quinta-feira, 17 de março de 2011

"Ele explica muito. Fala até pro porteiro do prédio"




Laerte Braga


A frase é de Dilma Roussef explicando a sindicalistas o porquê do novo salário mínimo. Referia-se ao ministro da Fazenda, Guido Mantecca, ao qual fez pesadas críticas na reunião com líderes sindicais e de quebra o chiste. Vai juntar-se a Boris Casoy na galeria dos que trazem consigo arrogância e o preconceito. Casoy e os garis e Dilma e os porteiros de prédio.

Tânia Gabrielle Cooper Patriota é norte-americana de nascimento e naturalizada brasileira. Mora na Colômbia e na Venezuela dirige o FUNDO DE POPULAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS. Representa o órgão também na Colômbia.

É considerada um quadro burocrático sem brilho, mas hostil ao governo do presidente Hugo Chávez. Segundo o jornal THE GLOBE na versão brasileira, edição de quinta-feira, dia 17, O GLOBO, foi escolhida para ciceronear a primeira dama Michele Obama quando da visita do novo capitão do mato à fazenda Brazil.

Um detalhe. Segundo o mesmo jornal, “mantém um casamento à distância com o chanceler brasileiro Anthony Patriot. Patriot, brasileiro de nascimento, é o agente designado pelo conglomerado EUA/ISRAEL TERRORISMO S/A para ocupar o cargo no Brazil.

A primeira insinuação de um comício do terrorista Barack Obama no Brasil foi feita diretamente à presidente Dilma Roussef. A idéia, a princípio considerada perigosa, veio então em forma de determinação. A partir daí todas as providências começaram a ser tomadas para facilitar o show, segundo o jornal argentino LA NACIÓN, “um prolongamento do carnaval carioca para receber Obama”.

O show, entende LA NACION guarda semelhança com as recepções a artistas pop, cantores e grupos de rock. O LA NACION cita também as visitas papais. Devem ter esquecido do PAPA MÓVEL, um carro alegórico para Obama desfilar na Marquês de Sapucaí.

Todo o esquema para o show de Obama estava montado antes mesmo de Lula deixar a presidência da República. Faz parte de um projeto político das elites para tentar impedir que o ex-presidente volte ao governo em 2014 e está a cargo das organizações GLOBO armar o espetáculo.

É hora de William Bonner colocar em campo o que ele chama de “Homer Simpson”. O telespectador padrão do JORNAL NACIONAL comparado ao personagem sério, trabalhador, mas idiota e facilmente enganável da série norte-americana.

O show começou a ser montado quando se definiu a visita de Obama por jornalistas/agentes norte-americanos que atuam na GLOBO, tanto em New York, Washington e Rio de Janeiro. A rede, bem estilo filme de terror mesmo.

Daí o envolvimento de FAUSTO SILVA (audiência caindo pelas tabelas, um jeito de tentar salvar o programa), da equipe do FANTÁSTICO e do DOMINGO ESPETACULAR da Record (Edir Macedo recebeu a ordem em Miami onde mora e recebe sua polpuda parte no dízimo e o salário do governo dos EUA).

Convencer Sérgio Cabral e Eduardo Paes foi barbada. O governador mantém a GLOBO no Rio com fartas verbas publicitárias e em troca ganha apoio da rede. O prefeito, idem, ibidem.

A histeria de Cabral chegou ao ponto de dizer a jornalistas que “Obama vai dormir no Rio duas noites, que bacana”. Isso vai valer elogios públicos da GLOBO, mas pedido de moderação nos comentários públicos para não ficar tão intimista assim. Atrapalha o Big Brother.

Esse tipo de situação é a pornografia implícita, mas nem tanto, do programa. A pornografia explícita acontece no domingo quando Obama descer no heliporto da PETROBRAS – foi estratégica a escolha, quer mostrar que é senhor do pré-sal – e a partir daí cumprir o programa turístico/carnavalesco/colonizador, que tem o ponto alto no discurso que fará aos brasileiros, novos súditos, na Cinelândia.

Todo esse aparato para o senhor do Brazil tem também o objetivo, além de começar a desconstruir Lula por formas indiretas – na cooptação de Dilma Roussef, a máscara caiu mais cedo que se imaginava – o de reforçar o prestígio do terrorista em seu território. É que ano que vem tem eleições, Obama está mal nas pesquisas, ainda não conseguiu emplacar a cantada que vem dando em Angeline Jolie – colunas sociais dos EUA vivem falando nisso – e sabe que pode perder a presidência de EUA/ISRAEL TERRORISMO S/A.

Neste momento o presidente corre o risco de ter que enfrentar acusações de receber dinheiro ilegal em sua campanha eleitoral de 2008, doação do ditador líbio Muammar Gaddafi, como aconteceu com Nicolas Sarkozy. Enfrenta protestos públicos de centenas de milhares de norte-americanos que perceberam que o negro é só graxa, no duro é branco em várias cidades e não quer nem ouvir falar do risco de acidente nuclear – real – no Japão.

Precisa de uma overdose de adrenalina para sacudir o combalido líder terrorista. Lógico, presidir o conglomerado, entre outras coisas, confere o direito de tomar conta do Brazil, o maior país latino americano é uma das oito maiores economias do mundo, agora montado no petróleo. Alvo maior do terrorista.

Dilma Roussef está irritada, dizem os jornais inclusive O GLOBO, com a reação de alguns petistas sobreviventes que teimam em protestar contra a visita de Obama e o comício ao Rio. Quer que a direção nacional enquadre a turma. Falo da direção do PT-USA – Partido dos Trabalhadores dos Estados Unidos da América –.

A conversão aconteceu em Wall Street depois que Guido Mantecca pôs-se a explicar ao porteiro do prédio como funciona o mecanismo de cálculo e reajuste do salário mínimo no Brasil.

A bolsa já havia encerrado suas atividades, mas, misteriosamente, o sino que abre o pregão começou a badalar sozinho e se pode identificar a velha expressão “subdesenvolvido”, da canção que diz que “o brasileiro pensa como americano, mas não vive como americano”.

Voltamos a vender borracha e comprar pneus. E chicletes.

O pedido de desculpas de Dilma a Mantecca aconteceu numa reunião que durou seis horas e teve direito a rasgados elogios, tapete vermelho e segundo O GLOBO, muitos afagos.

É o novo Brazil. O dos garis e porteiros de prédios. Casoy e Dilma, quem diria!

Voltamos ao estágio MACAQUITOS. Agora com direito a mensagem direta para Obama via twitter. Dá para mandar do celular também. Você paga os custos e mais os impostos e acha que Obama lê.

Faz uma idéia de quanto as organizações GLOBO estão faturando nesse trem todo?

Vendendo o Brazil?


quarta-feira, 16 de março de 2011

Brasil assassino

Por Frei Betto*

Defender direitos humanos no Brasil ainda é considerado um acinte.

Madrugada de sábado, 19 de fevereiro de 2011. Aglomerado da Serra, região habitada por famílias de baixa renda em Belo Horizonte. Três soldados da ROTAM (Rondas Táticas Metropolitana), comandados pelo cabo PM Fábio de Oliveira, 45, cercam dois pacatos moradores - o enfermeiro Renilson Veridiano da Silva, 39, e seu sobrinho, o auxiliar de padeiro Jeferson Coelho da Silva, 17.

Acusados de serem traficantes de drogas, tio e sobrinho negam. Os policiais militares gritam que traficantes têm que pagar propina. Eles não têm dinheiro. Obrigados a deitar no chão, os dois são fuzilados.

Vizinhos e amigos das vítimas se revoltam. Na manhã seguinte, queimam três ônibus. O governador Antônio Anastasia exige apuração. Os policiais são presos na quarta, 23. O cabo Oliveira, que comandava a patrulha, fica numa cela do 1º Batalhão da PM.

Na quinta, 24, o cabo recebe a visita de sua ex-mulher e do advogado Ricardo Gil de Oliveira Guimarães. O preso aparenta tranquilidade.

Na sexta, 25, ao amanhecer, o cabo Oliveira é encontrado morto na cela, enforcado pelo cadarço do calção que usava, amarrado ao registro da água do chuveiro.

Suicídio ou suicidado? Desespero ou queima de arquivo? Autoridades policiais que investigam o caso suspeitam que calaram definitivamente o cabo para evitar que denunciasse outros assassinatos cometidos pela PM mineira.

Dois inocentes trabalhadores mortos à queima roupa. O governador Anastasia está diante de sua primeira oportunidade de comprovar que a PM de Minas não pode ser confundida com reduto de assassinos.

* * *

Na segunda, 28 de fevereiro, o corpo de Sebastião Bezerra da Silva, 40, da Comissão de Direitos Humanos de Tocantins, foi encontrado numa fazenda do município de Dueré (TO). Os dedos das mãos estavam quebrados e, sob as unhas, sinais de agulhadas; os dedos dos pés tinham sido arrancados; e se apurou que fora asfixiado por estrangulamento.

