09/05/2012 – Por favor, pare com isto Senhor Prefeito!
por Antonio Fernando Araujo
Não porque o Rio de Janeiro seja muito maior do que um condomínio da Barra da Tijuca, onde reina a ordem pasteurizada que floresce quando os cidadãos trocam o livre pulsar da vida comunitária, que implica em produzir arte, cultura, educação e lazer coletivos, por um sentimento de silêncios e disciplina espartanos que julgam indispensáveis para que seus espaços, cercados por muros e cercas eletrificadas e controlados por entidades privadas, lhes garantam uma segurança de fantasia.
Esquecem-se que a maior segurança da qual podem dispor é aquela facilmente encontrável nas praças cheias, nas ruas povoadas de transeuntes.
Foi assim que, ao lado de Suelyemma, que coordenou os debates, o diretor de teatro e produtor cultural Amir Haddad abriu sua fala neste 07/05, diante de um público de cerca de 80 pessoas entre artistas, técnicos, jornalistas, produtores e animadores culturais, acomodadas no salão da sede do grupo "Tá na Rua", um casarão no Largo da Lapa, diante dos Arcos.
Comandou os trabalhos ladeado pelo deputado federal Alessandro Molon (PT) que em seu discurso defendeu o Projeto como forma de enfrentar a absurda perseguição sofrida pelos artistas de rua, decorrente da política de Choque de Ordem da atual gestão da Prefeitura do Rio, afirmando que “não podemos tolerar a ideia de que a cultura provoca desordem. Só é possível construir o mundo que sonhamos se garantirmos acesso à cultura e a arte de rua é um meio democrático de se produzir cultura para todos”, e do vereador Reimont Otoni (PT), autor do projeto, que iniciou explicando que as manifestações culturais em áreas públicas não precisam de prévia autorização dos órgãos públicos municipais para acontecer, contundente em favor dessa nova etapa da luta, e não tardou a insistir para que voltássemos a debater sobre a realidade política e sociocultural de um Rio, que depois de 27/04 passado, dia do veto, ameaça tornar-se ainda mais carente das iniciativas culturais de cunho eminentemente popular.
E foi daquela plateia, onde pontilhavam moradores de outros municípios da Região Metropolitana do Rio, que veio a informação: prefeitos, vereadores, artistas e produtores culturais, como os de Nova Iguaçu, São Gonçalo e outros já se articulam para produzir leis semelhantes.
E foi daquela plateia, onde pontilhavam moradores de outros municípios da Região Metropolitana do Rio, que veio a informação: prefeitos, vereadores, artistas e produtores culturais, como os de Nova Iguaçu, São Gonçalo e outros já se articulam para produzir leis semelhantes.
E antes de constatarmos que a maioria dos municípios em volta da capital saiu na frente nesse quesito e as aprovaram, deixando para o Rio apenas um vácuo cultural de praças vazias e ruas desertas, sem bancos e nem sequer árvores, como no Largo da Lapa, um Rio oco e medonho, confinado nos Teatros Halls que não levam mais nome de artistas, mas de Bancos ou de telefônicas, cujo carnaval é de uma cervejaria, um Rio sem vida para ser exibido ao resto do Brasil e quiçá, ao mundo, como um espaço onde outrora as pessoas viviam neles, agora transformados em refúgios onde vivem deles, queremos que repercuta pela cidade o brado "dos que trazem dentro de si o sonho da Utopia, dos artistas que, a despeito de suas eventuais contradições, lutam para que permaneça intacta a natureza pública da arte... e sofrem":
- Por favor, pare com isto, senhor Prefeito!
O que fazer agora diante desse quadro em que nosso gestor municipal, aparentemente, tenta criminalizar um tipo de "arte que é produzida e encenada para todos, sem distinção de classes e nenhuma outra forma de discriminação e que por isso, deve ocupar todo e qualquer espaço - como o faziam os saltimbancos, como reza nossa Constituição e prescreve a Lei Orgânica do nosso município -, com a nítida intenção social de organizar o mundo a sua volta, resistindo, para isso, aos modelos ditos, capitalistas de produção - onde tudo está à venda e tudo tem seu preço?", pergunta Haddad.
Amir Haddad |
"O que pensam agora os artistas que exercitam um fazer artístico considerado o mais pobre, mais incipiente e o menos 'artístico' das atividades culturais, pois é visto e julgado pelos olhos das artes privadas e seu conjunto de conquistas?" E não foi outra a resposta daquela plateia:
- Por favor, pare com isto, senhor Prefeito!
Pareciam dizer que, ainda que possa parecer ingênuo e delirante, senhor prefeito, ajude a nós e, principalmente, a Câmara Municipal a derrubar esse veto, certamente produzido em um instante em que nada do que defendemos foi levado em conta.
