Mostrando postagens com marcador família Marinho. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador família Marinho. Mostrar todas as postagens

domingo, 1 de setembro de 2013

Globo admite "erro" em 64. Haja medo!


Por Altamiro Borges - em seu Blog

O Globo publicou neste sábado (31) um artigo que entrará para a história da mídia nativa. O jornal finalmente assume que o "apoio editorial ao golpe de 64 foi um erro" - estampa já no título. O texto é maroto, cheio de distorções históricas, mas confirma que a arrogante Rede Globo está com medo. Medo dos protestos de rua contra o império global, que um dia antes voltaram a ocupar os portões da emissora em vários estados. Medo da repercussão na blogosfera das denúncias sobre a bilionária sonegação fiscal da empresa. Medo da concorrência no setor, principalmente com a presença das multinacionais da tecnologia, como a Google, que abocanham gordas fatias do mercado publicitário.


Com o editorial, a famiglia Marinho tenta recuperar um pouco da credibilidade perdida, expressa na queda da tiragem do jornal e da audiência da emissora. O jornalão mesmo admite que os protestos de rua estão incomodando. "Desde as manifestações de junho, um coro voltou às ruas: 'A verdade é dura, a Globo apoiou a ditadura'. De fato, trata-se de uma verdade, e, também de fato, de uma verdade dura. Já há muitos anos, em discussões internas, as Organizações Globo reconhecem que, à luz da História, esse apoio foi um erro". Mas só agora o império confirmou o seu bárbaro crime!

O jornal garante que o texto de autocrítica já estava pronto há meses - mas quem vai acreditar num império que sempre mente e manipula? E afirma, posando de humilde: "Não lamentamos que essa publicação não tenha vindo antes da onda de manifestações, como teria sido possível. Porque as ruas nos deram ainda mais certeza de que a avaliação que se fazia internamente era correta e que o reconhecimento do erro, necessário. Governos e instituições têm, de alguma forma, que responder ao clamor das ruas. De nossa parte, é o que fazemos agora, reafirmando o nosso incondicional e perene apego aos valores democráticos". Só mesmo um ingênuo para acreditar nesta bravata!

Na sequência, o texto ainda tenta justificar o apoio ao golpe. "O Globo, de fato, à época, concordou com a intervenção militar, ao lado de outros grandes jornais, como 'O Estado de S.Paulo', 'Folha', 'Jornal do Brasil' e o 'Correio da Manhã', para citar apenas alguns. Fez o mesmo parcela importante da população, um apoio expresso em manifestações e passeatas organizadas em Rio, São Paulo e outras capitais. Naqueles instantes, justificavam a intervenção dos militares pelo temor de outro golpe, a ser desfechado pelo presidente João Goulart, com amplo apoio de sindicatos - Jango era criticado por tentar instalar uma 'república sindical' - e de alguns segmentos das Forças Armadas".

O Globo só não confessa que ajudou a criar o clima para o golpe militar, que investiu pesado para desestabilizar um governo democraticamente eleito e que manipulou para incitar a classe "mérdia". O jornal também nada fala sobre a conspiração orquestrada pelo governo dos EUA, pelo latifúndio e por grandes empresários contras as "reformas de base" anunciadas por Jango. Um complô em que a imprensa, historicamente reacionária, teve papel determinante. Pesquisas da época indicam que João Goulart tinha o apoio da maioria da sociedade. Mas o "partido da imprensa golpista" fez de tudo para derrubá-lo e para instalar uma ditadura sanguinária no país.

O editorial ainda afirma que "naquele contexto, o golpe, chamado de 'Revolução', termo adotado pelo Globo durante muito tempo, era visto como a única alternativa para manter no Brasil uma democracia". O jornal nada fala sobre os seus vínculos estreitos com os generais golpistas e os torturadores e assassinos da ditadura. Não explica como a famiglia Marinho construiu seu poderoso império com o apoio do regime militar. No maior cinismo, ainda insinua que ajudou na luta pela democratização do país. "Nos vinte anos durante os quais a ditadura perdurou, O Globo, nos períodos agudos de crise, mesmo sem retirar o apoio aos militares, sempre cobrou deles o restabelecimento, no menor prazo possível, da normalidade democrática".

O Globo não explica porque escondeu a campanha das Diretas-Já, tornando um ato da campanha numa "festa de aniversário" de São Paulo; porque maquiou Collor de Mello como o "caçador de marajás' para derrotar o operário Lula nas eleições presidenciais; porque foi o baluarte do projeto destrutivo e regressivo do neoliberalismo no triste reinado de FHC. Também nada fala sobre a sua ofensiva para "sangrar" de Lula e da sua campanha descarada contra a eleição de Dilma Rousseff.

