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sexta-feira, 9 de março de 2012

ELEIÇÕES MUNICIPAIS

8 de março de 2012 - Laerte Braga - original no blog Juntos Somos Fortes

Qualquer um de nós acorda na cidade, na sua cidade. E depois então no seu estado e no Brasil. A cidade é a realidade imediata de cada um de nós. Estados e União são ficções jurídicas.


O modelo político brasileiro inverte essa lógica e cidades cada vez mais dependem dos estados e da União. Em todos os sentidos. O resultado disso é perverso com os trabalhadores. E essa perversidade fica mais acentuada no sistema capitalista. União e governos estaduais decidem boa parte das políticas ambientais de cada município brasileiro. A legislação sobre licitações, por exemplo, tem abrangência nacional e afasta as empresas locais de obras públicas, gerando o aparecimento de grandes monstros nos setores de coleta de lixo, transportes coletivos, obras do setor de urbanismo, isso sem que câmaras municipais (adereços desnecessários) possam interferir no processo, mesmo porque lhes cabe a tarefa de propor leis e fiscalizar o Executivo e nem isso fazem. Submetem-se.

Como não temos uma estrutura do Judiciário, como acontece em vários países, com juizados municipais, ficamos à mercê de um processo lento, moroso e em boa parte corrupto que se define fora dos limites da cidade. Limites e interesses.


Todos nós e cada um de nós nascemos nas cidades. Nas nossas cidades. É ali que além de nascer, crescemos, nos formamos, constituímos família e vendemos a nossa força de trabalho no modelo que temos.

As decisões, em nenhum momento, passam pelo cidadão. Pelo conjunto de cidadãos. Falar em representatividade popular de câmaras municipais é acreditar em contos da Carochinha.

A febre de atrair grandes empresas, como se fossem a solução para todos os problemas, na prática gera distorções absurdas em cada cidade, seja pelos incentivos concedidos (custo transferido ao cidadão), seja pelos privilégios que as colocam acima da lei.

Sem entrar no mérito do sistema capitalista, nas cidades as pequenas e médias empresas são os verdadeiros suportes do emprego e da estabilidade.

Há anos ouvi que um determinado prefeito cuidava em demasia das praças. Eram floridas e limpas. Hoje ouço que as praças estão sujas e abandonadas.

Millôr Fernandes afirmou que quando colocaram a tevê na sala, tiraram a cadeira das portas das casas e mataram a vida, a individualidade.

As redes nacionais de tevê fazem com que os cidadãos se vistam rigorosamente iguais em qualquer canto do País e que cheirem o mesmo Avon em sua imensa e esmagadora maioria.

A despersonalização do indivíduo transformado em objeto. A alienação como forma deliberada do capitalismo de gerir esse objeto/trabalhador/mercadoria.

A própria mídia, nas cidades, longe de cumprir qualquer papel informativo, educativo, torce e distorce os fatos ao sabor dos interesses dos chefes políticos, das grandes empresas (às quais muitas vezes se associam), ou são extensões dessas empresas lato senso.

Não há como fugir dessa realidade se não for desconstruída outra realidade. O capitalismo. Nas cidades, nas comunas, é essencial a organização popular, a formação e a consciência políticas como instrumentos para reagir a essa transformação das nossas cidades em grandes currais de interesses políticos e econômicos.

Para que eleger um vereador que não representa coisa alguma, até porque, se assim o quiser, será sempre minoria?

Por que não conselhos comunitários, conselhos de categorias, de setores da administração pública municipal e um grande conselho para deliberar sobre prioridades, sobre tarefas, sobre questões que digam respeito ao município?

Um dos argumentos dos que entendem que câmaras representam o interesse popular está no custo dessa estrutura legislativa em termos de relação com o orçamento. É estupidamente mais caro esse custo, que a participação popular.

É a partir das cidades que vão ser feitas as grandes transformações indispensáveis a que um País como o Brasil mude o seu perfil de entreposto do capital estrangeiro, do capital internacional, do modelo cruel de globalização que temos e que nos sujeita a um papel secundário, por mais que falem em crescimento econômico.

Não temos sequer um carro brasileiro. São todos de montadoras estrangeiras. Abrimos mão da busca de tecnologia em setores essenciais para importá-las. Pouco a pouco vamos regredindo ao século XIX e início do século XX, nos submetendo a situação de exportadores de matérias primas.

Perdemos o direito ao nosso subsolo com as privatizações feitas pelo governo FHC. Com as concessões feitas pelo poder da União e dos estados (no caso de Minas Gerais é um escândalo e só não estão presos os responsáveis por absoluta omissão das autoridades, o que é resultado das políticas de alianças).

Riquezas incomensuráveis como a água são instrumentos de pressão de grandes corporações para que sejam privatizadas.

Que tipo de mecanismo de controle do Poder Público existe de fato em se tratando dos municípios? O Ministério Público? É estadual. A instância última a decidir nunca será a dos cidadãos, ou na própria cidade.

A Constituição de 1988 mudou um determinado princípio. Tínhamos na Carta Magna de 1946 e depois na polaca da ditadura militar, uma única Lei Orgânica para todos os municípios. A de 1988 permitiu a cada município ter sua própria Lei Orgânica, mas dentro de parâmetros pré-estabelecidos pela própria Constituição Federal e pelas constituições estaduais. Mudou pouco, nos foi dada a madeira e a corda para que fizéssemos nosso próprio patíbulo e forca.

O processo de descaracterização das cidades brasileiras em função de interesses de grandes empresas acobertadas pelos poderes públicos (federal e estaduais) se acentua com tal velocidade que cidades vão aos pouco perdendo o que há de mais essencial em cada uma, a alma, a história.

Somos parte de um todo padronizado ao sabor do sistema capitalista e dentro da lógica perversa e cruel do capitalismo.

O que é um prefeito? Em minha cidade as obras públicas são feitas por empresas de outra cidade, ligadas ao partido do prefeito. Não há discussão sobre a conveniência ou não dessas obras, só promessas de obras quiméricas e um culto acendrado ao automóvel como deus dos tempos contemporâneos. As ruas cheias de carros/poluição e um trânsito gerador de doenças, mortes, mazelas que muitas vezes não percebemos, até pela ufania estúpida de achar que ruas congestionadas são sinais de progresso, ou de riqueza.

