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segunda-feira, 20 de janeiro de 2014

Imprensa e rolezinho

15/01/2014 - Imprensa e rolezinho, machismo e irresponsabilidade
- Por Luciano Martins Costa na edição 781 do Observatório da Imprensa
- Comentário para o programa radiofônico de 15/01/2014

Com exceção da Folha de S. Paulo, os principais jornais de circulação nacional não parecem fazer um grande esforço para compreender o novo fenômeno social, conhecido como “rolezinho”.

Na edição de quarta-feira (15/1), o Globo ignora o assunto e o Estado de S. Paulo se limita a reproduzir manifestações de autoridades da segurança pública e entidades que representam os shopping centers.

A Folha busca as origens do movimento e produz sua própria versão da nova forma de protagonismo de jovens da periferia.

A iniciativa de marcar encontros que podem reunir centenas, milhares de jovens e adolescentes nos espaços abertos dos centros de compra tem origem nas redes sociais digitais e faz parte da consolidação, no espaço físico, de relacionamentos desenvolvidos no chamado ambiente virtual.

O que acontece a seguir é da natureza dos protagonistas: gargalhadas, gritos, movimentos bruscos, manifestações exageradas de entusiasmo.

Farra, muita farra, que pode incluir correrias e longas filas pelos corredores dos shoppings – o antigo “trenzinho”, que agora se chama “bonde”.

Como muitas manifestações culturais que surgiram nas comunidades oprimidas por traficantes e pelo poder corrompido da polícia, os “bondes” representam a mobilização coletiva dos marginalizados.

A expressão foi cunhada por traficantes nas favelas do Rio, com o sentido de blitz, de carga ligeira nos confrontos com seus concorrentes ou contra a polícia.

Daí, a palavra evoluiu para definir os “arrastões” na praia [Ipanema, 11/1 sábado de verão, ao lado] e, em seguida, a formação de grupos que se dirigiam aos bailes funk em áreas inseguras.

Os “bondes” dos jovens paulistanos que desembarcam em multidões nos shopping centers têm simplesmente o sentido da reunião, da ação coletiva cujo propósito é o de apenas realizar fisicamente a interação experimentada nas redes digitais e manifestar a alegria do encontro.

Acontece que esses palácios de consumo foram planejados para explorar a soma dos desejos individuais no ato da compra, e não estão preparados para funcionar como palcos de manifestações massivas.

Elitismo e preconceito
A Folha de S. Paulo produz uma reportagem interessante sobre alguns protagonistas desse movimento, mas ao tentar se aproximar de um universo que seus jornalistas desconhecem, comete uma parcialidade e um erro grave.

A parcialidade consiste em definir os “rolezinhos” apenas como encontros entre meninos muito populares na rede social e suas admiradoras ou “amigas” do Facebook – a interpretação é machista e limitada à ideia de que os meninos, machos, têm a iniciativa e as meninas são apenas as “tietes” que se deslocam para encontrar seus ídolos.

O erro grave consiste em expor a identidade e a imagem de um jovem de 17 anos, inimputável perante a lei, como sendo o “organizador” da concentração ocorrida no Shopping Center Itaquera no sábado (11/1).

O adolescente aparece no alto da primeira página, em fotografia destacada ao lado da manchete do jornal, e na página interna é mostrado novamente, com seu perfil descrito junto ao de outros supostos líderes dos “rolezinhos” entre eles, um menino de 13 anos, apontado como um dos promotores do evento.

Além de submeter esses protagonistas à exibição pública, contrariando as normas legais, trata-se de mau jornalismo, pelo simples fato de que tais concentrações ocorrem numa cadeia de conexões cujo centro é impossível definir.

Ao identificar três ou quatro jovens, e principalmente ao destacar um deles na primeira página, a Folha aponta o dedo e abre a possibilidade de que sejam visados por policiais, agentes de segurança dos shopping centers e até mesmo por criminosos com interesse em promover saques, com as consequências que se pode imaginar.

Aquilo que parece uma interessante sintonia do jornal com o mundo dos adolescentes da periferia não passa de manifestação machista – presente na afirmação de que os “rolezinhos” são feitos por meninas em ato de tietagem, negando a possibilidade de que elas também estejam apenas realizando seu direito de exercer a sociabilidade onde quiserem.

