Mostrando postagens com marcador Petrobras. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Petrobras. Mostrar todas as postagens

quinta-feira, 23 de janeiro de 2014

Pobres e ricos no mundo do petróleo

19/01/2014 - Petróleo, Noruega e Reino Unido: o estatal milionário e o liberal sem tostão
- Fernando Brito - Tijolaço

Quarta-feira passada [15/1], cada norueguês se tornou um milionário – sem ter que levantar um dedinho sequer.

Eles devem isso ao seu litoral, e a uma enorme dose de bom senso.

Desde 1990, a Noruega foi fazendo seu caixa a partir do óleo e do gás do Mar do Norte, em um fundo para o futuro. (…)

Na semana passada, o saldo deste fundo atingiu um milhão de coroas para cada um dos 5 milhões de noruegueses, ou perto de US$ 163 mil (R$ 383 mil).

O texto acima é o início de uma reportagem do inglês The Guardian, publicada esta semana que, logo a seguir, pergunta porque os ingleses, que começaram a explorar o petróleo do Mar do Norte ao mesmo tempo que os noruegueses, no final dos anos 70, não têm praticamente nada acumulado pelos bilhões de barris que foram extraídos do leito marinho.

Para onde foi o dinheiro? “Virou corte de impostos para os ricos ou foi desaguado nas paredes das concessionárias de veículos ou dos agentes imobliários”, lamenta o Guardian.

O economista-chefe da PricewaterhouseCoopers, John Hawksworth [abaixo], admite que “não temos quaisquer novos hospitais ou estradas para mostrar: o investimento líquido do setor público caiu de 2,5% do PIB no início da era Thatcher a apenas 0,4% do PIB até 2000″.

E ele explica o destino do dinheiro: “A resposta lógica é que o dinheiro do petróleo permitiu baixar os impostos não petrolíferos”.

Claro que os sobre a renda e o capital.

Enquanto isso, a Noruega se tornou o maior PIB per capita entre os países da região, como você vê no gráfico. [abaixo]

À frente, inclusive dos “paraísos” da Dinamarca e da Suécia.


E muito à frente dos arrogantes ingleses.

O Fundo do Petróleo Norueguês é, hoje, o dono de 1% de todas as ações do mundo, em valor.

Equivale a 1,8 vezes o produto interno bruto do país.

Não que eles não gastem o dinheiro do petróleo. Gastam, inclusive o do fundo, mas apenas 4% ao ano, menos do que os rendimentos.

A riqueza veio da atividade exploratória, feita em regime de partilha e com uma empresa estatal fortalecida, a Statoil, que desenvolveu tecnologia e indústria no até então atrasado e pesqueiro país.

Hoje, a sua empresa busca petróleo em todo o mundo e o país exporta tecnologia.

Mas os noruegueses têm outra estatal: a Petoro, a Petrosal deles, que recolhe a parte estatal do petróleo e a transforma em dinheiro para o Fundo.

Trago esta história, sugerida pelo leitor Ernesto, para que os amigos e amigas fiquem atentos, quando começar a entrar os recursos do pré-sal, contra os discursos de que o dinheiro deve ser direcionado para “aquecer o mercado”, cortar impostos e distribuir perdulariamente aos municípios.

Ou que andaríamos muito mais rápido se o país permitisse mais liberdade às multinacionais, não exigindo participação da Petrobras, cotas de partilha e alto conteúdo nacional nos equipamentos exploratórios.

A obra dos “eficientes” neoliberais do petróleo do Mar do Norte está lá, bem marcada no gráfico sobre o PIB per capita do Reino Unido.

O modelo escolhido pelo Brasil para o pré-sal é o norueguês e também está lá onde ele levou o pais em quarenta anos.

O país que, mais que seu, é dos seus filhos e dos seus netos.

Fonte:
http://tijolaco.com.br/blog/?p=12771

Nota:
A inserção de algumas imagens adicionais, capturadas do Google Images, são de nossa responsabilidade, elas inexistem no texto original.

quinta-feira, 14 de novembro de 2013

Brasil, mais que o Oriente Médio

13/11/2013 - Brasil agregará mais petróleo ao mundo até 2025 do que o Oriente Médio
- Fernando Brito - Com Texto Livre

Quem quiser se iludir, que se iluda.

Pode ficar achando que a mídia está preocupada com a receita da Petrobras ao defender o aumento – necessário, aliás – dos preços dos combustíveis.

Ou que a turma do “vende-país” que se assanha para voltar, de carona com Aécio Neves [D] ou Eduardo Campos [foto-E] – tanto faz, como diz FHC – é que sabe fazer “leilão bão”.

Ou ainda que não insuflam os bem intencionados – mas ingênuos – que acham que se pode deixar o petróleo dormindo lá no pré-sal, esperando que o Divino Espírito Santo nos arranje o dinheiro para explorarmos sozinhos, com tudo o que isso envolve de centenas de bilhões de dólares de investimento.

Agora, quem quiser entender, de verdade, o que está por detrás dessa história, olhe o gráfico acima, divulgado ontem [12/11] pela Agência Internacional de Energia, em seu relatório anual.

A Agência é um órgão da OCDE [Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico] reúne os países desenvolvidos e alguns poucos em desenvolvimento, e o Brasil não é um deles.

Sim, é isso mesmo que você está vendo lá nos dados: o Brasil vai contribuir MAIS que o Oriente Médio no crescimento da produção de petróleo mundial até 2025. E o resto do mundo tem previsão de queda na produção.

Entendeu?

Vamos ser mais importantes para suprir o crescimento da demanda de petróleo do que a Arábia Saudita, do que o Iraque, do que o Irã, do que o Kuwait somados!

Será que você se recorda do quanto foi investido em guerra, armamento, sabotagem e intervenção nestes países nos últimos 30 anos?

Será que aqui não vale uns tostõezinhos para quem gastou tanto, em dólares e em vidas humanas, para garantir seu suprimento de petróleo?

A partir daí, meu preclaro amigo e minha arguta amiga, deixo por sua conta imaginar.

Só digo ainda duas coisas, apoiado neste segundo gráfico.

A primeira é de que previsão da AIE para o Brasil é modesta e conservadora, sobretudo no segundo período, de 2025 a 2035.

