quinta-feira, 11 de outubro de 2012

Dilma: a ilusão de um acordo com a mídia

18/09/2012 - Medo da Globo?
- por Rodrigo Vianna em seu blog O Escrevinhador


Já nos primeiros meses de governo, tudo estava claro. O governo Dilma significou um movimento rumo ao centro. Parecia uma estratégia inteligente, como escrevi na época aqui.

Lula tinha já o apoio da “esquerda” tradicional – com sindicatos, movimentos sociais e também a massa de eleitores de baixa renda beneficiados pelos programas sociais. Dilma avançou para o centro, com acenos para a classe média que preferira Serra e Marina em 2010.


A agenda “técnica” e a “faxina” são a face visível desse giro ao centro. Não é à toa que Dilma alcançou mais de 80% de aprovação.

Mas ela não fez só isso. Abriu mão de conquistas importantes dos anos Lula: houve retrocessos na Cultura e na área Ambiental, pouca disposição para dialogar com os movimentos sociais, nenhuma disposição para qualquer avanço na área de Comunicações. São apenas alguns exemplos.


Concentro-me nesse último ponto: o Brasil tem uma legislação retrógrada e um mercado de mídia dominado por meia dúzia de famílias.

Não é só um problema de falta de concorrência, mas um problema político – na medida em que essas famílias impedem a diversidade de opinião e interditam o debate no país.

No segundo mandato, Lula percebeu a necessidade de mexer nessa área; convocou a Confecom (Conferência Nacional de Comunicação) e encomendou a Franklin Martins um novo Marco Regulatório para o setor.


Dilma preferiu o silêncio, mandou o ministro Paulo Bernardo guardar o projeto de Franklin numa gaveta profunda.

Dilma foi a festinhas em jornais e TVs, logo após a posse, e aceitou as pressões da velha mídia para  barrar a investigação da “Veja” e de Policarpo na CPI do Cachoeira. O governo foge do confronto. Ao mesmo tempo, entope de anúncios – e de dinheiro – as empresas que são as primeiras a barrar qualquer tentativa de avanço no país – como escreveu Paulo Henrique Amorim.

Min. Helena Chagas - Secretaria de Comunicação
A turma que cuida da Comunicação no governo Dilma parece dividir-se em duas: uma tem medo da Globo e da Abril, a outra quer garantir empregos na Globo e Abril quando terminar o mandato.


Dilma segue popular. Mas a base tradicional lulista está ressabiada.


A velha mídia e os tucanos perceberam a possibilidade de abrir uma cunha entre Dilma e o lulismo. A estratégia é simples: poupa-se Dilma agora, concentra-se todo o ódio no PT e em Lula. Com PT e Lula fracos, ficará mais fácil derrotar Dilma logo à frente.

A presidente, pessimamente aconselhada na área de Comunicações, parece acreditar na possibilidade de uma “bandeira branca” com a mídia. Não percebe que ali está o coração da oposição.



A velha mídia, derrotada por Lula em 2006 e 2010, mostra que segue fortíssima com esse episódio do ”Mensalão”.

Colunistas de quinta categoria pautaram os ministros do STF, capas da “Veja” e manchetes do “JN” empurraram o julgamento para as vésperas da eleição municipal.

O STF adota uma linha “nova” para o julgamento, que rompe com a jurisprudência adotada até aqui, e aceita indícios como elementos para a condenação.

Evidentemente que – nesse episódio do chamado “Mensalão” - dirigentes do PT erraram feio: está claro que a rede de promiscuidade e troca de favores entre agências de publicidade, bancos privados e entes públicos precisava ser investigada e punida. Não era “mensalão”, mas era ilícito.


O que chama atenção é o moralismo seletivo da Justiça e da velha mídia. Querer transformar o arranjo mambembe – e desastrado – feito pelo PT de Delúbio Soares no ”maior escândalo da história republicana” é quase uma piada.


O fato é que a velha mídia ganhou esse jogo até aqui.


Outro fato: ninguém acredita que “indícios” serão suficientes para condenar mensalões tucanos, nem banqueiros ou publicitários que tenham se lambuzado em operações com outras forças políticas.

Não. O roteiro está preparado para condenar o PT.

E só isso. É parte da estratégia de retomar o Estado brasileiro.

No dia em que o julgamento começou, Dilma anunciou o tal “pacote de concessões” para a iniciativa privada, na área de infra-estrutura. Não foi à toa.

