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sábado, 14 de maio de 2011

Cuidado: a internet é o melhor ambiente para criar e alimentar uma crise

Nota da editora do Blog.
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Todo cidadão tem direito a informação e a comunicação.
A democracia na internet não permite que a mentira dure
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O efeito de jogar no ventilador. É assim que as redes sociais agem nas crises. Para o especialista em comunicação e crise, João Carlos Forni, não há ambiente melhor para que uma crise se propague. “A internet é a plataforma perfeita para criar, alimentar e sustentar uma crise”, alertou Forni nesta quinta-feira (12/5) no 2º Congresso Sul-Brasileiro de Comunicação no Serviço Público, em Florianópolis.

O jornalista falou dos cuidados que as empresas devem tomar nas redes sociais e o monitoramento frequente para que, o que parece uma simples reclamação, não se transforme em uma crise. Além de citar os casos da BP (vazamento de petróleo), governo do DF, e STF, em que uma servidora usou o Twitter do órgão para questionar quando Sarney iria se aposentar, Forni falou do caso da Crhysler, em que um funcionário da montadora de automóveis usou o Twitter oficial da empresa para xingar motoristas de Detroit e dizer que eles não sabiam dirigir.

Para o jornalista, o mais importante antes de entrar nas redes é definir quem será responsável por cuidar das mídias sociais da empresa. “Não se pode entrar nas redes sem determinar quem vai cuidar, o que pode e o que não pode escrever, se não fica na mão de qualquer um, e pela web não há negócios privados”.

Vencido esse primeiro passo, o segundo é um monitoramento sério. “Administrar mídia social é uma coisa complicada, porque você tem que estar lá noite e dia. Se não a pessoa pergunta, não tem resposta, e não volta mais”. E completou: “As más notícias se espalham instaneamente. Antes as empresas tinham uma coisa que nós não temos: tempo”, explicou.
Veja algumas dicas dadas pelo especialista para agir no momento da crise:




Fonte: Portal Comunique-se

terça-feira, 3 de maio de 2011

Relacão entre médico e paciente vai mal

COBERTURA ESPECIAL – 6º Seminário Nacional Médico/Mídia


Para conselheiro do CRM-MA, atualmente o paciente chega ao consultório com muita informação, o que prejudica a atuação do profissional.
 
AGÊNCIA NOTISA – É comum hoje em dia o paciente chegar ao consultório médico já dizendo saber a doença que tem e como tratá-la. Se por um lado, esse fácil acesso às informações de saúde é bom, por outro, pode prejudicar a relação entre o médico e o paciente. “O paciente hoje domina o médico. Ele chega ao consultório dizendo que quer fazer um exame, e o médico vai e solicita o exame”, criticou Adolfo Paraiso, conselheiro do Conselho Regional de Medicina do Maranhão (CRM-MA) e presidente do Sindicato dos Médicos do Estado do Maranhão, na última sexta-feira (29) durante o 6º Seminário Nacional Médico/Mídia, promovido pela Federação Nacional dos Médicos (FENAM) no Rio de Janeiro.
 
“Por mais que as pessoas cheguem para uma consulta com conhecimento sobre sua saúde, adquirido principalmente pela Internet, através do ‘doutor Google’, elas têm que entender que embora tenham a informação, é o médico que tem a formação para cuidar da sua doença”, defendeu.
 
Segundo Adolfo, essa atitude do paciente cria a chamada medicina defensiva, reflexo do grande medo que os médicos sentem hoje de serem processados.
 
Mas essa questão foi apenas um exemplo que o médico deu para defender sua tese de que a relação médico paciente atualmente está ruim. Segundo ele, o ambiente de trabalho, caracterizado pelo ritmo de produção em série, é o grande responsável por essa relação desgastada.
 
“Vários fatores contribuem para esse ambiente de trabalho deteriorado: as condições de trabalho são ruins, os vínculos empregatícios são fracos (isso, quando eles existem, pois muitos médicos trabalham sem contratos), a múltipla jornada de trabalho, os salários baixos e a falta de um plano de carreira (o que reflete na privatização do sistema de saúde)”, explicou.
 
