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quarta-feira, 14 de agosto de 2013

Agenda Social consolida liderança de Dilma

12/08/2013 - Marcelo Salles (*) - Carta Maior

Quem apostou na derrocada da presidenta Dilma Rousseff errou feio. Quem achou que os protestos de junho inviabilizariam sua recondução à presidência da República estava iludido.

Levantamento Datafolha divulgado neste domingo, 11/8, mostra que Dilma, apenas dois meses depois dos protestos, recuperou prestígio e segue na liderança, com 35% das intenções de voto, contra 26% de Marina Silva, 13% de Aécio Neves e 8% de Eduardo Campos.

O avanço da presidenta decorre, basicamente, de quatro fatores.

1) Durante os protestos, chamou para si a responsabilidade e propôs a realização de uma reforma política ampla, que desse conta da maioria das reivindicações populares;

2) em seguida aos protestos, abriu sua agenda para os movimentos sociais organizados;

3) o governo mostrou-se sólido e deu continuidade às pautas que vinha tocando, como o Bolsa Família e o Minha Casa Minha Vida;

4) a Economia segue o curso programado, com juros baixos, inflação sob controle, emprego elevado.

Se continuar assim, Dilma pode alcançar 40% já no próximo levantamento.

Marina Silva também avançou e, nesse ponto, precisamos recordar o princípio que rege esta série de análises, desde o primeiro texto, publicado no início do ano.

Insisto em dizer que os fiéis da balança de 2014 serão a Mídia e os Evangélicos, a mesma combinação explosiva que levou as eleições de 2010 para o segundo turno. A partir da análise constante desses dois fatores foi possível antecipar, via twitter, o resultado da pesquisa (em 9/8 tuitei 35-Dilma, 25-Marina, 12/13-Aécio e 5/6-Eduardo).

Estava claro que Marina Silva cresceria porque sua militância está permanentemente mobilizada por conta da validação das assinaturas para a 
criação da Rede Sustentabilidade. De modo que seu nome tem sido veiculado com regularidade, ao mesmo tempo em que a ex-ministra, ela mesma evangélica, conta com o apoio significativo de grupos dessa religião.

Até outubro, quando deverá estar filiada a algum partido, Marina deve crescer, podendo alcançar 30%.

Quanto ao candidato tucano, era de se esperar a queda de 17% para 13%, já que ele deixou de aparecer com a mesma freqüência nos meios de comunicação de massa e postergou a agenda de viagem aos estados. Quem não se mexe e não aparece não é lembrado.

Por fim, com relação a Eduardo Campos o que se pode dizer, além de lamentarmos sua movimentação precipitada, é que dificilmente reunirá os apoios que lhe garantam sustentação para ultrapassar os dez pontos percentuais.

A sinuca de bico é a seguinte: não haveria espaço dentro da base governista para uma dissidência deste porte e, caso resolvesse mudar de lado, ou mesmo procurar uma terceira via, teria de se despir justamente das virtudes que lhe transformaram no governador mais bem avaliado do país.

Em março, quando esta série começou a ser publicada, dividimos o período que nos separa das eleições em três momentos: o primeiro seria de março/13 a outubro/13, quando todos os partidos devem estar constituídos e aqueles que pretendem se candidatar a cargos de deputado, senador, governador e presidente precisam estar devidamente registrados em suas agremiações.

O segundo período seria aquele compreendido entre outubro/13 e março/14, quando termina o prazo para desincompatibilização de cargos públicos, o que deixará o cenário praticamente definido.

E o terceiro e último período seria o que transcorre de março/14 até outubro/14, quando ocorrem as articulações finais e tem início a campanha propriamente dita.


Do jeito que a coisa anda, Dilma segue como favorita, com grandes chances de levar a contenda no primeiro turno.

Tem a seu favor um sem número de indicadores que mostram que o país melhorou, entre os quais o crescimento do IDH - que passou de "muito baixo" para "alto" desde a redemocratização - e a redução de 80% da desigualdade na última década.

De modo que para a oposição de direita restaria torcer pela quebra da economia ou para que protestos como os de junho irrompam durante a Copa do Mundo - e deixar que as corporações de mídia façam seu trabalho.