As eleições municipais se prestam a um debate amplo sobre a cidade que queremos, o modelo que desejamos e ao processo de organização popular para enfrentar os monstros que transformam cidades/lugares de paz, harmonia e progresso segundo as necessidades de todos os seus cidadãos, em fonte de privilégios para elites que dominam e controlam tanto as cidades, como os estados e o País.

Drumond não quis voltar a Itabirito depois de ter visto – ou não ter visto – as montanhas suprimidas pelas mineradoras. De forma irresponsável e criminosa.

Cidades litorâneas em nosso País estão sendo transformadas em gigantescas plataformas para a exploração de petróleo, sem que seus cidadãos possam fazer nada, apenas acreditar que aquilo é progresso e amargar as doenças – em todos os sentidos – desse progresso/privilégio.

Voltar a Idade da Pedra? Nada disso. A Noruega quando descobriu petróleo no Mar do Norte – é uma grande produtora – decidiu explorar a riqueza de forma correta e de um jeito tal que o ambiente não fosse prejudicado e nem as cidades transformadas em monte de entulhos de ferro e concreto. É assim até hoje.

O lixo virou indústria, um grande negócio que sustenta empresas e figuras dos governos estaduais e municipais.

Começam a surgir em todos os pontos do Brasil as praias particulares em flagrante violação ao princípio que praias são públicas. Já existem praias privadas garantidas por forças policiais que servem às elites dominantes.

É o Brasil rumo a um futuro sombrio e sem perspectiva que o capitalismo propicia.

E é nas cidades que a reação começa. Com organização popular e basta.

Não são reformas que vão mudar esse estado de coisas. Mas mudanças estruturais profundas que não passam por câmaras municipais ou assembléias legislativas, nem por congressos onde deputados e senadores, em sua esmagadora maioria, são eleitos com dinheiro das grandes empresas.

Mas da luta pela organização popular e como conseqüência a reação a esse ufanismo de que rua congestionada é sinal de progresso, que a poluição é um preço a ser pago por esse progresso, que novas doenças são conseqüências das quais não se pode fugir, pois são inerentes ao progresso.

Só não se pergunta que mundo legaremos aos que nos sucederão. E estarão nas nossas cidades.

A especulação imobiliária é uma das grandes responsáveis pelas chamadas tragédias ambientais, pois vai tomando dos trabalhadores espaços que se valorizam na lógica capitalista, afastando-os, empurrando-os para uma periferia onde são tratados ou com a violência policial costumeira, ou sempre com o descaso do poder público.

É hora de um debate sobre as cidades e eleições municipais, que não vão mudar a realidade, mas são um importante instrumento para isso, para começar a mudar, na tarefa de organizar.

No duro mesmo é luta pela sobrevivência.

terça-feira, 24 de janeiro de 2012

“VÂNDALOS?” A SÍRIA É AQUI – NO PINHEIRINHO

   "A única coisa que quero é tirar minhas coisas da casa, porque lá é onde estão o meu suor e a minha vida. Comprei fiado na loja de material de construção para poder levantar a minha casa com a ajuda do meu marido. Deixei de comprar carne para para comprar saco de cimento. Por isso, se for para deixar a casa pra sempre..., quero tirar tudo o que eu puder. Quero tirar, porta, janela, tudo! E se não puder eu vou botar fogo na minha casa, porque prefiro fazer isso a ver ela no chão"  (Relato de uma das despejadas em Pinheirinho).


 Laerte Braga

A invasão do bairro do Pinheirinho em São José dos Campos, São Paulo, foi um ato claro de terrorismo de Estado. O governador Geraldo Alckmin – integrante da organização criminosa OPUS DEI – fiel ao seu estilo traiçoeiro e covarde negociava pela frente enquanto armava a ocupação pelas costas.
A área onde viviam oito mil pessoas de mais ou menos duas mil famílias tinha ruas asfaltadas e rede de água e esgoto construídas pela municipalidade o que, por si só, caracteriza a condição de bairro.

O governo federal já havia manifestado interesse em encontrar uma solução para a permanência das famílias e o governador de São Paulo, laranja das várias máfias que gravitam em torno do tucanato, inclusive juízes, desembargadores e ministros de cortes superiores, devidamente propinado, coordenou a operação montada pelo mafioso Naji Nahas (envolvido em vários inquéritos e processos por fraudes, lavagem de dinheiro, etc, dos quais tem se safado comprando autoridades do Judiciário), um dos donos da massa falida da qual faz parte o terreno/bairro de Pinheirinho.

O interesse? Um grande projeto imobiliário com ganho para todos os que participaram do ataque terrorista de domingo, 22 de janeiro, contra os moradores do bairro. O sócio/parceiro de Naji Nahas é o banqueiro Daniel Dantas, um dos responsáveis pelo Plano Nacional de Privatizações do governo FHC.

A decisão de atacar Pinheirinho já estava tomada e fora alvo de advertência de jornalistas e moradores uma semana antes do dia em que aconteceu. A chamada “reintegração de posse” foi determinada em seguida suspensa por um desembargador de um tribunal regional federal e no domingo, 22, autorizada por uma juíza venal e com cobertura do corrupto Ivan Sartori que preside o Tribunal de Justiça (?) do Estado de São Paulo. Tudo isso com a certeza que na noite daquele mesmo dia o inútil e dispendioso STJ – Superior Tribunal de Justiça – garantiria a competência da justiça estadual. Ou seja, todo o esquema montado sem qualquer respeito pela vida, pelo ser humano. Os “negócios” valem mais que a vida no capitalismo. E não existe banqueiro, grande empresário ou latifundiário que seja humano.

Os acessórios desse esquema são governadores, prefeitos, senadores, deputados, juízes, desembargadores, ministros de cortes superiores, que têm seus mandatos comprados ou suas indicações bancadas por essas máfias. O PSDB é o principal agente de execuções do esquema.

Ivan Sartori no seu despacho que autorizou, no domingo, a ação policial, ou seja, dentro do combinado e pago, chegou a afirmar, escrever, que “repelindo-se qualquer óbice que venha a surgir no curso da execução, inclusive a oposição de corporação policial federal”.

Como disse o presidente nacional da OAB – Ordem dos Advogados do Brasil – a ação do governo de São Paulo “rompeu o pacto federativo”. Vale dizer que o governo federal e nada são a mesma coisa na visão das elites políticas e econômicas que comandam de fato esse arremedo de democracia que temos.