Adolfo acredita também que a alta tendência para a subespecialização hoje, prejudica essa relação, já que o médico não se sente mais o responsável pelo paciente. “Uma relação médico paciente ideal seria aquela onde o profissional trabalhasse sem pressões externas e internas, e onde a confiabilidade e a privacidade entre ambos fossem preservadas”, encerrou.

Agência Notisa (science journalism – jornalismo científico

sábado, 30 de abril de 2011

Internet pode servir à população e aos médicos como fonte de informação confiável

COBERTURA ESPECIAL – 6º Seminário Nacional Médico/Mídia
 

Segundo especialista, criação de um selo de certificação para sites pode dar mais segurança a pacientes e profissionais de saúde.
 
Agência Notisa - “O médico do futuro precisa indicar não apenas remédios ou diagnósticos, mas também páginas da Internet a serem consultadas”. Reproduzindo esta frase, de autoria do historiador da Fundação Oswaldo Cruz André Pereira, o segundo vice-presidente da Federação Nacional dos Médicos (FENAM) Eduardo Santana resumiu o norteador de sua palestra intitulada “A certificação de sites médicos na Internet - a importância da criação de um selo para que a mídia reconheça as informações qualificadas”. O evento, que ocorreu ontem (28), fez parte das atividades do primeiro dia do 6º Seminário Nacional Médico/Mídia, promovido pela FENAM. O seminário, que acontece no Rio de Janeiro, vai até hoje (29).
 
Eduardo Santana abriu sua exposição explicando que a certificação de sites – ou seja, a criação de um selo que garanta ao usuário a confiabilidade das informações nele contidas – não deve ter como alvo apenas profissionais de mídia (jornalistas). Na visão do médico, uma vez que a informação está disponível na Internet, formando uma “nuvem”, ela “pertence a todos”. Assim, a criação de um selo que diga quais informações são confiáveis deve visar à orientação de toda a sociedade, sejam médicos, jornalistas ou o usuário comum.
 
A necessidade desta certificação é de suma importância, explicou Santana, devido à realidade de hoje a Internet se configurar como a maior biblioteca do planeta. Neste imenso acervo, sites dedicados à medicina não faltam, o que deu origem, disse, ao “doutor Google”, consultado “antes e depois da consulta (com o médico)”. Além disso, os serviços do “Dr. Google” não são procurados apenas por leigos. Segundo Eduardo Santana, uma pesquisa inglesa recente mostrou que a maioria dos médicos e acadêmicos em medicina do país buscava informações e tirava suas dúvidas recorrendo ao Google e à Wikipedia.
 
Diante dessa realidade, é preciso separar sites sérios e confiáveis daqueles que possam conter informações equivocadas. Para Eduardo Santana, a validação de um “selo de qualidade” só será possível depois de percorrida três etapas: (1) identificação da origem das informações (catalogar os médicos que postam informações na Internet); (2) criação de uma Rede de Médicos (espaço destinado à construção, distribuição e troca de conteúdo entre a comunidade médica, uma espécie de “Orkut dos médicos”); e (3) identificação da qualidade dos conteúdos. Esta última etapa, para Santana, é a mais complicada, devido ao imenso volume de conteúdo disponível na Internet, que demanda um enorme esforço para ser analisado e validado. Ainda assim, o profissional acredita que é um passo que o Brasil está preparado para dar. Esta capacidade é ajudada pelas determinações do Conselho Federal de Medicina (CFM) e de conselhos regionais como o de São Paulo, que visam guiar os profissionais da área quanto à maneira correta de divulgação de conteúdo on-line. Essas determinações, segundo ele, acabam criando guias para evitar a distribuição de informações pouco claras ou equívocas.
 
Com a criação de um selo de qualidade, a Internet pode se configurar como uma fonte confiável de informações sobre doenças e desafios médicos. Para Santana, nesse novo cenário a relação médico-paciente se modifica, uma vez que ambos se encontram mais bem informados. Na visão do profissional, esta nova relação se caracteriza por uma interação, possibilitando uma troca de informações e conhecimentos que, caso baseados em fontes on-line validadas, se provará benéfica para ambas as partes.
Agência Notisa (science journalism – jornalismo científico)

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Sergio Amadeu: 'Ana de Holanda e ECAD atacam política de Lula'

O movimento de software livre, de recursos educacionais abertos e os defensores da liberdade e diversidade cultural votaram em Dilma pelos compromissos que ela afirmou em defesa do bem comum. No mesmo dia que a Ministra Ana de Holanda atacou o Creative Commons retirando a licença do site, a Ministra do Planejamento Miriam Belquior publicou a normativa que consolida o software livre como a essência do software público que deve ser usada pelo governo. É indiscutível o descompasso que a Ministra da Cultura tem em relação à política de compartilhamento do governo Dilma.

