Por Marilia Guimarães*, em seu blog
Como moldura o Pão de Açúcar, como história, entre rodadas de chope bem gelado o Fiorentina, há 50 anos ponto de encontro de intelectuais e artistas guarda em suas paredes a história do teatro brasileiro, a melodia dos maiores gênios de nossa música, como Ari Barroso – o da Aquarela - viu o Brasil explodir em alegria, antecipar um carnaval diferente – o dia D.
Nas ruas, bares, avenidas, dentro das casas o 31 de outubro de 2010 ficará marcado como o dia em que o povo brasileiro num gesto de patriotismo elegeu a 1ª Mulher como Presidente do País – Dilma Rousseff.
Mineira, descendente de búlgaros, guerreira desde a juventude, competente nos cargos que ocupou, mãe, avó é hoje a senhora que comandará o destino que escolhemos. O da continuidade de um Presidente que saído de um Pau de Arara mudou os rumos da história.
Foram meses difíceis. As águas de março não anunciaram o fim do verão, e sim o inicio de uma luta de bravos guerreiros, militantes de sonhos, que tinham como missão maior conquistar corações para escolher a mulher que iria ocupar o maior cargo da nação.
Sai à rua. De escolas do interior, a batalhões, de presídios a comunidades longínquas, de Jovens maduros a presidiários recém libertos adaptando-se a nova sociedade, uns recuperados pelo esporte que constrói o futuro, outros apaixonados pelo Ernesto – assassinado por aqueles que temem a justiça dos homens – o eterno Che.
Explicar Dilma, falar de sua entrega, de sua garra, de sua coerência, desmitificar a imagem construída covardemente pela mídia comprometida transformou em tarefa árdua. Amanheceres se estendiam madrugada a dentro amparados pela vontade que move os homens que acreditam e sabem que é possível um mundo melhor.
Três de outubro não trouxe a esperada vitoria. Mentiras trás mentiras, traições, falsidades invadiam milhares de casas nos horários eleitorais, nas redes sociais, nas caminhadas. Viviam-se dias de terror, de medo. Tentaram um novo Riocentro travestido na moça seringueira, desamparada, sofrida que mudaria o amor, a ordem, e o progresso. Astutos jogaram com o emocional de uma classe media enganada, esquecida dos milhares de jovens saídos do sertão, do interior deste imenso país sofridos, famintos, abandonados a sorte que hoje ocupam um lugar ao sol. Na insônia de muitas madrugadas, por vezes feliz dos logros alcançados, por vezes agoniada pela incompreensão, estabelecia um elo entre as fábulas de La Fontaine e detinha no Lobo e no Cordeiro. Conheço senão todas, as principais nuances das cores que pintam as inverdades sobre minha amada aldeia.
Despertei decidida. Deter as agressões, estancar as denúncias infundadas através das redes sociais missão trabalhosa, quase uma utopia. Somente uma voz seria capaz de despertar a juventude os enganados. Somente Oscar seria capaz de tamanha mobilização. Num piscar de olhos já sua voz ganhava o mundo. Euvotodilma multiplicou-se em todas as direções. Dias mais tarde, Chico Buarque e Leonardo Boff reuniam no Teatro Casa grande, palco de muitas lutas nos anos de chumbo, cantores, compositores, intelectuais de todos os cantos do País. Do amado Borguetinho – eternamente tímido a Elba Ramalho, desabrochando em charme, a nossa sambista maior Beth Carvalho e Niemeyer, como diz a canção, só não foi quem já morreu. Nem a chuva que caía fininho trazendo consigo um vento frio, nem os que não puderam entrar, faltaram ao pedido dos filhos desta mãe gentil.
A militância fortaleceu e ganhou de novo as ruas, militantes virtuais filiados ou não ao PT de todos os recantos desta terra, através das redes sociais desalojaram as provocações inimigas. Os Top Trend’s no twitter mundiais e nacionais, mesmo depois do primeiro depoimento da nossa presidente, ocupavam os primeiros lugares no mundo virtual extremante humano – o povo brasileiro confirmou nas urnas, confirmou na internet o seu desejo: Dilma Presidente.
*é veterana da luta armada contra a ditadura, professora, escritora, empresária do ramo de TI e nossa colega no #Rio Blog Prog
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