Mostrando postagens com marcador midia. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador midia. Mostrar todas as postagens

quarta-feira, 1 de maio de 2013

Há o golpismo no DNA da mídia

27/04/2013 - O inconvertível DNA golpista da grande mídia
- das Malvinas à Goiás
- Palavras Diversas

Matéria de capa de Carta Capital traz a tona a rede criminosa de escutas ilegais, montada em benefício do governador de Goiás em exercício, o tucano Marconi Perillo.

Após escândalo que afastou os holofotes do verdadeiro governador do estado, Carlinhos Cachoeira, goianos continuam a mercê de um governo suspeito.

A pergunta é apenas retórica, mas precisa ser feita tantas e quantas vezes for necessário, para ver se algo de diferente ocorre:

Por que será que a imprensa hegemônica brasileira não se preocupa com determinados escândalos?

Por que será que Carlinhos Cachoeira permanece, tranquilo, em lua de mel, quem sabe prestes a frequentar as páginas de "Caras", e ninguém mais o importuna?

Aliás o contraventor goiano recebeu um "prêmio" da justiça do Rio de Janeiro.

Segundo noticiado, sem muito alarde, ignorado pela pauta do poderoso Jornal Nacional, sem direito a matéria de destaque, o Tribunal de Justiça do Rio (TJ-RJ) reduziu sua pena para 6 anos e 8 meses de reclusão, anteriormente teria que cumprir 8 anos de reclusão.

A imprensa brasileira anda ocupada demais com o preço do tomate, com as decisões do Copom sobre elevar ou não a taxa Selic, com a jogada política de Eduardo Campos, ou em oferecer generosos espaços midiáticos para os supremos do STF e suas divagações genéricas sobre tudo o quanto for possível arguir ou ser arguido.

Sendo mais claro: a procura de uma notícia que abale o governo Dilma e suas pretensões eleitorais para 2014 ocupa demasiadamente os figurões da grande imprensa.

O resto, daquilo que não for o que anseiam, parece noticiário sem importância...

Mas é preciso perguntar o óbvio para que mais questões surjam e cause algum, mínimo que seja, constrangimento aos barões da mídia brasileira.

Carta Capital, novamente, tenta furar o bloqueio que se forma em torno de determinados personagens brasileiros e apresenta uma matéria de Leandro Fortes sobre mais um mal feito praticado em favor do governador de Goiás, Marconi Perillo, do PSDB.

No site da revista semanal a chamada da matéria apresenta trecho de mais um ato criminoso cometido em favor do ex-sócio político de Cachoeira e amigo de Demóstenes Torres:

"... Por meio de dois jornalistas e dois integrantes do primeiro escalão da administração goiana, ele operou entre 2011 e 2012 – época em que Perillo foi investigado na Operação Monte Carlo, da Polícia Federal – uma rede ilegal de grampos telefônicos em favor do tucano.

O hacker tinha como missão invadir contas de adversários – e até aliados – do governador por meio de perfis falsos na internet.

O contato era feito por um casal de radialistas de Goiânia, Luiz Gama e Eni Aquino.

Os pagamentos, mostra a reportagem, tinham como fontes o jornalista José Luiz Bittencourt, ex-presidente da Agência Goiana de Comunicação, e Sérgio Cardoso, cunhado de Perillo e atual secretário de Articulação Política no estado.

O esquema é investigado pelo Ministério Público Federal."

O texto informa que o Ministério Público Federal investiga o caso. Roberto Gurgel, Procurador Geral da República, se empenhará com bravura e destemor neste caso?

Parece outra pergunta meramente retórica...

Demóstenes Torres não perdeu sua aposentadoria, graças a voto de Gurgel no Conselho Nacional do Ministério Público.

O Correio do Brasil noticiou fato que passou discretamente no painel de notícias da grande imprensa, vai ver é por que, nem o Procurador Geral da República ou o ex-senador do DEM, são aliados do governo...

"Por maioria simples, o Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP) decidiu, na tarde desta quarta-feira, que o ex-senador Demóstenes Torres [foto abaixo] – afastado do cargo de procurador de Justiça do MP de Goiás até o fim de maio – terá como pena máxima a aposentadoria compulsória.

Passará a receber R$ 22 mil por mês, em caráter vitalício, mesmo depois de ter o mandato cassado por envolvimento com o contraventor Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira.

(...) Ainda no julgamento desta quarta-feira [24/04], por sete votos a cinco, o Plenário decidiu que Demóstenes Torres tem cargo vitalício.

A vitaliciedade, entenderam os pares, é garantia da sociedade brasileira, e não prerrogativa do membro individual do Ministério Público.

Segundo a maioria, esta prerrogativa é inerente ao exercício da atividade do membro do Ministério Público.

Votaram com a divergência os conselheiros Jarbas Soares, Alessandro Tramujas, Lázaro Guimarães, Jeferson Coelho, Maria Ester, Mario Bonsalgia e Roberto Gurgel".

Outra matéria publicada em Carta Capital talvez explique porquê tais perguntas sejam solenemente ignoradas e nos mostrem, apesar de negativas veementes, o quanto o partidarismo é vigente nas redações da velha mídia brasileira e já fazem parte da cultura institucional.

A imagem abaixo saiu de um episódio histórico na América do Sul, a Guerra das Malvinas, e trata do empenho comovente de Alexandre Garcia em pintar os argentinos como únicos vilões no conflito e tornar legítima a postura bélica dos ingleses junto a opinião pública brasileira.

Faz muito tempo, mas a postura desses senhores que escrevem e opinam até os dias atuais, em veículos de comunicação que se apegam ao que há de mais atrasado para fazer valer suas idéias ou interesses, continua a mesma e coerente ao DNA golpista que carregam em si.

Recentemente, o Wikileaks revelou que Diogo Mainardi, Merval Pereira e William Waack [foto] prestaram assessoria à Embaixada Americana sobre as eleições presidenciais de 2010.

Em alguns trechos, conforme publicado em Conversa Afiada, é possível identificar o tipo de jornalismo que praticam: partidário, medíocre e combinado.

Além de nada criativo, se ocupam do ofício de manufaturar fatos e testar possibilidades que sirvam para locupletar seus pleitos.