Sergio Amadeu, na Carta Maior*
Os defensores da indústria de intermediação e advogados do ECAD (Escritório Central de Arrecadação e Distribuição, em resumo, o órgão que arrecada direitos autorais no Brasil) lançam um ataque à política de compartilhamento de conhecimento e bens culturais lançada pelo presidente Lula. Na sua jornada contra a criatividade e em defesa dos velhos esquemas de controle da cultura, chegam aos absurdos da desinformação ou da mentira.

Primeiro é preciso esclarecer que as licenças Creative Commons surgiram a partir do exemplo bem sucedido do movimento do software livre e das licenças GPL (General Public Licence). O software livre também inspirou uma das maiores obras intelectuais do século XXI, a enciclopédia livre chamada Wikipedia. Lamentavelmente, os lobistas do ECAD chegam a dizer que a Microsoft apóia o software livre e o movimento de compartilhamento do conhecimento.

Segundo, o argumento do ECAD de que defender o Cretaive Commons é defender grandes corporações internacionais é completamente falso. As grandes corporações de intermediação da cultura se organizam e apóiam a INTERNATIONAL INTELLECTUAL PROPERTY ALLIANCE® (IIPA, Associação internacional de Propriedade Internacional) e que é um grande combatente do software livre e do Creative Commons. O Relatório da IIPA de fevereiro de 2010 ataca o Brasil, a Malásia e outros países que usam licenças mais flexíveis e propõem que o governo norte-americano promova retaliações a estes países.

Terceiro, a turma do ECAD desconsidera a política histórica da diplomacia brasileira de luta pela flexibilização dos acordos de propriedade intelectual que visam simplesmente bloquear o caminho do desenvolvimento de países como o Brasil. Os argumentos contra as licenças Creative Commons são tão rídiculos como afirmar que a Internet e a Wikipedia é uma conspiração contra as enciclopédias proprietárias, como a Encarta da Microsoft ou a Enciclopédia Britânica.

Quarto, o texto do maestro Marco Venicio Andrade é falso até quando parabeniza a presidente Dilma por ter "restabelecido a soberania de nossa gestão cultural, anulando as medidas subservientes tomadas pelos que, embora parecendo modernos e libertários, só queriam mesmo é dobrar a espinha aos interesses das grandes corporações que buscam monopolizar a cultura". O blog do Planalto lançado pelo presidente Lula e mantido pela presidente Dilma continua com as licenças Creative Commons. Desse modo, os ataques que o defensor do ECAD fez a política dos commons lançada por Gilberto Gil, no MINC, também valem para a Presidência da República.

Quinto, o movimento de software livre, de recursos educacionais abertos e os defensores da liberdade e diversidade cultural votaram em Dilma pelos compromissos que ela afirmou em defesa do bem comum. No mesmo dia que a Ministra Ana de Holanda atacou o Creative Commons retirando a licença do site, a Ministra do Planejamento Miriam Belquior publicou a normativa que consolida o software livre como a essência do software público que deve ser usada pelo governo. É indiscutível o descompasso que a Ministra da Cultura tem em relação à política de compartilhamento do governo Dilma.

*Sergio Amadeu da Silveira é professor da UFABC e doutor em Ciência Política. Foi o primeiro coordenador do Comitê Técnico de Implementação do Software Livre no Governo Lula

Dilma: 'Transformar o século 21 em século da América Latina'

A presidenta Dilma Rousseff visitou a Argentina no início da semana, antes da posse do nosso novo Congresso e da abertura do Ano Judiciário, uma visita com pouco destaque na mídia mas que trouxe algumas sinalizações importantes sobre a política externa do novo governo, sobretudo para a América Latina.

BUENOS AIRES – Ao lado da presidenta da Argentina, Cristina Kirchner, a presidenta brasileira, Dilma Rousseff, afirmou que fez questão de eleger o país vizinho como destino para a primeira viagem internacional por considerar que Brasil e Argentina são cruciais para transformar “o século 21 em século da América Latina”.