O potencial de nosso pré sal é maior que esse e nem está integralmente revelado.

A segunda é para tomar cuidado com a conversa de “fontes limpas” de energia que, embora seja correta e deva ser perseguida por todos os países – e são os ricos que mais resistem a essa obrigação – é usada, com frequência, com a mesma hipocrisia com que se fala da Amazônia, depois de terem devastado as florestas de seus próprios países.

Nossa matriz energética para a geração de energia elétrica é e será muito, mas muito menos, poluidora do que a do restante do mundo, sobretudo a dos países desenvolvidos, que são verdes só no quintal dos outros, depois de terem cimentado os seus.

A poluição é um fato econômico e, como todos os fatos econômicos tem um lado perdedor e um ganhador.

O perdedor somos toda a humanidade, mas o ganhador sabemos muito bem quais são.

Fonte:
http://contextolivre.blogspot.com.br/2013/11/brasil-agregara-mais-petroleo-ao-mundo.html

segunda-feira, 28 de outubro de 2013

As lições de Libra

25/10/2013 - Mauro Santayana em seu blog

(JB) - A mobilização de várias organizações, e a greve dos petroleiros, com a apresentação de dezenas de ações na justiça, não conseguiu impedir que o Leilão de Libra fosse realizado, com a vitória de duas estatais chinesas, duas multinacionais européias, e participação, em 40%, da Petrobras.

Obviamente, do ponto de vista do interesse nacional, o ideal seria que o negócio tivesse ficado totalmente com a Petrobras, ou melhor, com outra empresa, 100% estatal e brasileira (a PPSA não tem estrutura de produção  própria) que fosse encarregada de operar exclusivamente essas reservas.

Não podemos esquecer que a Petrobras – por obra e arte sabe-se muito bem de quem - não é mais uma empresa totalmente nacional.

Os manifestantes que enfrentaram a polícia, nas ruas do Rio de Janeiro, ontem, estavam – infelizmente - e muitos nem sabem disso, defendendo não a Petrobras do “petróleo é nosso”, mas uma empresa que pertence, em mais de 40%, a capitais privados nacionais e estrangeiros, que irão lucrar, e muito, com o petróleo de Libra nos próximos anos.

De qualquer forma, a lei de partilha, da forma como foi aprovada, praticamente impedia que a Petrobras ficasse com 100% do negócio.

Além disso, institucionalmente, a empresa tem sido sistematicamente sabotada, nos últimos anos, pelo lobby internacional do petróleo.

cometeram-se, no Brasil, diversos equívocos que a enfraqueceram empresarialmente, o mais grave deles, o incentivo dado à venda de automóveis, sem que se tivesse assegurado, primeiro, fontes alternativas – e, sobretudo nacionais – de combustível.

A questão geopolítica é, também, bastante delicada. O Brasil lançou-se, com determinação e talento, à pesquisa de petróleo na zona de projeção de nosso território no Atlântico Sul, antes 
de estar militarmente preparado para defendê-la.

O embate entre certos segmentos da reserva das Forças Armadas - principalmente aqueles que fazem lobby ou estão ligados a empresas de países ocidentais – e militares nacionalistas que propugnam que se busque tecnologia onde ela esteja disponível, como os BRICS, tem atrasado o efetivo rearme do país, que, embora necessário, deve ser conduzido com cautela, para não provocar nem atrair demasiadamente a  atenção de nossos adversários.

O mundo está mudando, e o Brasil com ele.
Seria ideal se pudéssemos simplesmente virar as costas para os países ocidentais - que sempre exploraram nossas riquezas e tudo fizeram para tolher nosso desenvolvimento - e nos integrarmos, de uma vez por todas, ao projeto BRICS, e a países como a China e a Índia, que estarão entre os maiores mercados do mundo nas próximas décadas.

Esse movimento de aproximação com os maiores países emergentes –  lógico e inevitável, do ponto de vista histórico – terá que ser feito, no entanto, de forma paulatina e ponderada. 

Parte da sociedade ainda acredita – por ingenuidade, interesse próprio ou falta de brio, mesmo – que para sermos prósperos e felizes basta integrarmo-nos e sujeitarmo-nos plenamente à Europa e aos Estados Unidos.

E que temos que abandonar toda veleidade de assumir um papel de importância no contexto geopolítico global, mesmo sendo a sexta maior economia e o quinto maior país do mundo em território e população.

É essa contradição e esse embate, que vivemos hoje, em vários aspectos da vida nacional, incluindo a defesa e a exploração de petróleo. É preciso explorar o petróleo do pré-sal e nos armar, para, se preciso for, defendê-lo.

Mas, nos dois casos, não podemos esperar para fazê-lo nas condições ideais.

O resultado do Leilão de Libra reflete, estrategicamente, essa contradição geopolítica. Mesmo que esse quadro não tenha sido ponderado para efeito da negociação, ele sugere que se buscou 
uma solução feita, na medida, para agradar a gregos e troianos. 

Sem deixar de mandar um recado aos norte-americanos.


Independente da questão de capital e de tecnologia – a da Petrobras é  superior à dos outros participantes do consórcio – poderíamos dizer que:
a) Os chineses entraram porque, como membros do BRICS, e parceiros antigos em outros projetos estratégicos, como o CBERS, não poderiam ficar de fora.
b) Os franceses foram contemplados porque são também parceiros estratégicos, no caso, na área bélica, por meio do PROSUB, na construção de nossos submarinos convencionais e atômico.
c) Os anglo-holandeses da Shell – mais os ingleses que os holandeses – entraram não só para reforçar a postura de que o Brasil não estava fechando as portas ao “ocidente”, mas também para tapar a boca de quem, no país e no exterior, dizia que o leilão estaria fadado ao fracasso devido à ausência de capital privado.

O lobby internacional do petróleo, no entanto, não descansa.


Antes e depois do resultado do leilão, já podia ser lido em dezenas de jornais, do Brasil e do exterior, que o modelo de 
partilha, do jeito que está, é insustentável e terá que ser mudado.

Apesar da declaração do Ministro de Minas e Energia de que o governo não pretende alterar nada – e da defesa dos resultados do leilão feita pela Presidente da República na televisão – já se 
fala na pele do urso e as favas se dão por contadas.