Representante regional do Movimento Nacional de Direitos Humanos, Silva havia denunciado PMs por prática de torturas e assassinatos. Nos últimos meses, apurava a responsabilidade pelo linchamento de um preso numa delegacia do interior.

Cabe ao governador Siqueira Campos, de Tocantins, apurar este crime hediondo e demonstrar que seu estado nada tem a ver com o velho faroeste onde imperava a lei do mais forte.

* * *

O presídio Urso Branco, de Porto Velho (RO), comporta 456 presos. A 31 de dezembro de 2001 abrigava 1,2 mil detentos. Muitos circulavam livremente pelos pavilhões. O poder judiciário determinou que todos fossem recolhidos às celas.

No dia 1º de janeiro de 2002, o diretor do presídio, Weber Jordano Silva; o gerente do sistema penitenciário, Rogélio Pinheiro Lucena; e o diretor de segurança, Edilson Pereira da Costa, decidiram misturar, no pátio, os presos jurados de morte com os demais.

Arrastados, os condenados pela lei do cão gritavam pelos corredores, pediam clemência aos agentes penitenciários, pois tinham certeza do destino que os aguardava. Em vão. Foram assassinados 27 presos.

No sábado, 26 de fevereiro de 2011 – nove anos após o massacre – a Justiça de Rondônia condenou 17 detentos, acusados de participarem da chacina, a sentenças de 378 anos a 486 anos. Os diretores e agentes penitenciários foram todos absolvidos.

A Comissão de Justiça e Paz da Arquidiocese de Porto Velho criticou a promotoria por inocentar o ex-diretor de segurança: “Era quem mais sabia que, se colocasse os presos no pátio, eles seriam mortos.”, declarou Cíntia Rodrigues, advogada da comissão.

* * *

Os três episódios acima descritos representam, lamentavelmente, o reino da impunidade e da imunidade que assola o Brasil. Defender direitos humanos no Brasil ainda é considerado um acinte. A Justiça é cega quando se trata de penalizar autoridades e policiais, pois não enxerga que a lei não admite que se aja acima dela. Nossos policiais recebem formação inadequada, muitos atuam com prepotência por vestirem uma farda e portar uma arma, humilham cidadãos pobres e praticam extorsões.

A ministra Maria do Rosário, da Secretaria Especial dos Direitos Humanos, deve se antecipar na exigência de apuração de tão graves crimes, antes que o Brasil passe a vergonha de se ver, mais uma vez, condenado pela Corte Interamericana de Direitos Humanos da OEA.

*Frei Betto é escritor, autor de “Diário de Fernando – nos cárceres da ditadura militar brasileira” (Rocco), entre outros livros. http://www.freibetto.org/ - twitter:@freibetto


(Envolverde/Brasil de Fato)

segunda-feira, 14 de março de 2011

Notícias internacionais têm pauta única


As agências de notícias tradicionais foram criadas como empreendimentos para a divulgação de informações financeiras em meados do século 19. Apoiadas pelos governos dos países onde tinham sede, essas agências nunca deixaram de ver o mundo segundo a ótica peculiar desses mesmos países.

Quando a revolta árabe chegou à Líbia, fornecedora de grande parte do petróleo consumido na Europa, a batalha da informação tornou-se mais acirrada.

Notícias falsas começaram a circular pelas agências internacionais de notícias e por algumas redes de televisão. No Brasil foram reproduzidas sem crítica.

Duas delas:

1) O presidente Muhamar Kadaffi recebe asilo político da Venezuela e segue para Caracas.

2) Kadaffi negocia com rebeldes sua saída do pais. Quer levar a família e grande quantia em dinheiro.

Mentiras logo esquecidas. Quando o repórter da Telesur relatou, ao chegar a Trípoli, que a situação era de calma na cidade foi ridicularizado pela Folha de S.Paulo e por uma de suas articulistas, até com chamada de capa.

Aquela altura toda a corrente majoritária da mídia internacional, acompanhada pela brasileira, dava como certa uma rápida vitória dos rebeldes.

A Telesur mostrava que na Líbia a situação era diferente do que havia ocorrido na Tunísia ou no Egito. As manifestações de massa não tinham chegado ao centro do poder e poderia haver um equilíbrio maior entre os lados em conflito, o que acabou se confirmando.

A atuação da Telesur, ao lado da Al-Jazira e outras emissoras árabes, mostra a importância de uma diversidade maior no fluxo internacional de informações.

As agências de notícias tradicionais foram criadas como empreendimentos para a divulgação de informações financeiras em meados do século 19.

A Reuters, de 1851, esteve durante muito tempo a serviço da família Rothschild, interessada em informações rápidas e precisas sobre os mercados financeiro e mercantil da Europa.

Apoiadas pelos governos dos países onde tinham sede, essas agências nunca deixaram de ver o mundo segundo a ótica peculiar desses mesmos países.

Tanto é que a UNESCO, nos anos 1970/80, impulsionou o debate por uma Nova Ordem da Informação e da Comunicação interrompido com ascensão dos governos Reagan, nos EUA, e Thatcher, no Reino Unido.

Perceberam esses governantes que uma “nova ordem” informativa implicaria num enfraquecimento do projeto neoliberal, em fase inicial de implantação no mundo.

A sonhada circulação de notícias sul-sul, capaz de quebrar o fluxo informativo norte-sul, foi adiada. EUA e Reino Unido chegaram a cortar suas contribuições financeiras para a UNESCO como forma de pressioná-la a deixar de lado o debate sobre a comunicação.

E foi o que aconteceu. Os anos 1990 assistiram a um perfeito entrosamento entre a ordem econômica e a ordem informativa, alinhadas no projeto neoliberal.

Mantinha-se praticamente intacto o fluxo informativo internacional implantado no século 19 pelas três grandes agencias internacionais européias (Reuters, Wolff e Havas) e, associado no século 20, às estadunidenses AP e UPI.

A centralidade de poder era tão grande que notícias da Bolívia só chegavam ao Brasil depois de passar por Nova York, Paris ou Londres.

Se a UNESCO não conseguiu romper essa lógica, o surgimento de novas tecnologias da informação e a visão estratégica de alguns governos, como os da Venezuela e do Qatar, puseram em cheque a ordem estabelecida.

No Egito, relata Paulo Cabral, ex-correspondente da BBC Brasil no Cairo, as antenas parabólicas estão em quase todos os domicílios captando essencialmente emissoras árabes como a Al-Jazira.

Suas informações – ao longo de muito tempo – serviram de caldo de cultura para desencadear a revolta, ampliada a seguir pela redes na internet.

A Telesur, por sua vez, vem demonstrando a importância da existência de pautas alternativas às das grandes agências.

Como exemplos pode-se citar as cobertura do golpe de Estado contra o presidente Zelaya, em Honduras; as libertações de reféns pelas Farc na Colombia e mesmo as reuniões de chefes de Estado sulamericanos, tão maltratadas pela mídia tradicional.

Infelizmente, no entanto, imagens da Telesur e da Al-Jazira quase não chegam até nós. No caso da emissora latina é necessária a compra de um decodificador, ligado a uma antena direcionada para o satélite por onde trafegam os seus sinais televisivos.

Mas existem dois caminhos bem mais simples: sua inclusão no menu das operadoras de TV por assinatura e a utilização dos seus serviços pelas emissoras brasileiras nos telejornais, como o que é feito com CNN, Reuters e outras.

Isso só não ocorre porque as operadoras de canais fechados e as TVs abertas negam-se a veicular visões de mundo desalinhadas do pensamento único.

E mesmo emissoras públicas, com poucas exceções, preferem seguir a pauta diária estabelecida pelas grandes agências internacionais, curvando-se ao modelo em vigor no mundo desde 1835, quando Charles Havas fundou a primeira agência internacional de notícias na França.

Laurindo Lalo Leal Filho, sociólogo e jornalista, é professor de Jornalismo da ECA-USP. É autor, entre outros, de “A TV sob controle – A resposta da sociedade ao poder da televisão” (Summus Editorial). Twitter: @lalolealfilho.

Obama toma posse dia 19 e fala aos nativos dia 20



Laerte Braga


Barack Hussein Obama o mais perigoso líder terrorista em todo o mundo, presidente do conglomerado EUA/ISRAEL TERRORISMO S/A chega no dia 19 ao Brasil. Vai ser recebido pela “presidente” Dilma Serra Roussef e toma posse da nova colônia norte-americana em seguida.

No dia 20, no Rio de Janeiro, Barack Hussein Obama fará um discurso aos nativos, na Cinelândia. O evento está sendo considerado histórico e pode ser comparado à chegada da família portuguesa ao País, fugindo de Napoleão.