"O telegrama “10RIODEJANEIRO32” relata que Ataulfo Merval de Paiva (foto) reuniu-se com o cônsul no dia 21 de janeiro de 2010 para falar sobre a conversa que teve com Aécio Neves e buscar seu compromisso para a campanha de Serra.

Os documentos revelam ainda a relação desses jornalistas com o PSDB, o que era óbvio pela (…) que realizam contra o governo do PT pela direita.

Diogo Mainardi [abaixo] reuniu-se em almoço privado no dia 12 de janeiro de 2010 com o cônsul dos EUA no Rio de Janeiro para (…) a formação da chapa da direita nas eleições presidenciais durante a qual revelou sua (…) ao PSDB.

O documento revela que a “recente coluna [de Mainard], na qual propõe o nome de Marina Silva como vice-presidente na chapa de Serra, foi baseada em conversa entre Serra e Mainardi, na qual Serra dissera que Marina Silva seria a ‘companheira de chapa de seus sonhos’ (…)."

"Naquela conversa com Mainardi, Serra expôs as mesmas vantagens que, depois, Mainardi listou em sua coluna: a história de vida de Marina e as impecáveis credenciais de militante da esquerda, que contrabalançariam a atração pessoal que Lula exerce sobre os pobres no Brasil, e poriam Dilma Rousseff (PT) em desvantagem na esquerda, ao mesmo tempo em que ajudariam Serra a superar o peso da associação com o governo de Fernando Henrique Cardoso que Dilma espera usar como ponta de lança de ataque em sua campanha”.

De Alexandre Garcia [foto], e sua obediência aos interesses britânicos, até a mal sucedida consultoria do trio conservador, Merval, Waack e Mainardi, os contextos políticos mudaram nessas três décadas, tanto no Brasil quanto no planeta, mas aquilo que representam e praticam parece seguir um modelo histórico inconvertível, com grande afeição a desinformação e a manipulação dos fatos para alcançar proveitos, aqueles ditos inconfessáveis, que não podem ser admitidos em seus púlpitos midiáticos.

Será por essas e [tantas] outras que a imprensa hegemônica brasileira não se preocupa com determinados escândalos?

A Veja desta semana sai em socorro ao STF e seus aliados de toga e omite, descaradamente, novo escândalo envolvendo Perillo, que é amigo de Policarpo Jr., Demóstenes Torres e Cachoeira...

É o DNA golpista prontamente manifestado

Fonte:
http://www.diversaspalavras.com/2013/04/o-inconvertivel-dna-golpista-da-grande.html

Não deixe de ler:
- Fora Marin! - Rede Democrática
- BNDES financiará a democratização midiática - Cesar Fonseca
- Um 1º de Maio para expressar a liberdade - Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação

Nota:
A inserção de imagens adicionais, capturadas do Google Images, são de nossa responsabilidade, elas inexistem no texto original.

segunda-feira, 29 de abril de 2013

STF ou picadeiro?

28/04/2013 - No picadeiro - Janio de Freitas (*) - Folha de São Paulo

A "crise" entre o Supremo Tribunal Federal e o Congresso não está longe de um espetáculo de circo, daqueles movidos pelos tombos patéticos e tapas barulhentos encenados por Piolim e Carequinha.

É nesse reino que está a "crise", na qual quase nada é verdadeiro, embora tudo produza um efeito enorme na grande arquibancada chamada país.

Não é verdade, como está propalado, que o Congresso, e nem mesmo uma qualquer de suas comissões, haja aprovado projeto que submete decisões do Supremo ao Legislativo.

A Comissão de Constituição e Justiça da Câmara nem sequer discutiu o teor do projeto que propõe a apreciação de determinadas decisões do STF pelo Congresso.

A CCJ apenas examinou, como é de sua função, a chamada admissibilidade do projeto, ou seja, se é admissível que seja discutido em comissões e eventualmente levado a plenário. A CCJ considerou que sim.

E nenhum outro passo o projeto deu.

Daí a dizer dos parlamentares que "eles rasgaram a Constituição", como fez o ministro do STF, Gilmar Mendes (foto), vai uma distância só equiparável à sua afirmação de que o Brasil estava sob "estado policial", quando, no governo Lula, o mesmo ministro denunciou a existência de gravação do seu telefone, jamais exibida ou comprovada pelo próprio ou pela investigação policial.

De autoria do deputado do PT piauiense Nazareno Fonteles (foto), o projeto, de fato polêmico, não propõe que as decisões do STF sejam submetidas ao Congresso, como está propalado.

Isso só aconteceria, é o que propõe, se uma emenda constitucional aprovada no Congresso fosse declarada inconstitucional no STF.

Se ao menos 60% dos parlamentares rejeitassem a opinião do STF, a discordância seria submetida à consulta popular.

A deliberação do STF prevaleceria, mesmo sem consulta, caso o Congresso não a apreciasse em 90 dias.

Um complemento do projeto propõe que as "súmulas vinculantes" - decisões a serem repetidas por todos os juízes, sejam quais forem os fundamentos que tenham ocasionalmente para sentenciar de outro modo - só poderiam ser impostas com votos de nove dos onze ministros do STF (hoje basta a maioria simples).

Em seguida a súmula, que equivale a lei embora não o seja, iria à apreciação do Congresso, para ajustar, ou não, sua natureza.

O projeto propalado como obstáculo à criação de novos partidos, aprovado na Câmara, não é obstáculo.

Não impede a criação de partido algum.

Propõe, isso sim, que a divisão do dinheiro do Fundo Partidário siga a proporção das bancadas constituídas pela vontade do eleitorado, e não pelas mudanças posteriores de parlamentares, dos partidos que os elegeram para os de novas e raramente legítimas conveniências.

Assim também para a divisão do horário eleitoral pago com dinheiro público.

A pedido do PSB presidido pelo pré-candidato Eduardo Campos (foto), Gilmar Mendes concedeu medida limitar que sustou a tramitação do projeto no Congresso, até que o plenário do STF dê a sua decisão a respeito.

Se as Casas do Congresso votassem, em urgência urgentíssima, medida interrompendo o andamento de um processo no Supremo Tribunal Federal, não seria interferência indevida?