Os argumentos são de que não houve concorrência – interessante, será que o “mercado” pretendia que o governo ficasse com mais petróleo do que ficou? – que a Petrobras não tem escala para assumir os poços que serão licitados no futuro – uma “consultoria” estrangeira disse que a Petrobras já está com “as mãos cheias” com Libra, e as exigências de conteúdo local.

Isso tudo quer dizer o seguinte: a guerra pelo petróleo brasileiro não acaba com o leilão de Libra. Ela está apenas começando, e vai ficar cada vez pior.

Já que não podemos ter o ideal, fiquemos com o possível.

Os desafios para a Petrobras, daqui pra frente, serão tremendos, tanto do ponto de vista institucional, quanto do operacional, na formação e contratação de mão de obra, no gerenciamento de projetos, no endividamento, no conteúdo nacional.

É hora de cerrar fileiras em torno daquela que é – com todos os seus problemas - a nossa maior empresa de petróleo.

A sorte está lançada. A partir de agora, os adversários do Brasil, e da Petrobras, vão fazer de tudo para que ela se dê mal no pré-sal.

Fonte:
http://www.maurosantayana.com/2013/10/as-licoes-de-libra.html

sábado, 19 de outubro de 2013

Barrar a venda de Libra

18/10/2013 - Ex-Diretor da Petrobrás quer barrar a venda de Libra
- Brasil 247 - Edição 247 - Mauro Bellesa

O leilão do campo de Libra, marcado para a próxima segunda-feira, ganhou uma nova fonte de preocupação.

 Ontem [17] à noite, o jurista Fabio Konder Comparato (D) e o ex-diretor de energia da Petrobras, Ildo Sauer, entraram com uma ação popular pedindo uma liminar para suspender o leilão do campo que concentra as maiores reservas do pré-sal. "Nenhum país brinca com o petróleo como o Brasil está brincando", diz Sauer.

Professor da USP e um dos formuladores do programa de governo de Lula na área de energia, ainda em 2002, ele defende a tese de que as reservas permaneçam em controle da União e sejam exploradas pela Petrobras, quando isso atender ao chamado interesse nacional.

No leilão, previsto para segunda-feira, grupos chineses devem ser os mais fortes concorrentes.

"Enquanto os Estados Unidos pretendem difundir o "shale oil" e o "shale gas" para países da Ásia, Europa e América Latina e pressionam o México a abrir sua parte do Golfo do México, os presidentes Barack Obama e Dilma Rousseff concordaram em trabalhar juntos para desenvolver vastos recursos da plataforma brasileira no pré-sal", disse Sauer.

"A lógica microeconômica não pode prevalecer em petróleo, só ingênuos fazem isso", disse.

Fonte:
http://www.brasil247.com/pt/247/economia/118168/Ex-diretor-da-Petrobras-quer-barrar-venda-de-Libra.htm

quarta-feira, 16 de outubro de 2013

A chantagem na infraestrutura

Por Mauro Santayana, na Carta Maior

Nas últimas semanas, tem aumentado a pressão de diferentes setores, sobre o Estado, na questão da infraestrutura.

Aproveitando-se da necessidade do setor público viabilizar os diferentes programas de concessão de ferrovias, rodovias, portos, aeroportos, energia – no valor de 240 bilhões de dólares - para acelerar o crescimento da economia, todo mundo pressiona ou chantageia o governo.

Funcionários do DNIT – Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes - entraram em greve há dois meses, atrasando diversas licitações. Os empresários – nacionais e estrangeiros – buscam maximizar seus ganhos exigindo menores taxas de financiamento público, absoluto controle dos negócios e retorno de até 7,5%, em um mercado no qual, em alguns países, como Japão ou a Alemanha, o juro referencial do Banco Central está entre 0% e 0,5%.


E, finalmente, a grande mídia aperta alegremente os torniquetes, exagerando o que ela aponta como “fracassos”, e subestimando e desvalorizando eventuais acertos, como ocorreu com o seminário “Oportunidades em Infraestrutura no Brasil” realizado esta semana em Nova Iorque, pelo governo brasileiro.


O evento, ironizado por parte dos “analistas” de plantão, reuniu 350 fundos e investidores estrangeiros de grande porte, que controlam recursos da ordem de três trilhões de dólares.


Certa emissora de televisão reúne regularmente equipes de “especialistas” e jornalistas próprios e alheios, para desancar, quase todos os dias, a atuação do governo nesse contexto, torcendo, abertamente, para que os leilões de concessão não tenham sucesso, influenciando o resultado das eleições do ano que vem. 


Como já dizia James Carville, estrategista eleitoral de Bill Clinton na campanha contra o primeiro Bush, “é a economia, estúpido!”. Se a situação melhorar, crescem as chances de Dilma Roussef se reeleger. Mas os sucessivos entraves que vem sendo colocados às obras de infra-estrutura - greves, decisões judiciais, a hidrelétrica de Telles Pires paralisada pela terceira vez – e a sabotagem da mídia, não prejudicam apenas o atual governo. 


Como muitas são obras de longo prazo, elas afetam qualquer tendência, mesmo que de oposição, que venha a assumir o comando da Nação. E isso não apenas devido à persistência dos gargalos de infraestrutura, que prejudicam a competitividade nacional, mas também com relação às contas públicas. No final da história, depois de tantas paradas, há obras que duplicam o prazo de entrega e que triplicam de preço, e, aí, parcela da opinião pública – como a que se manifestou em junho - tende a acreditar que isso se deve à corrupção, e não vai querer saber se o culpado foi o governante que deu início à obra, ou aquele que a irá inaugurar.


Para resolver o problema, o estado precisa desmascarar alguns mitos - verdadeiros paradigmas - fabricados pela mídia, a ponto de gente do próprio governo neles acreditar. 


O principal é o de que a infra-estrutura só pode ser tocada pela iniciativa privada e com financiamento público majoritário do governo brasileiro, e que se não houver um retorno acima da média, os investidores irão debandar para outros países.


Se o Brasil não estivesse atraente para o investidor internacional, não seria o quarto destino do mundo em Investimento Estrangeiro Direto. No ano passado foram 65 bilhões de dólares, mais de cinco vezes o que recebeu, por exemplo, o México, que tem sido apresentado pelos mesmos setores da grande mídia como o novo queridinho dos mercados neste momento. 