A versão de que o fenômeno se limita aos encontros de garotas devotadas a “don juans” da internet não é apenas machista: é também elitista, ao abrigar um mal disfarçado preconceito, presente na afirmação de que não há nenhuma “grande ideia” por trás do movimento.

Ora, para quem vive em comunidades com poucas opções de lazer, uma farra no shopping [Itaquera, foto acima] pode ser a melhor ideia da temporada e uma chance rara de protagonismo social.

Fonte:
http://observatoriodaimprensa.com.br/news/view/imprensa_e_rolezinho_machismo_e_irresponsabilidade

sábado, 14 de dezembro de 2013

Resiliência e uma negra no aeroporto de Frankfurt

09/12/2013 - Sobre resiliência, o direito à felicidade e ser mulher negra no aeroporto de Frankfurt
- Viviana Santiago para o site Blogueiras Negras

Segundo a física, a resiliência é uma certa particularidade apresentada por alguns corpos, de após sofrerem uma deformação, voltar a sua forma original. 

Em linguagem figurada seria aquela habilidade de fazer do limão, uma limonada e quem trabalha no terceiro setor, sobretudo com os chamados grupos em situação de vulnerabilidade e risco social e/ou pessoal sabe que essa palavra faz parte do repertório de ensinamentos.

Falar de resiliência significa evocar aquela capacidade que nós todas, pessoas em alguma situação de vulnerabilidade, devemos possuir, ou ser apoiadas na construção: uma capacidade que nos possibilitaria transformar cada situação ruim vivida, numa situação positiva, a partir de nossa competência de re-significar e seguir em frente.

Há alguns meses, eu, Viviana, negra-mulher-nordestina-pedagoga e mãe fui à Áustria participar de uma reunião de trabalho: atuo na defesa de direitos de crianças e adolescentes, assim como de mulheres e famílias em situação de vulnerabilidade, dentre outros aspectos, defendo a ideia de promoção, proteção, defesa e garantia do direito a convivência familiar e comunitária para todos esses grupos; e nesse contexto fui convidada a ser stakeholder para um processo de elaboração de uma política global.

Meu voo para Áustria deveria fazer antes uma escala em Frankfurt [foto], vocês já imaginam a cena: avião lotado de brasileiras e brasileiros, mulheres e homens desembarcando naquela correria, muitos passageiros habitués, outras pessoas de primeira viagem chegando à Europa, e eu: com aquela sensação de, ainda sob o impacto de tantas vozes, tantas línguas, tantos rostos diferentes, sentir-me num espaço global – o aeroporto de Frankfurt é gigantesco - vendo todo mundo e pensando curiosamente como estaria sendo vista. (Não tardaria em descobrir…)

Na fila da imigração, havia dezenas e dezenas de brasileiras e brasileiros, também muitas mulheres e homens também de outros lugares do mundo, muitos e muitos orientais, mas por uma daquelas coincidências do destino: a única mulher negra ali era eu.

Chegando minha vez de apresentar o passaporte, um jovem me atendeu e extremamente rude, me pergunta num inglês - muito mal falado - para onde vou e o que vou fazer.

Explico que vou prestar uma consultoria sobre gênero, para uma ONG internacional – muito conhecida na Europa -, ele me faz uma pergunta que não consigo entender e peço que repita.

E ai começa o show de humilhações, grosseria e maus tratos: mostro todos os papéis, os convites, meu currículo e ele, sempre me olhando de cima a baixo, com especial atenção para meu cabelo, minha boca e minha bunda; ele rejeita tudo que eu falo, fazendo de conta que não entende, e em alemão, partilhando com o companheiro do guichê ao lado, comentários jocosos a meu respeito.

Somos todas mulheres! escuto  vozes em minha cabeça, daquelas pessoas que querem destituir as nossas lutas e diminuir a importância da abordagem das interseccionalidades com a afirmação de que somos todas iguais…, mas quando olho para o lado, vejo as outras mulheres caminhando livremente apresentando seus passaportes e seguindo em frente, enquanto somente eu: a negra, estou retida.

Somos todas mulheres! escuto mais uma vez, mas percebo que somente eu, mulher-negra, em meio a todas aquelas mulheres, estou tendo que justificar exaustivamente o que faz uma mulher negra indo para Áustria.

Somos todas mulheres! mas só sobre mim recai o estereótipo da mulata e da prostituta…

E eu fico pensando nessa experiência…

Pensando, entristeço e recordo que partilhei com as amigas e amigos e ouvindo de todas: puxa, que pesado! Vixi que perverso!