Violação do preceito constitucional de independência dos Poderes entre si?

Transgressão ao Estado de Direito, ao regime democrático?

E quando o Supremo faz a interferência, o que é?

Ao STF compete reconhecer ou negar, se solicitado, a adequação de aprovações do Congresso e de sanções da Presidência da República à Constituição.

Outra coisa, seu oposto mesmo, é impedir a tramitação regimental e legal de um projeto no Legislativo, tal como seria fazê-lo na tramitação de um projeto entre partes do Executivo.

O ato intervencionista e cogerador da "crise", atribuído ao STF, é de Gilmar Mendes - e este é o lado lógico e nada surpreendente do ato.

Mas o pedido, para intervenção contra competência legítima do Congresso, foi de um partido do próprio Congresso, o PSB, com a aliança do PSDB do pré-candidato Aécio Neves e, ainda, dos recém-amaziados PPS-PMN.






Com o Congresso e o STF, a Constituição está na lona.

(*) Janio de Freitas, colunista e membro do Conselho Editorial da Folha, é um dos mais importantes jornalistas brasileiros. Analisa com perspicácia e ousadia as questões políticas e econômicas. Escreve na versão impressa do caderno "Poder" aos domingos, terças e quintas-feiras.

Fonte:
http://www1.folha.uol.com.br/colunas/janiodefreitas/1270014-no-picadeiro.shtml

Nota:
A inserção das imagens, quase todas capturadas do Google Images, são de nossa responsabilidade, pois inexistem no texto original.

terça-feira, 23 de abril de 2013

O IBOPE e o Supremo Tribunal Federal

27/03/2013 - Decisões de olho no Ibope?
- Antônio Escosteguy Castro - Sul21

Até o momento me abstive de comentar o julgamento do Mensalão.

Muito já foi dito sobre o tema e novos comentários só terão sentido após a publicação do acórdão e o exame mais detalhado das razões de decidir de nossa Suprema Corte.

Mas se fazem necessárias algumas considerações sobre os julgamentos do STF após o mensalão.

A intensa polêmica que envolveu este julgamento trouxe, uma vez passada a cobertura midiática que sem dúvida não teve paralelo na história mundial, toda uma série de contestações que põem em xeque a qualidade mesma do julgamento.

Raimundo Pereira (foto), um dos mais notáveis jornalistas do Brasil impugnou a existência de dinheiro público no esquema com farta documentação e não foi contestado.

Paulo Moreira Leite apontou em livro best-seller (abaixo) diversas inconsistências e não foi respondido.

O professor de Direito Alaor Leite, (foto adiante) em conferência na FGV, criticou a aplicação da hoje famosa “teoria do domínio do fato” em crimes do grupo de delitos de dever, como é a corrupção, e não foi contrariado.

É claro que “juiz fala nos autos” (ou pelo menos deveria ser assim….) e justamente se aguarda a publicação do acórdão para ver as justificativas do STF quanto a estas impugnações jurídicas.

Mas enquanto este não é publicado, no lento tramitar de nosso Judiciário, o STF tem tirado do armário julgamentos que aguardavam há bastante tempo e parece que tem buscado manter a empatia com a opinião pública decidindo pela tese que é mais simpática no Ibope

São os melhores exemplos recentes a ADIN da Emenda 62, a PEC do Calote, relativa ao pagamento dos precatórios e o Recurso Extraordinário que tratava da obrigatoriedade das estatais justificarem os atos de demissão de seus empregados.

Ambas as teses vencedoras são altamente simpáticas, seja a defesa das “velhinhas tricoteiras”, credoras dos precatórios, seja a garantia do emprego dos funcionários que fizeram concurso público para entrar nas estatais.

A opinião pública aplaude e o Bonner dá a notícia com um belo e amplo sorriso no Jornal Nacional.

Mas será mera coincidência que ambos eram processos que se arrastavam há anos, com seguidos pedidos de vista, e foram trazidos à pauta de uma hora para outra?

Será mera coincidência que foram agora julgados numa só sessão, sem novas interrupções, como seria, feliz ou infelizmente, o normal em julgamentos tão complexos e com tantas conseqüências para o país?

Aliás, examinando estes casos ora em concreto, não restem dúvidas de que o STF acertou ao exigir que as estatais e sociedades de economia mista sejam obrigadas a motivar os atos de demissão de seus empregados que fizeram concurso público para serem admitidos.

Ao permitir a “despedida imotivada” nestes casos, autoriza-se o administrador público a agir de forma que na prática frauda a seleção pública e lhe concede um poder de escolher quem trabalha na empresa.

Mas em relação à Emenda Constitucional nº 62, a decisão do STF criou uma situação gravíssima.

A Emenda permitiu o avanço dos pagamentos dos precatórios nos últimos anos, já que vinculou um determinado percentual do orçamento (entre 1 e 2% da receita corrente líquida) ao seu pagamento.

Poderia ser lento, mas vinha sendo pago. Agora, voltamos ao estágio anterior.

A obrigação é “pagar no próximo orçamento”: 87 bilhões?

Com que dinheiro?

Mas nem um só centavo é vinculado a este pagamento, chancelando, na verdade, a inadimplência.

Teria feito melhor o Supremo se pensasse mais um pouco, se tivesse mais uns dois pedidos de vista para refletir…

Decidir pela tese mais simpática não significa, a priori, decidir certo ou errado.

Mas pode uma Corte Suprema de Justiça, que é a guardiã da Constituição num pais, ter esta motivação para decidir?

O mensalão colocou o STF na roda viva da opinião pública, da opinião publicada, dos editoriais de jornal, das demonstrações nas ruas.