(*) Marcelo Salles é jornalista. No Twitter é @marcelosallesJ

Fonte:
http://www.cartamaior.com.br/templates/colunaMostrar.cfm?coluna_id=6229

segunda-feira, 1 de julho de 2013

Datafolha registra criminalização da política e romaria pró-Marina


A pesquisa divulgada neste domingo indica a ação pesada dos fiéis da balança, a mídia e os evangélicos, conforme havíamos previsto. Os evangélicos na organização da campanha por Marina e contra Dilma, e a mídia com a instrumentalização dos protestos a seu favor. Eles irão continuar operando contra a presidenta até o dia do pleito, não importa o que ela faça. Simplesmente porque defendem outro projeto para o país.

Marcelo Salles (*)  Carta Maior
   
A pesquisa Datafolha para intenção de voto divulgada neste domingo (30) foi realizada num momento de plena ebulição popular e, portanto, seu resultado deve ser analisado a partir dessa perspectiva. Dilma passou de 51 a 30, Marina foi de 16 para 23, Aécio de 14 a 17 e Eduardo de 6 para 7. Ou seja, dos 21 pontos perdidos pela presidenta, sete foram para Marina, três para Aécio e um para Eduardo, num total de onze pontos transferidos para adversários. A outra metade, dez pontos, engrossa a fileira dos "desiludidos" com a política, que alcança 24, justamente o aspecto mais amplificado pelas corporações de mídia durante os protestos - o que encontra-se em consonância com sua eterna pauta de criminalização da Política e seus representantes.

DATAFOLHA 30/06/2013 - Intenção de voto para presidente em 2014

30 - Dilma Rousseff
23 - Marina Silva
17 - Aécio Neves
07 - Eduardo Campos
24 - Branco, nulo ou indeciso

Obs: os números divulgados pelo jornal Folha de S. Paulo somam 101 pontos, ao invés de 100, como nos levantamentos anteriores.

Pesquisas de intenção de voto são um retrato do momento e, portanto, nunca são estáticas. Um ponto importante a ser destacado é que, muito provavelmente, a conjuntura em que foi realizada não poderia ter sido pior para Dilma. A presidenta, eleita democraticamente pelo povo para governar o país, não fugiu às suas responsabilidades: foi para a televisão, falou diretamente aos cidadãos, afirmou que seu governo está ouvindo as vozes das ruas e reafirmou compromissos importantes com o desenvolvimento do país.

No entanto, com milhões de pessoas nas ruas e tantas pautas diferentes em voga, as insatisfações, de modo geral, tendem a recair sobre quem está no comando, mesmo que várias das reivindicações não estivessem sendo dirigidas à esfera federal de governo.

Se é verdade que o momento foi o mais delicado possível, é muito provável que os próximos levantamentos registrem uma recuperação nas intenções de voto da presidenta. Isso, claro, desde que a Economia não entre em colapso e o governo mantenha o foco na Agenda Social - dar continuidade ao combate à miséria, à garantia dos direitos humanos e ao diálogo com os movimentos organizados, sem, no entanto, ficar refém de interesses estrangeiros que instrumentalizam, geralmente através de ONGs, um sem número de grupos sociais.

Como registrei há três meses, era preciso ficar especialmente atento a duas variáveis de lá até as eleições - mídia e evangélicos. Disse que eles seriam os fiéis da balança em 2014. Naquele mesmo texto, dividi o período que nos separa das eleições em três momentos: o primeiro seria de março/13 a outubro/13, quando todos os partidos devem estar constituídos e aqueles que pretendem se candidatar a cargos de deputado, senador, governador e presidente precisam estar devidamente registrados em suas agremiações. O segundo período seria de outubro/13 a março/14, quando termina o prazo para desincompatibilização de cargos públicos, o que deixará o cenário praticamente definido. E o terceiro e último período seria o que transcorre de março/14 até outubro/14, quando ocorrem as articulações finais e a tem início a campanha propriamente dita.

Ao analisarmos o avanço de Marina Silva, vemos claramente o papel do fator "evangélicos", cuja atuação tem sido determinante no recolhimento das assinaturas para a fundação de seu partido. Como registrei no último artigo, seu avanço nas intenções de voto era esperado, não pelos protestos, mas porque a militância em massa nas ruas colocaria seu nome na boca do povo. Além disso, ela encontra uma vasta camada da sociedade que recentemente ascendeu socialmente, mas sem qualquer ideologia, sendo, portanto, vulnerável a mensagens de cunho religioso e/ou a chamadas "politicamente corretas". É possível que Marina continue no movimento ascendente, caso seus militantes permaneçam nas ruas e ela consiga o registro do partido em tempo hábil para disputar as eleições, o que lhe dará direito a tempo de televisão e recursos financeiros adicionais.