Ao final, o editorial afirma que "a História não é apenas uma descrição de fatos, que se sucedem uns aos outros. Ela é o mais poderoso instrumento de que o homem dispõe para seguir com segurança rumo ao futuro: aprende-se com os erros cometidos e se enriquece ao reconhecê-los". A famiglia Marinho não aprendeu nada com a História!


Fonte: http://altamiroborges.blogspot.com.br/2013/09/globo-admite-erro-em-64-haja-medo.html?spref=tw


Globo: o dor da saturação

sábado, 9 de janeiro de 2010

Jornal dos Marinho diz que PNDH 'não é programa de direitos humanos'. O governo responde

Na edição de sexta, dia 5, "O Globo" dedicou chamada de capa e quase duas páginas para atacar o Programa Nacional de Direitos Humanos nº 3 (PNDH-3), dizendo que o PNDH exorbita dos objetivos de uma política pública de direitos humanos e que, com este projeto, o presidente Lula "invade outras áreas de governo" (sic). O que incomoda os herdeiros de Roberto Marinho é, entre outras coisas, a indicação de uma nova política nacional de Reforma Agrária, a reforma da Lei De Anistia com o objetivo de julgar torturadores da ditadura empresarial-militar (1964-1985) e, principalmente, dois pontos, que propõem emendas constitucionais ou decretos-lei para:
- Mudança na regra constitucional sobre outorga e renovação de concessão de rádio e televisão;
- Adoção de critérios de acompanhamento editorial a fim de criar ranking nacional de veículos de comunicação comprometidos com os direitos humanos, assim como dos que cometem violações.
 

Esses artigos do PNDH-3 são alguns dos primeiros desdobramentos, em termos de marco regulatório, da I Conferência Nacional de Comunicação (Confecom), que reuniu, em dezembro de 2009, representantes dos poderes públicos, da sociedade civil empresarial e dos movimentos sociais, tendo sido boicotada pelas associações patronais às quais estão filiadas as empresas da Globo Participações.

Leia nota da Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República, em resposta à reação dos altos comandos militares, do ministro da Defesa e, agora, de setores da mídia.


A Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República (SEDH/PR) esclarece alguns pontos do Programa Nacional dos Direitos Humanos (PNDH-3):


1. O PNDH-3 é mais um passo na construção histórica que visa concretizar a promoção dos Direitos Humanos no Brasil. Ele foi precedido pelo PNDH-I, que enfatizou os direitos civis e políticos, em 1996, e pelo PNDH-II, que incorporou os direitos econômicos, sociais, culturais e ambientais, em 2002. O Brasil ratificou a grande maioria dos tratados internacionais sobre Direitos Humanos e as ações propostas pelo PNDH-3 refletem este compromisso.


2. A transversalidade é uma premissa fundamental para a realização dos Direitos Humanos, concretizando os três princípios consagrados internacionalmente na Convenção de Viena para os Direitos Humanos (1993): universalidade, indivisibilidade e interdependência. Será impossível garantir a afirmação destes direitos se eles não forem incorporados às políticas públicas que visam promover a saúde, a educação, o desenvolvimento social, a agricultura, o meio ambiente, a segurança pública, e demais temas de responsabilidade do Estado brasileiro. Para atender a este objetivo, o PNDH-3 é assinado por 31 ministérios.


3. A política de Direitos Humanos deve ser uma política de Estado, que respeite o pacto federativo e as competências dos diferentes Poderes da República. Por sua vez, a interação entre todas estas esferas garante a plena garantia dos Direitos Humanos no país.


4. A ampliação da gama de direitos contemplados segue o que vem sendo estabelecido pela Organização das Nações Unidas (ONU), tratados e convenções internacionais, bem como na Constituição federal para garantir os princípios fundamentais de dignidade da pessoa humana. Segue ainda as crescentes demandas da sociedade civil organizada.


5. A participação social na elaboração do programa se deu por meio de conferências, realizadas em todos os estados do país durante o ano de 2008, envolvendo diretamente mais de 14 mil pessoas, além de consulta pública. A versão preliminar do Programa ficou disponível no site da SEDH durante o ano de 2009, aberto a críticas e sugestões.


6. O texto incorporou também propostas aprovadas em cerca de 50 conferências nacionais realizadas desde 2003 sobre tema como igualdade racial, direitos da mulher, segurança alimentar, cidades, meio ambiente, saúde, educação, juventude, cultura etc.


7. O PNDH-3 está estruturado em seis eixos orientadores, subdivididos em 25 diretrizes, 82 objetivos estratégicos e 521 ações programáticas, que incorporam ou refletem os 7 eixos, 36 diretrizes e 700 resoluções aprovadas na 11ª Conferência Nacional de Direitos Humanos, realizada em Brasília entre 15 e 18 de dezembro de 2008.