Era como se a presidenta tentasse se desvincular: o “velho PT” vai pro banco dos réus; ela não, é “moderna” e confiável. Huuum…!!!

Imaginem Zé Dirceu condenado. [Como já o foi] Na manhã seguinte, o alvo será Lula. Consolidado o ataque a Lula, as baterias estarão voltadas contra Dilma.


Rapidamente, a sucessora de Lula perceberá que a ilusão de um trato “republicano” com a velha mídia brasileira não era nada além disso: ilusão.

Será que Dilma deu-se conta do erro que é apostar na lua-de-mel com os conservadores? Afinal, bateu pesado em FHC, quando este último escreveu sobre a “herança” pesada que Lula teria deixado pra ela.


Mas e a relação com a mídia?

Preocupante saber que Dilma teria confirmado presença no Congresso da SIP (Sociedade Interamericana de Imprensa).

Trata-se de uma espécie de  Instituto Millenium, maior e mais articulado em todas as Américas.

FHC e Marina estarão lá na SIP.

Se Dilma também for, o círculo estará fechado.


Fonte:
http://www.rodrigovianna.com.br/palavra-minha/dilma-a-ilusao-de-um-acordo-com-a-midia.html

quarta-feira, 10 de outubro de 2012

A Privataria Tucana - O Filme

A Privataria Tucana

"A imprensa pode causar mais danos que a bomba atômica. E deixar cicatrizes no cérebro." (Noam Chomsky)

"Em seus 20 anos de polêmica existência, a Geração Editorial publicou muitos livros impactantes — nenhum como este que você vai ler agora [A Privataria Tucana].


Mas antes de iniciar a leitura assista aqui



"Nossa editora publica, sem temor e sem censura, tudo o que consideramos útil e necessário para entender o Brasil e sua história. Assim foi com Fernando Collor, Antonio Carlos Magalhães, Paulo Maluf, a família Sarney, o caso do “mensalão” e tantos outros."

"Então, prepare-se: este livro que chega finalmente às suas mãos não é uma narrativa qualquer."

"Você está embarcando em uma grande reportagem que vai devassar os subterrâneos da privatização realizada no Brasil sob o governo de Fernando Henrique Cardoso."

"É, talvez, a mais profunda e abrangente abordagem jamais feita deste tema."

"Essa investigação — que durou 10 anos! — não se limita a resgatar a selvageria neoliberal dos anos 1990, que dizimou o patrimônio público nacional, deixando o país mais pobre e os ricos mais ricos. Se fosse apenas isso, o livro já se justificaria. Mas vai além, ao perseguir a conexão entre a onda privatizante e a abertura de contas sigilosas e de empresas de fachada nos paraísos fiscais do Caribe, onde se lava mais branco não somente “dinheiro sujo da corrupção” — outro título de nossa editora, sobre as estripulias de Paulo Maluf —, mas também o do narcotráfico, do contrabando de armas e do terrorismo. Um ervanário que, após a assepsia, retorna limpo ao Brasil.

Resultado de uma busca incansável do jornalista Amaury Ribeiro Jr. — um dos mais importantes e premiados repórteres investigativos do país, com passagens por IstoÉ, O Globo e Correio Braziliense  entre outras redações — o livro registra as relações históricas de altos próceres do tucanato com a realização de depósitos e a abertura de empresas de fachada no exterior.


Amaury Ribeiro Jr. (D) no lançamento do seu livro
Devota-se particularmente a perscrutar as atividades do clã do ex-governador paulista José Serra nesse vaivém entre o Brasil e os paraísos caribenhos.

Mais uma vez, atenção: essa narrativa não é apenas um amontoado de denúncias baseadas em “fontes”, suspeitas e intrigas de oposicionistas, como se tornou comum em certa imprensa de nosso  país.

De forma alguma. Todos os fatos aqui narrados estão calcados em documentos oficiais, obtidos em juntas comerciais, cartórios, no Ministério Público e na Justiça.


Daniel Dantas
Assim, comprova as movimentações de Verônica Serra, filha do ex-candidato do PSDB à Presidência da República, e as de seu marido, o empresário Alexandre Bourgeois, que seguiram no Caribe as lições do ex-tesoureiro de Serra e eminência parda das privatizações, Ricardo Sérgio de Oliveira.

Descreve ainda suas ligações perigosas com o banqueiro Daniel Dantas. Detém-se na impressionante trajetória do primo político de Serra, o empresário Gregório Marín Preciado que, mesmo na bancarrota, conseguiu participar do leilão das estatais e arrematar empresas públicas!