Homens, mulheres, crianças, idosos arrancados de suas casas por “policiais militares” – polícia militar é uma aberração. As PMs são braços das elites e agem em função de seus interesses – marcados e levados para acampamentos improvisados, espancados, tendo seus pertences violados, vítimas da violência e da barbárie que é a marca registrada dessas “corporações” corruptas e com práticas que trazem de volta os tempos da ditadura.

A mídia de mercado mal tratou do assunto. Optou pelo início da temporada futebolística nos estados brasileiros e uma das redes nacionais, por fustigar a concorrente mais próxima, por conta de um estupro estimulado pelo diretor de um dos programas da rival.

A maior rede de tevê do País, a GLOBO, parte principal dessa mídia de mercado, podre e venal, chamou de “vândalos” os moradores do bairro de Pinheirinho. É uma das máfias que integra a grande máfia que controla o País.

As manifestações em Damasco, Síria, ou outras cidades daquele país, todas contra o governo central, são mostradas pela mesma GLOBO e ao contrário do aconteceu com os moradores de Pinheirinho, os agentes policiais do governo são chamados de braço de um ditador. Osmanifestantes que reagem à violência policial/militar de “defensores da democracia”.

É claro que a questão Síria é a questão Síria e a questão Pinheirinho é a questão Pinheirinho, mas em ambas está presente a barbárie capitalista. A forma como a mídia de mercado encara o assunto e mostra, exibe, é dentro do leque de interesses das grandes máfias capitalistas.

Neste caso, Pinheirinho, a Síria é aqui também.

A omissão do governo Dilma Roussef, como que paralisado no domingo, apresenta, por outro lado, uma presidente sem autoridade para intervir em situações assim, na prática houve uma insurreição em São Paulo, um desafio claro do governo estadual. Ficou por isso mesmo.

Declarações “cautelosas” de ministros como a de Gilberto Carvalho, sumiu o ministro da Justiça (existe isso?), nem se teve notícia da presidente, o tal “poste” que Lula elegeu. Isso pode ser entendido sem receio de erro como covardia.

A realidade brutal é que milhares de seres humanos tiveram seus direitos fundamentais violados por quadrilhas que controlam o Estado instituição e pelo jeito, vai ficar por isso mesmo.

Pinheirinho reforça uma convicção e deixa um exemplo pronto e acabado da realidade brasileira, ou do “capitalismo a brasileira” inventando por Lula.

Somos um País onde o governo não tem poder. O poder é exercido por máfias de banqueiros, grandes empresários e latifundiários que infiltrados na máquina estatal imobilizam o Executivo, têm no bolso a maioria dos deputados e senadores e agora partidariza o Poder Judiciário.

Pagar setecentos mil reais a César Peluso – presidente da suposta suprema corte – e a Ricardo Lewandovsky de forma indevida, ilegal, pode, Marco Aurélio Melo garante que o assunto não será investigado castrando os poderes do CNJ – Conselho Nacional de Justiça –, atropelando a Constituição.

Colocam-se à margem da lei.

Prender e arrebentar Pinheirinho também pode. É o desejo consumado dos grandes investidores, os que trazem “progresso” ao País.

Que progresso? Somos o paraíso das máfias internacionais, sequer um automóvel nacional de fato temos. O livro A PRIVATARIA TUCANA mostrou toda a podridão em que estamos imersos por conta do governo de FHC (presidente honorário e vitalício da grande máfia). Israel controla a indústria bélica do Brasil. O sistema financeiro está todo ele – a exceção dos dois bancos estatais – sob controle de grupos internacionais, majoritários ou não. Empresas francesas diante da dissolução em água fervente da Comunidade Européia correm para o Brasil naquele negócio que aqui o crime compensa, é garantido o retorno.

E para mídia trabalhadores brasileiros são “vândalos”. Naji Nahas, um criminoso sem qualquer escrúpulo, um pústula no sentido absoluto da palavra, escorado em seus laranjas, dentre eles os tucanos e lógico, Geraldo Alckmin, ganha o epíteto de empresário e no caso de Pinheirinho, ao lado de toda a violência, vai nascer mais um grande empreendimento imobiliário.

A ação da “polícia” mostrou que a Síria é aqui também.

E a ação e omissão dos governos exibem ao mundo que no Brasil o crime compensa.

quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

O CIDADÃO OBJETO - CASO PINHEIRINHO



Laerte Braga


Um relatório divulgado por organizações sindicais européias mostra que os cortes em pensões, aposentadorias, salários e as demissões em massa tanto nos serviços públicos como na iniciativa privada não resolvem o problema da insolvência de países como a Grécia, a Itália, Portugal, Espanha e num efeito dominó, França, começando a aproximar-se da Alemanha.

Os tais cortes orçamentários em serviços básicos, direitos do cidadão, saúde, educação, transportes, lazer, segurança, nada disso modifica a situação, sequer faz cócegas em todo esse emaranhado de “crises”, que é parte do capitalismo e por assim o ser, é parte do processo de exploração do homem pelo homem.

Mobilizações populares por democracia – no sentido de participação popular – não têm sentido e nem alcançam seus objetivos, é o que demonstra a chamada Primavera Árabe. Saiu Mubarak no Egito, permanece a ditadura exercida pelos militares e toda a ordem repressiva construída ao longo de todos esses anos.

Governos não governam segundo a vontade popular. Representam interesses de bancos, grandes corporações e latifúndios.

Para manter essa situação se valem de dois instrumentos poderosos. Um, de alienação absoluta e completa, a mídia de mercado. Outro de dissuasão, o poder das armas.

Nações como tal desaparecem e dão lugar a corporações. Mitt Romney, principal pré-candidato republicano à presidência dos Estados Unidos tem feitos sistemáticas afirmações que o país precisa de um gerente. Reflete essa vocação de governos a serviço de corporações ao afirmar que “adoro demitir pessoas”.

O movimento sindical, com exceções como a Grécia, num ou outro país, transforma-se gradativamente em braço desse poder na presunção que concessões garantem empregos e abrem perspectivas de que mais à frente o bolo será refeito – sem nunca ter sido feito – e repartido de maneira justa.

A chamada nova ordem política e econômica tem dois pilares fundamentais. Ou se impõe sem maiores dificuldades se o processo de alienação gerado pela mídia de mercado alcançar êxito, ou caso contrário, pelas armas. É o que se viu na Líbia, como antes no Iraque e tentam a todo custo no Afeganistão, isso de forma explícita. No duro mesmo a Comunidade Européia, hoje, é apenas uma grande base militar desse complexo político e econômico, escorado no terrorismo de Estado e países de outras partes do mundo, vão sendo ocupados e recolonizados naquilo que, em 2002, César Benjamin chamou de “o século da recolonização”. Colômbia, Haiti, a Palestina negada aos Palestinos.