O quanto esse "projeto de lei traz em si o reconhecimento de que existe um sentimento público de produção artística, que é anterior ao conceito de arte privada como a conhecemos hoje". Entretanto, senhor prefeito, o que queremos ver renascido, esse algo muito antigo, é o conceito de “Arte Pública” das feiras medievais, aquilo que passa longe da ideia de que "tudo que é dado também pode e deve ser vendido".
"Não queremos que, o que antes eram sentimentos destinados ao usufruto do mundo, passem a ser absolutamente privatizados e de interesse restrito, dependendo da fatia do mercado que queiramos atingir. É a arte pública se realizando no contato direto do artista ou de sua obra com a população, do artista livre e não submetido ao controle público, quando este se põe a serviço do mercado."
E isso só veremos nas praças, nos espaços abertos do mundo inteiro.
Arte, artistas e suas obras, defendidos dessa forma e com veemência pelo mesmo Haddad ao deixar evidente que, existe sim e circunstancialmente, uma Arte Pública em convívio com uma Arte Privada, mas em oposição a ela.
E é a partir dessa constatação que a proposta do “Tá na Rua” assume ares de vanguarda, apontando para a necessidade do Rio de Janeiro sair na frente, visando a construção de um futuro que resgate aquele passado, neste momento em que o presente se mostra sem esperança, aquela mesma que tanto queremos ver renascer.
"O futuro acontecendo no presente", como diziam os gregos antigos e a utopia se renovando e em construção permanente, insiste Haddad.
- Avance conosco, senhor Prefeito!
Queremos estar ao seu lado nessa empreitada e ainda há uma longa jornada pela frente. Utópica e delirante para nós, ousada e desafiante para o senhor, por um Rio de Janeiro que, como finalizou Haddad, não tarde em "restabelecer o conceito de Arte Pública e a enxergar o Teatro de Rua como uma de suas formas mais instigantes, devolvendo a esta forma de expressão artística e social sua condição de cisne reinante nas águas da vida pública.
E será assim, sempre que for comparado com a manifestação das artes privadas." Sem meios-tons, é o que queremos do senhor, embora saibamos "que o Teatro de Rua permanecerá maltratado por todos, por ter os pés feios, como o cisne que se confundia com os patos."
E será assim, sempre que for comparado com a manifestação das artes privadas." Sem meios-tons, é o que queremos do senhor, embora saibamos "que o Teatro de Rua permanecerá maltratado por todos, por ter os pés feios, como o cisne que se confundia com os patos."
*************************
PS: este apelo está direcionado a Eduardo Paes. Sabemos entretanto que, em última instância, quem decidirá o rumo do Projeto de Lei 931/2011, são os senhores vereadores. Conforme proposto e acordado nesse encontro da Lapa, é preciso fazer chegar a eles nossas mensagens de luta bem como da nossa confiança de que saberão manter a aprovação que já deram à transformação dele numa lei municipal. Eduardo Paes não pode “desvetar”, mas pode, isso sim, “deixá-los à vontade” para votar como quiserem, sem o risco de arranhões na parceria política que mantém. E isso é legítimo. Seja por uma ou outra razão seguem abaixo os emails, endereços e telefones dos vereadores do Rio que podem tomar a iniciativa de negociar com o prefeito, a derrubada que almejamos. Caso queira, faça chegar a eles o link deste texto, num esforço de, sensibilizando-os, consigamos que o veto de Eduardo Paes seja derrubado sem “traumas políticas”.