Duas presidentas na Casa Rosada. Foto: ABr
“E estou falando necessariamente em transformar os povos brasileiro e argentino e também os [demais] da América Latina”, disse Dilma na última segunda-feira, em pronunciamento à imprensa na sede do governo argentino.

O crescimento, aliado à inclusão social dos povos dos países latino-americanos, marcou o discurso das presidentas. Dilma disse se sentir em um momento especial na Argentina e afirmou que os dois países vão aprofundar vínculos para construir um mundo melhor na região.

Cristina Kirchner disse, por sua vez, que as duas mandatárias têm em comum a visão de que a inclusão social deve ter protagonismo na condução das políticas de Estado. “Nós duas achamos que o crescimento e a soberania de uma nação devem ter como protagonista a inclusão social. O crescimento econômico só é bom se atingir a todos por meio da educação, da moradia.”

As presidentas reafirmaram a proximidade entre Brasil e Argentina. Cristina Kirchner lembrou o caminho trilhado pelos ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Néstor Kirchner (falecido no ano passado) para aprofundar as relações bilaterais. Agora, acrescentou, elas darão continuidade a essas ações.

“Eles constituíram um relacionamento diferente que deu frutos e deve ser aprofundado como falamos na reunião que tivemos a sós. Isso deve significar também o aprofundamento da integração produtiva entre Brasil e Argentina”, afirmou a presidenta argentina. Ao final do discurso, ela ressaltou que a união Brasil e Argentina será ainda maior.

Dilma afirmou que os acordos assinados entre os dois países, durante sua visita a Buenos Aires, reforçam os vínculos já existentes e que a cooperação vai beneficiar o Brasil e a Argentina. “Abrimos um caminho de cooperação para beneficiar as economias argentina e brasileira, a fim de criar uma integração de plataformas produtivas e de construir cada vez mais o bem-estar de nossos países.”

Acordo para massificar acesso à internet
Os governos do Brasil e da Argentina assinaram hoje (31), em Buenos Aires, um plano de ação conjunta para cooperação bilateral com objetivo de massificar o acesso à internet em banda larga até 2015 nos dois países, por meio da melhoria na qualidade de conexão e ampliação da disponibilidade do serviço.

O plano prevê a implantação de dutos para a passagem de cabos e fibra ótica entre os dois países, a integração das estatais de telecomunicações brasileira e argentina (Telebras e Arsat), a associação estratégica na produção de equipamentos e a troca de informações sobre programas e políticas na área industrial que ampliem o acesso a equipamentos.

Os dois países também devem desenvolver em conjunto conteúdos digitais e interativos e trabalhar em parceria para definir mecanismos de financiamento e acesso a crédito para projetos estratégicos na área sejam públicos ou privados.

O ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, que integra a comitiva presidencial que está na Argentina, destacou que o acordo garante o desenvolvimento integrado de políticas na área do acesso à internet e a novas tecnologias.

Também foi estabelecida a intenção de criar um Conselho de Alto Nível, que será integrado, do lado brasileiro, pelo Ministério das Comunicações e do lado argentino, pelo Ministério do Planejamento Federal, Investimento Público e Serviços e pela Comissão de Planejamento e Coordenação Estratégica do Plano Nacional de Telecomunicações Argentina Conectada.
Fonte: Agência Brasil

'Relação com Argentina é especial e estratégica'

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Blog do Rovai: Nova ministra sinaliza com retrocesso nas políticas de democratização da cultura

Em dois posts oportunos, o jornalista-blogueiro Renato Rovai mostra por que devemos nos preocupar com o Ministério da Cultura sob gestão de Ana de Hollanda.

Ministra da Cultura dá sinais de guerra ao livre conhecimento

A ministra da Cultura Ana de Holanda lançou uma ofensiva contra a liberdade do conhecimento. Na quarta-feira pediu a retirada da licença Creative Commons do site do Ministério da Cultura, que na gestão de Gilberto Gil foi pioneiro em sua adoção no Brasil.

O exemplo do MinC foi àquela época fundamental para que outros sites governamentais seguissem a mesma diretriz e também publicassem seus conteúdos sob essa licença, como o da Agência Brasil e o Blog do Planalto.

