Polícia é outra coisa, tem outra finalidade. O direito à livre manifestação de idéias e a protestos públicos contra criminosos hediondos como Cid Gomes, Sérgio Cabral, Antônio Anastasia é assegurado na Constituição.

E um detalhe. O secretário de governo de Juiz de Fora, MG, comandante da guarda municipal, inventou uma nova categoria de general. O general R/3. Vítor Valverde é o nome da peça e professor e estudante para essa aberração significam transtornos para os “negócios” feitos à frente da Prefeitura.

Não resistem, os tais “negócios”, a uma operação dessas que a Polícia Federal costuma fazer Brasil afora. Falta incluir Juiz de Fora outra vez na agenda. E o Ceará também.