Obama foge dos próprios norte-americanos cada vez mais conscientes que foram vítimas – como os brasileiros – de estelionato eleitoral. No território continental do conglomerado terrorista crescem os protestos contra a barbárie dos acionistas do grupo. Madison foi o ponto de partida.

Na segunda-feira à tarde, militares e agentes norte-americanos vistoriaram o território – Cinelândia – onde Obama vai fazer seu discurso aos nativos. A convocação está sendo feita pelas principais rede de tevê do Brazil. Estão sendo usados desde agentes de primeiro escalão como os ministros Nelson Jobim, Moreira Franco e Anthony Patriot, até funcionários subalternos como o apresentador Fausto Silva, além, lógico, dos dois responsáveis pelos principais noticiários do conglomerado por aqui. Willian Bonner e Willian Haack.

A sede do governo do Brazil está promovendo um concurso via twitter para aqueles que desejarem dar boas vindas ao líder terrorista e ouvir seu discurso na Cinelândia. Os que melhor se saírem no quesito submissão podem ganhar prêmios variados.

Dilma Serra Roussef mentiu aos brasileiros, por exemplo, quando anunciou que a compra de caças para reequipar a “Força Aérea Brasileira” – BRASILEIRA,  será? – estava suspensa por seis meses e que nova licitação seria feita, ou seja, todo o processo reiniciado.

O presidente do conglomerado EUA/ISRAEL TERRORISMO S/A disse hoje, através de porta-vozes, que será transferida tecnologia dos caças do grupo BOEING a empresa norte-americana (com algum capital do antigo Brasil) EMBRAER, privatizada no governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.

A escolha da Cinelândia não é acidental. Os responsáveis pelo conglomerado querem deixar claro que a ocupação do Brasil é definitiva, não pensam em tirar as patas daqui tão cedo. O local – Cinelândia – é emblemático na história das lutas populares. Todo e qualquer vestígio de história, dessa história, vai ser varrido por Barack Hussein Obama.

A favela Cidade de Deus será visitada num gesto caridoso pelo terrorista Barack Hussein Obama. Seus assessores, a comitiva tem perto de mil pessoas, certamente distribuirão balas, pirulitos, e bandeirinhas norte-americanas para serem agitadas assim que o assassino de crianças afegãs pisar ali (semana passada um general norte-americano no Afeganistão pediu desculpas às famílias das crianças por conta de um bombardeio equivocado, foram quarenta ao todo).

O governo da nova colônia já foi instruído a reprimir toda e qualquer manifestação contra Barack Hussein Obama e as tevês proibidas de veicular imagens de eventuais protestos de brasileiros inconformados com a transformação do país em colônia.

Obama leva o pré-sal disfarçado em acordos – tipo aqueles das letrinhas miúdas – assina uma série de documentos orientando a “presidente” a como proceder no futuro.

Nas reuniões preparatórias para a “festa” na Cinelândia houve quem lembrasse o velho Abelardo Barbosa – Chacrinha – e sugerisse farta distribuição de bacalhau, já que o próximo feriado prolongado é o da semana santa. A idéia não foi aceita, a maior parte acha preferível gastar esse dinheiro suplementando bancos dos EUA que deram o golpe em milhões de cidadãos do conglomerado, tomando suas casas e agora se acham em sérias dificuldades (de mentirinha, o conglomerado já os socorreu).

A hipótese de apresentação de vários artistas não está afastada e a GLOBO pronta para uma exibição ao vivo – em telões – do BBB-11. Debaixo do edredon um casal mostrará a Obama os segredos do bordel em família.

Um cartaz está sendo afixado em diversos pontos da cidade do Rio de Janeiro convidando os nativos a comparecerem ao local e a ouvirem o discurso do novo dono.

No site VI O MUNDO, em http://www.viomundo.com.br/politica/paul-krugman-outro-inside-job.html é possível encontrar o trabalho de Paul Krugman sobre os métodos do conglomerado em relação a mortais comuns, isso nos EUA. Foi publicado originalmente no NEW YORK TIMES, que ainda que insistam em desmentir ou tentar ocultar, é um jornal editado na cidade de New York.

Um dos itens mantidos em segredo nas ordens que serão transmitidas à “presidente” Dilma Serra Roussef está a privatização da previdência social. Empresas do conglomerado querem tomar conta do negócio e com o dinheiro daqui tampar o rombo de lá. Dilma vai jogar o verde da redução da jornada de trabalho para colher o maduro da privatização da previdência.

Esse era um dos acordos feitos entre FHC e os investidores norte-americanos em Foz do Iguaçu à época da campanha eleitoral.

Como sempre as versões oficiais, as notas conjuntas virão recheadas de linguagem diplomática falando em colaboração, amizade histórica, coisas do gênero.

O discurso de Obama na Cinelândia será uma das peças de sua campanha eleitoral em 2012, quando tentará se manter à frente do conglomerado terrorista.

Obama vai exibir a CONQUISTA DO BRAZIL como seu grande trunfo e mostrar todo o potencial que a nova colônia representa para a matriz.

O]o processo de convencimento dos nativos que assim será melhor ficará a cargo da GLOBO e mídia privada. Iremos virar mexicanos e breve um grande muro para impedir o ingresso de brasileiros nos EUA (exceto Jobim, Moreira Franco, Anthony Patriot, etc) estará erguido em nossas fronteiras, mesmo que não tenhamos, como não temos, fronteiras com a sede. Mas, acaba sendo um grande negócio para empreiteiros.

No programa MANHATAN COLLECTION (que ninguém assiste desde que Paulo Francis morreu) na edição do próximo domingo deverão ser espocadas champagnes comemorativas da conquista do Brazil.

Por enquanto só está faltando Pelé e a bateria de uma escola de samba.

Seria a dupla ideal, dois brancos engraxados com graxa preta no vasto mundo do conglomerado terrorista EUA/ISRAEL TERRORISMO S/A.

domingo, 13 de março de 2011

Vem aí o terrorista Obama - Mão na carteira




Laerte Braga


A embaixada do conglomerado EUA/ISRAEL TERRORISMO S/A em Brasília está se empenhando em transformar a chegada do presidente do grupo, Barack Hussein Obama, num prolongamento do carnaval brasileiro.

Usando redes sociais na Internet desde o dia 10 de março, avisa aos nativos que ainda é possível enviar mensagem de boas vindas ao terrorista norte-americano. No melhor estilo de trocar apito por petróleo as mensagens mais entusiasmadas vão receber brindes como canecas e camisas com a imagem do tirano e até IPhones e iPads. A campanha está sendo feita pelo twitter da organização terrorista.

Como nos melhores supermercados de qualquer país do mundo a promoção é feita várias vezes por dia e é preciso estar atento e absolutamente alienado para acompanhar o twitter do conglomerado e ser brindado com os mimos que precedem a chegada da corte terrorista.

Segundo a embaixada o assassino de iraquianos, afegãos e palestinos gosta de “contato popular”.

Barack Hussein Obama é um dos grandes embustes do século XXI. Finge-se de negro e governo segundo os preceitos arianos do MEIN KAMPF (ressuscitado pelo executivo norte-americano na antiga Grã Bretanha - é colônia hoje - David Cameron).

Dono do maior arsenal terrorista de todo o planeta, capaz de destruir a Terra cem vezes se preciso for, maior acionista (o conglomerado que preside) da esmagadora maioria da mídia privada – no Brasil da totalidade – quer transformar sua visita/conquista numa grande festa onde os brasileiros sejam os protagonistas da submissão absoluta ao império.

No governo Dilma Roussef tem três importantes aliados. O ministro da Defesa Nelson Jobim, o ministro de Assuntos Estratégicos Moreira Franco e o ministro das Relações Exteriores Anthony Patriot.

As redes nacionais de tevê estão sendo instruídas a não mostrar imagens de eventuais descontentamentos ou protestos com a presença do terrorista no País, razão pela qual os cenários estão escolhidos a dedo para evitar constrangimentos ao genocida.

Obama vem dizer a Dilma que está tudo errado e que o pré-sal precisa ser repassado aos norte-americanos para a garantia da paz, da democracia e do mundo cristão.

Como a presidente ainda é uma incógnita e está cercada de alguns dos piores elementos da política brasileira, aparenta ser brava, mas é dócil e fácil de ser levada (um brigadeiro, uma camiseta, algo assim) há o temor que Obama consiga levar parte do petróleo nos chamados leilões realizados pelo governo e que implicam, na prática, na cessão de riquezas nacionais aos terroristas que controlam o mundo.

Temerosos que William Bonner e William Haack, agentes norte-americanos junto à mídia brasileira, tenham crises histéricas de paixão quando ao vivo em seus jornais, especialistas estão treinando a ambos para evitar esse tipo de procedimento. A William Waack já foi prometido um jantar tete a tete com a secretária de Estado Hilary Clinton que desde as eleições presidenciais de 2010 nunca escondeu sua admiração pela lealdade do jornalista global.