É da vida, é da política, dirão alguns, mas se o sorriso do Bonner passar a pautar o Supremo…

Fonte:
http://www.sul21.com.br/jornal/2013/03/decisoes-de-olho-no-ibope/

Leia também:
- Ministro, agora entendemos porque fatiar - Cristiana Castro
- A criminalização do PT e do povo - Ligia Deslandes
- A Outra História do Mensalão - o livro - Eduardo Guimarães
- Na ABI, o retrocesso do judiciário, o lulismo e o interior profundo deste país - Rede  Universidade Nômade
- Na ABI, a fala emocionada de Hildegard Angel - Antonio Fernando Araujo

E mais:
- Por que isso teve que acontecer? - Antonio Fernando Araujo
- A verdade o absolverá - Lia Imanishi e Raimundo Rodrigues Pereira
- A encenação do mensalão e um assassinato sem o morto - Revista Retrato do Brasil
- STF: mais um erro? Ou uma história exemplar? - Lia Imanishi e Raimundo Rodrigues Pereira
- O mensalão, as elites e o povo - Luiz Carlos Bresser-Pereira

Nota:
A inserção das imagens, quase todas capturadas do Google Images, são de nossa responsabilidade e, excetuando uma ou outra, inexistem no texto original.

quarta-feira, 3 de abril de 2013

A sociedade se descola


 Por Luciano Martins Costa (*)


Lembra do tempo quando a opinião pública era a opinião dos donos de jornais? (Aparecido Araujo Lima)
     
Os jornais da quarta-feira (27/03/2013) não trazem um tema impactante, desses capazes de mobilizar as opiniões dos leitores. Mas o conjunto das notícias forma um mosaico interessante para a análise de algumas mudanças que podem ser percebidas na relação da sociedade com a mídia tradicional.

Com exceção do Globo, as manchetes destacam a aprovação do projeto que estende os direitos trabalhistas de empregadas domésticas, tema que já vem sendo debatido nas redes sociais há pelo menos uma semana: a única coisa que o leitor tem de novidade é que agora se tornou lei, e os jornais aproveitam para esclarecer melhor as novas regras.

O Globo prefere usar a manchete para discutir o fechamento do Estádio Olímpico João Havelange, o Engenhão, mas também registra a mudança nas normas trabalhistas. A Folha de S.Paulo ainda encontra espaço para sua recém-inaugurada cruzada contra o novo prefeito de São Paulo, cujo mandato ainda não completou três meses.

De modo geral, parece haver um esforço dos diários para se manter sintonizados com os debates nas redes sociais digitais, onde a natureza do trabalho doméstico produz opiniões muito divergentes. Há reportagens alertando para o risco de centenas de milhares de demissões, a possibilidade de se reduzir o número de empregos domésticos com carteira assinada, e para o possível aumento das demandas na Justiça do Trabalho.

Parte da imprensa também registra o caso do jovem que teve um braço decepado após atropelamento em São Paulo e que se reencontrou com os homens que o socorreram na ocasião do acidente.

Em todos esses temas, é interessante observar como o noticiário da mídia tradicional interage com informações e opiniões postadas autonomamente por participantes das mídias digitais. Assim como acontece com as instituições que regulam a vida pública, como o conjunto dos partidos políticos, comissões do Congresso ou entidades do sistema Judiciário, parece estar em andamento uma diluição do poder da imprensa sobre aquilo que se costumava chamar de “opinião pública”.

Os espaços públicos para a comunicação se expandem sem limites perceptíveis e os temas dos quais se ocupa a sociedade não dependem mais apenas nos meios institucionais de informação e opinião. A questão da violência urbana, por exemplo, ganha outra dimensão nos relatos e comentários publicados nas redes sociais, onde as pessoas podem entender melhor os sentimentos do jovem atropelado ao rever aqueles que salvaram sua vida.

Democracia midiática
Há sinais de que a sociedade em rede se descola rapidamente da imprensa e demais instituições tradicionais. Por outro lado, pode-se notar como a rotina das instituições passa a ser afetada pela dinâmica do ambiente de relações virtuais criado pela tecnologia digital de comunicação.

A nomeação de deputado pastor Marcos Feliciano para a presidência da Comissão de Direitos Humanos da Câmara provocou uma onda de protestos nas redes sociais. Os jornais de quarta-feira (27) informam que seu partido, o PSC, vai manter sua indicação, mas outros integrantes falam em abandonar a comissão, para obrigá-lo a renunciar.

Não foi certamente um súbito ataque de pruridos morais que provocou a ruptura no corporativismo parlamentar, mas isso parece resultar das pressões de milhares de indivíduos nos grupos de debates online. Claramente, a agenda pública se transfere do ambiente administrado pela mídia tradicional para o amplo e caótico espaço hipermediado, e não há como prever até que ponto as informações e opiniões dispersadas pelas redes poderão criar algum padrão que possa ser analisado objetivamente.

A notícia segundo a qual o fundador do Facebook,Mark Zuckerberg, estaria organizando um grupo político para atuar junto a instituições americanas merece uma observação cuidadosa. Trata-se de um movimento que segue a estratégia de iniciativas como o Avaaz.org, que organiza campanhas comunitárias por todo o mundo e tem ajudado a congregar ativistas dispersos nas redes sociais.

O que Zuckergerg pretende, segundo informe distribuído pelo Facebook,é criar um fundo destinado a financiar mobilizações por reformas legislativas nos Estados Unidos. Com cerca de US$ 50 milhões, ele planeja juntar especialistas para levar um pouco de racionalidade aos debates parlamentares sobre a política de imigração e estimular projetos de reforma do sistema educacional americano. Além disso, o projeto prevê investimentos em pesquisas, também com objetivo de reduzir a distância entre o conhecimento científico e as normas legais.

No Brasil, as mobilizações ainda dependem da vontade de militantes dispostos a doar seu tempo para campanhas, mas, ainda que faltem recursos e organização, tais iniciativas já produziram, por exemplo, a lei da Ficha Limpa.

Na medida em que as redes socais aumentam sua distância das mídias tradicionais e seu vicioso processo de controle da comunicação, é possível que estejamos assistindo à consolidação de uma forma muito interessante de democracia midiática.

http://www.observatoriodaimprensa.com.br/news/view/a_sociedade_se_descola

(*) REDES SOCIAIS - A sociedade se descola - Por Luciano Martins Costa em 27/03/2013 na edição 739 - Comentário para o programa radiofônico do Observatório, 27/3/2013


segunda-feira, 1 de abril de 2013

Dilma, a mídia e o enigma


por Mino Carta *

 Extraído do Jornal Correio do Brasil





Leio o ensaio de Luiz Dulci, Um Salto para o Futuro, recém-publicado pela Editora Fundação Perseu Abramo. Destina-se a demonstrar que o governo Lula, do qual o autor participou ativamente, colocou o país no rumo do desenvolvimento. E demonstra. “Nem por isso os conservadores ressentidos – escreve Dulci – deixam de negar o óbvio.

