Maria Lucia Martins
O mundo assiste uma sucessão de mudanças. No cenário, queda de governos, populações nas ruas em protesto em várias partes do mundo, Estados enfraquecidos frente ao poder econômico das corporações estão distantes de uma resposta. O chamado “capitalismo cognitivo” se pauta pela busca de outras acumulações. Segundo Giuseppe Cocco (UFRJ) nos últimos anos vemos a socialização das perdas. Os movimentos emergem sem a condução dos Partidos, reunindo, através da internet, pessoas decidas a traçar seus destinos. Onde vão dar estas ondas emergentes de manifestações, ainda não se sabe. O que se pode dizer é que tudo isto faz parte de novos paradigmas, nos quais estão as propostas de uma nova economia, da produção compartilhada, da dinâmica da interatividade, da democracia participativa de diversas formas. Estes temas foram debatidos no seminário internacional Revolução 2.0 – da crise do capitalismo global à constituição do comum, realizado no Rio de Janeiro. Vivemos uma crise das intermediações e nos perguntamos quem são ou serão os outros mediadores.
Neste contexto, de ações alternando-se entre as ruas e as redes, destaca-se a experiência em curso da SolTV, do site Puerta del Sol en Directo, onde se pode acompanhar on line o mapa das mobilizações e no qual se cria mobilização e solidariedade. Percebe-se a simultaneidade dos acontecimentos e a complexidade do espaço-tempo: lutas globais, num outro imaginário. Sobre este momento e o Movimento 15 de maio falou Raul Sanchez, da Universidade Nômade de Madri.
Uma experiência criativa, revelada por Ivana Bentes (UFRJ), é a do artista argentino Gustavo Romano que, explorando a máxima “tempo é dinheiro”, criou moedas com valores em tempo, e mesmo um Banco Mundial onde se pode emprestar tempo. Uma crítica radical à monetarização da vida (http://gustavoromano.org/). Em nosso país, Ivana considerou importantes as marchas recentemente realizadas entre as quais a da Liberdade que aconteceu em 70 municípios, abarcando todos os estados brasileiros nos meses de maio/junho de 2011, e o Circuito Fora do Eixo. O hackerismo também ganha outras possibilidades, saindo do tecnológico em si para as ações sociais. Cada vez mais o futuro da democracia depende da comunicação e a democracia na rede depende da interatividade e esta do individualismo colaborativo, que gere estratégias em vários campos, disse Sérgio Amadeu (AFABC). A rede, afirmou Amadeu, alterou completamente a interatividade e dificultou as estratégias dos governos centrais. Um exemplo é o Wikikleaks; porém, a rede encontra-se superdimensionada também por interesse do capital financeiro e o que chamamos de “crise econômica” foi uma alavancagem que fez com que o mercado de derivativos seja comparado a um cassino.
Peter Pal Pelbart (PUC-SP) assinalou a “crise da medida”, lembrando o Livro de Jó e o prefácio feito por Antônio Negri em que este afirma que “toda utopia é de fato uma paixão. É de dentro dessa condição material que podemos mudar, transformando-a por dentro, libertando-nos de todas as subjetivações capitalistas”. Em Jó, a força do escravo está expresso que “só paixão da criação poderia derrocar a crise da medida”. Ele afirmou que temos a necessidade de pensar algo novo e que doravante a aventura não pode ser linear.
Peter Pal Pelbart (PUC-SP) assinalou a “crise da medida”, lembrando o Livro de Jó e o prefácio feito por Antônio Negri em que este afirma que “toda utopia é de fato uma paixão. É de dentro dessa condição material que podemos mudar, transformando-a por dentro, libertando-nos de todas as subjetivações capitalistas”. Em Jó, a força do escravo está expresso que “só paixão da criação poderia derrocar a crise da medida”. Ele afirmou que temos a necessidade de pensar algo novo e que doravante a aventura não pode ser linear.