Mas em seguida, sempre a continuação: ainda bem que você é uma mulher resiliente! Seja resiliente, faça dessa situação uma limonada, aprenda com isso!

E continuam quando eu digo que em mais alguns meses estarei lá novamente: isso Vivi, seja resiliente! Você tem que aprender a lidar com isso!

Sem desmerecer nenhum pouco a importância de darmos a volta por cima, venho sinceramente dizer que eu não quero Ter que Ser Resiliente!

Eu não quero Ter que fazer uma limonada! Eu quero é ser feliz!

Porque felicidade e ser tratada dignamente é um direito.

Aceitar que devo ser resiliente, nesse e em muitos contextos é aceitar como natural que essa e outras violências vão acontecer e vão se repetir, é aceitar que elas estão determinadas, dadas e irrevogáveis.

Penso na minha experiência de ser menina, jovem, mulher e mãe negra…

Não é isso que escutamos quando naturalizam que nós aguentamos dor por isso não recebemos anestesia? Seja forte! Você consegue!

Quando naturalizam que nós somos fortes por isso trabalhamos sempre a mais.

Que nossa pele não queima, por isso ninguém nunca passa protetor solar ou dá um bonezinho para as crianças negras da educação infantil quando vão ao parquinhos.

Somos fortes, e se algo de ruim acontecer seremos resilientes.

Não quero mais ouvir as pessoas me mandando ser resilientes, quero sim, saber, quando as pessoas vão me dizer, (a mim e a todas as outras mulheres negras): vocês têm o direito de serem tratadas dignamente, espero que isso não aconteça mais.

Muitas vezes quando escuto o discurso do “be posisitve!” consigo perceber uma ausência de problematização: porque, ao mesmo tempo em que dizemos que as pessoas devem ser capazes de se recuperar de violências, por que também não defendemos o direito das mesmas a uma vida sem violência?

Sejamos resilientes, mas antes de tudo não sejamos mais violentadas.

Não sejamos mais tratadas como objetos.

Não admitamos nem nos conformemos com essas violências que se repetem. Mudemos esse repertório!

É isso que estou pensando agora.

E é isso que levarei comigo, quando for mais uma vez a mulher negra no aeroporto em Frankfurt.

Fonte:
http://blogueirasnegras.org/2013/12/09/resiliencia-direito-felicidade-mulher-negra-aeroporto-frankfurt/

Nota:
A inserção de algumas imagens adicionais, capturadas do Google Images, são de nossa responsabilidade, elas inexistem no texto original.

sexta-feira, 24 de maio de 2013

Professor vagabundo que faz greve deveria ser demitido


 Por Leonardo Sakamoto, no seu Blog


“Vagabundo que faz greve deveria ser demitido.” Algumas poucas vezes me dou ao direito de atualizar e republicar certos textos deste blog. Hoje é o caso. Pois, ouvi no trem, uma senhora reclamando destemperadamente com uma amiga dos professores da rede municipal em São Paulo, que estão em greve que começou no dia 03. Os professores pedem 17% de recomposição inflacionária dos últimos três anos. A prefeitura oferece 10,19% agora e mais 13,43% em 2014. Os sindicatos dizer que esses valores são relativos a outros acordos firmados em outros anos para incorporação de abonos. Mas, mais do que o salário de fome que ganham os professores, o que me interessa neste texto é a forma com a qual os vemos.

Quando escrevi pela primeira vez sobre isso vivíamos a greves dos mestres das universidades federais. E, é claro, essa frase nunca vem sozinha: passeata que atrapalha o trânsito? Cacete neles! Protesto em praça pública? Cacete neles! Onde já se viu? Essas pessoas têm que saber seu lugar.

Sindicatos não são perfeitos, longe disso. Assim como ocorre em outras instituições, possuem atores que resolvem voltar-se para os próprios umbigos e tornar a busca pelo poder e sua manutenção de privilégio mais importante que os objetivos para os quais foram eleitos. Ou seja, tá cheio de sindicalista pelego ou picareta, da mesma forma que empresário corrupto e sonegador. Contudo, graças à organização e pressão dos trabalhadores, importantes conquistas foram obtidas para civilizar minimamente as regras do jogo – não trabalhar até a exaustão, descansar de forma remunerada, ter salários (menos in)justos, garantir proteção contra a exploração infantil. Direitos estes que, mesmo incompletos, são chamados por alguns empregadores de “gargalos do crescimento”.