8. O Programa tem como um de seus objetivos estratégicos o acesso à Justiça no campo e na cidade e a mediação pacífica de conflitos agrários e urbanos, como preconiza a Constituição Federal. Esta ação está prevista no Manual de Diretrizes Nacionais para o Cumprimento de Mandados Judiciais de Manutenção e Reintegração de Posse Coletiva, editado pela Ouvidoria Agrária Nacional em abril de 2008.


9. O PNDH-3 tem como diretriz a garantia da igualdade na diversidade, com respeito às diferentes crenças, liberdade de culto e garantia da laicidade do Estado brasileiro, prevista na Constituição Federal. A ação que propõe a criação de mecanismos que impeçam a ostentação de símbolos religiosos em estabelecimentos públicos da União visa atender a esta diretriz.


10. O eixo Desenvolvimento e Direitos Humanos, na diretriz 5, prevê a valorização da pessoa humana como sujeito central do processo de desenvolvimento. Neste eixo, a afirmação dos princípios da dignidade humana e da equidade como fundamentos do processo de desenvolvimento nacional constitui um objetivo estratégico. A proposta de regulamentação da taxação do imposto sobre grandes fortunas é prevista na Constituição Federal (Art. 153, VII).


11. O acesso universal a um sistema de saúde de qualidade é um direito humano. Com o objetivo de ampliar este acesso, o PNDH-3 propõe a reformulação do marco regulatório dos planos de saúde, de modo a diminuir os custos para a pessoa idosa e fortalecer o pacto intergeracional, estimulando a adoção de medidas de capitalização para gastos futuros pelos planos de saúde.


12. O PNDH-3 contempla a garantia do direito à comunicação democrática e ao acesso à informação para consolidação de uma cultura em Direitos Humanos, como uma de suas diretrizes. Neste contexto, em consonância com os artigos 220 e 221 do texto constitucional, propõe a criação de um marco legal, estabelecendo o respeito aos Direitos Humanos nos serviços de radiodifusão e a elaboração de critérios de acompanhamento editorial a fim de criar um ranking nacional de veículos de comunicação comprometidos com os princípios dos Direitos Humanos.


13. Quanto aos direitos dos povos indígenas, o processo de revisão do Estatuto do Índio já está em curso desde o segundo semestre de 2008, tendo à frente a coordenação do Ministério da Justiça. Ao apoiar projetos de lei que visam revisar o Estatuto do Índio (1973) o PNDH-3 defende que é preciso adequar a legislação ainda em vigor com os princípios da Constituição, que foi promulgada 15 anos depois daquela lei, e da Convenção 169, da Organização Internacional do Trabalho (OIT), consagrando novos princípios para o tema.


14. Ao apoiar projeto de lei que dispõe sobre a união civil entre pessoas do mesmo sexo e ao prever ações voltadas à garantia do direito de adoção por casais homoafetivos, o PNDH-3 tem como premissa o artigo 5º da Constituição (Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade...). Considera ainda as resoluções da 1ª Conferência Nacional LGBT, realizada em junho de 2008, marco histórico no tema. O programa também está em consonância com tendência recente da própria jurisprudência, que vem reconhecendo o direito de adoção por casais homoparentais.


15. Em consonância com as políticas que vêm sendo desenvolvidas pelo Ministério da Justiça, o PNDH-3 avança no tema da segurança pública ao recomendar a alteração da política de execução penal e do papel das polícias militares, bem como dos requisitos para a decretação de prisões preventivas.


16. O PNDH-3 reconhece a importância da memória histórica como fundamental para a construção da identidade social e cultural de um povo. No eixo direito à memória e à verdade prevê a criação de um grupo de trabalho interministerial para elaborar um projeto de lei com o objetivo de instituir a Comissão Nacional da Verdade, nos termos da Lei 6.683/79 – Lei da Anistia.


Assessoria de Imprensa
Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República


O PNDH-3 pode ser baixado na página da SEDH
www.mj.gov.br/sedh/pndh3/index.html

quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

Jornal dos Marinho 'interpreta' palavras de um ministro do Supremo Tribunal Federal...