Democratizar a sociedade nunca será uma operação consensual. E já dizia Tocqueville que preconceitos de classe são antolhos formidáveis (…) Não espanta que se recusem a admitir o êxito deste plebeu impenitente”.

E mais adiante: “Com efeito, o governo Lula inovou – e inovou profundamente. No conteúdo e na forma de governar. Implementou, na verdade, um novo modelo de desenvolvimento, inteiramente distinto do neoliberal, ainda que não se tenha preocupado em teorizá-lo, e outra modalidade de inserção no Brasil e no mundo”.

Observo que o governo de Dilma Rousseff seguiu pelo mesmo caminho, e de certos pontos de vista avançou mais ao desafiar os interesses das oligarquias financeiras, enquanto esboça, juntamente com os governos do BRICS, a definição de uma área econômica e comercial livre das influências do ex-Primeiro Mundo. As pesquisas de opinião mais recentes provam com toda a nitidez que a presidenta iguala hoje a popularidade de Lula nos seus tempos de governo.

Dilma não é uma plebeia impenitente. Mesmo assim, as palavras de Luiz Dulci a respeito das reações dos “conservadores ressentidos” a Lula valem também para a sucessora. O substantivo conservadores me soa, contudo, muito condescendente, e até generoso. Há conservadores e conservadores, e sempre houve, alguns notáveis. No Brasil trata-se é dos senhores da casa-grande e dos aspirantes que vivem na mansarda. Qualquer tentativa de demolir de vez a senzala eles a encaram como ataque frontal. Aliás, segundo meus solertes botões, a demolição está apenas no começo.

Interessa-me sublinhar que o instrumento empregado pela casa-grande para manifestar suas resistências e ojerizas irreparáveis, quando não ódio no estado puro, é a mídia nativa, única no mundo por sua capacidade de se unir de um lado só, qual fosse o Forte Apache, e de mandar às favas a verdade dos fatos, como lamenta Luiz Dulci. Penalizado, entretanto, sou forçado a experimentar amiúde a estranha sensação de que autoridades situacionistas, inclusive parlamentares, gostam, com indisfarçável sofreguidão, de aparecer no vídeo da Globo, nas páginas dos jornalões e nas amarelas da Veja.

Situação contraditória. Ou não? A mídia ataca noite e dia, se for o caso inventa, omite e mente, e nem por isso tem êxito junto à maioria dos brasileiros. Haja vista os tais índices de popularidade. Se eleições fossem convocadas hoje, Dilma levaria no primeiro turno. É de estranhar, portanto, que o malogrado aparato comunicador fascine graúdos alvejados e goze de mesuras, afagos e contribuições em matéria. Polpudas. Aconselho aos interessados a leitura da reportagem de capa desta edição, sem se esquecer de passar os olhos sobre os números da publicidade governista garantida aos maiorais da mídia nativa. À Globo, uma enxurrada de grana. Uma enchente.

CartaCapital, que não hesitou em criticar com a devida aspereza a presidência de Fernando Henrique Cardoso, definiu seu apoio, a exemplo do que acontece em países civilizados e democráticos, antes a Lula, depois a Dilma. Escolha sincera, voltada em boa-fé aos interesses do país e dos leitores, normal por parte de uma publicação que não vende a alma. Por causa disso, fomos apresentados à plateia da casa-grande como “revista chapa-branca”.

Talvez fosse conveniente saber a opinião das damas e cavalheiros que se incumbem da distribuição das benesses publicitárias governistas. Aposto em surpresas. A categoria fecha com quem agride o governo, em nome de critérios “técnicos” habilitados a transformar os agressores, estes sim em autênticos chapas-brancas. Ao menos, desse específico ponto de vista, iluminado pelo brilho do dinheiro.

Neste ínterim, deletam-se alegremente os planos do ex-ministro Franklin Martins, democraticamente empenhado em limitar os alcances dos oligopólios midiáticos. Não falta à mudança o pronto aval das piscadelas do ministro Paulo Bernardo, personagem da capa (da edição atual da revista).

(*) Mino Carta é jornalista e escritor, editor-chefe da revista Carta Capital.

Fonte:
http://correiodobrasil.com.br/noticias/opiniao/mino-carta-dilma-a-midia-e-o-enigma/594529/?utm_source=newsletter&utm_medium=email&utm_campaign=b20130330

sábado, 29 de outubro de 2011

Grupo de manifestantes rasga revistas Veja em frente à sede da Abril

 
Thaís Naldoni, gerente de Jornalismo de IMPRENSA | 28/10/2011 19:12
Quem passou pela Editora Abril, no final da tarde desta sexta-feira (28), foi surpreendido por um protesto, realizado pelo movimento "Anonymous", junto com integrantes do "Acampa Sampa" 
.

Um grupo de cerca de trinta jovens - munido de exemplares da revista Veja, com a chamada de capa "Dez motivos para se indignar com a corrupção", faixas com os dizeres "Chega de Mentira", além de um megafone - parou em frente à sede da Editora para um manifesto contra Veja.

Reprodução
Capa de Veja
Segundo apurou IMPRENSA, o grupo, sob gritos de palavras de ordem, passou a picar exemplares da revista. Alguns dos manifestantes estavam com máscaras semelhantes à que ilustrava a capa da publicação. Os seguranças da Editora Abril se posicionaram em frente à porta giratória de entrada, para impedir que houvesse uma tentativa de invasão.

No Facebook, postado no perfil "#acampasampa" está a explicação para o movimento. Um texto atribuído ao "Anonymous" diz que o grupo, que está acampado desde o dia 15/10 em protesto contra o sistema político-econômico vigente, "recebeu com indignação a matéria de capa da edição de 26 de outubro da revista Veja". "A matéria 'Dez motivos para se indignar com a corrupção' demonstra mais uma vez a tendência conservadora do conselho editorial do grupo Abril, e sua prática de manipulação da informação pelo método de omissão e ênfase", diz o texto.