Estas páginas também revelarão que o então governador José Serra contratou, com o aporte dos cofres paulistas, um renomado araponga antes sediado no setor mais implacável do Serviço Nacional de Informações, o extinto SNI. E que Verônica Serra foi indiciada sob a acusação de praticar o crime que, na disputa eleitoral de 2010, acusou os adversários políticos de seu pai de terem praticado.


Verônica Serra
Desvinculado de qualquer filiação partidária, militante do jornalismo, Ribeiro Jr. rastreou o dinheiro dos privatas do Caribe da mesma forma como esteve na linha de frente das averiguações sobre o “mensalão”. Tornado mais célebre do que já era por seu suposto envolvimento na última campanha presidencial, Amaury Ribeiro Jr. aproveita para visitar os bastidores da campanha do PT e averiguar os vazamentos de informações que perturbaram a candidatura presidencial em 2010."


"Ele sustenta que, na luta por ocupar espaço a qualquer preço, companheiros abriram fogo amigo contra companheiros, traficando intrigas para adversários políticos incrustados na mídia mais hostil à então candidata Dilma Rousseff. É isso e muito mais. À leitura." (Nota do Editor)

"Antes de tudo há o tiro.
Não fosse o tiro, talvez a história que vai ser contada aqui não existiria. Então, antes de contar a história, é preciso contar a história do tiro."


"No começo da noite do dia 19 de setembro de 2007, o tiro vai partir de um 38 e entrar na minha barriga, de cima para baixo, em um bar na Cidade Ocidental, em Goiás. Dos três tiros disparados, será o único a atingir o alvo, mas fará o seu estrago. Vai atingir a coxa e passar rente à artéria femoral.

Por uma questão de milímetros, vou escapar da hemorragia e de morrer esvaído em sangue na porta de um bar do entorno de Brasília." 

(É dessa forma que o jornalista Amaury Ribeiro Jr inicia a narrativa de "A Privataria Tucana")

terça-feira, 9 de outubro de 2012

Educom: há três anos na batalha

09/10/2012 - Educom: aprenda a ler a mídia


09 de outubro de 2012, nesta data o blog Educom completa três anos de uma presença diária neste pequeno espaço da rede mundial de computadores.

Ao longo desse tempo, dia após dia, a Equipe Educom se empenhou em publicar matérias cujo conteúdo permitisse ao leitor mais informação, mais conhecimento, a percepção do contraditório, não raro se contrapondo ao propagado pela grande mídia-empresa tradicional, para que ele, o leitor, tivesse uma visão mais acurada sobre a realidade sócio-econômica brasileira e mundial, sobre as questões de natureza política e ambiental que se entrelaçam com aquelas e que, de alguma forma, interferem e afetam o todo ou parte da população.

Procurou também, através de imagens e da composição gráfica do texto, dar uma feição nova na apresentação dessas matérias, com o objetivo de tornar mais leve, agradável até, a leitura daqueles conteúdos, alguns deles de natureza complexa, de "arrepiar os cabelos", como se diz, bem humorada às vezes, tecnicamente sofisticada em alguns outros casos.

A consequência dessa prática, em que conteúdo e forma se aliaram para protagonizar um esforço visando mais qualidade na apresentação do trabalho da Equipe, vimos o número de visitantes, seguidores e leitores, crescer a cada mês, o que acabou funcionando como um estímulo a mais a nos dizer que estávamos na trilha correta, na perspectiva de informar o leitor com matérias simples ou complexas, mas sempre de inestimável valor, fruto de um propósito inalienável que estabelecemos em 09 de outubro de 2009 quando da parição do blog.


Somos muito gratos, pois sem eles todo esse esforço teria sido em vão.

Hoje, três anos decorridos, constatamos que não o foi e nos sentimos recompensados e com o ânimo redobrado.

Portanto, não custa nada repetir agora uma pequena parte da trajetória do blog, transcrevendo o que Zilda Ferreira, nossa editora, postou em 09/10/2011:

"Há dois anos nascia  este blog, 9 de outubro de 2009. Nos primeiros meses de vida, nos dedicamos à campanha e às informações sobre a primeira Conferência Nacional de Comunicação.

Na mesma época, acontecia a COP-15, cujo desfecho antecipamos em um artigo intitulado "A disputa pela Terra em Copenhague".

Final de 2009, levamos um susto. Nelson Jobim havia tentado um golpe que passou despercebido, mas que noticiamos. 

