[Equipe Educom: tanto quanto o anterior o texto adiante revela uma progressiva tomada de consciência pela sociedade civil. De que estamos falando? Quem são, pra valer, os verdadeiros vilões do meio-ambiente? São os mesmos que se apressam em entoar
o cântico que virou moda, seja benvinda a tal "economia verde"!
Essa é a falácia que ora se apresenta fantasiada de futuro sustentável. Na verdade almeja apenas continuar avançando sobre o que ainda resta dos recursos naturais do planeta (águas, florestas, o saber tradicional, a biomassa, etc.) para mantê-los à disposição das mega corporações multinacionais, ávidas por explorá-los de maneira privada e predatória, para benefício dos poucos proprietários e acionistas do velho e conhecido mercado global. No fundo no fundo, o mesmo ancestral discurso - mas com uma nova roupagem -, do ardiloso capitalismo, agora travestido e sedutor, todo encharcado de verde.] (Antonio Fernando Araujo)
20/6/2012 - Envolverde Rio + 20
por Mario Osava, da IPS
Rio de Janeiro, Brasil, 20 junho (IPS) – A Monsanto, a Vale e a indústria de agrotóxicos foram os alvos principais dos cerca de 2.000 manifestantes que ocuparam algumas ruas do centro do Rio de Janeiro, na noite de terça-feira.
“A Monsanto mata gente, mata rio/ Agronegócio, a mentira do Brasil” foi um dos gritos do protesto.
O ato, convocado por movimentos sociais participantes da Cúpula dos Povos, teve uma maioria de camponeses e agricultores familiares provenientes de todo o Brasil e do exterior.
A canadense Judith Marshall, sindicalista de Toronto, trouxe denúncias do seu país e de Moçambique, onde morou por oito anos após a independência daquele país africano em 1975, contra os abusos da Vale. O ex-presidente da empresa, Roger Agnelli, chegou a ser conselheiro do governo moçambicano para assuntos internacionais e no Canadá a Vale enfrenta processos judiciais por práticas inseguras que teriam provocado várias mortes, informou.
Agricultor assentado da reforma agrária em Atalaia, no estado de Alagoas, Joelson Melquiades, protestou contra os agrotóxicos com uma mascara de proteção da boca e nariz, como muitos dos manifestantes. Sua roça de macaxeira, feijão, inhame e hortaliças, seguindo as orientações da agroecologia, sofrem a contaminação dos venenos agrícolas. Por isso ele e seus vizinhos condenam a monocultura da cana de açúcar presente nos arredores. Economia verde, em discussão na conferencia oficial da Rio+20 é “pura enganação”, sentenciou.
Shell, Syngenta, Bayer, Bunge, Nestlé, Petrobrás e até mesmo Natura, a indústria de cosméticos que aproveita insumos naturais, e se considera “verde”, foram duramente criticada por “explorar o trabalho feminino, o saber tradicional e bens comuns”, por oradores.
O movimento de oposição à hidrelétrica Belo Monte, no Xingu (PA), esteve presente com sete ativistas e desalojados. A Norte Energia, consórcio que toca a construção, “falou em indenização e reassentamento em 90 dias”, mas nada aconteceu, acusou Elisvaldo Gomes, um agricultor de Assurini, onde a família possui 50 hectares. Agora promete providencias para dentro de dois anos, sem indicar terras nem condições dos novos estabelecimentos rurais.
Sua colega da delegação de Altamira (PA), Ana Laida Barbosa, que trabalha no Conselho Indigenista Missionário (CIMI), se queixa da “criminalização” com que Belo Monte reage contra “qualquer manifestação contraria”.
A passeata foi curta. Vindos do Aterro do Flamengo, onde se realiza a Cúpula dos Povos, os manifestantes se organizaram em frente ao Consulado dos Estados Unidos e se concentraram na rua seguinte, a Santa Luzia, no centro da cidade.
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