O grupo afirma, ainda, que a revista "manipula símbolos". "A manipulação de símbolos é flagrante, por exemplo, com o uso descontextualizado da imagem da máscara de Guido Fawkes, que se tornou símbolo dos levantes anticapitalistas no mundo todo, visando canalizar a insatisfação dos 99% da população para as pautas que interessam ao privilegiado grupo econômico da qual a publicação é porta-voz: o empresariado, sobretudo paulista".

Até o fechamento desta nota, a manifestação acontecia de forma pacífica.

Para ler o manifesto completo, clique aqui.

 Leia mais



Fonte: Portal Imprensa

quinta-feira, 6 de outubro de 2011

O lado mais fraco


Naturalizar práticas opressoras em nome da liberdade de expressão é um grande erro
06/10/2011
João Brant

Se eu fosse tentar resumir em dois princípios tudo o que gostaria para a área da comunicação, seriam os seguintes:
1) Todo brasileiro deve ter garantido o direito à comunicação, de forma que os meios de comunicação reflitam a diversidade e a pluralidade de ideias do conjunto da sociedade.
2) Toda forma de opressão, pública ou privada, deve ser combatida. O lado mais fraco deve ser sempre protegido.
Na primeira frase, está expresso o princípio geral, da liberdade. Fundamental, mas insuficiente. Na segunda, está o reconhecimento de que a comunicação pode ser arena de um exercício desigual de poder de um lado mais forte sobre outro mais fraco. E de que o combate a essas opressões deve ser base de qualquer país que se queira justo e democrático.
Isso vale para governantes corruptos que perseguem jornalistas que os investigam; grande revista que persegue movimento social; agência reguladora que persegue rádio comunitária; milionário que processa blogueiro; grande canal de TV que invisibiliza os negros ou que naturaliza a violência contra as mulheres. Como se vê, às vezes os meios de comunicação são os oprimidos; às vezes eles são os próprios opressores. No primeiro caso, eles devem ser protegidos; no segundo, devem ser enfrentados.
Naturalizar práticas opressoras em nome da liberdade de expressão é um grande erro. A liberdade não deve nunca ser previamente impedida, mas ela não exime a responsabilidade de quem se comunica. E quando a comunicação é usada como forma de opressão e violação de direitos, é o lado mais fraco que deve ser protegido. Em outras palavras, quando a liberdade de expressão colide com outros direitos humanos, deve haver o cotejamento para se entender qual deles está sendo “sufocado”.
É em nome basicamente desses dois princípios que uma série de organizações defende um novo marco regulatório para as comunicações. Até 7 de outubro está aberta uma consulta pública sobre o tema em ww.comunicacaodemocratica.org.br. Se essas questões também te movem, acesse e participe. 


Artigo originalmente publicado na edição impressa 448 do Brasil de Fato

quinta-feira, 29 de setembro de 2011

....estímulo ao denuncismo e a sociedade de controle....

Um pouco de policial em cada indivíduo é a regra perversa que paulatinamente mutila a mesma liberdade que promete assegurar

Por Marcelo Semer*


Depois da polícia, chegou a vez da imprensa.

Com alarde, a Folha de S. Paulo lançou o seu "disque-denúncia".

O serviço, sugestivamente chamado de Folhaleaks, propõe estimular seus leitores a encaminhar de forma anônima denúncias que permitam produzir novas reportagens.

Com uma semana de atividade, o jornal comemorou mais de setecentas mensagens sobre nepotismo, fraudes em licitações e favorecimentos a políticos.

Estará aí, na crua expansão do denuncismo anônimo, um futuro seguro para a nossa democracia?

Desde que em seu "1984", George Orwell desenhou a onipotência do Estado pelas lentes de um Big Brother que a tudo e a todos vigia, a ameaça de uma sociedade de controle vem rapidamente se alastrando sobre nós.

O extraordinário avanço tecnológico e a constante disseminação do medo como combustível da vigilância, tornaram o pesadelo de Orwell cada vez mais palpável.

E o que temos feito para combatê-lo?

Reproduzimos as câmaras de segurança em nossos espaços privados, das escolas aos elevadores, entregamos a intimidade a empresas que nos prometem amigos virtuais e nos deliciamos com o voyeurismo que a simulação do controle nos proporciona em momentos de lazer.

A câmara caricata do patrão sobre o Carlitos operário em "Tempos Modernos" se agrega hoje a outros instrumentos de controle no trabalho, como o monitoramento de computadores e revistas de funcionários após o expediente.

Aderimos e legitimamos a contínua vigilância.

Em nome da segurança, a privacidade foi se tornando um conceito em extinção, lembrado com reverência apenas quando um réu abonado é objeto da justiça penal.

Mas em uma sociedade de controle que se preze, e este é o ponto que nos interessa, a vigilância só se consolida quando é repartida por todos os seus membros.

Um pouco de policial em cada indivíduo é a regra perversa que paulatinamente mutila a mesma liberdade que promete assegurar.

No televisivo Linha Direta, da rede Globo, os espectadores eram estimulados a procurar criminosos foragidos. No Folhaleaks, a fornecer dados para a investigação. É o cidadão cumprindo seu dever de vigilante da lei e da ordem, enquanto a imprensa faz papel de polícia e muitas vezes de juiz também.

Ninguém duvida da importância de colocar limites à malversação de bens públicos, punir corruptos e corruptores e estabelecer regras que dificultem a apropriação privada de bens do Estado.

Mas a espetacularização do controle, com propósitos políticos ou comerciais, no entanto, é a ação que menos efeitos duradouros produz. Esgarça-se antes do próximo escândalo e se alimenta do sensacionalismo que retrata.

Da mesma forma como a imprensa vem desempenhando funções de investigação, a polícia tem na mídia um complemento indispensável de seus trabalhos.

Quase não se veem operações de vulto em que prisões não sejam fortemente alardeadas ou interceptações telefônicas que não cheguem diretamente aos telejornais. As punições muitas vezes se esgotam na simples exposição dos suspeitos.

Mesmo quando se pretende proteger o interesse público, é preciso muita atenção ao casamento do denuncismo com a política do espetáculo. O resultado pode ser devastador.