Aportes como o do Santander, de 7,5 bilhões de dólares para investimento em infra-estrutura no Brasil, são quase simbólicos. Principalmente quando se considera que, apenas nesta semana, o banco de Emilio Botin anunciou o envio de dois bilhões de euros - faturados no mercado brasileiro - como “benefícios extraordinários” para seus investidores na Espanha. 


O leilão de Libra, mesmo que equivocado - o melhor seria entregar 100% do projeto à Petrobras – pode mostrar que nos países emergentes existem parceiros estatais e com capital suficiente para cooperar na implantação de qualquer grande projeto brasileiro. E isso, mesmo sem a presença de grandes corporações norte-americanas. 


O valor total do programa de investimentos em infra-estrutura do governo, por exemplo, não chega a 8% do que a China possui hoje, em reservas internacionais. 


Como exemplo de como atuam nessa área, os chineses pretendem construir, apenas no setor rodoviário, 88.500 quilômetros de rodovias até 2020, mais do que a distância total do sistema interestadual dos EUA, que, em 2004, tinha aproximadamente 74.650 quilômetros, segundo a Federal Highway Administration.


Para enfrentar a chantagem na área de infra-estrutura, o estado brasileiro precisa sair da dependência institucional da iniciativa privada. A retomada de grandes obras públicas, com a parceria entre estatais brasileiras e de países emergentes - que contam com recursos e know-how avançado no setor - pode provar, definitivamente, que existem alternativas para promover o crescimento e destravar o progresso da infra-estrutura em nosso país.

domingo, 26 de fevereiro de 2012

Acidente na Argentina reabre debate sobre privatizações no sistema ferroviário.

24/02/2012 - Monica Yanakiew - Agência Brasil - Opera Mundi


Buenos Aires 
Empresas são acusadas de não terem investido o suficiente em infraestrutura e manutenção

O acidente de trem no centro de Buenos Aires, que matou 50 pessoas e deixou mais de 700 feridas na quarta-feira (22/02), reabriu o debate sobre as privatizações do sistema ferroviário, feitas na década de 1990 pelo então presidente Carlos Menem. Políticos da oposição, sindicalistas e especialistas do Instituto Argentino de Ferrovias, ouvidos pela Agência Brasil, acusam as empresas que obtiveram concessões do Estado de não terem investido o suficiente em infraestrutura e manutenção. Responsabilizam também os sucessivos governos por terem mantido os contratos que favorecem as empresas privadas com subsídios, sem obrigá-las a investir ou a fazer os consertos necessários.

É um problema que denunciamos há décadas. Em 2004, os inspetores da Comissão Nacional de Regulamentação de Transporte determinaram que, de cada dez veículos, só um podia circular. Mas, essa situação não melhorou desde então”, disse o líder sindical Elido Veschi. “As empresas concessionárias não cuidam sequer da manutenção. Existem penalidades se não fizerem os consertos, mas recorrem à Justiça e dilatam os tempos”.

Segundo Pablo Martorelli, presidente do Instituto Argentino de Ferrovias, existem dois regimes de concessão - um para trens de transporte de passageiros, que dão perdas, recebem subsídios do Estado (em média, dez pesos argentinos por passageiro) e só precisam cuidar da manutenção. O outro regime, para trens de carga, obriga as empresas a investirem parte de seus lucros em infraestrutura. Atualmente, duas empresas brasileiras têm concessões para operar trens de carga na Argentina: a América Latina Logística e a Camargo Correia.

De acordo com Martorelli, o Estado não fez grandes investimentos no setor desde a década de 1990. Em 2004, o então presidente Néstor Kirchner (marido da presidenta Cristina Kirchner) rescindiu três contratos com empresas particulares e implementou um plano para recuperar as linhas. Mas a maioria dos trens continua nas mãos de empresas privadas.

O acidente de quarta-feira, um dos piores em 40 anos, ocorreu na linha de trem Sarmiento, operada pela empresa TBA, que pertence ao mesmo grupo empresarial que tem ações no metrô do Rio de Janeiro. Tanto a empresa quanto o governo abriram investigações para descobrir por qual motivo o trem – que vinha reduzindo a velocidade a um ritmo normal - parou de frear faltando 40 metros para chegar à estação. Acabou batendo, a 26 quilômetros por hora, na barreira da plataforma de uma das estações mais movimentadas, bem no horário de pico em Buenos Aires.

O anúncio da abertura de inquérito por parte do governo não acalmou os ânimos dos parentes das vítimas. Os políticos da oposição criticaram a presidenta Cristina Kirchner por não mudar um sistema que está falhando. O deputado Jorge Cardelli, do Partido Proyecto Sul, é um especialista no assunto. O fundador do partido e o cineasta Fernando Pino Solanas fez do sistema ferroviário argentino sua bandeira e até produziu um longa-metragem, mostrando como a privatização levou ao sucateamento de linhas que atendiam à população do interior e que foram desativadas por serem consideradas pouco rentáveis.

O sistema ferroviário argentino foi construído pelos ingleses, nacionalizado nos anos 1940 e privatizado nos anos 1990. Na época, a desculpa era que custava muito manter 80 mil empregados e que o governo precisava de uma injeção de capital privado para garantir o funcionamento dos trens. Mas isso não aconteceu. O governo continua subsidiando e o serviço piorou”, diz Cardelli. “Hoje existem 16 mil empregados, o sistema de sinalização é o mesmo dos anos 1920 e os vagões têm 40 anos. Mesmo que as empresas não sejam obrigadas a investir em infraestrutura, são responsáveis pela manutenção. Como podem achar que é seguro transportar passageiros nessas condições”? - indagou o parlamentar.

Mal foi reeleita, em dezembro passado, a presidente Cristina Kirchner começou a rever os subsídios que o governo concedia para manter os preços baixos da luz, do gás e do transporte público em ônibus. Por enquanto, os trens continuam sendo subsidiados. O problema é que se rescindir os contratos com as empresas privadas, o Estado terá de arcar com todos os gastos do sistema ferroviário. Mas em ano de crise internacional, a palavra de ordem é apertar o cinto.