Já o caso de Aécio Neves é diferente. Ele vem avançando lentamente, mas com consistência. Em março tinha 10, no início de junho foi a 14, passando agora a 17. Ocorre que nos dois intervalos ele foi beneficiado pela variável "mídia", que no primeiro momento teve a seu favor a conjugação do programa de seu partido na televisão com os boatos sobre o fim do Bolsa Família, culminando com sua eleição para a presidência do PSDB (tudo com ampla divulgação pelas corporações de mídia); agora, durante os protestos, Aécio apareceu, também em propaganda partidária de rádio e tv, convidando os brasileiros para conversar sobre o Brasil. É possível que siga crescendo, mas dificilmente vai tirar pontos de Dilma ou Marina; terá que disputar os indecisos.

Como venho afirmando desde março, não era conveniente fazer o jogo do "já ganhou" que se ouviu de parte da esquerda quando Dilma despontou com 57 pontos. Dizia que faltava muito para as eleições e, até lá, muita coisa podia acontecer. Aconteceu justamente a ação pesada dos fiéis da balança, a mídia e os evangélicos, conforme havíamos previsto. Os evangélicos na organização da campanha por Marina e contra Dilma, e a mídia com a instrumentalização dos protestos a seu favor. Eles irão continuar operando contra a presidenta até o dia do pleito, não importa o que ela faça. Simplesmente porque defendem outro projeto para o país.

(*) Marcelo Salles é jornalista. No twitter é @MarceloSallesJ


http://www.cartamaior.com.br/templates/materiaMostrar.cfm?materia_id=22278

sexta-feira, 7 de junho de 2013

pesticidas contaminam a fronteira agrícola da Amazônia




por Antonio Carlos Quinto, da Agência USP

A análise de três diferentes cenários agrícolas permitiu a cientistas brasileiros e do exterior avaliarem os prejuízos que podem ser causados pelo uso equivocado de pesticidas na fronteira agrícola da Amazônia brasileira, bem como apontar possíveis soluções. Uma das constatações se refere às ocasiões em que a frequência recomendada de utilização dos produtos foi excedida, chegando até 96% entre pequenos produtores.

De acordo com o coordenador da pesquisa, professor Luís César Schiesari, do curso de Gestão Ambiental da Escola de Artes Ciências e Humanidades (EACH) da USP, os dados são referentes ao consumo de pesticidas e ao impacto nos mamíferos e organismos aquáticos daquela região. Os estudos tiveram início em 2005.

Num dos cenários os pesquisadores avaliaram a atuação de 220 pequenos produtores de frutas e verduras em quatro cidades da região central da Amazônia, na várzea do rio Solimões. “Foi lá que detectamos o excesso na frequência de uso dos pesticidas: em 96% dos casos, pesticidas foram usados com maior frequência do que a recomendação técnica”, conta Schiesari. Em parte, isso ocorreu porque estes produtores têm pouca informação e falta assistência técnica para que eles utilizem adequadamente os defensivos agrícolas.

Os outros dois cenários foram uma fazenda de cultivo de soja de 80 mil hectares (ha), no Mato Grosso, na borda da Amazônia, e outra grande propriedade (60 mil ha) com uma plantação de cana-de-açúcar ainda em formação, na região do rio Negro. “Com alto conhecimento técnico e recursos, mais expostos ao controle legal, e buscando mercados mais restritivos, grandes produtores aderiram mais fortemente às recomendações agronômicas e até mesmo substituíram voluntariamente compostos mais tóxicos por compostos menos tóxicos”, descreve Schiesari. “No entanto, mesmo assim, a pegada ecológica aumentou significativamente ao longo do tempo por causa de um aumento da dosagem, ou porque formulações que são menos tóxicas para a saúde humana podem ser mais tóxicas para outros organismos, como os organismos aquáticos que analisamos.”

Atenção especial

Para a professora Cristina Adams, da EACH, que integra a equipe de cientistas, há que se dar uma atenção especial à questão, principalmente na Amazônia. “Muitas fronteiras agrícolas, na atualidade, estão localizadas em regiões tropicais, que possuem ecossistemas naturais caracterizados por alta biodiversidade e presença de espécies sensíveis que nunca foram expostas a pesticidas, além de espécies endêmicas”, alerta. “Isso significa que são zonas onde devemos esperar uma grande perda de espécies no processo de conversão agrícola, mesmo não sendo o alvo dos pesticidas.”