Se é a luz de vela ou não, não se sabe, é possível que seja iluminado por tochas com petróleo do pré-sal.

Três a seis miligramas de bromazepan deverão ser ministradas a jornalistas globais, da FOLHA, do ESTADÃO, das outras redes de tevê, para evitar surpresas desagradáveis, do tipo “grita o nome do Obama/e depois de desmaiar...”

No caso de VEJA não vai haver necessidade, o cinismo vence a emoção e a revista já está pronta para anunciar a descoberta do Brasil corrigindo um erro histórico que vem desde 1500. OBAMA DESCOBRE O BRASIL! ESTAMOS SALVOS! Deve ser por aí, poucas variações.

O que grande parte dos brasileiros desconhecem é que as chamadas UNIDADES DE POLÍCIA PACIFICADORA foram importadas de Israel e dos EUA, parceiros mundiais no terrorismo e revestidas dessa característica, impõem a paz do terror aos moradores das favelas do Rio de Janeiro, numa experiência que acontece também no Haiti, onde militares brasileiros cuidam do trânsito, de ajudar idosas a atravessar as ruas e controlar favelas.

Dentro de um projeto mais amplo, do qual o grupo terrorista BOPE faz parte, como faz o filme TROPA DE ELITE e sua continuação (é enganar o incauto cidadão com a história de polícia honesta), o líder do conglomerado EUA/ISRAEL TERRORISMO S/A deve visitar uma favela no Rio (quem sabe até ensaie uns passos de samba) e mostrar seu contentamento pela pacificação à base do porrete, do saque (O BOPE agride cidadãos indefesos, invade suas residências e rouba o que por lá existe de valor).

O alvo maior, no entanto, é o petróleo.

O terrorista pretende tirar Dilma Roussef para dançar uma valsa de Strauss e em seguida, num champagne preparado com antecedência, levar o pré-sal de volta na bagagem, além de negociar a venda de aviões da BOEING (empresa acionista do conglomerado terrorista) para as forças aéreas brasileiras. O comandante da FAB está radiante com a possibilidade do “negócio”, Jobim então nem se fala.

E Anthony Patriota já fez até promessa de descer nu no aeroporto de New York para mostrar o respeito e a admiração pelos nossos amigos.

Como são cerca de três dias de visita o genocida Barack Obama deve também tratar de tentar dar um jeito em Hugo Chávez, presidente da Venezuela, seduzindo a brasileira a dar apoio às tentativas de golpe de estado naquele país, restabelecendo a democracia cristã e ocidental, tudo com a bênção do núncio apostólico no Brasil.

O Vaticano é uma das empresas do conglomerado desde a eleição de João Paulo II, o santo do pau oco. Com Bento XVI atinge o ápice, bandeiras com a suástica aparecem em todos os cantos do enclave/estado/empresa.

As autoridades policiais estão sendo orientadas a arrancar todas as faixas de protesto contra a visita do “benfeitor”, quer dizer, feitor e a reprimir com dureza manifestações que a critério dessas autoridades possam se exceder nos protestos, tipo constatar que Obama e branco e como os atores brancos que faziam papel de negros em filmes, novelas, etc, é apenas engraxado de preto.

Se você estiver num ponto qualquer do país por onde vai passar a caravana do líder terrorista, mão na carteira. Ela leva o petróleo e a sua carteira, afinal, o país dele está passando o chapéu para poder sustentar as grandes corporações, que o digam os trabalhadores do estado de Wisconsin, em Madison.    

A divulgação que a embaixada do conglomerado está distribuindo brindes a quem se dispuser a saudar a visita do líder terrorista foi feita pelo jornal ESTADO DE SÃO PAULO. Estranho? Não, aposta na submissão dos nativos, principalmente a maioria dos leitores daquele jornal que até hoje acha que D. Pedro II governa o Brasil e a escravidão é uma realidade (no que está certo quando se percebe a realidade dos trabalhadores brasileiros).       

Uma das reuniões secretas que o terrorista vai manter no Brasil é com os líderes que se opõem à Comissão da Verdade. A que pretende esclarecer os horrores da ditadura militar no Brasil (foi comandada por Washington, um general norte-americano, Vernon Walthers). Os inimigos da verdade vão dizer a Obama que é preciso parar com isso do contrário torturadores, estupradores e assassinos da democracia cristão e ocidental estarão correndo risco de virem a ser punidos como acontece na Argentina e no Chile, onde a turma já está na cadeia. Jobim vai ser o mestre-salas.

quarta-feira, 9 de março de 2011

Padrões de Desenvolvimento e meio ambiente

* Marcio Pochmann 



O tema da sustentabilidade ambiental ganha maior dimensão e profundidade quando relacionado ao padrão de desenvolvimento, especialmente no momento presente de transição da sociedade urbano-industrial. Antes disso, em plena sociedade agrária, seja pela dimensão da população global abaixo de um bilhão de pessoas, seja pelo padrão de desenvolvimento, o meio ambiente não acusava impactos climáticos significativos frente à baixa concentração de dióxido de carbono na atmosfera e à estabilidade na temperatura global.

No sistema de produção e consumo generalizado globalmente pelo modelo estadunidense, especialmente a partir da Segunda Guerra Mundial, a oferta de energia não-renovável cresceu rapidamente, com forte impacto na elevação da temperatura do planeta. Assim, mediante a forte elevação da renda per capita a partir da passagem para a sociedade urbano-industrial, aumentou a intensidade da emissão de carbono na atmosfera, cuja concentração cresce de 275 ppm antes do ciclo de industrialização para cerca de 400 ppm atualmente. No caso da concentração de gás metano, que girava em torno de 720 a 780 ppb entre os anos 1000 e 1800, passou para 1.750 ppb no ano 2000. A consequência direta foi o movimento de aquecimento global.

Atualmente, a transição para a sociedade pós-industrial em curso, sobretudo nos países desenvolvidos, permite avançar significativamente as economias com produção intensiva em baixo carbono. Assim, as nações ricas passam a assumir a condição de economias de consumo de mercadorias intensivas em alto carbono, geralmente importadas dos países não desenvolvidos. Nesse sentido, está em marcha uma divisão internacional entre economias de alto e de baixo carbono, sendo que os países não desenvolvidos, cada vez que se industrializam, tornam-se economias intensivas na produção de mercadorias de alto carbono. A diferença ainda é elevada, porém, se reduz rapidamente. Nos Estados Unidos, por exemplo, as emissões de dióxido de carbono per capita aumentaram 11% entre 1990 e 2005, pois passaram de 19,1 para 21,2 toneladas por habitante. Em países como China, Índia e Brasil, o crescimento acumulado no mesmo período de tempo para emissão de dióxido de carbono por habitante foi de 87,7% (de 2,1 para 3,9 tn), 88,9% (de 0,9 para 1,9 tn) e 5,6% (de 1,8 para 1,9 tn), respectivamente.

A expansão econômica na sociedade urbano-industrial pressupõe a inexorável ampliação do consumo de energia, pois do contrário pode haver estagnação econômica combinada com a regressão social. Assim, nota-se que o padrão de desenvolvimento capitalista tem implicado elevação mais intensa da renda per capita que os países não desenvolvidos. Até o presente momento, em geral, o aumento da renda individual traz consigo a maior expansão do consumo de energia por pessoa. Ademais, constata-se também que a composição da energia no mundo encontra-se fortemente associada ao carvão (41%) e ao gás (20%). Carvão, gás e petróleo respondem conjuntamente por quase 70% da oferta mundial de energia.

Nos países da OCDE, a matriz energética encontra-se em quase 2/3 dependente do carvão, gás e petróleo. A diferença em relação ao mundo como um todo é a maior oferta de energia nuclear. A experiência brasileira recente chama atenção por se diferenciar de outros países não desenvolvidos que elevam a produção de mercadorias com mais intensificação das emissões de dióxido de carbono. A maior expansão econômica recente do Brasil não vem acompanhada da degradação ambiental, sobretudo do desflorestamento e de emissões de dióxido de carbono. De um lado, há avanços em termos da matriz energética limpa, com forte presença de fontes renováveis e redução do desmatamento e elevação das reservas ambientais. De outro, a substituição da energia não-renovável por renováveis em setores econômicos fortemente emissores de dióxido de carbono, como o de transporte e indústria. A maior parte da oferta energética é constituída por fontes renováveis, principalmente decorrentes do uso da água, que respondem por 77% da oferta de energia do país. Enquanto no mundo as fontes renováveis de energia respondem por somente 13% da oferta energética, no Brasil ela se aproxima dos 50%.