O governo já questiona as empresas que exploram e comercializam petróleo e gás na Argentina, desde a privatização da Yacimentos Petroliferos Estatales (YPF). São cinco, entre elas a Petrobras, mas o alvo de todas as críticas é a espanhola Repsol. Por falta de investimentos, a Argentina passou de exportador de energia a importador.

sábado, 18 de junho de 2011

"HAPPY BIRTH DAY MISTER PRESIDENT" - CADÊ "HERANÇA MALDITA" QUE ESTAVA AQUI? A DILMA COMEU



Laerte Braga


No momento em que o governo Dilma Roussef começa a privatizar a frota nacional de petroleiros através da empresa SETE BRASIL (noventa por cento do controle acionário ficam com o BRADESCO e o SANTANDER – cliente da consultoria de Palocci) morre em Belo Horizonte o professor Washington Peluso Albino de Souza, talvez o último dos brasileiros, 94 anos de idade, dentre os participantes da luta “O PETRÓLEO É NOSSO”.

Um dos maiores vultos do nosso Direito o professor foi o responsável pela famosa tese mineira do petróleo. Foi também um dos últimos grandes pensadores do Direito e não se alinhava com o entreguismo udenista que fazia coro, àquela época, a entrega do petróleo a empresas estrangeiras.

Que Dilma Roussef tenha telefonado a Fernando Henrique Cardoso para cumprimentá-lo pelo aniversário, nada demais. Um gesto de educação e pronto.

Que Dilma Roussef tenha dito que FHC foi o responsável pela “estabilidade econômica” no Brasil, isso é de envergonhar.

Em 1978 FHC foi candidato a uma vaga no Senado por São Paulo numa sublegenda do antigo MDB. Eram uma vaga em disputa, renovação de um terço da Casa e Franco Montoro, à época também do MDB foi o eleito. Segundo colocado em seu partido, como determinava a lei FHC virou suplente de senador.

Em 1982 Franco Montoro foi eleito governador do estado e FHC assumiu sua vaga no Senado, restavam quatro anos a serem cumpridos do mandato original. Foi reeleito em 1986. Aí eram duas as vagas em disputa,  conseguiu a segunda na esteira da extraordinária votação conferida a Mário Covas, já PMDB, algo em torno ou superior a sete milhões de votos.

O projeto FHC começa anos atrás quando o ex-presidente estava exilado no Chile e era custeado pela Mercedes Benz e outras empresas interessadas em negócios na América Latina. A amoralidade de FHC o tornava um quadro perfeito para os interesses dessas empresas. O permanecer como um político de esquerda também, já que os temores das elites econômicas internacionais eram a de eleição de Leonel Brizola para a presidência do Brasil num eventual pleito direto, no retorno à democracia, algo que só iria acontecer em 1989 – a primeira eleição direta desde 1960 – quando Jânio Quadros venceu o marechal Teixeira Lott. Era conveniente o que chamavam de contra ponto de bom senso à esquerda. Mais ou menos esquerda comprável, dócil.

No auge da crise que acabou no impedimento do ex-presidente Collor de Mello essas forças políticas e econômicas, na tentativa de salvar o caçador de marajás, tentaram fazer de FHC ministro plenipotenciário do governo, o próprio Collor, no desespero de não perder o cargo, referiu-se à nomeação como “uma espécie de primeiro-ministro”, mas Covas e outras lideranças tucanas vetaram. FHC nunca perdoou Covas por isso.

Foi Itamar Franco – vice de Collor – quem tirou Fernando Henrique do ostracismo político. Havia feito várias declarações que não tentaria a reeleição para o Senado, não teria como consegui-la (não havia mais puxadores de votos como Montoro e Covas para carregá-lo) e disputaria uma vaga na Câmara dos Deputados.

Primeiro Itamar colocou-o no Ministério das Relações Exteriores e na primeira fraude do então ministro da Fazenda Elizeu Resende, o que delineava uma crise política que poderia ganhar peso e importância maiores, levou FHC para o Ministério da Fazenda. Pedro Malan era o homem de Washington e então presidente do Banco Central.

Um processo semelhante acontecia na Argentina e o eleito pelo chamado Consenso de Washington – a verdade única – era Carlos Menem.

Um alvo direto, os dois maiores países latino-americanos sob o tacão do neoliberalismo.

Nomeado ministro da Fazenda FHC na prática assumiu a condução dos principais negócios do governo e como ele próprio disse aos autores do Plano Real sobre Itamar aceitá-lo ou não, “deixa o Itamar comigo que eu o convenço”.

Itamar até hoje pensa que foi presidente de fato.

O Plano Real ressuscitou FHC, transformou-o em candidato a presidente da República, num acordo com o ex-presidente Itamar Franco. “Agora você, daqui a quatro anos eu de volta”. É célebre a gafe do ex-ministro Ruben Ricúpero ao afirmar na tevê – não sabia que estava no ar -, que o Plano, entre outras coisas, estava sendo usado para vender a candidatura de FHC.

A reeleição foi um golpe de estado branco. Sérgio Motta, ministro das Comunicações e sócio em alguns negócios do presidente, conduziu a compra de deputados, senadores, a concordância da mídia e tratou de afastar os obstáculos a um novo mandato para FHC (o mesmo na Argentina para Menem).

Há um inquérito sobre compra de votos na Procuradoria Geral da República em torno do processo de votação da emenda constitucional que permitiu a reeleição de FHC que está parado até hoje. A compra foi escancarada e muitas vezes em dinheiro vivo está provada nesse inquérito. Só não foi à frente.

Em 1998, ano da reeleição, FHC precisava do apoio do PMDB para derrotar Lula (Brizola foi o candidato a vice na chapa do petista) e Itamar Franco estava disposto a disputar a indicação, como disputou, dentro do seu partido, então PMDB. Feitas as contas a candidatura Itamar de saída levava a eleição para o segundo turno e tornava a vitória de FHC – objetivo do golpe branco – uma incógnita. Tanto poderia disputar um segundo turno com o próprio Itamar, ou com Lula e sem certeza de vitória. Era preciso ter essa certeza.

Houve de tudo na convenção do PMDB para barrar a candidatura Itamar. Ulisses já não mais comandava o partido, morrera e o que era um bloco monolítico em torno daquele notável homem público, havia virado um conglomerado que tanto tinha figuras íntegras como bandidos assim do porte de Íris Resende, antigo donatário da capitania de Goiás e principal articulador da derrubada da candidatura Itamar. Virou ministro de FHC depois.