Repare que o editorial dos irmãos Marinho publicado dia 5 em "O Globo" começa citando que, coerentemente, o ministro do STF Joaquim Barbosa denunciou os esquemas de compra de votos detectados em Brasília - sob governo federal petista - e no estado de Minas Gerais, administrado pelos tucanos na década de 1990. Mas o autor do texto passa os demais parágrafos atacando apenas o PT e o "lulismo", como no trecho final: "O ministro concorda que a intelectualidade - em grande parte, devido a razões ideológicas, cooptada para erguer esta cortina de proteção ao lulismo - deveria abandonar a 'clivagem partidária' e se manifestar contra a corrupção." Ocorre que, em nenhum trecho da entrevista concedida à repórter Carolina Brígido, Barbosa sequer menciona políticos ou partidos políticos - o que seria, convenhamos, incompatível com seu cargo de ministro da suprema corte. Leia atentamente cada linha deste ótimo e oportuno post do blog amigo Cloaca News. Precisamos urgentemente de outra mídia. Saudações educomunicativistas.


do Cloaca News
Para satanizar Lula, pandilha de 'O Globo' mente, inventa e enxovalha a instituição do jornalismo


O artigo 299 do Código Penal Brasileiro, que tipifica o crime de falsidade ideológica, é muito claro: "Omitir, em documento público ou particular, declaração que dele devia constar, ou nele inserir ou fazer inserir declaração falsa ou diversa da que devia ser escrita, com o fim de prejudicar direito, criar obrigação ou alterar a verdade sobre fato juridicamente relevante".


Em sua edição da última terça, 5 de janeiro, o jornal O Globo, principal braço impresso da maior corporação mafiomidiática brasileira, publicou, à guisa de editorial, artigo intitulado "Ponto nevrálgico", repleto de ilações baseadas na entrevista que o ministro Joaquim Barbosa, do STF, concedeu ao mesmo jornal na edição do último dia 3. O afamado barrigueiro e tocador-de-jazz Ricardo Delgado, como sói, reproduziu o troçulho em seu afamado blog.


Primeiro, leia a entrevista:


O ministro Joaquim Barbosa, do Supremo Tribunal Federal (STF), há dois anos ganhou notoriedade por relatar o processo do mensalão do PT e do governo Lula. Em 2009, convenceu os colegas a abrir processo contra o senador Eduardo Azeredo (PSDB-MG) para apurar se ele teve participação no mensalão do PSDB mineiro. Em entrevista ao GLOBO, Joaquim não quis comentar o mensalão do DEM, que estourou recentemente no governo de José Roberto Arruda, do Distrito Federal. Mas deixou clara sua descrença na política e sua dificuldade para escolher bons candidatos quando vai votar. E o ministro, de 55 anos, não poupou nem os tribunais: “O Judiciário tem uma parcela grande de responsabilidade pelo aumento das práticas de corrupção em nosso país”.


Por que aparecem a cada dia mais escândalos envolvendo políticos? A corrupção aumentou ou as investigações estão mais eficientes?
JOAQUIM BARBOSA: Há sim mais investigação, mais transparência na revelação dos atos de corrupção.Hoje é muito difícil que atos de corrupção permaneçam escondidos.


O senhor é descrente da política?
JOAQUIM: Tal como é praticada no Brasil, sim. Porque a impunidade é hoje problema crucial do país. A impunidade no Brasil é planejada, é deliberada.As instituições concebidas para combatê-la são organizadas de forma que elas sejam impotentes, incapazes na prática de ter uma ação eficaz.


A quais instituições o senhor se refere?
JOAQUIM: Falo especialmente dos órgãos cuja ação seria mais competente em termos de combate à corrupção, especialmente do Judiciário. A Polícia e o Ministério Público, não obstante as suas manifestas deficiências e os seus erros e defeitos pontuais, cumprem razoavelmente o seu papel. Porém, o Poder Judiciário tem uma parcela grande de responsabilidade pelo aumento das práticas de corrupção em nosso país. A generalizada sensação de impunidade verificada hoje no Brasil decorre em grande parte de fatores estruturais, mas é também reforçada pela atuação do Poder Judiciário, das suas práticas arcaicas, das suas interpretações lenientes e muitas vezes cúmplices para com os atos de corrupção e, sobretudo, com a sua falta de transparência no processo de tomada de decisões.Para ser minimamente eficaz, o Poder Judiciário brasileiro precisaria ser reinventado.


Qual a opinião do senhor sobre os movimentos sociais no Brasil?
JOAQUIM: Temos um problema cultural sério: a passividade com que a sociedade assiste a práticas chocantes de corrupção. Há tendência a carnavalizar e banalizar práticas que deveriam provocar reação furiosa na população.Infelizmente, no Brasil, às vezes, assistimos à trivialização dessas práticas através de brincadeiras, chacotas, piadas. Tudo isso vem confortar a situação dos corruptos. Basta comparar a reação da sociedade brasileira em relação a certas práticas políticas com a reação em outros países da America Latina. É muito diferente.


Como deviam protestar?
JOAQUIM: Elas deviam externar mais sua indignação.


É comum vermos protestos de estudantes diante de escândalos.
JOAQUIM: O papel dos estudantes é muito importante. Mas, paradoxalmente, quando essa indignação vem apenas de estudantes, há uma tendência generalizada de minimizar a importância dessas manifestações.