É esquizofrênico reclamar que não há no Brasil quantidade suficiente de força de trabalho devidamente preparada para fazer frente às necessidades de inovação e produtividade e, ao mesmo tempo, chutar feito caixa de giz vazia as reivindicações de professores por melhores condições e remuneração. Como acham que o processo de formação ocorre? Por osmose? Cissipartição? Geração espontânea a partir dos argumentos fedidos desse povo?

Incrível como muitos colegas, ao tratarem sobre a greve dos professores, chamam sempre as mesmas fontes de informação que dizem, sempre, as mesmas coisas: é hora de apertar os cintos, os grevistas só pensam neles, a economia não aguenta, bando de vagabundos, já para a senzala, enfim. Não existe imparcialidade jornalística. Qualquer estudante de jornalismo aprende isso nas primeiras aulas. Quando você escolhe um entrevistado e não outro está fazendo uma opção, racional ou não, por isso a importância de ouvir a maior diversidade de fontes possível sobre determinado tema. Fazer uma análise ou uma crítica tomando partido não é o problema, desde que não se engane o leitor, fazendo-o acreditar que aquilo é a única intepretação possível da realidade.

Infelizmente, muitos veículos ou jornalistas que se dizem imparciais, optam sistematicamente por determinadas fontes, sabendo como será a análise de determinado fato. Parece até que procuram o especialista para que legitime um ponto de vista. Ou têm preguiça de ir além e fugir da agenda da redação, refrescando suas matérias com análises diferentes. Ou alguém acha que é aleatório escolherem sistematicamente o professor José Pastore para analisar direitos trabalhistas?

Apoio os professores. Apoio os metalúrgicos de fábricas de automóveis. Apoio os controladores de vôo. Apoio os cobradores e motoristas de ônibus. Apoio os bancários. Apoio os garis. Apoio os residentes médicos. Apoio o santo direito de se conscientizarem, reconhecerem-se nos problemas, dizer não e entrar em greve até que a sociedade pressione e os patrões escutem. Mesmo que a manifestação deles torne minha vida um absurdo.

Por fim, estou farto daquele papinho do self-made man cansativo de que os professores e os alunos podem conseguir vencer, com esforço individual, apesar de toda adversidade, “ser alguém na vida”. Aí surgem as histórias do tipo “Joãozinho comia biscoitos de esterco com insetos e vendia ossos de zebu para sobreviver. Mas não ficou esperando o Estado, nem seus professores lhe ajudarem e, por conta, própria, lutou, lutou, lutou (às vezes, contando com a ajuda de um mecenas da iniciativa privada), andando 73,5 quilômetros todos os dias para pegar o ônibus da escola e usando folhas de bananeira como caderno. Hoje é presidente de uma multinacional”. Passando uma mensagem “se não consegue ser como Joãozinho e vencer por conta própria sem depender de uma escola de qualidade e de um bom professor, você é um verme nojento que merece nosso desprezo”. Afe. Daí para tornar as instituições públicas de ensino e a figura do próprio professor cada vez mais acessórias é um passo.

Educação é a saída, mas qual educação? Aquela defendida pelo pessoal do “Amigos do Joãozinho”? Educar por educar, passar dados e técnicas, sem conscientizar o futuro trabalhador e cidadão do papel que ele pode vir a desempenhar na sociedade, é o mesmo que mostrar a uma engrenagem o seu lugar na máquina e ponto final. Uma das principais funções da escola deveria ser produzir pessoas pensantes e contestadoras que podem colocar em risco a própria estrutura política e econômica montada para que tudo funcione do jeito em que está. Educar pode significar libertar ou enquadrar. Que tipo de educação estamos oferecendo? Que tipo de educação queremos ter? Para essa tarefa, professores bem formados e remunerados são fundamentais.

Em algumas sociedades, pessoas assim, que protestam, discutem, debatem, discordam, mudam são úteis para fazer um país crescer. Por aqui, são vistas com desconfiança e chamadas de mal-educadas e vagabundas. Ironia? Não, Brasil.

http://blogdosakamoto.blogosfera.uol.com.br/2013/05/23/professor-vagabundo-que-faz-greve-deveria-ser-demitido/



domingo, 16 de outubro de 2011

O VÍRUS DO PRECONCEITO




Laerte Braga


Quem imagina que as polícias nos EUA são diferentes das polícias de países como o Brasil, se engana redondamente. A violência e a corrupção andam de mãos dadas e polícia nos EUA, qualquer que seja, é instrumento da classe dominante contra trabalhadores, latinos, negros, asiáticos, na defesa da “propriedade privada”.