Que o diga Philip Roth, que pela boca do narrador de seu "Casei com um Comunista", destrinchou a lógica do macarthismo dos anos 50 e 60 nos EUA.

Em meio a comissões parlamentares de inquérito transmitidas pela TV, e listas-negras produzidas por denúncias e delações, estabeleceu-se uma política de caça às bruxas sob o pretexto de reagir duramente aos inimigos do Estado:

"A virtude dos julgamentos-espetáculo da cruzada patriótica era simplesmente a forma teatralizada. Ter câmaras voltadas para aquilo apenas lhe conferia a falsa autenticidade da vida real. McCarthy compreendeu o valor de entretenimento da desgraça e aprendeu como alimentar as delícias da paranoia."

É certo que o cidadão deve ter meios de se defender dos abusos do Estado e instrumentos para limitar o poder das autoridades.

Mas assumir ele mesmo a função de polícia, a título de denunciá-lo, só pavimenta o caminho para uma sociedade de controle na qual suas próprias liberdades terminam em risco.

domingo, 25 de setembro de 2011

EITA SEMANINHA DANADA!!



Laerte Braga


Imagina o sujeito acordando com os trinados de Kate Perry – e em play back ainda por cima – e a cara de Antônio Anastasia pairando sobre Minas Gerais com coroa e cetro de imperador. Putz! Ou é o caso de recusar o bafômetro, deve ter tomado todas e umas horas de sono não foram suficientes para afastar os fantasmas oriundos ou de um bom scoth, melhor ainda, uma deliciosa pinga, ou então de procurar direto, sem intermediários, um hospital psiquiátrico e se auto vestir numa camisa de força.

Só imaginar que Kate Perry canta já é uma tragédia. Pior ainda Antônio Anastasia imperador de Minas Gerais. É público e notório que quando apoiou a reeleição para um terceiro mandato – foi o único a fazê-lo – de Alberto Fujimori no Peru, FHC estava de olho no seu eventual terceiro mandato. Como bem diz Millôr Fernandes e lembrou Emir Sader, “FHC é o único sujeito que acha que é mais inteligente que ele próprio”.

O sonho de transformar São Paulo num império com a denominação FIESP/DASLU e ser coroado com José Arruda Serra na figura grão vizir.

Um desses canais de tevê a cabo/satélite, no afã de emburrecer mais ainda os telespectadores, lançou um concurso antes da chegada de Kate Perry ao Brasil. Um vídeo feito por assinantes nos moldes da tal “cantora”. O melhor deles garantiria o direito de um dia com a dita cuja. Devem ter se esquecido que tortura é crime inafiançável e contra a humanidade.

Já andam vendendo lobisomem no mercado. É o capitalismo.

O comandante interino da 3ª de Cavalaria Mecanizada, coronel Mário Luís de Oliveira, em Bagé, Rio Grande do Sul, soltou uma ordem do dia lida perante a tropa formada no pátio, ou qualquer outro canto do quartel e deitou histórias de horrores sobre o governo João Goulart e a “corajosa” atitude das forças armadas depondo o presidente para salvar o Brasil. Imagino o que terá sido a noite da tropa.

Reforço de grades nas janelas, nas portas, trancas, câmeras o escambau. O medo que no meio da noite pudesse emergir das sombras e penumbras um comunista munido de foice e martelo e disparar foiçadas e marteladas na democracia.

É que essa gente não gosta de prestar contas da covardia real que foi 1964. Das prisões à revelia da lei, das torturas, dos estupros, dos assassinatos, o medo da Comissão da Verdade. Escondem-se atrás da saia da anistia e tentam aterrorizar a turma.

A ordem do dia do distinto é um primor de ferocidade. É preciso atenção para saber se quando sai às ruas usa focinheira, do contrário estará infringindo a lei que protege os cidadãos de ataques de animais ferozes.

Deve ter baixado o espírito de Dan Mitrione, do general Vernon Walthers, comandante das forças armadas golpistas em 1964, de Garrastazu Medice e seu radinho de pilha querendo Dadá Maravilha de titular na seleção de 1970. Sai Tostão, ou sai Jairzinho, ou então Rivelino, entra Dadá. 

O espectro do delegado Fleury rondava o ambiente.

O discurso da presidente Dilma Roussef na abertura da Assembléia Geral das Nações Unidas foi um traulitada no esquema das grandes nações, dos poderosos/quebrados, mas donos de arsenais capazes de destruir tudo. O cavalo de Átila – “por onde o cavalo de Átila passa não medra grama” – deve ter se remoído onde quer que se encontre.

Nada diferente do óbvio, a lógica do capitalismo a brasileira inventado no governo Lula e diagnóstico preciso de Ivan Pinheiro, secretário geral do PCB. Mas aquele negócio de no rico dinheirinho brasileiro a turma não vai por as mãos para salvar da falência banqueiros e grandes corporações européias. Ainda mais depois de atrapalhar contratos brasileiros – empresas – na Líbia.

A ONU viveu momentos de brilho na semana que passou. O discurso do presidente palestino Mahamoud Abbas e o envergonhado falatório do líder nazi/sionista Benjamin Netanyahu, principal executivo de ISRAEL/EUA TERRORISMO S/A.

As armas nucleares do genocida Netanyahu versus os estilingues dos palestinos.

Essa turma deveria perder um pouco de tempo, fazer um esforço além de assistir o JORNAL NACIONAL e ouvir Miriam Leitão defendendo os empregos de trabalhadores norte-americanos às custas de trabalhadores brasileiros (no caso do IPI de carros importados) e ler o discurso do líder da revolução islâmica no Irã, o aiatolá Sayyed Ali Khamanei, no encontro chamado Despertar Islâmico.

Ao falar sobre a revolução no Irã e abordar os dias atuais, o levante dos egípcios, principalmente.