Para além de possuir uma das matrizes energéticas mais limpas do mundo, o Brasil vem substituindo fontes agressivas ao meio ambiente por outras renováveis. Em 2005, o carvão vegetal e a lenha responderam por menos de 12% da oferta energética do País, enquanto em 1970 representavam quase 50% da oferta de energia nacional. Na sequência da redução da lenha e carvão na matriz energética nacional houve elevação da oferta de energia elétrica, bagaço da cana-de-açúcar e do álcool etílico. Mesmo assim, cresceu a importância relativa do uso do carvão mineral, gás natural e derivados de petróleo. Em grande medida, o aumento no uso dos derivados do petróleo encontra-se relacionado à opção do transporte rodoviário em oposição às ferrovias e ao uso fluvial. Entre 1970 e 2005, por exemplo, cerca de 55% do consumo final de derivados de petróleo deveu-se ao transporte, pois a indústria reduziu a sua participação relativa de 24,1% para 13,8%, sem ampliação por parte das residências (de 7,2% para 6,8%).

Nos dias de hoje, o consumo nacional de elementos tóxicos à camada de ozônio representa não mais que 5% do verificado durante a década de 1990. Até há bem pouco tempo, o comportamento econômico brasileiro era acompanhado pelo movimento de desmatamento no bioma amazônico. De tal forma que a expansão da produtividade implicava o aumento do desmatamento na Amazônia Legal e vice-versa. Desde 2004, contudo, a expansão econômica brasileira tem sido seguida pela redução do desmatamento no bioma amazônico.

(Envolverde/Carbono Brasil)

Por Marcio Pochmann* presidente do IPEA, para a Revista Fórum

terça-feira, 8 de março de 2011

A dura vida das jornalistas brasileiras

Leonardo Sakamoto*
Coisa que vale a pena refletir neste 8 de março.
Gostaria de retomar um tema que já trouxe aqui. Há muitas bizarrices cravadas em nossa formação e até os que têm consciência disso cometem barbaridades. Quando páro para pensar no pacote de besteiras e pequenos crimes contra a igualdade de direitos que cometemos, dá até vergonha de sair da cama (ou, pior, de reencontrar algumas pessoas contra as quais perpetramos esses delitos de gênero). O que me lembra uma antiga militante pelos direitos das mulheres que dizia que todo o homem é inimigo até que tenha sido tenazmente educado para o contrário. Nesse sentido, a formação educacional e social de nós, jornalistas, continua pré-histórica, representando um ótimo retrato do restante de nossa sociedade.

Apesar delas serem a imensa maioria nas redações, são minoria nos cargos de alto comando. Raras são as empresas pelas quais já passaram mulheres pela direção. E as aquelas que lá chegam, têm que aguentar piadas e desconfianças. Podem não admitir em público, mas são muitas as histórias de frases como “liga não, é TPM daquela jornalista louca” ditas por fontes para justificar a publicação de determinada denúncia. Isso para ficar em formas leves de truculência.

Há poucas dentre as equipes que escrevem os editoriais – sabe como é, opinião é coisa séria, não dá para deixar na mãos das mulheres. Na média, também recebem salários menores que os nossos. Se forem negras então, afe! Na universidade pública, estudei com apenas uma negra, uma das mais competentes jornalistas que conheci. Mas só uma, dentre 25 pessoas. 

(No ano passado, a Organização Internacional do Trabalho lançou um estudo que mostrava como as mulheres tinham rendimentos mais baixos que os dos homens, apesar de, na média, terem maior escolaridade. Não tenho os dados sobre jornalistas, mas sim dos advogados – que dividirão conosco os melhores lugares no inferno no dia do Juízo Final: para advogados brancos, o salário médio de admissão havia sido de cerca de R$ 3 mil. No caso das advogadas negras, R$ 1,48 mil. Tem gente que ainda acha que isso é mentira – e depois manda a esposa esquentar o jantar e trazer o uísque).

As editoras têm que trabalhar mais para mostrar serviço, uma vez que são testadas o todo o tempo. Isso sem contar o estresse da pressão sobre a gravidez para não perder o que já foi conquistado devido ao afastamento. 

Cansei de contar as vezes que ouvi de amigas histórias de chefes que as assediaram abertamente no final de fechamentos. Para muitas, ser bonita é um presente ruim. De um lado, seu superior vai te fazer convites idiotas que podem “ser úteis para a sua carreira no futuro”. Do outro, os homens da redação, entrincheirados no fundo de sua mediocridade, podem achar que sua promoção ocorreu pelo fato de ter dormido com o chefe e não pela qualidade do seu trabalho. Isso acontece em qualquer profissão, é claro, mas nesta a hipocrisia faz com que as tintas pareçam mais carregadas. Critica-se a sociedade pelas atitudes cometidas dentro de casa. 

Lembrando que isso se aplica a todos – da imprensa mais progressista à mais conservadora. Pois idiotice não é monopólio ideológico de determinado grupo, bem pelo contrário, está espalhada, solta por aí. 

Como disse antes, gostaria de poder afirmar que tudo isso vai mudar e rápido. Desculpe se me repeti quanto ao que já havia discutido aqui antes. Mas jornalistas acham que são iluminados pela razão. O jeito que tratamos nossas companheiras de trabalho – conscientemente ou não – mostra que, apesar do acesso à informação, vamos na mesma lenta toada da sociedade como um todo, engatinhando para sair da idade das trevas do preconceito. Afinal de contas, não é informação que leva à mudança e sim como a compreendemos e nos apropriamos dela em nossas vidas. 

http://blogdosakamoto.uol.com.br/2011/03/07/a-dura-vida-das-jornalistas-brasileiras/
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sábado, 5 de março de 2011

O que a imprensa não diz (sobre a Líbia)