A elite pensante do país deveria se engajar mais?
JOAQUIM: Sim. Ela deveria abandonar a clivagem ideológica e partidária que guia suas manifestações.


O próximo ano é de eleições. Que conselho daria ao eleitor?
JOAQUIM: Que pense bem, que examine o currículo, o passado, as ações das pessoas em quem vão votar.


Quando o senhor vota, sente dificuldade de escolher candidatos?
JOAQUIM: Em alguns casos, tenho dificuldade. Sou eleitor no Rio de Janeiro.Para deputado federal, não tenho dificuldade, voto há muito tempo no mesmo candidato. Para governador, para prefeito, me sinto às vezes numa saia justa. O leque dos candidatos que se apresenta não preenche os requisitos necessários, na minha opinião. Não raro isso me acontece. Não falo sobre a eleição do ano que vem, porque ainda não conheço os candidatos.


Agora, leia o funesto editorial d'O Globo:


Um dos ministros indicados para o Supremo Tribunal Federal (STF) pelo presidente Lula, Joaquim Barbosa ganhou autoridade ao relatar de maneira cortante, fria, técnica, o caso do mensalão, com a abertura de processos contra estrelas do PT.
Mais tarde, coerente, repetiu a dose com o senador tucano Eduardo Azeredo (MG), financiado em campanha pela mesma engenharia financeira ilegal de que se valeriam petistas no governo Lula.
É com a experiência de atuar nesses casos que Barbosa, em entrevista publicada no GLOBO de domingo, declarou ser a atuação do Poder Judiciário uma das causas do aumento dos casos de corrupção, estimulada pela impunidade.
Com “práticas arcaicas”, “interpretações lenientes” e “falta de transparência” no processo decisório, entende o ministro, a Justiça tem culpa nesse cartório.
Pode-se acrescentar a leniência de certas legislações, como a eleitoral, uma enorme porta escancarada para donos de vergonhosos prontuários criminais entrarem na vida pública em busca de imunidades.
Na entrevista, Joaquim Barbosa tratou, ainda, da “passividade com que a sociedade assiste a práticas chocantes de corrupção”.
Colocou o dedo em um ponto nevrálgico da atual conjuntura política: como o governo Lula abriu os cofres do Tesouro para cooptar de vez sindicatos — aliados antigos — e organizações da sociedade civil tradicionalmente ativas na fiscalização do poder público, caso da UNE.
Porque todos, ou quase todos, se converteram em correias de transmissão do lulismo, paira grande e conivente silêncio no meio sindical, em organizações ditas sociais e adjacências diante de aberrações no manejo do dinheiro público e de cenas de fisiologia explícita.
No mensalão do DEM, em Brasília, houve manifestações — mas porque era o DEM.
No mensalão petista, silêncio quase absoluto. Até mesmo alguns “intelectuais orgânicos” criaram a figura da “imprensa golpista”, uma forma de culpar o mensageiro pelo teor da notícia, e assim tentar encobrir a responsabilidade dos mensaleiros petistas — manobra rejeitada pela Procuradoria Geral da República e pelo STF, onde Joaquim Barbosa conseguiu apoio para seu relatório.
O ministro concorda que a intelectualidade — em grande parte, devido a razões ideológicas, cooptada para erguer esta cortina de proteção ao lulismo — deveria abandonar a “clivagem partidária” e se manifestar contra a corrupção.
Tem óbvia razão.

Você que nos lê, por favor, aponte: em que trecho da entrevista o Ministro Joaquim Barbosa diz que "o governo Lula abriu os cofres do Tesouro para cooptar de vez sindicatos"?
Em que parte da entrevista Joaquim Barbosa declara que organizações da sociedade civil "se converteram em correias de transmissão do lulismo"?
Em qual parágrafo da entrevista o magistrado afirma que "a intelectualidade" foi "cooptada para erguer esta cortina de proteção ao lulismo"?
Quantas vezes Joaquim Barbosa enunciou o nome do Presidente Lula e o substantivo "lulismo" em sua fala ao jornalão carioca?
A pena para os incursos no artigo 299 do Código Penal é: reclusão, de 1 (um) a 5 (cinco) anos, e multa, se o documento é público, e reclusão de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa, se o documento é particular.
Se houvesse penas, também, para os casos de lesa-jornalismo, lesa-verdade e lesa-inteligência, certamente os proprietários-editorialistas da corporação platinada pegariam prisão perpétua. Sem direito a sursis.

sábado, 21 de novembro de 2009

A FÁBRICA DE MENTIRAS

por Laerte Braga, jornalista e analista político
Para tentar entender a complexa quadrilha que conhecemos como grande mídia é necessário estabelecer as relações de cada um desses veículos de comunicação, sejam as redes de tevê, as rádios ou os jornais e as revistas.