Numa época conturbada, de muita tensão, a guerra fria entre as duas superpotências (EUA/URSS) o papa João XXIII lançou a encíclica MATER ET MAGISTRA. Entre outras afirmações, considerou a luta armada válida quando esgotados todos os recursos para se alcançar a liberdade, o bem estar.

A polícia de Los Angeles (curiosamente Os Anjos), Califórnia, baixou a borduna nos manifestantes que tentavam protestar contra a ganância de banqueiros, grandes corporações, o modelo político e econômico dos EUA. Chega a 15% o número de norte-americanos que vivem abaixo da linha da pobreza.

Acampamentos em praças públicas para protestos em solidariedade ao movimento OCUPA WALL STREET foram proibidos e as tendas, semelhantes às usadas no Egito para derrubar Mubarak (com apoio de Obama), foram arrancadas com violência, a mesma violência dos esbirros do ditador deposto.

“Faça o que eu falo, não o que eu digo”. Ou “pimenta nos olhos dos outros é refresco”.

A principal porta voz do conglomerado de bancos, grandes empresas e no Brasil de latifundiários, a REDE GLOBO, noticiou os fatos reportando-os como “protestos contra a crise econômica”. Em nenhum momento, no afã da mentira, da desinformação, dos serviços prestados aos donos, a GLOBO falou em protestos contra a ganância de banqueiros e grandes corporações, ou deu a conhecer as dimensões do movimento.

Nos países da Comunidade Européia 5% da população vivem abaixo da linha da pobreza e nos países do Leste Europeu a situação é mais grave ainda. O controle dos antigos países comunistas está em mãos de máfias. Banqueiros, corporações, traficantes de drogas, de mulheres, etc.

Esses sintomas de desagregação, de preconceitos, de barbárie começam a chegar ao Brasil em pequenas manifestações de setores de nosso País. Uma ofensiva do terrorismo sionista pretende tornar o estudo do Holocausto – como se o sofrimento fosse privilegio deles – obrigatório em todo o Brasil e já o conseguiram em uma cidade, Porto Alegre e num estado, o Rio de Janeiro.

São braços dos controladores de ISRAEL/EUA TERRORISMO S/A.

Uma cidadã brasileira muçulmana foi impedida de fazer uma prova para renovação de sua carteira de motorista na cidade de São Bernardo do Campo, ABC paulista, por ter se negado a retirar o véu que usava. Ahlam Abdul El Saifi, de 29 anos, foi advertida que para continuar a prova teria que retirar o véu.

O fato ocorreu no CFC – CENTRO DE FORMAÇÃO DE CONDUTORES – daquela cidade. O xeque Jihad Hassan Hammadeh, da União Nacional das Entidades Islâmicas no Brasil denunciou o acontecimento como sendo “discriminação religiosa”.

A auto-escola onde era realizada a prova através de seu proprietário Neoclair Santo Silvestrini afirmou que considerou a proibição um absurdo. “Mas ninguém fez por maldade nem por discriminação. Foi por medo de ser punido pelo DETRAN”.

O sindicato das auto-escolas tentou escorregar, atribuir tudo a um mal-entendido. O DETRAN, por sua vez, divulgou nota afirmando que “repudia veemente qualquer preconceito e condena a situação ocorrida pela manhã em São Bernardo do Campo”. Segundo o DETRAN nada justifica a conduta da direção do Centro de Formação de Condutores. Anuncia  um inquérito para “apurar os fatos e tomar as medidas cabíveis, que incluem, inclusive, a possibilidade de descredenciamento da auto-escola”.

Ou seja, ninguém fez nada, só Ahlam que não conseguiu fazer sua prova.

São Paulo é governado por um representante da organização terrorista OPUS DEI e o DETRAN vive sob investigações por corrupção.

De um modo geral infecções generalizadas começam com pequenos pontos no corpo e vão tomando conta de todo o resto. Tenha sido o fiscal do DETRAN, ou o dono da auto-escola, refletiram o que a mídia vende diariamente tentando transformar muçulmanos em terroristas, cidadãos de segunda categoria, como o fazem com trabalhadores de um modo geral.