Ernesto Germano*

         Tenho acompanhado atentamente o noticiário sobre os acontecimentos na Líbia e, cada vez mais, impressiono-me com a capacidade da nossa imprensa “tão livre” para deturpar fatos, esconder dados e reproduzir apenas aquilo que os donos da informação desejam que seja divulgado.
         Não há isenção ou mesmo equilíbrio nas matérias. A velha regra de “ouvir as duas partes” parece ter sido esquecida pelos nossos jornalistas.
         Em alguns jornais de hoje (02/03), as notícias procuram mostrar o povo líbio como pobre e igualam as condições de vida às encontradas no Egito ou na Tunísia, países onde o povo foi para as ruas para derrubar o regime. Mas esta é uma comparação mentirosa!
         A Líbia tem uma balança comercial superavitária, superando 27 bilhões de dólares por ano, e uma renda “per cápita” média da população equivalente a 12 mil dólares. Isto significa seis vezes a renda média do Egito, por exemplo!
         O país tem 6,5 milhões de habitantes, com um padrão de vida elevado para a região. Comprova isto o fato de cerca de 1,5 milhão de imigrantes viverem na Líbia, onde encontram trabalho e salário digno.
         Aliás, este é um ponto curioso para analisarmos. Nos jornais de ontem, principalmente no Globo, vimos uma manchete dizendo que “milhares de imigrantes fogem da Líbia”. Ora, a notícia até seria interessante, para quem não tem um dado comparativo. Mas, se “milhares” fogem do país, o que significa isto se lá residem quase dois milhões de imigrantes?
         Ainda tratando da economia líbia, os nossos jornais (tão preocupados com os leitores e a qualidade da informação) esquecem de dizer que a Líbia é um país de economia aberta. A empresa petrolífera italiana ENI realiza cerca de 15% das suas vendas a partir da Líbia, mas não é a única. Lá também operam outras “gigantes” como a BP, a Royal Dutch Shell, a Total, a Basf, a Statoil, a Repsol e muitas outras. A Gazprom (russa) também opera no país, com centenas de trabalhadores, e a empresa de petróleo chinesa tem mais de 30 mil funcionários trabalhando lá!
         É verdade que Muamar Kadhafi já abandonou suas posições que o tornaram conhecido pela resistência ao imperialismo. Em 1969, quando assumiu o poder, iniciou uma política independente e nacionalizou o petróleo. Depois da guerra entre árabes e israelenses, ele liderou um boicote entre os países exportadores de petróleo contra os países que haviam apoiado Israel.
          Kadhafi modernizou seu país, criando universidades e novas indústrias, além de realizar um incrível projeto de irrigação fazendo surgir uma agricultura desenvolvida onde havia apenas areias do deserto.
         Em 1986 Ronald Reagan mandou bombardear a capital líbia. Em 15 de abril de 1986, Trípoli foi bombardeada por 13 modernos aviões dos EUA. O bombardeio terminou com a morte de Hanna, filha de Gaddafi, de 1 ano e 3 meses, e com outros dois filhos feridos. Hoje, o local ainda exibe os danos do bombardeio e a estátua foi erguida para relembrar o episódio.
         Depois da Segunda Guerra do Golfo, Kadhafi começou a mudar sua política. Privatizou dezenas de empresas, aceitou a “receita” do FMI e abriu as fronteiras para as grandes empresas multinacionais. Começou neste momento a queda do país e a corrupção se alastrou!
         Mas é preciso deixar de lado as notícias falsas da nossa imprensa e fazer uma reflexão sobre os acontecimentos na Líbia. Comparar a crise atual e o movimento oposicionista com o que aconteceu no Egito ou na Tunísia é desconhecer a realidade.
         O que sabemos de concreto é que a oposição líbia surgiu em uma região onde há uma resistência muito grande ao clã Kadhafi. Mais do que isto, a Cirenaica é também a região onde operam as principais empresas multinacionais e onde estão os terminais de oleodutos e gasodutos do país. Ou seja, uma região que foi escolhida “a dedo” para ser o berço da “oposição”.
         E esta informação tem ainda mais valor se ligarmos ao fato de que a chamada “Frente Nacional de Salvação da Líbia” é uma entidade financiada pela CIA (basta conferir no site do Congresso dos EUA e constatar que está na “folha de pagamentos” da Central).
         No dia 23 de fevereiro, o poderoso “Wall Street Journal” já tocava as trombetas da guerra ao estampar em suas matérias que “os EUA e a Europa deveriam ajudar os líbios a derrubar o regime de Kadhafi”. É preciso dizer mais?
         Vou completar este texto com algumas informações que já passei em outras participações sobre o tema.
         Por que os nossos jornais tão “independentes” pararam de falar de outras revoltas populares (Bahrein, Iêmen, Argélia, etc.) e só comentam o que acontece na Líbia? Qual o interesse dos EUA nesta mudança, a ponto de seu governo anunciar, oficialmente, que está deslocando suas forças militares para a região e a secretária de Estado não descartar uma intervenção?
         As revoltas populares na Tunísia e no Egito, derrubando governantes “capachos” dos EUA, foram duras, mas o governo de Washington parece suportar e preparar uma “volta ao poder” por outros meios. Mas os dois países não afetavam o principal neste momento: a questão do petróleo!
         A Tunísia nunca exportou petróleo e o Egito parou de exportar há alguns anos (seus poços “secaram”).
         Aqui está a diferença, pois a Líbia exporta atualmente 1,6 milhão de barris por dia! E a “urgência” dos EUA para resolver a questão líbia é que as empresas petrolíferas que operam no país estão retirando seu pessoal técnico. Isto pode provocar uma nova crise de petróleo.
         É verdade que os países europeus estocaram petróleo para o inverno. Mas... e se os estoques diminuírem? Lembrem-se que a Arábia Saudita também está passando por revoltas populares e em uma crise política séria.
         Em julho de 2008, antes da crise se espalhar pelo mundo, o barril de petróleo chegou a valer pouco mais de 147 dólares! Se o petróleo voltar a subir, na atual crise financeira mundial, o que restará aos EUA?
         Os EUA, com apenas 5% da população mundial, consomem 25% de todo o petróleo produzido no planeta e metade deste total é importado. As importações estadunidenses alcançam 11 milhões de barris diários, dos quais: 1,6 milhão do México; 2 milhões da Venezuela e o restante do mundo árabe. Pelo que, podemos ver, o país é fortemente dependente da importação do petróleo, seja lá de onde ele estiver, o que justifica as intervenções militares no Oriente Médio e em outras regiões do planeta. (Os dados são de 2008, quando escrevi um artigo sobre o tema, mas creio não estarem muito desatualizados)
         Devemos assinalar que o dado mais importante, recentemente divulgado e confirmado pelas organizações internacionais que tratam do assunto, é que as reservas totais de petróleo do planeta chegam, atualmente, a 1 trilhão e 200 bilhões de barris. Ou seja, isto representa, neste momento, pouco mais da metade de todo o petróleo que a natureza produziu em milhões de anos e guardou no subsolo. E, obviamente, este petróleo vai se tornando cada vez mais caro, uma vez que as jazidas em locais de fácil exploração vão se esgotando. E, devemos ressaltar, os institutos e organismos internacionais mostram que 62% do petróleo que resta no planeta está no Oriente Médio.
         Para encerrar, uma notícia do jornal Brasil Econômico:
         Estoques de petróleo dos EUA recuam em 400 mil barris! As reservas da commodity atingiram 346,4 milhões de barris. Já os estoques de gasolina caíram em 3,6 milhões de barris na mesma base de comparação, ficando em 234,7 milhões. A utilização da capacidade das refinarias recuou para 80,9% nesta semana, face aos 79,4% na semana anterior. Os dados foram divulgados nesta quarta-feira (2/3) pelo Departamento de Energia dos EUA (DOE, na sigla em inglês)”.
         É, parece que Obama & Cia estão com urgência em resolver o problema de “direitos humanos” na Líbia!

Líbia: teria faltado protagonismo ao Itamaraty?

 Beto Almeida*


A impressionante euforia de uma quase unânime campanha midiática atuando como os tambores de guerra,  tendo como alvo a Líbia,  já provocou seus estragos iniciais: uma diplomacia facciosa,  agressiva e guerreira arrancou à força uma condenação do país africano, sem sequer uma investigação concreta. Para tal foram suficientes os relatos de uma mídia controlada pela indústria bélica. Agora,  prepara-se o terreno para novos passos da máquina de guerra imperialista. O desejo de uma intervenção militar na Líbia é sonho antigo do Pentágono, nunca concretizado. Mas, agora, se de fato for lançada, pode ter como objetivo reprimir todos os povos árabes em rebelião com o intuito de assegurar a hegemonia dos interesses dos Eua na região, atualmente sob questionamento, seja pelas rebeliões populares, seja pela nova relação de forças em países como Irã, Turquia e Líbano.

 Por tudo isto, é justo perguntar se não teria havido falta de protagonismo do Itamaraty na votação do caso Líbia na ONU? Será que    todo o esforço do governo Lula em consolidar uma aliança Países Árabes e América do Sul não estaria sendo deixado um tanto de lado quando a representante do Brasil na ONU aparece posicionada ao lado de resoluções que podem facilitar a balcanização da Líbia, e, como conseqüência, trazer um grave retrocesso nas relações do Brasil com aquela região, como já se pode perceber na retirada parcial das empresas brasileiras do território líbio? Saem Queiroz Galvão, Odebrecht e Camargo Correia, e entra a Haliiburton? Seria este um dos resultados da intervenção pré-militar? Sem contar uma montanha de cadáveres....... O Artigo é de Beto Almeida.
(Publicado em Patria Latina)
 


Não foi simples para o Presidente Lula construir sua política externa. Os adversários se posicionaram prontamente, fora e dentro do território nacional. Aqui dentro toda a mídia que, naturalmente, sempre foi historicamente vassala editorial de idéias emanadas pelas grandes potências. Não há uma única mídia de grande alcance hoje no Brasil que sustente uma linha editorial contrária à manutenção do status de vulnerabilidade ideológica, política, tecnológica, econômica e até militar em que se encontra o Brasil desde o nefasto período dos privateiros. Nem mesmo  a TV Brasil conseguiu fazer uma linha editorial diferenciada, com um mínimo de sintonia, sequer exploratória,  com o que foi a política externa lulista.

Retórica itamarateca?

Entre os argumentos manipuladamente utilizados contra Lula repetia-se  -  sem diversidade informativa alguma, como se pede na Constituição -  que tudo era apenas uma retórica itamarateca. Não é preciso muitas linhas para contestar este pseudo-argumento: basta que se verifiquem os volumes do comércio, dos acordos, e das relações entre o Brasil e os países do Oriente Médio antes e depois de Lula. Lembremo-nos: neste período foi realizada, sob oposição dos EUA, a primeira Cúpula América do Sul-Países Árabes na história.

Há uma forte simbologia quando grandes empresas brasileiras retiram seus funcionários em função do evidente agravamento da crise na Líbia e a ameaça não apenas de uma guerra civil, mas de uma intervenção bélica da Otan para, quem sabe, levar novamente ao poder remanescentes da monarquia Idris, desde que concordem, obviamente, em privatizar novamente o petróleo líbio hoje estatizado, entregando-o a empresas norte-americanas, como no Iraque e na Arábia Saudita hoje.

Paralisação produtiva

A Revolução Líbia colocou a receita do petróleo para a elevação do padrão de vida de seu povo, tanto é que pertence a este país o mais elevado IDH da África, um salário mínimo dos mais elevados de todo o terceiro mundo, superior ao brasileiro,  uma renda per capta parecida à nossa, sem contar a oferta de serviços públicos e gratuitos de saúde e educação em razoável qualidade. A receita petroleira tem sido também utilizada para  a contratação de empresas e tecnologia do exterior para a realização de obras de infra-estrutura de grande porte, entre elas gigantescos canais de irrigação para alavancar a produção agrícola num território que, em 90 por cento, é desértico. A ingerência já produziu uma paralisação produtiva no País.