No Brasil o governo Lula desde os seus primeiros momentos foi atropelado pelos desmandos do governo FHC. País falido e privatizado. O presidente petista optou por consertar o inconsertável, equilibrou-se em precárias alianças políticas – precárias e caras –, quase escorrega e cai no episódio do mensalão, abriu seu espaço populista e mercê de indiscutível empatia com a grande maioria dos brasileiros, sinalizou estar gerando uma etapa de desenvolvimento com justiça social, quando, na verdade, criava apenas o “capitalismo a brasileira”
.
O ex-ministro chefe do Gabinete Civil José Dirceu é hoje um dos grandes consultores de empresas privadas do País e estreitamente ligado a Eike Batista, outro grande, mas esse predador em todos sentidos. Só fez colocar na testa - já que não pode fazê-lo mais no biquíni de Luma de Oliveira – o cartaz gerador de “progresso”.

É o que basta para no modelo e todo o seu entorno se possa acreditar que isso seja realidade.

Tucanos estão desmoralizados com o livro A PRIVATARIA TUCANA do jornalista Amaury Ribeiro Júnior. Toda a podridão do governo FHC e muito mais que isso, seus objetivos de criação de um grande entreposto do capital internacional, estão claros no trabalho do jornalista.

Mas nem um passo foi dado no sentido de retomar um caminho diverso do traçado por FHC e sua quadrilha. Os governos Lula e Dilma tentam sobreviver a armadilhas de efeito retardado deixadas nos seus percursos pelo tucanato e administram o inadministrável na torcida para que a crise que dissolve a Comunidade Européia não nos atinja com vigor maior que as dificuldades já visíveis num horizonte não tão distante assim.

A maior potência do mundo, como urso ferido, neste momento, reage de forma aguda e boçal – sua característica – à sua necessidade de sobrevivência como corporação.

Com uma característica que se percebe cada dia mais presente. Dilma virou definitivamente o comboio governamental a políticas neoliberais. Afasta-se aos poucos das políticas de integração latino-americana, abandona pilares da política externa do governo Lula, que foi decisiva na arquitetura do ex-presidente.

O resultado disso? Um absoluto vazio por maiores que sejam os índices de aprovação da presidente. Uma visão nebulosa dos dias futuros. Como se o Brasil fosse um corpo estranho a todo o mundo globalizado na ótica militar/econômica do grande irmão, os EUA, não importa que estejam decadentes.

Nesse conjunto desafinado e lembrando a música das beatas – a letra feita numa casa, a música feita noutra e uma tragédia no dia da procissão – o cidadão deixa de ser pessoa e vira “não pessoa” como conceitua o pensador norte-americano Noam Chomsky (um dos integrantes do 1% de norte-americanos que sabem que a Nicarágua fica na América Central).

É o caso do bairro Pinheiro na maior metrópole do Brasil, São Paulo.

Um criminoso comum, bandido sem entranhas, com varias prisões, respondendo a inúmeros processos e sabidamente especulador, em manobras que envolvem o prefeito Kassab, o governador Alckimin, setores do Judiciário (onde há resistência de poucos juízes íntegros), numa de suas massas falidas nas fraudes do dia a dia (é possível encontrá-las nos noticiários da bolsa de valores, sede principal dessas máfias) está prestes a conseguir que um bairro inteiro seja despejado para pagar suas dívidas junto a órgãos federais, estaduais e municipais e, no futuro, depois de todos regados a grossas propinas, seja transformado em mais um shopping (edificações destinadas a formar idiotas).

Milhares de pessoas em vias de serem postas no olho da rua por conta desse processo que privatiza a cidadão, tanto quanto vai transformando o Brasil em imenso país/continente de propriedades que se estendem, por exemplo, aos condomínios fechados no litoral (as praias privatizadas).

Se a juíza federal Roberta Monza Chiari compreendeu a relevância social do fato, concedendo liminar para suspender o despejo, o juiz Carlos Alberto Antônio Júnior tratou de liquidar com essa relevância social e em meio a firulas jurídicas retomar o caminho da reintegração de posse de uma área conseguida por um pilantra, através de pilantragem, numa jogada de pilantras. 

Não há vontade manifesta do poder público, seja em que instância for – federal, estadual ou municipal – em resolver o problema com uma simples desapropriação por interesse social. Há submissão ao poder econômico, à máquina burocrática controlada por esses donos do País, há total e absoluta privatização do cidadão comum, o objeto que não interessa ao novo conceito que substitui o de nação. Os grandes conglomerados financeiros, empresariais e o latifúndio.

A resistência dos moradores de Pinheirinho transcende a Pinheirinho. Pinheirinho neste momento é o trabalhador brasileiro. Não queremos ser um país de classe média como afirma a presidente Dilma Roussef. E muito menos um país moldado pela mídia de mercado e suas catástrofes construídas na alienação geral e absoluta que buscam promover.

O sentido dessa luta é de todos nós e é o de uma história consciente. Onde o quantitativo se transforma em apropriação histórica qualitativa. De todos os instrumentos de produção o maior poder produtor é a própria classe revolucionária, é o que ensina Marx.

Já andam lendo Marx até em Wall Street. Não com esse sentido, de promover uma revolução socialista. Mas de apertar mais o torniquete, o garrote.

Ao longo dos tempos a burguesia é a única classe que sempre venceu.

Pinheirinho é o símbolo de uma luta que tem que buscar as ruas, como os estudantes em Vitória, em Teresina, os professores em todos os cantos do Brasil. Os estudantes no Chile e as multidões em praças de países árabes.

Não há a menor possibilidade de deixarmos de ser “não pessoas” para esses senhores se não formos às ruas, com objetivos claros e definidos e percebendo que vivemos uma etapa do processo histórico em que pouco importa qual seja o governo, pois um é com areia, outro é com vaselina, no fundo são a mesma coisa.

Do contrário daqui a pouco estaremos decidindo sobre se o melhor candidato é aquele que não sua meia soquete branca. Eleições nessa estrutura político institucional que temos não nos levam a lugar algum. Mas organização popular e luta popular, essas sim.