Nessas revoluções, os princípios, valores e metas não aparecem escritos em manifestos pré-fabricados por grupos ou partidos: aparecem escritos na mente, coração e desejos de cada uma e de todas as pessoas que se apresentam à cena onde a história se faz; e são declarados no contexto, por seus slogans e atitudes. Considerados todos esses sinais, podem-se ver e declarar que os princípios das atuais revoluções em curso na região, no Egito e em outros países são, em primeiro lugar e principalmente, os seguintes:

Reviver e renovar a dignidade e o respeito nacionais que foram quebrados e golpeados durante longos anos de governos ditatoriais e corruptos, e pela dominação pelos EUA e pelo ocidente. Manter alta a bandeira do Islã, que é fé profunda no coração do povo, ligação de muitas gerações entre muitos povos, que oferece a muitos paz de espírito, sentido de justiça, desejo de progresso e prosperidade que não se alcançam senão sob a lei islâmica, a Xaria. Resistir contra a influência e a dominação de EUA e Europa, causa da desgraça e dos mais graves danos, e da humilhação dos povos desses países, ao longo de 200 anos. Opor-se ao regime de ficção, de usurpação, dos sionistas, que as potências imperialistas cravaram como adaga, funda, no coração dessa região, para usá-la como ferramenta que lhes permitisse manter a amaldiçoada dominação, depois de terem expulsado um povo inteiro, de sua terra nativa e histórica Não há dúvidas de que as revoluções na região que se apóiam e querem fazer valer esses princípios, não agradam os EUA, a Europa e os sionistas, e que eles usarão todos os meios que encontrarem para negá-las. Mas negar as revoluções no mundo islâmico não apagará a verdade.

Não tenho bem certeza, mas acho que foi Spielberg, que fez um exercício sobre o caráter doentio da sociedade norte-americana, aquela que mata os pais e dá uma festa. Ou executa com injeção letal inocentes ou presumidos culpados. Um submarino japonês chega por engano às imediações de Los Angeles e os japas ficam fascinados com aquele letreiro imenso – HOLLYWOOD. E tocam a tirar retrato, mania de japoneses até hoje. O “patriotismo” dos cidadãos aflora por todos os cantos e a tarefa de levar o submarino a fazer água enche de brios os peitos dos tais cidadãos. Enquanto isso o general comandante chora ao assistir Pocahontas.

Vai daí que o terror vira uma esculhambação geral. É uma forma de enxergar a estupidez, diferente da de Kulbrick e seu capitão Mandrake, transgressor da ordem capitalista em flagrante desrespeito à propriedade privada ao quebrar a máquina de Coca Cola e catar a moeda que lhe permitiu avisar ao Pentágono que o general enlouqueceu.

Hoje é diferente. George Bush se veste de Barack Obama e toma o cinismo como instrumento de governo. O desempenho do canastrão tipo Silvéster Stallone, o Rambo, é substituído pelo ator competente. E ainda por cima se deixa engraxar para parecer negro.

Quando a coisa aperta corre até a geladeira e serve uma cerveja num dos cantos ao ar livre da Casa Branca. Com direito a avental e tudo.

Mas a sede é tanta que o original pode voltar noutro nome e noutra forma.

Poucos deram atenção a um fato significativo acontecido há uns dois ou três meses. O Superman renunciou à cidadania norte-americana, preocupado com tantas barbáries perpetradas pelos EUA. Estavam respingando sobre o dito.

Lois Lane continua a ver navios. E a tomar suco de laranja brasileiro taxado para não afetar o mercado norte-americano, os produtores do país, coisa que a veneranda senhora Miriam Leitão não diz nem amarrada, pois é paga para dizer o contrário, para ignorar a verdade. Sei lá, tenho a sensação que a vetusta comentarista, adequadamente chamada de “urubóloga” pelo jornalista Paulo Henrique Amorim, qualquer dia sai voando que nem aqueles teco tecos que carregam anúncios em longas faixas. A dela é previsível – vem aí a crise –. Compra não que é fria.

A ela falta a verve para encarnar o personagem do “Homem que falava javanês”, mesmo porque Machado de Assis virou branco num comercial da Caixa Econômica Federal.

Ah! Ia me esquecendo. Compraram uma cadeira de “imortal” para Merval Pereira, jornalista do O GLOBO. Fez um discurso chamando de “vagabundos” os beneficiários do programa bolsa família. “Imortal” tem ajuda de custos com verba pública. Chá bolinhos, etc.

Presente o ex-governador de São Paulo José Arruda Serra. O tal que a filha ganhou uma bolsa em Harvard, paga pela AMBEV – antes de oficializada a fusão Brahma/Antártica). A moça estudou por lá, a AMBEV pagou, na volta foi trabalhar na empresa e a fusão legalizada. Tutti buona gente. Sem falar nas contribuições para a candidatura do vampiro paulista.

A Academia Brasileira de Letras vive uma fase descendente, deve ser por isso que branquearam Machado de Assis, desde a eleição de José Sarney, autor do destempero BREJAL DOS GUAJÁS, demolido letra por letra pelo jornalista Millor Fernandes.

Daqui a cem anos quando alguém falar do imortal Merval o outro vai dizer – quem? – Ora, você não sabe? jornalista do O GLOBO. – Ah! sei. – Sem saber nada.

Quem não se lembra de Marinho, lateral esquerdo do Botafogo e depois do Fluminense, pernambucano loiro e de olhos azuis, a descendência holandesa?

Em novembro de 1555 o vice-almirante Nicolas Durant de Villegagnon chegou à baía de Guanabara. O propósito era criar a França Antártica. Nada a ver com a cerveja. Mas com comércio e uma parte do Brasil colônia para a França.

Villegagnon comeu o pão que o diabo amassou no tempo que ficou por aqui. Católico, obrigava os franceses que trocavam presentes por índias ao sacramento do matrimônio. Gerou revolta entre os seus, mas controlou o esquema. Acabou envolvido no cisma da Igreja Católica e os primeiros pastores protestantes chegaram por aqui àquela época (nada a ver também com Edir Macedo, esse é outro tipo de pilantragem).

O projeto faliu a curto e médio prazo, mas hoje, com certeza, lá está Antônio Anastasia, monarquista empedernido, assentado no trono do governo de Minas a perseguir professores com um séquito de deputados estaduais, desembargadores e a mídia comprada e guardada na carteira das contas públicas, lógico, o dinheiro sai do bolso do cidadão.

Deformação genética da França Antártica. Deve achar que merece Versailles.

Eita semaninha danada! 

     
Leia também: Opus Dei  quer "faxina verde-amarela" de Altamiro Borges