A legislação brasileira não proíbe que um grupo empresarial detenha o controle de emissoras de tevê, de rádios, jornais e revistas a um só tempo. Ao contrário da legislação norte-americana que dispõe, inclusive, de mecanismos para evitar monopólio de audiência em redes de tevê, com a preocupação, em tese, de controle da opinião pública. No Brasil isso permite a concentração de mídias e, óbvio, uma interferência maior junto a opinião pública, a rigor um monopólio, mesmo que tevês e rádios sejam concessões de serviços públicos. À falta de legislação específica, atendem a interesses privados.

Entre nós jornal televisivo vira farsa e espetáculo quando o apresentador do principal deles, o de maior audiência, vai a um programa num canal de tevê por satélite, do mesmo grupo e “permite” que os telespectadores definam a gravata que vai usar à noite, quando da apresentação do show. O pressuposto da participação. Você decide a roupa e ele decide que verdade interessa a quem paga a gravata.

Tancredo Neves todas as vezes que queria enrolar (no bom sentido) Ulisses Guimarães sobre assuntos que entendia de risco para o antigo MDB, isso no período da ditadura, dizia a Ulisses que o fato havia sido noticiado ou no THE GLOBE (a versão editada no Brasil sob o título O GLOBO, ou no JORNAL DO BRASIL, então os dois maiores diários impressos do País.

Sabia que Ulisses lia apenas a FOLHA DE SÃO PAULO e o ESTADO DE SÃO PAULO. Era o suficiente para alcançar seus objetivos. Tanto um quanto outro eram, como são, jornais regionais, com algum alcance nacional (a FOLHA chegou a ser um jornal de ponta em todo o Brasil, hoje não é mais).

O fim do império de Assis Chateaubriand, DIÁRIOS E EMISSORAS ASSOCIADOS, começou com a ascensão da REDE GLOBO DE TELEVISÃO, pouco antes da queda do presidente Goulart. Seja pelos altos investimentos de grupos estrangeiros nas empresas de Roberto Marinho, já dentro do esquema de golpes militares que se estenderiam mais tarde a toda a América Latina, seja pelas características de Chatô, bem definidas por Fernando Moraes num livro do mesmo nome, onde descreve e conta a vida da primeira versão cabocla de Cidadão Kane brasileiro.

A entrada em cena da EDITORA ABRIL se deu a partir da revista REALIDADE, mensal. “O CRUZEIRO” (semanal, edição em três línguas e cinco milhões de exemplares a cada uma das edições) estava indo ladeira abaixo e MANCHETE e MUNDO ILUSTRADO, outras duas revistas de circulação mais ou menos nacional, além de ALTEROSA, restrita a Minas Gerais, não conseguiam ou não conseguiram decolar, limitaram-se a determinados espaços.

O GRUPO ABRIL deliberadamente tratou de temas considerados tabus à época e vendeu através de REALIDADE, a imagem de revista progressista, independente. Chegou a ser retirada das bancas em algumas oportunidades, como quando apresentou uma pesquisa sobre a conduta sexual do jovem brasileiro, isso no final da década de 60, algo então impensável num País governado por generais que se escoravam na tradição, na Pátria, na família. Mas a moda deles e com o lucro para eles.

O tema, comportamento sexual dos jovens, aparentemente polêmico, era uma época de profundas mudanças nos costumes, servia a conquistar público mais tarde a ser iludido nas mentiras de Diogo Mainardi.

Em 1974, com a vitória do MDB em dezessete estados da Federação nas eleições para o Senado, o presidente Ernesto Geisel percebeu que era necessário estabelecer algo mais que censura prévia nos veículos de comunicação. Era preciso modificar todo o processo de comunicação, rádio e televisão principalmente, quebrando redes regionais e unificando a linguagem a ser vendida aos brasileiros, logo, o modo de ser, a idéia, o como vestir, como comer e como ser patriota.

A GLOBO foi o principal agente desse processo. O avanço foi muito além daquele negócio de mudar a legislação eleitoral e transformar o que se pretendia fosse um debate democrático, numa exposição ridícula de retratinhos e currículos.

Começa aí a ganhar vulto o que já vinha sendo desenhado desde o golpe de 1964. Um Brasil que pensa igual, onde os valores culturais de cada região eram violentados e substituídos pela cultura de massas vendida pela GLOBO.

Se alguém tiver dúvidas sobre o caráter da GLOBO, do grupo GLOBO num organismo de uma nação como o Brasil, não tenha dúvida que é um câncer. Que corrói as entranhas do ser, dos sentimentos nacionais, da cultura brasileira e nos transforma a todos em objetos diante de um mundo que desce ladeira abaixo num processo de autofagia a que chamam progresso.