Íris chegou a contratar – o fato foi noticiado amplamente à época – professores de uma academia de jiu jiutsi em Goiânia e Brasília, para intimidar delegados, coagir delegados e garantir o apoio da quadrilha a FHC.

Conseguiu. FHC foi reeleito com menos de um terço dos votos de todo o eleitorado brasileiro.

O processo de venda do Brasil prosseguiria com velas desfraldadas e a todo vapor.

Naquele momento tornavam-se necessários alguns ajustes do primeiro mandato e todos de caráter impopular, mas a essa altura do campeonato a posse da chave do cofre, da caneta que nomeia, demite, transfere e vende (o que vale dizer, recebe também) estavam asseguradas.

Há um aspecto interessante nesse processo. FHC era presidente até um determinado ponto. A autoridade real era do ministro da Fazenda Pedro Malan, homem de Washington designado para evitar besteiras e assegurar toda a sorte de bandalheiras do governo tucano.

Um exemplo? No primeiro Ministério José Serra – então senador – fora designado ministro do Planejamento. Unha e carne com FHC cometeu o erro de avaliação mais simples em todo o esquema. Entrou em choque com Malan achando que venceria a disputa. Voltou para o Senado.

No período que se seguiu a reeleição o ministro das Comunicações Mendonça de Barros – que havia recolhido fundos para a campanha junto a empresas que receberam de presente via BNDES estatais como a VALE e outras – foi à Espanha a convite da Telefônica Espanhola com despesas pagas e todas as regalias possíveis, na busca de novos negócios para aquela empresa.

Chega ao Brasil, pega o governo em meio a uma crise, a desvalorização do real, bate de frente com Malan, fica esperando a queda do ministro da Fazenda e termina demitido, pois Malan vaza todas as informações envolvendo Mendonça de Barros em episódios de corrupção.

A força de Malan era maior que a de FHC.

E assim foram os oito anos de FHC. O escândalo do SIVAM (que gerou uma chantagem em que o presidente pagou para ficar livre garantindo o Superintendente da Polícia Federal por quatro anos), as propinas no curso das privatizações, a compra constante e permanente de deputados e senadores dispostos a vender seus votos no Congresso Nacional, um amontoado de barbáries que levou-o a tornar-se num dos mais impopulares dentre os presidentes nos últimos tempos – tal e qual Collor e Sarney – fato visível na posse de Lula em primeiro de janeiro de 2003, quando FHC pede ao novo presidente que o permita sair pela porta dos fundos ao invés de descerem juntos a rampa do Planalto, sabedor das vaias que receberia como um político rejeitado e desprezado pelos brasileiros.

Crápula lato senso. Só não está na cadeia porque “isto aqui é Brasil”.

Em meio a tudo isso há uma imensidão de fatos, detalhes que revelam o que foi o período FHC. Um deles é a personalidade do ex-presidente. Se acredita enviado divino, oráculo supremo de tudo e todos e isso muitas vezes levou-o a dizer besteiras, como agora, quando diz que Lula deve ter um problema psicológico em relação a ele.

Escondeu um filho de forma perversa – fora do casamento – (todos os outros políticos que viveram situações semelhantes, até o poderoso ACM tiveram situações semelhantes reveladas publicamente pela mídia, FHC não, pagava mais e o que a mídia queria), enfim, um período a servir de exemplo de como um país não pode e não deve ser governado e como figuras assim não podem e não devem ser presidentes.

Ao assumir o governo Lula através de vários ministros falou em “herança maldita”, um país falido, conduzido segundo os interesses e determinações do FMI, do Banco Mundial e todas as quadrilhas financeiras que operam e controlam os principais negócios do mundo (agora vão controlar a frota petroleira do Brasil). Ou seguia os rumos pré-traçados pelo neoliberalismo ou iríamos viver a mesma situação caótica que viveu a Argentina pós Menem. Um presidente a cada três dias depois da renúncia de De la Rúa. 

Em torno dessa herança maldita muitas concessões foram feitas, um preço alto foi pago pelos brasileiros até que se tivesse o mínimo de avanços – políticas sociais principalmente – e na própria economia, sem contar as armações tucanas e da mídia nos oito anos Lula.

Mas sem mudanças significativas, estruturais, decisivas para o futuro do País.

Vai daí que vem Dilma Roussef, produto de Lula, ministra do governo Lula nos dois mandatos e proclama que FHC foi o responsável pela “estabilidade econômica do Brasil”.

E aí? Cadê a “herança maldita” que estava aqui? Dilma comeu.

Há um processo gradual de transformação do PT em partido social democrata, empurrando o PSDB mais ainda para a direita e um modelo de “capitalismo a brasileira” definido pelo secretário geral do PCB Ivan Pinheiro.

Não leram Barbosa Lima Sobrinho na obra que escreveu sobre o milagre japonês.

E há uma burocratização corrupta das cúpulas petistas – caso agora de Palocci –. Isso não faz do PT um partido em estado terminal como força de esquerda, como partido das lutas populares, afinal existe a militância, mas começa a produzir uma lenta agonia que vai levá-lo a essa situação.

Tornou-se o centro da verdade absoluta. Não aceita críticas e rotula os críticos de outros setores de esquerda como “estão fazendo o jogo da direita”. Querem submissão plena e absoluta aos negócios SANTANDER/PALOCCI e dane-se a PETROBRAS.

Dane-se o Brasil.

As manifestações que começam a ocorrer em todos os pontos do País e protagonizadas por várias categorias de trabalhadores não têm cor partidária – por mais que esse ou aquele partido ache que esteja conduzindo essa luta –, pela simples razão que o modelo político e partidário no Brasil está falido. Ou para lembrar Trotsky (não sou trotskista e nunca fui) “o povo está à frente dos dirigentes”.

O institucional como um todo está corroído pelo cupim do neoliberalismo. A corrupção é conseqüência. É intrínseca ao modelo, parte indispensável.