Os rebeldes líbios armados pela organização terrorista OTAN destruíram a casa do presidente Muammar Gadaffi. Para isso usaram um trator. Empreiteiras norte-americanas, inglesas e governo corrupto que se forma devem participar do processo de reconstrução do país.

É a boçalidade do capitalismo que segundo a GLOBO se resume a protestos contra a crise econômica.

Que crise? A ganância de banqueiros? Das grandes corporações? Dos latifundiários brasileiros?

O que os acampados em New York e que começam a se espalhar por todo o território da extinta nação norte-americana (é hoje braço do conglomerado terrorista controlado por Israel), por todos os países da Comunidade Européia querem é fim do modelo, do capitalismo por sua natureza excludente, perversa e bárbara.

Com a África dizimada em guerras montadas por Washington, mercenários de bancos e grandes corporações, o Oriente Médio convulsionado e desejoso de libertar-se da barbárie capitalista irradiada a partir de Israel, os norte-americanos derrotados no Afeganistão (ao lado dos britânicos, principal colônia do conglomerado terrorista na Europa), centenas de milhares morrendo de fome em todos os cantos – exceto Cuba – os grandes estão à beira da falência e governos fantoches aceitam as regras à revelia de seus povos no arremedo de democracia que caracteriza o modelo.

O espetáculo vendido diariamente pela mídia, entre nós GLOBO e menores, todos nos bolsos dos donos.

Quem quer que tenha impedido Ahlam de fazer sua prova – mesmo porque sua carteira apresentava uma foto com véu – traz à tona o preconceito que se encontra a cada instante que o anúncio com a modelo Gisele Bunchen transforma a mulher em melancia, melão, miss laje, etc.

É um vírus que começa a ser difundido no Brasil. A passividade dos governos federal, estaduais e municipais acaba tornando-se cúmplice. O Brasil é grande demais para despertar apetites dessas quadrilhas, mas é grande também para que possamos reagir e ir às ruas impedir que a barbárie nos atinja mais que já atinge.

Não há de ser uma prova para renovação de carteira de motorista que vai fazer ruir o Estado, ou transformar-se numa tempestade em copo de água. Não é não. É um pequeno retrocesso que se espalha por todo o tecido social e tenta nos conduzir à condição de entreposto do capital estrangeiro. Do capitalismo bárbaro e selvagem condenado no movimento OCUPA WALL STREET.

O dono da auto-escola ou o fiscal do DETRAN nem têm consciência de nada. São apenas peças nessa engrenagem capitalista que suga cada trabalhador, cada excluído e que a GLOBO vende como paraíso. Basta ver os caras que dormiram três dias em filas mundo afora para comprar um brinquedinho eletrônico.

Sai o touro de Wall Street, entra Steve Jobs e milhões de robotizados.

            