Chegou 2010: estávamos engatinhado ainda, quando enfrentamos a mais dura  batalha: o terrorismo midiático contra a candidatura de Dilma à presidência da República. Foi nessa batalha que crescemos, não só nós, como todos os blogueiros e, com isso, conquistamos credibilidade e respeito, especialmente entre as camadas mais jovens da sociedade. Mas não pensem que ganhamos a batalha."

"Diariamente somos ameaçados" e o artigo de Carlos Aznares, originalmente publicado em "ODiario.info", em 20/11/2010 e que esteve presente nesta mesma data em 2011, sempre atual, volta a acompanhar este preâmbulo, porque nos coloca face a face com a perversão e o terrorismo da grande mídia-empresa, diz bem das origens e das causas "dos meios de comunicação - a grande maioria deles - representarem hoje uma das principais colunas do exército de ocupação que a chamada globalização encetou em todo o Terceiro Mundo."

Leia aqui: "Face à perversão e ao terrorismo midiático"



Como o "ODiario.info", outros sites e blogs, felizmente, já exibem em todo o planeta, respostas alternativas para generalizar a resistência.


Daí porque, um agradecimento adicional também é devido a dezenas desses outros veículos parceiros da blogosfera que, sem qualquer ambição, vêm nos cedendo suas matérias, aos nossos incansáveis colaboradores e, mais especial ainda, um brinde supimpa aos nossos leitores, agradecimentos e brindes, todos mais do que oportunos.



(Equipe Educom - Rio de Janeiro - Brasil) 

segunda-feira, 8 de outubro de 2012

Depois do Afeganistão, o Pentágono muda-se para a América Latina

06/10/2012 - Richard Rozoff, no blog Stop NATO
- “After Afghanistan, Pentagon Moves on Latin America
Traduzido pelo pessoal da Vila Vudu, de
http://rickrozoff.wordpress.com/2012/10/06/after-afghanistan-pentagon-moves-on-latin-america/

[O secretário Panetta, no Peru, oferecerá a possibilidade de o país unir-se como parceiro dos EUA num programa chamado “Conselheiros do Ministério da Defesa”, Ministry of  Defense Advisers, MODA.

O programa MODA é ativo no Afeganistão. Agora, o Departamento de Defesa o está expandindo para outros países, entre os quais Peru e Montenegro.

No Hemisfério Ocidental, Chile, Brasil, Peru, Colômbia e Guatemala já participam da Iniciativa DIRI (Defense Industrial Reform Initiative - Iniciativa de Reforma Industrial da Defesa).]

WASHINGTON. Em visita essa semana para encontrar-se com líderes do Peru e Uruguai e respectivos ministros numa conferência de ministros da Defesa das Américas, o Secretário de Defesa dos EUA Leon E. Panetta implementará itens da “Orientação Estratégica do Departamento de Defesa dos EUA para 2012” [orig. 2012 DOD Strategic Guidance: Sustaining US Global Leadership. Priorities for the 21th century Defense [1]] relativos ao Hemisfério Ocidental. [2]

Ontem [05/10], antes da viagem de Panetta, o Departamento de Defesa distribuiu uma “Declaração sobre a Política de Defesa do Hemisfério Ocidental” [orig. Western Hemisphere Defense Policy Statement [3]].

A Declaração “visa a explicar como essa orientação estratégica modelará nosso engajamento da região, como aplica-se à região e, assim, acrescenta novos detalhes sobre como implementaremos essa Orientação Estratégica no Hemisfério Ocidental” –disse um dos funcionários da Defesa aos jornalistas que viajarão com o secretário Panetta.

O documento articula coerentemente os nossos objetivos e a Orientação Estratégica” – acrescentou. – “Entendo que é importante destacar que o secretário não estará apenas divulgando a Orientação Estratégica, mas, de fato já esteja trabalhando para implementá-la enquanto está lá”.

Panetta fará esse trabalho, disse o funcionário, operando com nações na América Latina nos esforços que envolvem (...) fortalecer instituições de
defesa multilateral na região e apoiar o crescimento de instituições de defesa profissionais e amadurecidas.

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Os funcionários do Ministério da Defesa dos EUA buscam também fortalecer as instituições multilaterais de Defesa na região, onde muitos países, dentre os quais Uruguai, Peru, Argentina, Brasil e outros são o que o funcionário do Ministério da Defesa chamou de “exportadores de segurança”.

Esses países, disse ele, contribuem significativamente para a segurança regional e global, inclusive com tropas de pacificação para a ONU, além de ajudarem a construir capacidades e treinarem polícias e forças armadas na América Central e em outros pontos.