A decisão da ministra é pavorosa porque, entre outras coisas, rasga um compromisso de campanha da candidata Dilma Roussef. O site de sua campanha foi publicado em Creative Commons o que denotava compromisso com esse formato.

Além desse ato simbólico, que demonstra falta de compromisso com o livre conhecimento, a ministra pediu o retorno ao Ministério da Cultura do Projeto de Lei de Revisão dos Direitos Autorais, que depois de passar por um debate de sete anos e uma consulta pública democrática no governo Lula, estava na Casa Civil para apreciação final e encaminhamento ao Congresso Nacional.

O que se comenta é que a intenção da ministra é revisar o projeto a partir das observações do ECAD, um órgão cartorial e que cumpre um papel danoso para a difusão da cultura no Brasil.

Para quem não conhece, o ECAD é aquele órgão que entre outras coisas contrata gente para fiscalizar bares e impedir, por exemplo, que um músico toque a música do outro. É uma excrescência da nossa sociedade cartorial.

Este blog também apurou que Ana de Holanda pretende nomear para a Diretoria de Direitos Intelectuais da Secretaria de Políticas Culturais o advogado Hildebrando Pontes, que mantém um escritório de Propriedade Intelectual em Belo Horizonte e que é aliado das entidades arrecadadoras.

Como símbolo de todo esse movimento foi publicado ontem no site do Ministério da Cultura, na página de Direitos Autorais, um texto intitulado “Direitos Autorais e Direitos Intelectuais”, que esclarece a “nova visão” do ministério sobre o tema. Vale a leitura do texto na íntegra , mas segue um trecho que já esclarece o novo ponto de vista:

“Os Direitos Autorais estão sempre presentes no cotidiano de cada um de nós, pois eles regem as relações de criação, produção, distribuição, consumo e fruição dos bens culturais. Entramos em contato com obras protegidas pelos Direitos Autorais quando lemos jornais, revistas ou um livro, quando assistimos a filmes, ou simplesmente quando acessamos a internet.”

Essa ofensiva de Ana de Holanda tem várias inconsistências e enseja algumas perguntas:

A principal, o governo como um todo está a par desse movimento e concorda com ele?

Afinal a presidenta Dilma Roussef se comprometeu, como Ministra da Casa Civil e candidata à presidente da República, a manter o processo de revisão dos direitos autorais e promover a liberdade do conhecimento. E um desses compromissos foi firmado na Campus Party do ano passado, em encontro com o criador das licenças Creative Commons, Lawrence Lessig.

O atual ministro da Ciência e Tecnologia, Aloizio Mercadante, quando candidato ao governo de São Paulo, também se comprometeu com esta luta, inclusive numa reunião que contou com a presença deste blogueiro, na Vila Madalena, em São Paulo.

O que a atual presidenta e o ministro Mercadante pensam desta inflexão?

E o pessoal do PT ligado à Cultura, o que pensa disso?

Muitos dos militantes petistas da área comemoraram a indicação de Ana de Holanda.

Alguns entraram em contato com este blog para dizer que os compromissos anteriores não seriam rasgados.

E agora, o que eles pensam dessas decisões da ministra?

Dilma Roussef foi eleita também para dar continuidade ao governo Lula. Se havia interesse em revisar certas diretrizes na área da Cultura e que vinham sendo implementadas com enorme sucesso e repercussão nacional e internacional, isso deveria ter ficado claro. Isso deveria ter sido dito nos diversos encontros que a candidata e gente do seu partido tiveram com esses setores.

Essas primeiras ações do MinC não são nada alentadoras. Demonstram um sinal trocado na política do ministério exatamente no que de melhor ele construiu nos anos de governo Lula.

Não há como definir de outra forma essa mudança rota: é traição com o movimento pela democratização da cultura e da comunicação.

A ministra precisa refletir antes de declarar guerra a esse movimento social.

E o PT precisa assumir uma posição antes que seja tarde.

Porque na hora H, não é com o povo do ECAD e com o da indústria cultural que ele conta.

PS: Conversei com um amigo que entende de conteúdos licenciados em Creative Commons e ele me disse que a decisão da ministra de mudar o licenciamento do site vale exatamente nada no que diz respeito ao que foi produzido na gestão anterior.