E nem o PT se entende mais. O ex-presidente Lula disse na noite de sexta-feira em Brasília, num evento, que a Internet é um meio revolucionário de comunicação e democrático, fundamental, deve ser popularizado, mas Paulo Bernardo, ministro das empresas de Comunicações, no mesmo dia e no mesmo lugar, disse que se a Internet for popularizada a 35 reais vai haver congestionamento. Ou seja. Lula fala para um lado, Paulo Bernardo fala para outro, as teles vão lucrar com esse negócio da banda larga e o PT bate palmas.

Não se trata de ser livre agora, mas amanhã. Trata-se de perceber a teia desse arremedo de capitalismo chinês que está se montando no Brasil e que na China se sustenta em trabalho escravo, salários de fome, milhões abaixo da linha da pobreza, enquanto partido e elites econômicas, além de forças armadas lógico, vivem os privilégios do tal milagre.

E a reforma agrária? O agronegócio comeu. E a reforma tributária e fiscal? Os ricos não permitem, pois querem que os pobres continuem a pagar os impostos.

E a integração latino-americana? O ministro Anthony Patriot acha que tem que ser pragmático. Pragmatismo é mais ou menos o velho ou dá ou desce. Como a distância a ser caminhada é muito longa, é noite, está escuro...

E muita coisa mais.

Criticar Dilma não significa criticar a primeira presidente mulher. Significa criticar uma presidente que não disse a que veio e quando esboçou falar se enrolou na terceira palavra, além de estar cercada de figuras da pior espécie na política brasileira.

Por que não o povo? Criar canais e mecanismos de participação popular?

A História não deixa nunca de cobrar o seu preço. Vai ter que ser pago.

Não estranhem se José Serra sai por aí dizendo que Dilma está vendendo o Brasil.

Essas cobras são venenosas, imunes a qualquer soro antiofídico e já perceberam que a presidente adora pegar o telefone e dizer “happy birth day mister president”, como Marilyn Monroe disse para Kennedy.

O caso Dilma começa a me trazer à lembrança a frase de Caio Júlio César ao ser assassinado – “até tu Brutus?”

        

sexta-feira, 17 de junho de 2011

O CONTROLE DA INFORMAÇÃO



Laerte Braga


As diversas manifestações estudantis em vários pontos do Brasil, basicamente em protesto contra aumento de tarifas de transportes coletivos urbanos, começam a ganhar um vulto maior e atrair lideranças sindicais e os cidadãos comuns.

Num dado momento dessa reta houve e está acontecendo a intercessão do perceber a necessidade de acordar, levantar, sacudir a poeira da verdade única e ir às ruas mostrar o desejo de uma sociedade diferente da que temos, calcada na verdade única e absoluta do capitalismo.

A mídia exerce papel preponderante nesse processo. No Brasil, como de resto em muitos países, a chamada mídia privada (redes nacionais de rádio e tevê, jornais e revistas) é propriedade de algumas famílias, pouco mais de oito, literalmente a palavra família nesse caso tem o sentido mafioso.

A importância do controle da informação antiga. À época da guerra fria os dois lados faziam uso de potentes emissoras de rádio para veicular suas verdades, ou os fatos segundo seus interesses.

O mundo como é hoje, sob a tutela de uma única potência assentada em milhares de ogivas nucleares e com caráter terrorista, faz com que a informação seja decisiva noutra ponta do processo. O de desinformar e alienar o que levou um apresentador do principal telejornal brasileiro (o de maior audiência) a rotular o telespectador de idiota, comparando-o ao personagem Homer Simpson de uma famosa série de tevê nos EUA.

A rede mundial de computadores é uma realidade que neste momento coloca os donos do mundo (e da informação) em alerta. Acendeu a luz laranja, em alguns momentos a luz vermelha.

A necessidade de domar esse instrumento de liberdade está manifesta na farsa montada contra Julian Assange, fundador do site WIKIELEAKS, que trouxe a público documentos secretos do governo de Washington e revelou toda a barbárie, todo o cinismo que se esconde por trás da tal democracia exportada pelo complexo terroristas EUA/ISRAEL TERRORISMO S/A para o resto do mundo.

Toda a teia intrincada de manobras, assassinatos seletivos, mentiras para justificar guerras, tortura, enfim, o que se possa imaginar em termos de boçalidade e principalmente objetivo final de controle absoluto de todo o mundo. O governo mundial submetido a verdade única (criada por eles, vendida por eles), bem mais cruel que o que se leu e se viu em O ADMIRÁVEL MUNDO NOVO de Aldous Huxley, ou em 1984, de George Orwell.

O grande irmão é uma realidade.

Na prática, regredimos à Idade Média e já é possível encontrar filmes produzidos em Hollywood (meca do capitalismo/sionista), uma perspectiva de mundo destroçado, mas repleto de tecnologias de destruição (MAD MAX, lançado em 1979 na Austrália, dirigido por George Miller e que acabou conferindo a Mel Gibson o status de estrela do mundo do cinema).

Num futuro não tão distante do que temos hoje, num quadro apocalíptico, num deserto, gangues de motociclistas lutam pelo poder e aterrorizam as populações por um pouco de gasolina.

Qualquer semelhança com a ação dos EUA no Oriente Médio não é mera coincidência. O país sumiu, dissolveu-se, hoje é um complexo antevisto pelo general e ex-presidente Dwight Eisenhower (complexo industrial e militar), controlado por empresas petrolíferas, indústria de armas e setor financeiro. O próprio cidadão norte-americano perdeu sentido nesse processo, à medida que o ATO PATRIOTICO, base do terrorismo de Estado, permite o assassinato sem julgamento daqueles suspeitos de atos anti-EUA.

Esse terror se espalha pelo mundo inteiro e neste momento dissolve a Grécia, a Irlanda, a Espanha, como o fez com a antiga Grã Bretanha (hoje Micro-Bretanha), começa a chegar a Portugal e certamente vai chegar ao Brasil. Os últimos dados da política externa dos EUA mostram a secretária de Estado Hilary Clinton, uma das operadoras do terror, jantando com ex-presidente sul-americanos, dentre eles FHC, discípulos dessa seita doentia e insana, acima de tudo amoral.

Julian Assange está em prisão domiciliar na Inglaterra acusado de crimes sexuais, farsa montada pelo governo norte-americano através da colônia européia chamada Suécia, à espera de ser extraditado ou não e em seguida entregue a Washington, onde, é óbvio, vai sumir num campo de concentração Guantánamo ou qualquer outro.

