terça-feira, 23 de agosto de 2011

Investimento em biotecnologia cresce na Amazônia, revela estudo



Para pesquisadores, essas ações ajudam a quebrar um ciclo de exploração insustentável de desmatamento.
 
Agência Notisa – O Brasil possui a maior diversidade de plantas, animais e microrganismos do planeta. Grande parte dessa riqueza se encontra na Amazônia brasileira, que também representa 41% das florestas pluviais tropicais. Para Alexandre Vasconcellos, pesquisador do Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI), e Fabiana dos Santos e Souza, doutoranda em biotecnologia vegetal pela UFRJ, diante da realidade mundial de crise econômica, esgotamento de solos cultiváveis, aquecimento global, efeito estufa e redução da água doce no ambiente terrestre, a Amazônia possui grande potencial para exploração sustentável como fonte de matéria-prima das biotecnologias avançadas.
 
No estudo “Políticas de investimento em ciência, tecnologia e inovação na Amazônia brasileira: oportunidades econômicas e sustentáveis na área de biotecnologia”, apresentado na 61ª Reunião anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), ocorrida em julho de 2009, a dupla de pesquisadores explica que a diversidade genética inexplorada contida neste ecossistema gera oportunidades inéditas de bioprospecção (exploração de recursos de fauna e da flora para fins comerciais) nacional de forma sustentável, com agregação de valor aos produtos e possível desenvolvimento social.
 
“A biotecnologia, definida como a utilização e/ou transformação de seres vivos e de seu metabolismo para a geração de produtos e processos de interesse surge como uma tecnologia revolucionária das indústrias do novo milênio, abrindo espaço para países em desenvolvimento e megadiversos, como Brasil, Índia e China investirem no setor”, explicam no artigo.
 
Alexandre e Fabiana pesquisaram as políticas e investimentos em ciência, tecnologia e inovação (C, T & I) na Amazônia brasileira, com ênfase às ações voltadas para a biotecnologia na região. Como resultado, eles verificaram um amplo quadro de ações em prol do desenvolvimento científico e tecnológico do ecossistema.
 
“O aumento dos investimentos em C & T no Brasil durante o período estudado (2000-2007) e a criação de leis com o propósito de estabelecer maior sinergia entre os setores de C, T & I fortaleceram ações de curto e longo prazo do governo federal na Amazônia, estimulando projetos estratégicos e integrados entre instituições como: INPA, Embrapa, Fiocruz, Suframa, Secretarias de C&T, Universidades, Centros de Pesquisa, Sebrae, indústrias locais, Ada, BNDES, Anvisa, rede nacional de produtos farmacêuticos, entre outras”, contam.
 
Além disso, eles explicam que o lançamento de editais específicos, como o Programa Integrado de Pesquisa Científica e Tecnológica (PIPT) e o Programa de Apoio à Pesquisa em Empresas (Pappe), estimularam parcerias e fomentaram a inovação em micro e pequenas empresas da região, aproveitando a biodiversidade local.
 
“Estas ações demonstram a expansão da fronteira do conhecimento científico e tecnológico na Amazônia, mostrando novas possibilidades de investimentos empresariais, nacionais e internacionais, de forma sustentável e inovadora, quebrando um ciclo de exploração insustentável de desmatamento, além de efetivar os dispositivos da CDB ratificados pelo Brasil em 1993”.
 

Agência Notisa (science journalism – jornalismo científico)