O candidato presidencial de oposição, José Serra, resolveu espalhar promessas eleitoreiras na reta final de campanha, como aumento do salário mínimo e das pensões. Ao que parece, Serra esqueceu-se de que, ao assumir o governo após oito anos de gestão do PSDB, em janeiro de 2003, Lula encontrou o SM cotado em menos de 100 dólares e, quase oito anos depois, suas políticas fizeram este valor subir mais de três vezes. Leia esta matéria publicada na edição de ontem de O Estado de S. Paulo.
BRASÍLIA - Principal patrocinador da campanha da petista Dilma Rousseff, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva resolveu polarizar diretamente com o presidenciável José Serra (PSDB) em temas relacionados à área econômica. Ontem, em entrevista no Palácio do Planalto, Lula criticou as promessas do tucano de aumentar o salário mínimo de R$ 510 para R$ 600 e de anunciar que promoverá mudanças na política econômica do País.
Lula classificou as propostas apresentadas na campanha tucana de "irresponsáveis" e disse que Serra não tem condições de cumpri-las, além de cobrar do candidato explicações claras sobre o que pretende mudar na política econômica. "Quando, hoje (ontem), o candidato diz que vai mudar a política econômica, é importante ele dizer o que vai mudar, porque o mundo está esperando que ele diga. O mercado está esperando, porque você não pode agir com irresponsabilidade, sem saber os efeitos de uma declaração dessa que, certamente, não agradou nem à assessoria dele", desafiou Lula.
Ao condenar a postura do candidato do PSDB - que, além do aumento do mínimo, anunciou que concederá décimo terceiro salário aos beneficiados pelo Bolsa-Família e 10% de aumento para os aposentados -, Lula disse que são "coisas de época de eleição". Segundo o presidente, o governo não vai fazer "leilão de propostas" neste período.
"Nós sabemos distinguir o que é uma mentira e o que é verdade. Nós temos uma proposta de recuperação do salário mínimo até 2023 que vai dobrar o valor do salário mínimo, e nós acreditamos tanto no Brasil que combinamos a política de reajuste do salário mínimo ao crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) e à taxa de inflação. É uma quantia muito maior do que qualquer presidente já pensou neste País", desabafou. E emendou: "Somos muito responsáveis e não vamos ficar leiloando coisas em época de eleição".
Explicações. Para o presidente, "os cidadãos, homens ou mulheres, ninguém pode ser irresponsável porque está disputando uma eleição". "Ninguém pode prometer aquilo que sabe que não vai fazer e ninguém pode ficar tentando leiloar o país em época de eleição", afirmou. Lula reclamou que o adversário político "está fazendo uma quantidade de promessas que sabe que não vai cumprir, porque não as cumpriu quando foi governo". E insistiu que, quando Serra "diz que vai mudar toda a política econômica, ele tem que explicar ao povo brasileiro o que significa mudar essa política econômica num momento em que o Brasil serve de exemplo ao mundo".
Lula afirmou que não tem participado da estratégia de campanha de Dilma, mas comentou que está dando uma "forcinha" a ela. "Estratégia de campanha não é comigo. Estou apenas dando uma forcinha."
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