E não há outra alternativa. É questão de sobrevivência. Ou breve, legiões de zumbis pelas ruas das grandes metrópoles e das não metrópoles.

E pior que isso, começam a sair das catacumbas as vozes de 1964. Que a rigor, só trocaram de roupa e aparência. O jeito truculento de ser permanece, mas nos lábios um sorriso “democrático”. Tem razão Fidel Castro quando afirma que marchamos para um abismo.

sexta-feira, 25 de novembro de 2011

CELSO FURTADO E A MULHER



Laerte Braga


O ex-governador de Minas Hélio Garcia, numa das greves do professorado mineiro, chamou as professoras de “mal amadas”. A expressão é do jornalista Antônio Maria e aconteceu num contexto completamente diverso. Foi durante a campanha eleitoral de 1960.

Num programa de televisão Maria chamou as integrantes de um comitê de Carlos Lacerda de “malamadas” (ele próprio passou a escrever a palavra dessa forma). À época o jornalista foi um dos responsáveis pela extraordinária votação do candidato Sérgio Magalhães, uma dos grandes figuras do Parlamento na História do Brasil.

Feliz ou infeliz a expressão usada por Antônio Maria não tinha o mesmo caráter quando usada por Hélio Garcia. O ex-governador de Minas apelidado de “maverick” – tinha um tanque maior para combustível – afogava no combustível as mágoas de uma paixão não correspondida. Sua ofensa aos professores foi uma sórdida vingança de sua perda, sua fraqueza.

Celso Furtado afirmou que “a revolução feminista foi o maior movimento revolucionário do século XX”. Ao contrário do que pode pensar a Mulher Melancia, ou a Miss Laje essa afirmação não se refere a exibir a bunda na revista PLAYBOY.

Trata da conquista da condição de ser humano pleno de direitos políticos, econômicos e sociais. Nada daquele negócio de levar dois ou três tiros do marido por conta de legítima defesa da honra e a absolvição garantida.

Jorge Amado fala disso em GRABRIELA CRAVO E CANELA. A idéia que tiro lava a honra é complicada.

Grupos muçulmanos hoje buscam formas de interpretação do Islã que elimine os preconceitos e os costumes bárbaros em determinadas parte do mundo do Islã contra a mulher. No Irã onde a evolução foi significativa com a Revolução Islâmica se consegue preservar os fundamentos religiosos/culturais com a percepção dessa necessidade, embora em alguns cantos do país prevaleça a cultura milenar da submissão. É um processo a busca de avanços.

Na Praça Tahir no Egito as mulheres são parte da luta do povo daquele país contra a opressão de militares, norte-americanos e o governo de Israel.

As dificuldades que mulheres encontram pela frente, em países como o Brasil, ou nos Estados Unidos, para citar dois, decorrem de um fenômeno típico dos nossos tempos. A imensa goela do capitalismo se apropria de cada movimento popular e transforma, por exemplo, calça jeans em símbolo de liberdade.

É o grande dilema dessa revolução fantástica. Que traz a mulher da condição de objeto de cama e mesa para o centro de decisão e parte do processo maior de vida e de construção de um mundo alternativo, diverso do que temos. É claro, pois nele a mulher continua sendo subjugada na forma espetáculo.

É só lembrar a transmissão ao vivo e exclusiva do parto de Xuxa. Do nascimento de Sasha. Serve para ilustrar várias situações.

Não é possível construir um mundo alternativo ao mundo do espetáculo e da barbárie se não estivermos juntos homens e mulheres, no mesmo patamar. Boçais como Jair Bolsonaro sempre existirão e sempre se farão presentes.

E nem importa que seja caso de psiquiatra, importa que encontra eco em parcela da opinião pública para o amontoado de sandices que diz cada vez que abre a boca. Reflete o pensamento fascista da ordem unida em torno dos porões da estupidez, onde o estupro era regra geral em nome do “patriotismo”.

O desafio hoje é maior que as passeatas pelo direito ao voto – nas primeiras décadas do século XX – ou por queimar sutiãs.

O direito de cada mulher ser dona de si, portanto, do seu corpo, vai mais além. É o de estar presente no processo decisório. Temos hoje uma presidente da República e essa afirmação exclui ser contra ou a favor, mas é inegável o caráter pessoal de Dilma Roussef.

Há outra goela imensa a serviço do modelo na tarefa de se apropriar da revolução feminista e de todos os movimentos sociais que possam colocar em risco não o mundo dos homens propriamente dito, mas da estupidez que é regra geral do capitalismo.

É a goela da mídia.

A construção da mulher objeto fazendo-a crer que um reality show é um momento supremo de revelações e afirmações. Vivemos um tempo em que se estimula expor de público as nossas vísceras. Uma das “preocupações” da mídia no caso Nardoni foi sobre como a mãe reagiria ao assédio de outras mulheres na prisão, acostumada a uma vida confortável. Um debate se gerou em torno disso, até com “análises” de especialistas, enquanto a violência contra a mulher era deixada de lado. Ou a questão do trabalho, os salários mais baixos que os pagos aos homens.

Nem toda mulher tem a dimensão de Frida Khalo e nem todo homem tem a dimensão Lenine.

Mas isso não significa que todos temos que ser Frida Khalo ou Lenine. Temos que ser apenas humanos conscientes dos nossos papéis e da igualdade plena de direitos. Isso porque, certamente, a mulher bóia fria que cata laranjas num latifúndio hoje, o faz sob condições desumanas e é desrespeitada a cada momento em cada situação de vida.

E tem a dimensão de Frida.

Há um caminho imenso a ser percorrido e uma encruzilhada a ser vencida hoje. O da apropriação pelo capitalismo das conquistas da mulher, moldadas ao sabor do espetáculo, enquanto permanecem a violência, o preconceito, enfim a barbárie, numa igualdade de fantasia, acessível na prática a poucas diante da totalidade do universo feminino.

Num campeonato feminino de futebol, quem prestar atenção, vai notar que os que transmitem os jogos vão eximir-se de comentar o que consideram “tipos estranhos”, sempre achados por uma câmera indiscreta na arquibancada, mas em seguida, ato contínuo, vão de forma asséptica, comentar a beleza de uma ou outra jogadora, num outro jogo, esse sórdido, de tentar execrar o que consideram “aberrações” ao padrão de beleza e comportamento estabelecido pelos ditadores do “o que deve ser e como deve ser”. Chegam ao desplante de “até essas mulheres têm o direito de ter seu espaço”.