terça-feira, 6 de setembro de 2011

Estamos mais parecidos com a Europa. Infelizmente



por Leonardo Sakamoto*
91 300x225 Estamos mais parecidos com a Europa. InfelizmenteUm grupo de jovens brancos, bem vestidos, criados no leite Ninho e provavelmente alunos de escolas caras da Paulicéia alopravam dois bolivianos que cruzavam apressados uma rua na região dos Jardins. “Esse aí perdeu sua flauta de bambu e a lhama!”, proferiu um deles – que provavelmente aprendeu a fazer humor com alguns gênios da TV. Os dois, de origem humilde, antes mesmo de ouvirem qualquer uma das baboseiras, já deviam se sentir deslocados naquelas ruas de alto poder aquisitivo devido suas feições.
Há algum tempo, vi outro grupo de pessoas ridicularizando imigrantes bolivianos no Centro de São Paulo. Também jovens, todos brancos, alguns de olhos claros. Índios, portanto não eram. E, dessa forma, desprezavam aquilo que um dia seus pais também já foram: estrangeiros recém-chegados, tentando a sorte.
Queria retomar esse tema, aproveitando que a discussão sobre imigração está em alta por aqui por conta das recentes libertações de bolivianos em oficinas de costura. Não vou debater as origens da xenofobia, a relação entre estabelecidos e outsiders, o entendimento da alteridade… enfim. Afinal isto é um post, não uma missa ou uma defesa de mestrado. Mas é ridículo que pessoas da mesma classe média que reclama ser barrada nos aeroportos na Europa e nos Estados Unidos reserve um tratamento preconceituoso como esse aos que vêm de fora. O ser humano aprende com a experiência coletiva? Faz-me rir.
Muitos dos latino-americanos não vêm para cá atrás das belezas naturais (sic) de São Paulo, mas sim de oportunidades melhores ou fugindo da miséria. Miséria da qual, muitas vezes, somos co-responsáveis por explorar terra, trabalho e recursos naturais lá. Guardadas as proporções, é a mesma coisa que empresas e governos do hemisfério norte fazem com a gente. Reclamamos de estrangeiras operando no Brasil, porém, quando alguém na Bolívia ou no Paraguai pensa em rever contratos para tornar menos injusta a relação com o nosso país, parte da opinião pública daqui brada aos quatro ventos o absurdo que é essa ousadia. Quem eles pensam que são? Iguais a nós?
E, afinal de contas, o que é ser “brasileiro”? A história de nosso país é feita de migrações, de receber gente de todos os cantos (não tão bem, é claro – São Paulo, por exemplo, é a maior cidade nordestina fora do Nordeste e, ao mesmo tempo, ostentamos um preconceito raivoso e irracional). Mas não faz sentido que viremos às costas aos que vêm de fora e adotam o Brasil, mesmo que a contragosto. Eles são tão brasileiros quanto eu e você, trabalham pelo desenvolvimento do país, entregam sua juventude e sua dignidade para que possamos estar todos na moda sem gastar, mas normalmente passam invisíveis aos olhos da administração pública e do resto de nós.
O aumento da imigração de pessoas que procuram uma vida melhor em um país com maior oportunidade de emprego tem mostrado o que certas nações têm de pior. Os Estados Unidos erguem uma cerca entre eles e o México, para regular o fluxo de faxineiros, operários e serventes. Na Inglaterra, brasileiros levam bala. Na Espanha, turistas, se piscarem, são tidas como prostitutas querendo invadir o território. Em muitos cantos da Europa africanos, sul-americanos e asiáticos são carne de segunda.
(Lembrando que boa parte dos imigrantes faz o trabalho sujo que poucos europeus ocidentais querem fazer, limpando latrinas, recolhendo o lixo, extraindo carvão, isso vai ser um tanto quanto hipócrita de se ver. Até porque os países que recebem esses trabalhadores ganham com sua situação de subemprego e o não pagamento de todos os direitos.)
Tempos atrás, uma amiga me mandou o texto de uma campanha que estava circulando na Espanha. Apesar de errar um pouco nas referências, acerta na idéia final: “Seu Cristo é judeu, sua escrita é latina, seus números são árabes, sua democracia é grega, seu som é japonês, sua bola é coreana, seu DVD é de Hong Kong, sua camiseta é da Tailândia, seus melhores jogadores de futebol são do Brasil, seu relógio é suíço, sua pizza italiana. E você ainda vê o trabalhador imigrante como um depreciável estrangeiro?”
Em todo o mundo, culpamos os migrantes de roubar empregos, trazer violência, sobrecarregar os serviços públicos porque é mais fácil jogar a responsabilidade em quem não tem voz (apesar de darem braços para gerarem riqueza para o lugar em que vivem) do que criar mecanismos para trazê-los para o lado de dentro do muro que os separa da dignidade – que, inclusive, geraria recursos através de impostos.
Adoraria que o Brasil desse um exemplo aos países do Norte, derrubando os muros que criam cidadãos de primeira e terceira classe (coloco-os atrás dos brasileiros pobres, os cidadãos de segunda classe, porque esses – apesar de maltratados – ao menos existem para algumas políticas públicas), possibilitando o livre trânsito de trabalhadores sem condicionantes. Há legislação que já garante isso no caso do Mercosul e Estados parceiros, mas interpretações diferentes dentro do próprio governo e na Polícia Federal garantem que as coisas fiquem como estão. Mesmo com direito a permanecer por aqui, gente tem sido deportada por conta de ignorância estatal.
Vivemos sim uma dúvida parecida àquela enfrentada pelo Velho Mundo. Não, não é se haverá trabalho e espaço para todos com os deslocamentos de imigrantes em busca de emprego (ou fugindo de catástrofes ambientais). Mas se as características que nos fazem humanos não estarão corroídas até lá.

* Publicado originalmente no Blog do Sakamoto.