Entre as soluções, a professora considera primordial se investir em pesquisas para determinar níveis ambientais seguros de exposição aos pesticidas nestes ambientes e desenvolver práticas agrícolas mais sustentáveis. Além disso, propõe ainda que se rediscuta a legislação, aumente a fiscalização e controle de uso e comercialização, entre outras medidas. “Não é uma tarefa fácil”, avalia. O uso adequado de pesticidas envolve múltiplos atores sociais (governo, produtores, universidades, ONGs) e uma estratégia de ação bem articulada.

Reconhecimento internacional

O trabalho desenvolvido pelo grupo de cientistas acaba de ser publicado na mais antiga revista científica do mundo, a Philosophical Transactions of The Royal Society. Editada pela primeira vez em 1665, a publicação britânica publicou o primeiro artigo de Isaac Newton. Entre outros cientistas, Charles Darwin e Edmund Halley também tiveram seus artigos publicados na revista.

O artigo Uso de pesticidas e conservação da biodiversidade da fronteira agrícola amazônica teve a participação de Andrea Waichman, da Universidade Federal do Amazonas, Theo Brock, do Instituto Alterra (Holanda), e Britta Grillitsch, da Universidade de Medicina Veterinária de Viena (Áustria).

* Publicado originalmente no site Agência USP.

Fonte: Site Envolverde


terça-feira, 23 de agosto de 2011

Investimento em biotecnologia cresce na Amazônia, revela estudo



Para pesquisadores, essas ações ajudam a quebrar um ciclo de exploração insustentável de desmatamento.
 
Agência Notisa – O Brasil possui a maior diversidade de plantas, animais e microrganismos do planeta. Grande parte dessa riqueza se encontra na Amazônia brasileira, que também representa 41% das florestas pluviais tropicais. Para Alexandre Vasconcellos, pesquisador do Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI), e Fabiana dos Santos e Souza, doutoranda em biotecnologia vegetal pela UFRJ, diante da realidade mundial de crise econômica, esgotamento de solos cultiváveis, aquecimento global, efeito estufa e redução da água doce no ambiente terrestre, a Amazônia possui grande potencial para exploração sustentável como fonte de matéria-prima das biotecnologias avançadas.
 
No estudo “Políticas de investimento em ciência, tecnologia e inovação na Amazônia brasileira: oportunidades econômicas e sustentáveis na área de biotecnologia”, apresentado na 61ª Reunião anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), ocorrida em julho de 2009, a dupla de pesquisadores explica que a diversidade genética inexplorada contida neste ecossistema gera oportunidades inéditas de bioprospecção (exploração de recursos de fauna e da flora para fins comerciais) nacional de forma sustentável, com agregação de valor aos produtos e possível desenvolvimento social.
 
“A biotecnologia, definida como a utilização e/ou transformação de seres vivos e de seu metabolismo para a geração de produtos e processos de interesse surge como uma tecnologia revolucionária das indústrias do novo milênio, abrindo espaço para países em desenvolvimento e megadiversos, como Brasil, Índia e China investirem no setor”, explicam no artigo.
 
Alexandre e Fabiana pesquisaram as políticas e investimentos em ciência, tecnologia e inovação (C, T & I) na Amazônia brasileira, com ênfase às ações voltadas para a biotecnologia na região. Como resultado, eles verificaram um amplo quadro de ações em prol do desenvolvimento científico e tecnológico do ecossistema.
 
“O aumento dos investimentos em C & T no Brasil durante o período estudado (2000-2007) e a criação de leis com o propósito de estabelecer maior sinergia entre os setores de C, T & I fortaleceram ações de curto e longo prazo do governo federal na Amazônia, estimulando projetos estratégicos e integrados entre instituições como: INPA, Embrapa, Fiocruz, Suframa, Secretarias de C&T, Universidades, Centros de Pesquisa, Sebrae, indústrias locais, Ada, BNDES, Anvisa, rede nacional de produtos farmacêuticos, entre outras”, contam.
 
Além disso, eles explicam que o lançamento de editais específicos, como o Programa Integrado de Pesquisa Científica e Tecnológica (PIPT) e o Programa de Apoio à Pesquisa em Empresas (Pappe), estimularam parcerias e fomentaram a inovação em micro e pequenas empresas da região, aproveitando a biodiversidade local.
 
“Estas ações demonstram a expansão da fronteira do conhecimento científico e tecnológico na Amazônia, mostrando novas possibilidades de investimentos empresariais, nacionais e internacionais, de forma sustentável e inovadora, quebrando um ciclo de exploração insustentável de desmatamento, além de efetivar os dispositivos da CDB ratificados pelo Brasil em 1993”.
 

Agência Notisa (science journalism – jornalismo científico)