O modelo paulista quatrocentão, por exemplo. Reunido e discutindo questões como a ocupação da USP em torno de salgadinhos, sucos naturais, temendo que Chávez possa descer em Brasília montado num cavalo baio e afetar a pipoca dançante de cada dia em favor dos que sofrem.

Há um longo caminho a ser percorrido pela mulher em todos os cantos do mundo, para que manifeste em sua totalidade a revolução feminista que e sua importância definidas por Celso Furtado.

Não passa só pela mulher. Passa por todo o conjunto que equivocadamente chamam de “minorias”. Minorias são eles, os donos, os que estampam objetos melancia, morango, laje, melão, Xuxa, Angélica, dóceis ao mundo dos refletores, para o gáudio do que William Bonner chama de idiota, a tradução correta de Homer Simpson.

Uma vez perguntaram ao pintor Degas, filho de banqueiro, sobre a razão de quadros tão grandes e especificamente em torno de bailarinas. Ele respondeu de uma forma direta, sem vacilar – “você queria que eu pintasse o que? A hipocrisia dos desejos reprimidos das mulheres dos salões dos banqueiros de Paris? Pois eu pinto a leveza e a pureza da dança e das bailarinas. Você não sente o cheiro de paz e vida em cada quadro desses? Se não sente não entendeu nada. Nem as imperfeições que são perfeitas”

É uma luta da mulher e dessas “minorias” contra um modelo opressor. 

Imagine se um Brilhante Ulstra da vida vai entender tudo isso.



domingo, 11 de setembro de 2011

O ONZE DE SETEMBRO



Laerte Braga


A multidão que foi convocada a ir ao chamado marco zero – local onde existiam as torres gêmeas do World Trade Center – recebeu Obama com frieza e Bush com entusiasmo. É o que relatam as principais agências de notícias do mundo.

Os países latino-americanos em 1970, à exceção da Venezuela, Colômbia e Chile estavam sob controle de ditaduras militares instaladas pelos Estados Unidos. E apenas os governos de Cuba e do Chile se opunham ao império do norte. À época os norte-americanos estavam empenhados em sua “cruzada” no Vietnã, de onde saíram derrotados política e militarmente depois de causar mais de um milhão de mortes e destruir boa parte do país com armas químicas e biológicas (o agente laranja, usado hoje no agro negócio, o transgênico e nas lavouras do latifúndio).

No Brasil, em 1964, os Estados Unidos assumiram o controle do País. Designaram o general Vernon Walthers para o comando das forças armadas brasileiras (a parte nazi/fascista) e derrubaram o governo democrático de João Goulart. Documentos secretos revelados nos EUA mostram que nos dias do golpe a IV Frota norte-americana estava pronta a intervir em nosso País caso os golpistas não conseguissem dar conta do recado. O nome da operação era BROTHER SAM e foi revelada pelo extinto JORNAL DO BRASIL através do jornalista Marcos Sá Corrêa.

Um expurgo nas forças armadas brasileiras (militares legalistas foram presos, expulsos, reformados) colocou o País a reboque dos interesses norte-americanos e lotaram as prisões de adversários. A tortura era a regra geral desses patriotas. A barbárie e a violência eram os princípios.

Obama leu um salmo nas comemorações em homenagem às vítimas do onze de setembro. É claro que o salmo diz que Deus é norte-americano e habita em New York. Pode gerar uma disputa com Tel Aviv, pois os nazi/sionistas que governam Israel costuma alegar ser os “proprietários” de Deus.

O terrorista George Bush foi ovacionado pela massa ensandecida e dirigida pela grande campanha feita pela mídia para transformar um ato de guerra num ato terrorista. O medo gerado pela mídia a paranóia que viveram os norte-americanos nesta semana que se finda.

Milhões de homens, mulheres e crianças já foram assassinados nas guerras pós onze de setembro para “libertar” o mundo. Campos de concentração como Guantánamo, tortura autorizada no Ato Patriótico, prisões secretas, missões militares em função de interesses econômicos (sempre o petróleo e agora a água também).

A morte de inocentes – são inocentes as vítimas, lógico, como inocentes/estúpidos os que acreditam no american way life e moram em barracas, trailers, debaixo de pontes, etc, enquanto bancos e empresas se regalam com os bônus do governo qualquer que seja ele. Obama ou Bush – transformada em espetáculo eleitoral. Obama tenta dar a arrancada para as eleições do próximo ano e Bush dar uma ajuda aos republicanos. Um dos pretendentes de seu partido é Jeb Bush, seu irmão, ex-governador da Flórida e que fraudou uma das seções eleitorais que permitiu a vitória do irmão derrotado nos votos populares.

Em onze de setembro de 1973 o presidente do Chile, eleito pelo voto, Salvador Allende, foi derrubado por um golpe militar montado pela CIA (documentos secretos do governo norte-americano tornados públicos como manda a lei naquele país e depois de um determinado período, contam toda a história).

O Brasil através dos militares que governavam o nosso País foi cúmplice da barbárie. Numa extensão do controle dos EUA sobre as forças armadas de países que viviam regimes ditatoriais, líderes de oposição foram assassinados ao longo do tempo que os golpes sobreviveram. Caso do general chileno Carlos Pratts, que se recusou a participar do golpe de Pinochet (era um homem de confiança de Allende, mas a mala de dinheiro da CIA falou mais alto na hora agá).

Milhares de chilenos foram presos, torturados, submetidos a toda a sorte de violência e estupidez (características de militares golpistas). Como aconteceu com milhares de brasileiros, argentinos, uruguaios, paraguaios, peruanos e povos da América Central). E recentemente com Honduras e com hondurenhos.

A boçalidade do império norte-americano não tem limites.

A asfixia econômica do Chile foi a arma usada pela CIA com a cumplicidade de empresários, banqueiros e latifundiários para derrubar Allende. Banqueiros, latifundiários e grandes empresários não têm pátria, só interesses. É assim no mundo inteiro e o povo norte-americano começa a provar desse veneno na grande crise que assola o país e a grande mídia – podre e venal – silencia.

Um por cento do poder destruidor de uma bomba atômica foi a força do ataque às torres gêmeas. É o que revelam os jornalistas dos EUA Jim Dweyer e Kevin Flynn, no livro “102 MINUTOS – A HISTÓRIA INÉDITA DA LUTA PELA VIDA NAS TORRES GÊMEAS”.