Câmara Municipal do Rio de Janeiro
Vereador - Partido - Ramais - E-mail - Sala - Fax
- Adilson Pires - PT - 3814-2026 a 2029 - adilsonpires@camara.rj.gov.br - Anexo 503;
- Alexandre Cerruti – DEM - 3814-2086/2087/2925/2365 - cerruti@camara.rj.gov.br - Anexo 1006 - 3814-2161;
- Aloisio Freitas - PSD3 - 814-2022 a 2025 - afreitas@camara.rj.gov.br - Anexo 403 - 2262-0381;
- Andrea Gouvêa Vieira – PSDB - 3814-2102 a 2105 - andrea.vieira@camara.rj.gov.br e falecomigo@andreagouveavieira.com.br - Anexo 1002 - 2262-5836;
- Argemiro Pimentel – PMDB - 3814-2448/2184 - argemiropimentel@camara.rj.gov.br - Anexo 602;
- Bencardino – PTC - 3814-2618 /2619 /2154 /2155 - bencardino@camara.rj.gov.br - Anexo 703;
- Carlinhos Mecânico – PSD - 3814-2222/2200/2230 - carlinhosmecanico@camara.rj.gov.br - Anexo 301 - 2220-0448;- Carlo Caiado – DEM - 3814-2081 a 2083/2513/2514 - caiado@carlocaiado.com.br - Anexo 1003 - 2210-9068;
- Carlos Bolsonaro – PP - 3814-2117 a 19 / 2122 / 2717 - contato@carlosbolsonaro.com.br - Anexo 905 - 2262-0535;
- Carminha Jerominho - PT do B - 3814-2076 / 2078 / 2580 / 2590 Direto: 2220-7288 - carminhajerominho@camara.rj.gov.br - Anexo 502 - 3814-2592;
- Chiquinho Brazão – PMDB - 3814-2136 a 2139 - chiquinho.brazao@camara.rj.gov.br - Anexo 706 - 3814-2137;
- Cristiane Brasil – PTB - 3814-2167 a 2169 - cristiane.brasil@camara.rj.gov.br - Anexo 805 - 3814-2184;
- Dr. Carlos Eduardo - PSB3 - 814-2472 / 2773 / 2469 / 2490 - dr.carloseduardo@camara.rj.gov.br - Palácio 32-B;
- Dr. Edison da Creatinina – PV - 3814-2030/2045/2046/2047/2073 - dr.edisondacreatinina@camara.rj.gov.br - Anexo 401 - 2220-6683;
- Dr. Eduardo Moura - PSC3 - 814-2466 / 2468 ou cel:7856-5769 - doutor@eduardomoura.com.br - Anexo 902 - 2240-3672;
- Dr. Fernando Moraes – PMDB - 3814-2451/2453/2458/2500 - fernandomoraes@camara.rj.gov.br - Anexo 305;
- Dr. Jairinho - PSC3 - 814-2039 / 2475 / 2498/ 2714 - doutorjairinho@camara.rj.gov.br - Anexo 604;
- Dr. João Ricardo – PSDC - 3814-2246 e 2675 - drjoaoricardo@camara.rj.gov.br - Anexo 802;
- Dr. Jorge Manaia – PDT - 3814-2140/2143/2144/2563 - doutor@jorgemanaia.com.br - Anexo 801;
- Eliomar Coelho – PSOL - 3814-2005 a 2008 - eliomar@camara.rj.gov.br - Anexo 504 - 2220-5538;
- Elton Babú – PT - 3814-2441/2444/2733 - elton.babu@camara.rj.gov.br - Palácio 38-B - 2220-5017;
- Guaraná – PMDB - 3814-2431 e 2189 - laguarana@uol.com.br - Anexo 901 - 3814-2189;
- Ivanir de Mello – PP - 3814-2158/2159/2162 - ivanirdemello@camara.rj.gov.br - Anexo 1004;
- João Cabral – PMDB - 3814-2013 a 2016 - joaocabral@camara.rj.gov.br - Anexo 506 - 2262-0616;
- João Mendes de Jesus – PRB - 3814-2163/2164/2570/2575 - joaomendesdejesus@camara.rj.gov.br - Anexo 804 - 2220-5438;
- Jorge Braz – PMDB - 3814-2609/2178vereadorjorgebraz@camara.rj.gov.br - Anexo 501;- Jorge Felippe – PMDB - 3814-2001 a 2003 - jorge.felippe@camara.rj.gov.br - Anexo 505 - 3814-2002;
- Jorge Pereira - PT do B - 3814-2088 a 2089 - jpereira@camara.rj.gov.br - Anexo 402 - 3814-2470;
- Jorginho da SOS – PMDB - 3814-2231 a 2232 / 2456/ 2457 - jorge.silva@camara.rj.gov.br - Anexo 404;
- José Everaldo – PMN - 3814-2238/2176 - jose.everaldo@camara.rj.gov.br - Anexo 701;
- Leonel Brizola Neto – PDT - 3814-2125/2180/2412 - leonelbrizolaneto@camara.rj.gov.br - Anexo 605;
- Luiz Carlos Ramos – PSDC - 3814-2127 / 2128 / 2131 - lcramos@camara.rj.gov.br - Anexo 601 - 3814-2129;
- Marcelo Piuí – PHS - 3814-2017/2018/2020 - marcelopiui@camara.rj.gov.br - Anexo 704;
- Marcia Teixeira – PR - 3814-2381 / 2384 - marcia.teixeira@camara.rj.gov.br - Anexo 1001;
- Nereide Pedregal – PDT - 3814-2011/2012/2531/2543 - nereide.pedregal@camara.rj.gov.br - Anexo 1005 - 3814-2012;
- Patrícia Amorim – PMDB - 3814-2132 a 2135 - patricia.amorim@camara.rj.gov.br - Anexo 702;
Tweetar