Aquele conteúdo foi ofertado em Creative Commons e o Ministério não pode simplesmente revogar a licença de uso.

Se isso for feito, o Ministério infringe a licença Creative Commons e se torna um infrator de direitos.

MinC: O debate é entre o comum e o privado

O texto (acima) sobre a decisão do MinC de retirar do seu site a licença Creative Commons e ao mesmo tempo solicitar à Casa Civil o projeto de Direitos Autorais causou polêmica tanto neste blog quanto em outros espaços que o republicaram.

A maior parte dos internautas manifestou preocupação com as medidas. Um setor menor, mas não inexpressivo, preferiu acusar o autor do texto tanto de estar a serviço de interesses imperialistas como de fazer parte de uma “frente” anti Ana de Hollanda.

A acusação de imperialista cultural por defender o licenciamento em Creative Commons é tão tacanha que me permito não respondê-la.

Em relação ao fato de fazer jogo deste ou daquele grupo, registro que participo de debates culturais há algum tempo e por isso conhecia alguns dos principais colaboradores da gestão anterior no ministério.

Mas também conheço e admiro alguns dos que ganharam espaço com Ana de Holanda.

Ou seja, não é essa a questão. Ela é outra, bem outra…

O fato de o Minc deixar de licenciar o seu site em Creative Commons foi um ato político. Uma declaração de que há uma nova postura no ministério em relação ao debate dos direitos autorais.

A nota que o ministério emitiu alegando que só trocou a licença por uma frase em português liberando o conteúdo não dá conta do problema. Em relação a isso, vale a pena ler a matéria da revista Rede em que o professor Ronaldo Lemos , da Fundação Getúlio Vargas, explica as diferenças.

Há outras tantas que poderiam ser listadas. Quem sabe num outro post…

O ponto central que quero discutir nesse novo texto é que a retirada do CC do site do ministério parece indicar que a política nesta área de direitos autorais vai ser modificada. O que muda muita coisa.

Ao que muda então.

No governo Lula, o MinC foi aliado da luta para garantir que os bens culturais pudessem ser acessados por toda a população e trabalhou no sentido de construir pontes para debater novas formas de financiamento para o produtor cultural.

Isso equivale dizer que o Estado fez seu papel republicano e democratizante e não atuou como um despachante de interesses privados ou de corporações.

Quando se fala em mudar o sinal e reforçar a velha lógica dos direitos autorais o que se está sinalizando? Entre outras coisas que o ministério vai trabalhar entendendo o “direito” do artista (de poucos, diga-se de passagem) como mais relevante do que o da difusão da cultura.

Dá pra dizer também, em outras palavras, que a manutenção da indústria cultural importa mais do que a possibilidade do livre conhecimento para todos.

Quando se fala em livre conhecimento, entre outras coisas se quer dizer que se é contra criminalizar alguém por baixar música da internet ou por fazer uma cópia de um livro na faculdade.

Que se é contra impedir uma banda do interior de executar Tom Jobim porque não recolheu a grana do ECAD.

Que se é contra impedir um grupo de jovens de apresentar um espetáculo de teatro de um autor nacional importante só porque sua família não autorizou.

Ser a favor do livre conhecimento é lutar para que a maior parte dos produtos culturais esteja disponível na rede e que o maior número de brasileiros tenham acesso a eles a partir de um acesso, se possível, público e gratuito à rede.

Isso quer dizer que o livre acesso ao conhecimento não pode se submeter ao interesse comercial e privado de alguns, mas não significa que os artistas não devam ser remunerados pelo seu trabalho.

Mas significa sim que nem eles (artistas) e nem ninguém podem ser censores da difusão da obra cultural.

O que se espera de um MinC de um governo como o de Dilma é que se ele não vier a se associar a esta luta de forma clara, ao menos seja um instrumento de mediação do confronto entre os que defendem a produção cultural como algo privado. E os que a entendem como bem coletivo.

Para os que a entedem como bem coletivo é preciso libertar a produção cultural do todo poderoso mercado e impedir que seja tratada tão somente como mercadoria.

Na opinião desses, esse é o um dos papéis fundamentais do MinC e tem, sim, relação com a posição o ministério vai adotar na questão dos direitos autorais.