Os norte-americanos despejaram em 1945 duas bombas atômicas sobre o Japão, nas cidades de Hiroshima e Nagazaki, numa guerra que já estava ganha, apenas para testar os efeitos do “artefato” e mostrar ao mundo quem de fato mandava e manda.

Foi o maior atentado terrorista da história. O onze de setembro foi um ato de guerra. De uma guerra que os EUA começaram e mantêm em vários cantos do mundo na “missão divina” de levar liberdade e saquear riquezas (petróleo principalmente).

O onze de setembro gerou uma histeria da mídia em todo o mundo. No Brasil os canais da REDE GLOBO produziram programas em torno do ataque e seguiram a orientação de Washington ao dizer que é possível a repetição de um ato semelhante.

O medo gerado pelas imagens como forma de justificar boçalidade. No caso da GLOBO um faturamento extra, lógico e o rastejar humilhante de uma rede de comunicação corrupta, fétida e dominada de fora para dentro.

Usaram, aqui e em todo o mundo, nos EUA principalmente, de imagens de horror e sofrimento para justificar o horror e o sofrimento que infligem a povos outros em todo o mundo.

Obama e Bush cumpriram seus papéis de faces visíveis do terrorismo de Estado.

O onze de setembro gerou a maior organização terrorista do mundo. ISRAEL/EUA/TERRORISMO S/A.

Especialista em destruição, em saques, em extorsão, em chantagens, assassinatos, tortura, estupros, todo o leque de boçalidade que se possa imaginar e tudo em nome de Deus, o deles.

O espetáculo dirigido a partir da Casa Branca neste onze de setembro tem um objetivo. Manter vivo o medo, o pânico, consolidar mentiras, justificar presentes e futuras ações de terrorismo do complexo nazi/fascista a ressurreição do Reich de Hitler.

Causam engulhos tanto a imagem de dois criminosos – crimes contra a humanidade – Obama e Bush orando e falando em liberdade, como a histeria da mídia comprada nas besteiras ditas durante toda a semana.

A melhor imagem, no duro mesmo, talvez outras tantas, é aquela da menina vietnamita fugindo com o corpo queimando pela explosão de bombas de napalm, dilacerada pela “liberdade” do terrorismo norte-americano, na guerra do Vietnã.

Não creio que os bárbaros, como são chamados alguns povos da antiguidade, tenham atingido tal nível de estupidez como os norte-americanos e seus proprietários os sionistas, nos dias atuais.

Que o digam, se puderem e da forma que puderem, os mortos do onze de setembro, de todas as guerras estúpidas dos norte-americanos, usados e transformados em espetáculo no show de um mundo dominado pelo terror. Mas o terror dos que guardam arsenais capazes de destruir o planeta cem vezes se necessário for.E já mostraram que o fazem.

Hiroshima e Nagazaki.  

Estão buscando um tipo de Oscar. Obama e Bush. O da barbárie.  

  

sábado, 10 de setembro de 2011

TRABALHADOR CORROMPE? PROFESSOR CORROMPE? QUEM CORROMPE?



Laerte Braga


Há dias o País tem assistido a um esforço desesperado de velhos golpistas (torturadores, estupradores, assassinos de 1964), aliados a grandes empresários, banqueiros e latifundiários, para mobilizar os brasileiros contra a corrupção.

Tentam convocar uma nova marcha da família com Deus pela liberdade arvorados em uma condição de salvadores da pátria, do mesmo jeito que fizeram em 1964 sob o comando do embaixador Lincoln Gordon dos EUA e do general Vernon Walthers, ex-diretor da CIA (o governo dos EUA, em 1964 designou um comandante militar para as forças golpistas que entre outras coisas era amigo pessoal de Castelo Branco e falava português).

Apoiados pela grande mídia, a mídia privada, GLOBO à frente, tecem as mentiras de sempre, criam as ilusões que sempre criaram e tentam reduzir a corrupção a deputados, governadores, senadores, prefeitos, até presidente da República.

Dilma repete o malabarismo de Lula, uma no cravo outra na ferradura. O diapasão desse concerto petista é a bolsa família e 45% das receitas orçamentárias para pagar juros da dívida junto a bancos privados.

A diferença entre Dilma e Lula é que a presidente não consegue se equilibrar sobre o fio tênue do “capitalismo a brasileira” que o ex-presidente inventou. É menor que o cargo e ainda carrega consigo alma de tecnocrata. Ou seja, o que vale são os números não o ser humano. Na cabeça dessa gente numa tragédia, digamos assim, se a primeira impressão é que morreram dez quando poderiam ter morrido vinte, houve lucro, deixaram de morrer outros dez. Enxergam o mundo desse jeito.

No sete de setembro a GLOBO editou as matérias sobre o Grito dos Excluídos e a marcha das elites paulistas que tentam espalhar pelo Brasil, jogando tudo no ar como se fosse protesto contra a corrupção. Canalhice bem ao estilo da rede.

Nasceu com a ditadura, apoiou a ditadura e é instrumento de interesses estrangeiros, de banqueiros, grandes empresários e latifundiários.

Trabalhador e professor, por exemplo, não corrompem ninguém. São ludibriados por políticos corrompidos por banqueiros, grandes empresários e latifundiários. Veja o caso de Minas. Quando governador do estado o ex-presidente Itamar Franco anulou um acordo feito pelo seu antecessor, Eduardo Azeredo – corrupto de carteirinha – que entregava a CEMIG a grupos estrangeiros. Aécio, agora, no final de seu governo refez o acordo e entregou a CEMIG.

A mídia disse alguma coisa? Nada. Está no bolso. É venal. E o povo, o trabalhador, os professores mineiros nas mãos de uma aberração política o tal Antônio Anastasia, valet de chambre de toda essa gente, está como? Mas Aécio comprou um apartamento de um milhão de reais no Rio de Janeiro.

Segundo outra aberração, Cid Gomes, “professor tem que dar aula por amor, se acha o salários baixo que procure outra profissão”. Sogra não. O dito leva para Paris em vôo pago pelos cofres públicos.

O esquema de financiamento de campanhas políticas no Brasil permite que empresas, bancos e latifundiários comprem lotes de candidatos em todos os partidos com representação na Câmara ou no Senado através de doações. Tornam-se proprietários lato senso desses deputados, senadores, de governadores, prefeitos, vereadores, atingem o Judiciário e permeiam o Executivo.

Mas e daí?