Em abril, em Cartagena, Colômbia, durante a Cúpula das Américas, o presidente da Colômbia Juan Manuel Santos e o presidente Barack Obama assinaram um plano de ação para coordenarem esforços na mesma direção” – disse o funcionário da Defesa. E explicou que “Estaremos alavancando essa experiência, as capacidades, as lições aprendidas em tantos países da América Latina, para coordenar esforços que evitem retrabalho na América Central”.


Obama e Manuel Santos 
Em outubro”, continuou ele, “estamos construindo plano detalhado de ação, segundo o qual EUA e Colômbia coordenarão ações para alavancar recursos e capacidades para construir capacidades efetivas e circunstâncias de treinamento e outras, na América Central e em outros pontos”.

O mesmo funcionário disse aos jornalistas que os EUA e Canadá já estão trabalhando em plano específico de Defesa, para a América Central.

Estamos trabalhando em várias frentes, conforme orientação do secretário e nos termos da Orientação Estratégica para Defesa do Hemisfério Ocidental, para desenvolver abordagens inovadoras e parcerias inovadoras que nos capacitem a enfrentar desafios que sabemos que são muito complexos, e que enfrentamos no Hemisfério” – disse o funcionário.

Como parte do esforço para apoiar o crescimento de instituições de defesa maduras e profissionais, o secretário Panetta, oferecerá ao Peru a possibilidade de o país unir-se como parceiro dos EUA num programa chamado “Conselheiros do Ministério da Defesa”, Ministry of Defense Advisers, MODA.

O programa MODA é ativo no Afeganistão. Agora o Departamento de Defesa o está expandindo para outros países, como o Peru e Montenegro.

Se o Peru aceitar a parceria, o programa MODA introduzirá, no Departamento de Defesa do Peru, um especialista técnico, que ali trabalhará durante dois anos. Esse especialista operará como conselheiro técnico em questões como orçamento, compra, aquisição, planejamento e planejamento estratégico – informou aos jornalistas o funcionário do Departamento de Defesa.

O Programa MODA é parceria que os EUA oferecem a países que já trabalharam com os EUA em outro programa chamado DIRI, “Defense Industrial Reform Initiative” [Iniciativa de Reforma Industrial da Defesa]. Para esse programa, as equipes do Departamento de Defesa dos EUA são deslocadas para os diferentes países, onde operam por uma semana ou duas de cada vez, com os ministérios locais de defesa, sempre sobre questões técnicas e similares.

No Peru, disse o funcionário, “o secretário Panetta explicará o Programa MODA ao ministro de Defesa peruano. A partir do momento em que o Peru aceite a parceria, caberá aos EUA dar andamento ao programa, e assegurar que o MODA peruano atenda exatamente aos interesses do Peru, considerando as ações mais apropriadas e mais efetivas para os peruanos”.

No Hemisfério Ocidental, Chile, Brasil, Peru, Colômbia e Guatemala já participam atualmente do programa DIRI – disse o funcionário. 

Além de assistência humanitária e resposta a desastres, outros tópicos devem ser discutidos na conferência de ministros de Defesa, como preservação da paz, o Sistema Interamericano de Defesa e segurança e defesa, relacionada à atuação de militares em situação que não sejam de Defesa – como no combate ao tráfico de drogas.


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A Iniciativa das Operações Globais de Preservação da Paz dos EUA [orig. US Global Peacekeeping Operations Initiative, GPOI], opera com vários países, dentre os quais Peru, Uruguai, El Salvador, em treinamento e equipamento de tropas para preservação da paz e reabastecer centros de treinamento para esses agentes.

Desde 2007, os EUA já transferiram para o governo do Peru o equivalente a $7 milhões de dólares, de fundos da GPOI.

Notas dos tradutores (em inglês)
[1]  3/1/2012, U.S. Departament of Defense, em: “Sustaining U.S. Leadership: Priorities for 21st. Century Defense” .
Fonte: http://www.defense.gov/news/Defense_Strategic_Guidance.pdf

[2] 5/10/2012, U.S. Departament of Defense, em: “Panetta to Meet With Top Officials in Peru, Uruguay” .
Fonte: http://www.defense.gov/news/newsarticle.aspx?id=118122

[3] 4/10/2012, U.S. Departament of Defense , em: “DOD Releases the Western Hemisphere Defense Policy Statement”.
Fonte: http://www.defense.gov/releases/release.aspx?releaseid=15604 


Fonte do artigo:
http://redecastorphoto.blogspot.com.br/2012/10/depois-do-afeganistao-o-pentagono-muda.html

domingo, 7 de outubro de 2012

Lewandoswki silencia Casa Grande


04/10/2012 - por Miguel do Rosário em seu blog O Cafezinho


Santo Agostinho, citado por Pascal, dizia que “a razão nunca se submeteria, se não julgasse que há ocasiões em que deve submeter-se”.