Existem GLOBOS espalhadas por todos os cantos do mundo.

Um bobalhão ávido de sucesso e a veicular mentiras como o faz William Bonner diariamente, esse tipo de figura desprezível existe também em vários cantos e pior, costumam se levar a sério. É padrão estabelecido pelos senhores.

Os antigos donos de grandes impérios de comunicação em seus países, hoje aumentaram o espectro Kane, são senhores de impérios mundiais.

Vendem o modelo político e econômico, vendem o capitalismo. No prodígio da tecnologia você compra um relógio a dez reais num camelô em qualquer rua de qualquer cidade e pode se gabar que a peça tal foi fabricada em Taiwan, a outra na Índia, uma terceira na Indonésia e todo o conjunto foi montado em Manaus.

Essa forma de ser, esse modo de produção, é também o fim da referência do trabalhador consigo e seu trabalho, mesmo na velha e presente luta de classes.

A mídia no Brasil hoje trabalha dentro do esquema do neoliberalismo, da chamada nova ordem econômica (nascida com o fim da União Soviética), vende a idéia que a notícia será ou terá maior importância se William Bonner estiver usando a gravata que você escolhe através de uma eleição democrática, ou por telefone (dando ganho às operadoras), ou pela net, acessando o portal do grupo.

Nessa medida e levando em conta a natureza do capitalismo nos dias atuais, as principais quadrilhas que operam a economia estabeleceram um modus vivendi bem semelhante, ou melhor, semelhante ao das máfias clássicas e criaram regras para manter o controle.

Tudo se baseia no pressuposto que estamos vivendo num estado de direito, onde a ordem democrática é garantida por instituições sólidas e sérias, assim como o STF presidido por uma “dançarina”, o ministro Gilmar Mendes.

A mídia entra aí nesse esquema escorada na aparente seriedade, ou na forma de alerta que faz aos brasileiros para manter intocados os privilégios, os feudos e preservar essa nova Idade Média, a da tecnologia, do fantástico mundo dos robôs, das bonecas e bonecos infláveis, da dança do Faustão. E até aos 43 anos, depois, vai para o almoxarifado de bonecas imprestáveis ao consumo e ao imaginário das pessoas.

E uma grande plantação de abóboras que Bonner chama de Homer Simpson, ávidos de esganarem os Nardoni, sem se perceberem esganados em cada palavra da senadora Kátia Abreu, ou cada crise histérica do governador paulista José Jânio Serra, ou cada cheirada do governador de Minas Aécio Neves, tudo enquanto FHC constrói sua pirâmide e o mundo toma conhecimento que o faraó se deixou seduzir por uma bela cozinheira e lá estão, cozinheira e filho funcionários do Senado Federal.

Mas o grande culpado, o vilão, neste momento no Brasil, é Cesare Battisti. Daniel Dantas é um empreendedor que gera empregos e progresso, Protógenes Queiroz um delegado que teima em atrapalhar tudo com essa mania de não saber distinguir ladrões de galinhas de ladrões de cofres públicos e na abalizada opinião de Dona Miriam Leitão o Brasil não tem competência para cuidar do pré-sal, deveria entregar logo e cuidar de organizar a tabela do próximo campeonato ou voltar suas atenções para a edição do BBB de 2010.

É uma nova categoria, os BB e os ex-BB.

A mídia no Brasil é a soma de umas poucas e fechadas máfias. Controlam o País inteiro, informam o que bem entendem e quando o cordeiro cisma de beber água abaixo do local onde o lobo bebe, coloca a boca no trombone reclamando liberdade de imprensa.

Com gravata escolhida democraticamente pelos telespectadores o apresentador do JORNAL NACIONAL diz sem qualquer escrúpulo, ou peso na consciência que a queda do avião da TAM aconteceu por não existirem ranhuras na pista do aeroporto de Congonhas, cujas obras foram feitas às pressas com finalidade eleitoral.

No meio do caminho surge uma pedra, o reverso e do reverso se descobre que a manutenção é precária, o avião no dia anterior já apresentara problemas num pouso, aí VEJA socorre e transfere a culpa de tudo para o piloto.

Ou com gravata democrática ou não, decide o dito apresentador, que mais importante que o acidente com um avião da GOL é um dossiê falso comprado a um delegado corrupto, tudo montado, para tentar influir no resultado das eleições.

Só nessa gravatada toda somamos pelo menos 300 mortos. E o governo passa a ser culpado. Culpado do mau caratismo da empresa, a TAM, da morosidade e corrupção de alguns setores da justiça nos processos das famílias das vítimas.