A construção de uma política externa brasileira enfatizando a integração latino-americana, não apenas em discursos mas, concretamente, com obras unificadoras de infra-estrutura que já não podem mais ser negadas pelo dilúvio de mentiras midiáticas, tem seu desdobramento na formatação de uma relação mais cooperativa com o mundo árabe e também com o Irã.  Além disso, a busca de uma diversificação de exportações e importações -  o que nunca agradou aos EUA  -  desdobra-se coerentemente numa relação mais protagonista a partir da relação com os países do Brics, bem como no G-20. Imagine o tamanho da crise que o Brasil enfrentaria se tivesse permanecido submetido a uma relação prioritária com os EUA...


Esta nova maneira de estar presente no mundo levou o Brasil a pelo menos duas operações de alto esforço e coragem, qual sejam, a busca de uma saída negociada e pacífica para a crise a partir do prepotente veto imperial ao programa nuclear do Irã, e também, na questão de Honduras, quando o governo Lula assumiu com arrojo a defesa da democracia diante do golpe de estado contra Zelaya, sinalizando que ela, a democracia, não é um atributo que estaria fora da agenda da cooperação e integração latino-americana, bem como do princípio da autodeterminação dos  povos, violentada nestas duas oportunidades pelos EUA.
Comissão Internacional para uma solução pacífica

Lamentavelmente,  a proposta de formação de uma Comissão Internacional  para solução pacífica da crise da Líbia não partiu do Brasil, como era justo esperar, mas da Venezuela. Aliás, quando da tentativa de golpe contra a Venezuela, teria partido exatamente do Brasil, sob o governo Lula, a idéia de criar o Grupo de Amigos da Venezuela, buscando assegurar uma mesa de negociações e desencorajar qualquer aventura intervencionista. Certamente, embora  justa, a proposta agora capitaneada pela Venezuela, teria muitíssimo mais abrangência e força política se oriunda do Brasil, tal como o Brasil se empenhou no caso do Irã para convencer a ONU a não dobrar-se aos tambores de guerra. Estes, vale recordar, estão sempre prontos a repicar, especialmente diante da uma crise econômica que não foi vencida ainda pelos EUA, e que pode levar sua economia marcadamente dominada pela indústria bélica, a aproveitar a crise da Líbia para dinamizar a recuperação de sua crise interna, às custas de vidas e mais vidas, como se vê hoje no Iraque e no Afeganistão, sem qualquer vislumbre de solução no horizonte. Mas, para a indústria guerreira, a expansão das encomendas é a própria solução. Sobretudo, se a intervenção militar traz nova possibilidade de privatizar petróleo público, assegurando, sob a cobertura da ONU, uma rapina que não pode ser feita sem demolir as estruturas da Revolução Líbia e transformá-la num novo Kossovo, ou seja, em mais uma base militar dos EUA, como as mais de mil espalhadas pelo mundo hoje.

 A política externa brasileira não pode estar associada a qualquer idéia que facilite a concretização deste plano sinistro! Seria sim um distanciamento ou falta de continuidade daquilo que foi construído pelo Itamaraty nos oito anos de Lula. E, para um país que pretende ter assento permanente no Conselho de Segurança da ONU, não é recomendável deixar de zelar pelo prestígio internacional alcançado pelo Brasil exatamente por sua política externa soberana, independente, criativa e vocacionada para promoção da solução pacífica dos conflitos.


Razões propagandísticas


O passivo endosso brasileiro na ONU a esta escalada de agressividade diplomática dos EUA baseada, por sua vez, num dilúvio de informações manipuladas e jamais comprovadas, nos faz lembrar a tragédia de uma guerra lançada contra o Iraque e seu povo com base na suposta “existência de armas químicas de destruição em massa naquele país”. A semelhança com as “razões propagandísticas” utilizadas por Hitler para expandir o seu exército pela Europa é robusta. Assim como o atentado ao World Trade Center, cuja versão oficial encontra crescente contestação pelos mais eminentes cientistas norte-americanos, atuou como “razão propagandística” a la Hitler para que Bush impusesse sua guerra ao terror, inclusive contra países que mal possuem sistema de água encanada, como o Afeganistão, acusado, paradoxalmente,  de ter perpetrado tão sofisticada operação.

Com coragem, o Brasil se opôs oficialmente à ação militar no Iraque no início do governo Lula.. Seria de se esperar a continuidade desta acertada política externa quando agora, contra a Líbia, também se constroem versões   -  razões propagandísticas – para que aquele território seja ocupado pelos marines. Se manipulação grosseira das teses dos direitos humanos é o que baliza a autorização diplomática para tal monstruosidade militar, é de se esperar condenação a todos que estão hoje encharcando de sangue muçulmano o solo do oriente. A começar pelos EUA que já mataram mais de um milhão de civis no Iraque e , somente nesta semana, despejou bombardeios que causaram a morte de 65 civis no Afeganistão. Por que o Itamaraty não condena tal carnificina?

Caso a intervenção militar da OTAN venha de fato a concretizar-se, nossa política externa deveria ter exigentes motivos para preocupar-se, jamais para, de algum modo, ter colaborado direta ou indiretamente com mais uma guerra. Nem na Guerra das Malvinas o Brasil deixou de reivindicar uma solução negociada e pacífica, o que não impediu de oferecer algum tipo de apoio logístico aos argentinos, seja por meio de aviões, de informações etc. conforme comprovam documentos em posse do estado brasileiro.

Lições para o futuro

Possuidor do maior tesouro de biodiversidade (Amazônia), de riquezas minerais monumentais como urânio, titânio, silício etc e também das reservas petroleiras pré-sal, além de território farto em água, o Brasil tem razões para buscar construir uma política estratégica cuidadosa, sobretudo se e quando as potências imperiais dão passos mais largos e ameaçadores no tabuleiro do xadrez mundial. Qual será o próximo? Diante deste quadro fica evidente porque os EUA impõe vetos ao Programa Nuclear Brasileiro, como ao do Irã, e também ao nosso Programa Espacial, como revelaram os telegramas divulgados pelo Wikiliekes sobre a conduta do Embaixador norte-americano em Brasília a pressionar a Ucrânia para que não  transfira tecnologia espacial ao Brasil. Os EUA, anos atrás, já havia pressionado Kadafi a abrir mão do Programa Nuclear líbio. Sem nada em troca, além de sanções, agressões,  desestabilizações e bombardeios.

O que é difícil é entender por que o Brasil não faz agora um esforço prioritário para barrar mais uma guerra, associando-se a países que também podem formatar uma resistência internacional a mais esta aventura de uma economia imperial viciada em guerra e petróleo? Será delírio imaginar que no futuro não muito longe seja o Brasil o alvo de sanções simplesmente por dar continuidade ao seu programa nuclear? Vale lembrar que a energia nuclear só é considerada insegura e perigosa quando nas mãos de países como Irã ou Brasil, nunca sob o controle dos EUA, Inglaterra ou França.

Antes mesmo de qualquer investigação ou comprovação, a Líbia já foi penalizada com o congelamento de seus recursos financeiros depositados em bancos internacionais, o que, por outro lado, recomenda acelerar a concretização do lentíssimo projeto de construção do Banco do Sul, onde os recursos dos povos do sul poderiam estar depositados com segurança, não na insegurança dos bancos norte-americanos ou ingleses ou franceses, com um histórico de instabilidade e de fraudes recentes  impressionantes.

Descontinuidade com o passado recente

A política externa formatada e aplicada por Lula, que a ela se empenhou pessoalmente em inúmeras viagens, alterou sobremaneira e positivamente a presença qualitativa do Brasil no mundo. Tal política requer consolidação, continuidade e aprofundamento, seja no plano da integração latino-americana, ou com a África, ou com os países árabes e do Oriente Médio, por onde encontram-se instaladas muitas empresas, equipamentos e pessoal brasileiros; como requer também  não recuar da linha de diversificação sem se deixar prender por um ou outro grande país. No caso da Líbia, será constrangedor contabilizar o imenso prejuízo para a economia brasileira acarretado pela retirada de empresas e trabalhadores brasileiros. Especialmente se elas vierem a ser substituídas por empresas diretamente vinculadas à indústria bélica, como a Haliburton, já que guerra e petróleo, para os EUA, são atributos de uma mesma política. Mais constrangedor será reconhecer que a política externa brasileira não teria atuado com o protagonismo que poderia exercer e que projetou durante os 8 anos do governo Lula, deixando margem para uma constatação amarga: a de que  o endosso passivo e sem questionamento a sanções arrancadas à  base de dilúvios midiáticos manipulativos na ONU, teve também alguma participação do Itamaraty. Uma descontinuidade com o passado recente.