Este blog espera que a ministra Ana de Hollanda e os novos gestores do ministério estejam abertos para travar de forma republicana e democrática esse debate.

Ele é um debate central e guarda relação com a sociedade que desejamos construir, a do comum ou a do privado.

Não é perfumaria e nem coisa de imperialista. E quem é intelectualmente honesto sabe disso.

sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

O mundo, depois de Julian Assange

Mauro Santayana, no "JB Digital"
O presidente Lula e o primeiro-ministro Putin tiveram o mesmo discurso, no dia 9, em defesa de Julian Assange, embora com argumentos diferentes. Lula foi ao ponto: Assange está apenas usando do velho direito da liberdade de imprensa, de informação. Não cabe acusá-lo de causar danos à maior potência da História, uma vez que divulga documentos cuja autenticidade não está sendo contestada. Todos sabem que as acusações de má conduta em relacionamento consentido com duas mulheres de origem cubana, na Suécia, são apenas um pretexto para imobilizá-lo, a fim de que outras acusações venham a ser montadas, e ele possa ser extraditado para os Estados Unidos.

O que cabe analisar são as consequências políticas da divulgação dos segredos da diplomacia ianque, alguns deles risíveis, outros extremamente graves. No mesmo dia 9, em Bruxelas, o chanceler russo Sergei Lavrov comentava revelações do WikiLeaks sobre as atitudes da Otan com relação a seu país: enquanto a organização, sob o domínio de Washington, convidava a Rússia a participar da aliança, atualizava seus planos de ação militar contra o Kremlin, na presumida defesa da Polônia e dos países bálticos. Lavrov indagou da Otan qual é a sua posição real, já que o que ela publicamente assume é o contrário do que dizem seus documentos secretos. Moscou foi além, ao propor o nome de Assange como candidato ao próximo Prêmio Nobel da Paz.

O exame da história mostra que todas as vezes que os suportes da palavra escrita mudaram, houve correspondente revolução social e política. Sem Guttenberg não teria havido o Renascimento; sem a multiplicação dos prelos, na França dos Luíses, seria impensável o Iluminismo e sua consequência política imediata, a Revolução Francesa.

A constatação do imenso poder dos papéis impressos levou a Assembleia Constituinte aprovar o artigo XI da Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, logo no início da Revolução, em agosto de 1789. O dispositivo do núcleo pétreo da Constituição determina que todo cidadão tem o direito de falar, escrever e imprimir com toda liberdade. As leis punem os que, mentindo, atingem a honra alheia. A liberdade de imprensa, sendo dos cidadãos, é da sociedade. Das sociedades nacionais e, em nossa época de comunicações eletrônicas e livres, da sociedade planetária dos homens.

É surpreendente que, diante dessa realidade irrefutável, jornalistas de ofício queiram reivindicar a liberdade de imprensa (vocábulo que abarca, do ponto de vista político, todos os meios de comunicação) como monopólio corporativo. A internet confirma a intenção dos legisladores franceses de há 221 anos: a liberdade de expressão é de todos, e todos nós somos jornalistas. Basta ter um endereço eletrônico. As pesadas e, relativamente caras, máquinas gráficas do passado são hoje leves e baratíssimos notebooks, e de alcance universal.

É sempre citável a observação de Isidoro de Sevilha, sábio que marcou o sétimo século, a de que "Roma não era tão forte assim". Bradley Manning e Julian Assange estão mostrando que Washington - cujo medo é transparente em seus papéis diplomáticos - não é tão poderosa assim. É interessante registrar que o nome de Santo Isidoro de Sevilha está sendo sugerido, por blogueiros católicos, como o padroeiro da internet.

Os jornalistas devem acostumar-se à ideia de renunciar a seus presumidos privilégios. Todos os que sabem escrever e manipular um computador são cidadãos, e ser cidadão é muito mais do que ser jornalista. São esses cidadãos que, na mesma linha de Putin e Lula, se mobilizam, na ágora virtual, para defender Assange, da mesma forma que se mobilizaram em defesa da mulher condenada à morte por adultério. O mundo mudou, mas nem todos perceberam essa mudança.

Leia também: WikiLeaks: a manipulação da mídia global e do PIG. As fofocas de Jobim, o 'X-9 do Governo Lula'