Os ministros do Supremo Tribunal Federal que estão prestes a condenar José Dirceu, pelo jeito, seguem a máxima que Agostinho usou para justificar a submissão da razão à fé cristã.

No caso dos ministros, porém, os motivos não me parecem teológicos, mas políticos.

Visto que são homens, e todo homem é um animal político, como ensina o mestre, os membros do STF sabem muito bem a quem obedecer.


É ainda Pascal que explica: “o maior filósofo do mundo seria vencido pela imaginação se estiver sobre uma tábua, por mais larga que esta fosse, que se projetasse sobre um abismo”.


Narciso, de Caravaggio
O abismo, no caso, é sua imagem na mídia.

E aí, se me permitem o pernosticismo de iniciar um texto com tantas citações, lembro uma outra frase de Pascal: Omnis creatura subjecta est vanitati. Toda criatura está escravizada à vaidade.


Blaise Pascal
Se todos nós estamos escravizados à vaidade, porém, o problema decerto não reside exatamente nela, e sim no lugar onde a compramos. Se o fazemos nos grandes mercados da opinião pública, a encontraremos com facilidade e a custo baixo.

Adquirir sua vaidade nas lojinhas raras, onde o vulgo não frequenta, requer uma busca mais trabalhosa, e o desembolso de sentimentos infinitamente maiores.

Em suma, um juiz pode até conseguir tomar decisões independentes da voracidade sanguinária (e saudável, diria Pascal) do povo. Mas quando esta se junta ao interesse de poderosos, ou seja, ao desejo dos grandes grupos de comunicação, com seu poder terrível de causar danos psicológicos a um ser humano comum, essa independência se torna um ato de heroísmo ao qual poucos aderem.

Trata-se, enfim, de amar a verdade, o que, para um juiz corresponde a se apegar exclusivamente aos autos.


Afinal, para voltar a Pascal, os que não amam a verdade, tomam como pretexto a multidão dos que a negam. E assim os juízes se tornam reféns da aprovação manipulada dos frequentadores de aeroportos e missivistas de jornal.


Quem não deseja a glória fácil do justiceiro?


De qualquer forma, após a fala de Lewandoswki, ouviu-se um longo silêncio na Casa Grande… 

A sua defesa dos princípios fundamentais, dos cânones, da presunção da inocência, ecoaram profundamente naquele recinto, brilhando com uma luz que evidenciaria o negror das trevas daquele julgamento de exceção.

Corajoso, Lewandoswki.

Afirmou que um juiz deve votar exclusivamente a partir dos autos, das provas, e desmontou a teoria do domínio do fato com argumentos demolidores. As teses jurídicas, assim como as flores, precisam de um ambiente propício para vicejar.

A “famosa” teoria do domínio do fato fora criada na Alemanha para justificar a condenação de autoridades por trás dos crimes de soldados comuns.


É uma teoria excepcional, usada em situações de guerra ou similares, e o próprio autor dela, e outros, escreveram críticas ao abuso de seu uso em situações de normalidade democrática. A teoria do domínio do fato, explicou Lew, não é uma panaceia, um coringa que se pode usar sempre que não há provas para incriminar o réu.

Quem assistiu ao vivo a fala de Lew e viu depois a maneira gaguejante, envergonhada e tristemente covarde com que Rosa Weber [ao lado] apresentou seu voto, e a arrogância tola com que Luiz Fux [abaixo] justificou o seu, entendeu a diferença entre a coragem e a covardia, entre a honra e a vaidade, entre o apego à justiça e a submissão ao poder da mídia.


Entretanto, a vaidade fácil que satisfaz os medíocres, certamente não os eximirá no tribunal da história.

É nos espaços enormes do futuro que são desembaraçadas as mentiras do presente.

A frase mais famosa de Pascal deveria lhes causar calafrios:


“O silêncio desses espaços infinitos me apavora”.


Fonte:
http://www.ocafezinho.com/2012/10/04/lewandoswki-silencia-casa-grande/

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