*Beto Almeida, Jornalista
Prezados e prezadas, apenas contando algo: há alguns dias, após escrever o texto respondendo a agressão da Folha a Telesur, fui surpreendido por nota no Blog Gonzun, do Miguel do Rosário, em que afirmava "Telesur se desmoralizou ao fazer cobertura pró-Kadafi".
Preocupado com o equívoco, escrevi a ele solicitando que esclarecesse em que teria se baseado, em qual notícia, em qual editorial, em que imagem, para afirmar semelhante estapafúrdio. Ele disse que teria se baseado em mensagem do Rovai, que afirmava que Kadafi estava bombardeando seu próprio povo, que os níveis de vida e o IDH da Líbia, bem como os serviços públicos de saúde e educação gratuitos não tinham tanta importância pois era um país pequeno e muito rico em petróleo. A Arábia Saudita também é rica, nem porisso aplica sua renda petroleira na elevação do padrão de vida de seu povo. Ao contrário. É uma didtadura monárquica, carcomida, protegida pela mídia capitalista, inclusive a Folha. Lembrei ao Miguel o quanto de mentiras se estava utilizando contra a Líbia, entre elas a do "bombardeio do seu próprio povo", repetida por Hillary Clinton, por Obama, pelo Rovai, pela Fox News, pela TV Globo e pelo blog Gozun.....Miguel me aconselhou então ler o noticiário e a "não me deixar me levar pelo ódio à mídia".  Percebi que por estes argumentos não era razoável insistir numa discussão política e apenas perguntei a ele se publicaria o meu artigo em resposta à agressão feita pela Folha de São Paulo a Telesur. Não publicou, não respondeu, não esclareceu. Hoje , a própria Folha publica declarações do Secretário de Defesa dos EYA, Robert Gates, concedidas à imprensa americana, onde ele afirma " Não ha confirmação de que tenham ocorrido bombardeios ordenados por Kadafi contra o seu povo". É o secretário de defesa dos EUA!!! Junte-se a isso uma nota da imprensa russa, na qual se informa que o Comando do Exército Russo, tendo monitorado incessantemente os satélites localizados naquela região da Líbia, afirmou que não houve nenhum bombardeio aéreo como os relatados pela mídia internacional, e, lamentavelmente, repetidos por Rovai e Miguel do Rosário.  Mando-lhes a seguir as duas notas. Mas, uma delas está na Folha de hoje, na coluna "Toda Mídia", ao alto da página. A outra mando por internet.
Telesur está com duas equipes de reportagem na Líbia, uma em Trípoli e outra em Bengazhi. Tem retratado que há apoio a Kadafi, como também que existem ações militares de rebeldes, inclusive de um setor de oposição que apela a  Otan para que lance bombardeios sobre a Líbia. Ouvimos os dois lados, documentamos tudo, estamos no terreno desde o início. Onde está a desmoralização da Telesur?  Há blogueiros progressistas que se deixam influenciar pelo dilúvio de notícias mentirosas.......E não podem explicar em que se baseiam para suas afirmações. Mas, negam publicar o artigo que critica o comportamento da Folha de São Paulo, tal como a Folha, que também não publicou o meu artigo.

Beto

__._,_.___

Saúde é responsabilidade do Estado e não de organizações humanitárias

Para especialista, mesmo que algumas ONGs tenham contribuição importante na implantação de políticas públicas, é impossível que assumam essa função.
 
AGÊNCIA NOTISA – A Cruz Vermelha foi a primeira organização fundada no Brasil considerada propriamente humanitária. Isso ocorreu em 1908 em São Paulo. De lá para cá, diferentes contextos políticos e sociais mudaram o cenário nacional e contribuíram para que novas organizações da sociedade civil surgissem. Segundo Jaqueline Ferreira, médica, mestre e doutora em antropologia e professora adjunta do Instituto de Estudos em Saúde Coletiva da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Iesc/UFRJ), a campanha “Contra a Fome” – criada por Betinho com diferentes colaboradores – foi “a primeira grande mobilização em relação a um problema social e o principal movimento do país que separa o voluntariado do assistencialismo”, como escreve Jaqueline em texto autoral.  Isto porque, para investigar como atualmente uma organização humanitária intervém em uma localidade brasileira, incluindo a especificidade da política local e os aspectos culturais, a médica fez um estudo antropológico na favela Marcílio Dias, pertencente ao “Complexo da Maré”, no Rio de Janeiro. O trabalho deu origem ao capítulo “O Humanitário no Brasil: entre o ideal universal e a cultura local”, que foi publicado no livro “Direitos e ajuda humanitária: perspectivas sobre família, gênero e saúde”. A obra, organizada por Jaqueline e por Patrice Schuch, foi lançada em 2010 pela Editora FIOCRUZ e conta com textos de diferentes pesquisadores.
 
No capítulo em questão, Jaqueline descreve os resultados da investigação sobre a atuação da Organização Médicos Sem Fronteiras (MSF) na região. Essa entidade em parceria com a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) participou da implantação do Programa de Saúde da Família (PSF) no Rio de Janeiro em 1998. A região de Marcílio Dias, por se considerada como “uma das mais vulneráveis em termos de saneamento, habitação, acesso à saúde e intervenção institucional”, recebeu um posto de saúde do MSF que segue os princípios do PSF.
 
Segundo a autora, atualmente Marcílio Dias “possui 12 mil habitantes e 2.300 domicílios e é servida de pequenas lojas e comércios. Também fazem parte da paisagem vários pequenos bares, pequenas oficinas mecânicas, igrejas pentecostais e uma igreja católica”. A maioria dos moradores, diz Jaqueline na publicação, é de origem rural, proveniente da Região Nordeste, trabalha na construção civil, na pesca e no mercado informal e possui uma renda de um salário mínimo.
 
Os baixos indicadores socioeconômicos aliados aos obstáculos geográficos e culturais fazem da localidade: “uma região de risco em termos de saúde”, afirma a professora no capítulo. Ela lembra ainda que, assim como em outras favelas brasileiras, a violência gerada pelo tráfico de drogas e pelo confronto entre polícia e os traficantes agrava a situação, causando medo nos demais moradores e nos profissionais de saúde.
 
Especialmente sobre a atuação do PSF, Jaqueline lembra que os agentes comunitários de saúde (ACS) desempenham papel importante, uma vez que funcionam como “mediadores culturais” entre equipe de saúde e a população. Porém, durante a pesquisa em Marcílio Dias , a médica identificou que “a inserção na organização é considerada pela população como a possibilidade de se ter um trabalho. Não é observado na equipe um ‘espírito humanitário’ e voluntário que busca o estabelecimento de relações sociais, a ocupação do tempo livre ou o desejo de valorização social, como acontece frequentemente nas organizações humanitárias em outros países”.

Ela observou ainda que esses agentes vêem o trabalho no PSF como temporário. Muitos, por exemplo, buscam uma formação de técnico de enfermagem, profissão que possui maior legitimidade entre a população e a equipe de saúde. Jaqueline considera que “a falta de reconhecimento dos habitantes, os conflitos com a equipe de saúde e suas exigências constantes” contribuem para essa situação.
Além disso, ao acompanhar o trabalho desses profissionais, a pesquisadora identificou que os agentes não atuam na “promoção à saúde”, preconizada pelo Ministério da Saúde, mas, ao contrário, desempenham uma atividade repetitiva e sem muita efetividade. Segundo ela, “verificou-se aqui que seu papel limitava-se à entrega de medicamentos e à marcação de consultas médicas”.
 
Além disso, segundo a pesquisadora, os ACS profissionais praticavam também uma espécie de ‘seleção’, visitando famílias de seu círculo de relações ou aquelas que apresentassem problemas sociais ou de saúde considerados pelos agentes como importantes. Portanto, outras famílias não eram visitadas.
 
Analisando as informações obtidas, a professora considera que, no Brasil, a história de escravidão e de Ditadura Militar – representativa de longos períodos de eliminação dos direitos civis e políticos no país – contribuem para que até hoje haja “uma tradição cultural de relações sociais ancoradas em uma política de assistência e clientelismo pelo viés de ações tutelares do Estado ou da filantropia”.
 
Além disso, a política neoliberal assumida pelo país nos anos 80 legitimou as desigualdades sociais. “Assim, o discurso sobre ‘direitos’, ‘direitos humanos’ e ‘cidadania’, defendido no Brasil pelas ONGs como os MSF, não tem um espaço significativo na sociedade brasileira”, ressalta a autora no texto.
 
Segundo Jaqueline, é unânime entre as organizações humanitárias que a resolução dos problemas de saúde é dever do Estado. Entretanto, ao mesmo tempo essas organizações “implantam cada vez mais serviços de saúde com o objetivo de resolver os problemas de saúde da população”, lembra. De qualquer forma, segundo ela, projetos específicos e com o aporte de competência técnica fazem com que essas instituições contribuam com o Estado na implantação de políticas públicas. Porém, para Jaqueline, mesmo que ações como a do MSF tenham representado efetivamente um “importante recurso de saúde para essa população” é impossível que essas entidades assumam a responsabilidade do Estado quanto à saúde da população.  

Agência =Notisa (science journalism – jornalismo científico)