O xis da questão não está em reformas políticas ou outras, na tentativa de construir painéis coloridos de ilusão e manter uma realidade podre como querem os que se voltam apenas contra os políticos no caso da corrupção.

E quem corrompe? Para que exista um corrupto é necessário que exista um corruptor.

A corrupção está intrinsecamente ligada ao modelo político e econômico vigente. A reforma política tira José Sarney de cena e coloca na cadeia? Não. Sarney serviu a ditadura militar com subserviência e de quatro durante todo o período do regime, da mesma forma que descaradamente emergiu – com a morte de Tancredo – como guia e condutor do processo de reconstrução democrática.

E o povo? A participação popular? Não tivemos uma assembléia nacional constituinte, mas um congresso constituinte e tutelado pelos militares que, entre outras coisas, não permitiram, como tem criado toda a sorte de obstáculos para que sejam revelados os documentos que mostrem a covardia diária dos golpistas/torturadores enquanto durou o regime.

Na passeata contra a corrupção em São Paulo estava um desses generais, eram visíveis bandeiras dos Estados Unidos.

Não foi por outra razão que o pensador e parlamentar inglês Samuel Johnson afirmou que “o patriotismo é o último refúgio dos canalhas”.

O que querem? Mudar os políticos? É só olhar os antigos colaboradores do regime militar, vivos e fortes aí, exercendo mandatos e se afirmando democratas.

O que essa gente pretende é simples. Antônio Ermírio de Moraes compra dez tênis adidas a vista produzidos com trabalho escravo em países asiáticos, inclusive a China e o trabalhador compra um pagando em dez prestações para se sentir num dado momento como Ermírio de Moraes, na ilusão que vivemos numa democracia. O espetáculo, a “sociedade do espetáculo”.

Ermírio de Moraes está destruindo o Espírito Santo – o meio ambiente – com suas empresas, o tal progresso, adoecendo um povo, com aplausos de um ex-governador corrupto e assassino, Paulo Hartung, que de fato continua no covil do governo (chamam de palácio), onde um contínuo chamado Renato Casagrande faz de conta que governa.

Por trás da tal campanha existe a sórdida mentira capitalista, pela simples razão que os corruptos são corrompidos por eles. Não querem pagar impostos, não querem conquistas e direitos dos trabalhadores, não querem que o progresso seja algo comum a todos e sim privilégio deles. Querem professor dando aula por amor.

Quando se concede benefícios fiscais e tributários a uma grande empresa o custo dessa concessão é pago pelos trabalhadores, pelos pequenos empresários, pelo dinheiro que falta na saúde, na educação. É o caso da COCA COLA que financia parte dessa campanha. Ocupa terras públicas, através de uma empresa chamada CUTRALE, vende a idéia de progresso, geração de empregos, compra deputados, senadores, juízes, etc para manter as terras que repito são públicas e imputa-se a culpa aos trabalhadores rurais sem terra, aos pequenos produtores rurais.

E infestam a mesa do brasileiro de veneno como mostra um excelente documentário do notável Sílvio Tendler sobre agrotóxicos e coisas que tais. O veneno que comemos todos os dias produzido pelos compradores de deputados, senadores. juízes e que agora protestam contra a corrupção, biombo para disfarçar seus verdadeiros interesses.

Se fosse para valer não haveria um banqueiro solto. Estariam todos presos. Nem um grande empresário, ou latifundiário que até hoje se vale de trabalho escravo.

Por mais irônico que possa parecer, ou trágico, os que protestam contra a corrupção e tentam transformar a corrupção em único mal do Brasil são os que corrompem.  E a meia dúzia de inocentes a acreditar nesse tipo de marginal.

O institucional está falido. O modelo está corrompido por essa gente. O palco da luta é outro, é dos trabalhadores e é nas ruas contra a farsa de campanhas como essa.

São velhos gatunos tentando fazer ressurgir o golpismo que é parte da genética desse tipo de gente.

Deputados, senadores e juízes corruptos, governadores, são apenas figuras execráveis e compradas que carregam em seus balaios.

Trabalhador não corrompe ninguém. Professor, que é trabalhador, não corrompe ninguém.

Quem corrompe são banqueiros, grandes empresários e latifundiários.

É simples entender isso. A corrupção é parte inseparável do modelo político e econômico que temos.

Jogar por terra toda essa estrutura podre e construir um Brasil livre e soberano, sem essa gente, aí sim, essa é a luta real dos brasileiros.

Não há corrupto sem corruptor.

E por longo que fique, uma breve e real historinha. Nos idos de 2002 a GLOBO estava enfrentando sérias dificuldades de caixa. A GLOBOPAR estava levando o dinheiro da empresa. Tentaram 250 milhões de dólares junto a FHC e como o ex-presidente estivesse demorando muito a liberar o dinheiro, lançaram, inventaram, a candidatura Roseana Sarney à presidência. Chamaram o IBOPE e suas pesquisas prontas para atender o interesse do cliente, levaram Roseana às alturas e aí FHC chamou a turma na conversa.

O capital da GLOBOPAR era o seguinte – 90% da GLOBO, 5% do BNDES e 5% da MICROSOFT. Convocaram uma assembléia geral para aumento de capital de um jeito que esse aumento implicasse nos 250 milhões de dólares e aprovação da emenda constitucional que passava a permitir a presença de capital estrangeiro no setor de telecomunicações. A GLOBO não entrou com sua parte, lógico, estava inclusive ameaçada de falência, havia credores externos apertando os Marinhos, a MICROSOFT que já sabia da mutreta correu fora e o BNDES entrou com a sua parte, dinheiro dos brasileiros. O Congresso aprovou a emenda, o grupo MURDOCH comprou parte da GLOBOPAR. Na semana seguinte a Polícia Federal de FHC estourou o escritório do marido de Roseana achando um milhão de reais ilegais doados para a campanha. Tudo pronto, ficou acertado o apoio da rede a candidatura de Serra. O furo foi exclusivo da GLOBO.

E a GLOBO está na campanha contra a corrupção. Dá para entender os verdadeiros motivos desses bandidos?  

A luta é outra. É contra bandidos compradores e comprados. Se bobear essa gente revoga a Lei Áurea e amplia os limites da escravidão contra todos os trabalhadores. Na prática, vão fazendo isso nessa mistura de populismo com capitalismo e campanhas imorais e amorais como essa. Jogo de cena de bandidos para vender imagem de santos.