Em vias de ir à falência, em 2002, a GLOBO pegou 250 milhões de dólares do BNDES numa das mais torpes chantagens da história da política e das comunicações no Brasil. Jogou Roseana Sarney para o alto nas pesquisas do IBOPE, montadas evidente, para oferecer ao prejudicado imediato, José Jânio Serra a solução, os tais 250 milhões de dólares e a cabeça de Roseana.

E assim em cada estado brasileiro, ou alguém acha que Aécio ganha loas do ESTADO DE MINAS, um dos últimos sobreviventes dos DIÁRIOS E EMISSORAS ASSOCIADOS, por conta dos seus olhos, ou porque tem bons contatos na direção da empresa. É só pegar as contas do governo mineiro e ver quanto se gasta em publicidade direta e indireta e fazer o mesmo com o paulista, nas milhares de assinaturas de revistas da EDITORA ABRIL.

RBS no Sul, jornais estaduais no Norte e Nordeste e os coadjuvantes (estão perdendo espaços, leitores, tiragens bem menores, mas ainda assim perigosos) FOLHA DE SÃO PAULO, ESTADO DE SÃO PAULO, etc, etc. O ESTADO DE SÃO PAULO ainda tem um atenuante, acredita que o Brasil é governado por Pedro II e a escravidão não foi abolida. Não saiu do século XIX. Tem medo de chegar ao XX, que dirá ao XXI, até em termos de conservadorismo.

O jornal FOLHA DE SÃO PAULO edição de 20 de novembro, traz um suposto inquérito existente na Polícia Federal, já desmentido, que liga Cesare Battisti a atividades terroristas no Brasil. Nessa mania de mentir sempre que se torna necessário socorrer uma das máfias, ou abrir espaços para notícias mentirosas, faz pouco tempo que o jornal forjou uma ficha criminal da ministra Dilma Rousssef, desmentida pelo onbudsman da empresa.

Quem ganhou? O onbudsman perdeu, lógico. A verdade não interessa. Esse negócio de onbudsman é igual infográfico, você começa lá do começo e quando chega no fim não tem noção de coisa alguma, exatamente o objetivo desse jornalismo de mentiras, confusões deliberadas.

A decisão de cinco dançarinas do STF entendendo que o Brasil deve entregar Cesare Battisti ao governo da Itália acabou prejudicada quando uma delas entendeu que essa decisão em instância final pertencia ao presidente da República. Como pertence. Imagine a reação da estrela da companhia de danças Gilmar Mendes. Entre outras coisas perde a chance de acrescentar à sua coleção de medalhas a ordem do macarrão. Berlusconi costuma entregá-la em festas nos seus palácios, onde sobram mastros para exibição de dotes artísticos tanto de dançarinas como de que tais.

A campanha para pressionar Lula começa com as declarações da velha cafetina José Sarney, antes alvejado por essa mesma mídia e ganha fôlego, abre o cenário hoje, na tal inquérito que a FOLHA menciona.

Mais ou menos como se um monte de chefes mafiosos decidissem eliminar um perigo, um inimigo, um intocável, se agrupassem num determinado lugar e ficassem aguardando uma senha. Tipo assim, “garotas de Berlusconi”. “filhos de FHC” (não que isso importe, o problema é outro, é esconder e tentar criticar adversários com esse tipo de argumento).

Aí começa o tiroteio.

Será que alguém faz idéia do número de jornalistas demitidos ao longo da história por terem se mantido íntegros? Não precisa ir longe, no ESTADO DE MINAS, em Belo Horizonte, a pedido de Aécio ou da irmã querida do governador? Ou em São Paulo, a pedido de José Jânio Serra?

De profissionais humilhados por se recusarem a mentir?

Bonner não está nesse meio. É mentiroso por vocação, aceita e cumpre o papel e ainda deixa que você, que ele chama de Homer Simpson, trata como abóbora, escolha a gravata do dia.

E um monte deles. Jabor, Miriam Leitão, Alexandre Garcia, Délis Ortiz, Lúcia Hippolito, Eliane Catanhede, todo um exército de pistoleiros à disposição de Capones de maior ou menor porte, seja Marinho, seja Frias, seja Mesquita, seja Civita.

A grande mídia não é uma fábrica de chocolates como no filme. É uma fábrica de mentiras, montadas na estrutura de uma sociedade de espetáculos em que somos aqueles que entramos com as cabeças cobertas por abóboras nas receitas da especialista em flora e fauna Ana Maria Braga, a conservada senhora em formal e que nos brinda com um louro mecânico sempre pronto para salvá-la de cada mancada, cada barbárie.

A mídia é isso. Um braço de interesses maiores.

E Cesare Battisti é só um bode expiatório dessa gente.