A OTAN – ORGANIZAÇÃO DO TRATADO ATLÂNTICO NORTE –, principal braço terrorista do complexo na Europa, está alarmada com a presença de hackers identificados como ANONIMOUS, que invadiram seus computadores, seus sistemas de defesa e mostraram ao mundo que o ataque cruel e covarde à Líbia tem objetivos bem diversos daqueles veiculados pela GLOBO no Brasil, ou qualquer outra similar, o enorme braço midiático do terrorismo.

Jovens em todas as partes começam a se levantar à revelia de partidos carcomidos pelo poder de suas cúpulas podres (vale para o PT no Brasil) e a ir às ruas a partir de intensas mobilizações em redes sociais na Internet, sem uma definição precisa do que querem, muitas questões pontuais, mas acima de tudo um grito sobre o que não querem.

O modelo capitalista vigente, escravagista e que transforma o ser humano em robô, em peça de uma engrenagem perversa e montada em colunas imensas de hipocrisia.

Uma pesquisa recente revela que a maioria dos jovens não enxerga nos partidos a opção por mudanças e têm a Internet como “ferramenta política”.   

A pesquisa foi realizada pela AGÊNCIA BOX 1824 e o Instituto Data Folha (ligado à FOLHA DE SÃO PAULO, um dos principais instrumentos da ditadura militar no Brasil, inclusive cúmplice de assassinato de presos políticos e hoje, porta-voz do braço partidário dos EUA, o PSDB).

Não há isenção no dado em si, ou boa informação na sua divulgação. Os resultados servem para orientar a necessidade – que é mundial do terrorismo de EUA/ISRAEL TERRORISMO S/A – de buscar caminhos para cercear a liberdade absoluta da rede mundial de computadores e ao mesmo tempo retomar o controle sobre a juventude.

Mais ou menos como em LARANJA MECÂNICA, livro do escritor inglês Anthony Burgess, que o notável diretor Stanley Kubrick transformou em um filme extraordinário e revelador do caráter opressor e doentio das elites políticas e econômicas inspiradas pelo poder divino do qual se revestem em sua hipocrisia santa.

Os dados revelados pela pesquisa são expressivos para uma análise simples.

Vamos voltar ao Espírito Santo e as manifestações estudantis. No estado não existe propriamente um governador, mas um capataz de empresas. O dinheiro público sustenta – estamos falando de informação – uma das muitas redes regionais de comunicação onde a venalidade é a regra geral, o item principal da razão de ser, falo da REDE GAZETA. Tevê (retransmite a GLOBO), rádio e jornal.

Noticiar as manifestações tudo bem, é um fato jornalístico. Definir as manifestações é outra história. É justificar o dinheiro público que sustenta a empresa (se sair esse dinheiro quebra). Dentro dessa lógica os protestos são noticiados, os manifestantes transformados em “baderneiros” e a Polícia Militar (organização terrorista escorada no tal mundo institucional) é sempre “obrigada” a intervir com “vigor”, para evitar “danos ao “patrimônio público” (esse patrimônio é usado por eles donos, para eles, serve a eles, mas é pago pelo cidadão comum).

À época da ditadura militar um dos instrumentos usados na resistência era repassar a barbárie do regime de terror à imprensa estrangeira para que repercutisse no País e poucos brasileiros pudessem tomar conhecimento do que de fato acontecia, tendo em vista a censura e a submissão de jornais, rádios e tevês como a GLOBO, a FOLHA DE SÃO PAULO, etc. Mas era e foi essencial para desmascarar a farsa democrática decidida em Washington.

Quando acontece, por exemplo, um crime como o que vitimou o ambientalista Chico Mendes, líder dos seringueiros na Amazônia e personagem mundial por sua luta, é como se um pouco de água tivesse feito transbordar o copo e aí não tem jeito. A notícia é dada, o fato é revelado e os responsáveis pelo crime demonizados, mas permanecem impunes, como garantidos permanecem os seus negócios, na exata medida que o assunto fica logo esquecido, ao contrário do caso Nardoni, onde a exacerbação do crime – que não tem motivos políticos e nem causa danos ao modelo, o que é fundamental para eles – se torna fator de alienação. De comoção nacional.

Qualquer mulher melancia, ou mulher laje mostrando seus atributos ao mercado será sempre bem vinda, ao contrário de protestos contra governos e empresas que controlam a mídia e fazem da mídia braço do controle que exercem sobre o País, no caso o Brasil.

A tevê RECORDE iniciou no último domingo uma série de reportagens sobre irregularidades cometidas por Ricardo Teixeira, presidente da CBF – CONFEDERAÇÃO BRASILEIRA DE FUTEBOL –. Ano passado a justiça decidiu contra a GLOBO sobre o direito de transmissão dos jogos do campeonato brasileiro e a RECORDE, como outras, entrou na briga junto aos clubes e a CBF para ficar com esse filé mignon do futebol – milhões de reais e índices elevados de audiência –,

Na briga das máfias da comunicação a GLOBO levou vantagem. Fez ofertas melhores que a RECORDE, que a REDE TEVÊ, manteve a exclusividade de transmissão de jogos do campeonato brasileiro. Briga de máfias.

Neste momento Ricardo Teixeira passa a não prestar para a RECORDE. Fosse o contrário, não prestaria para a GLOBO. No duro mesmo não presta para nada. Não há coragem alguma e nem compromisso com a informação séria nas denúncias contra o presidente da CBF. Há interesses e pseudo-jornalismo livre, independente.

A RECORDE pertence a um grupo de mafiosos liderados por Edir Macedo, com projetos políticos para o Brasil e ligado a estranhas operações da CIA e da MOSSAD em países do Oriente Médio. Tenta implantar seus templos/lojas de dízimo para ludibriar incautos cidadãos, na mesma forma que, neste momento, tenta mostrar jornalismo independente, tudo com objetivo político e ganhos, evidente.

Num dos programas da RECORDE, dentro de um planejamento estratégico, tático, uma cidade mineira foi alvo de reportagem sobre o terror dos bailes funks (droga, brigas de gangues, sexo em via pública, toda essa “cultura” vendida pela comunicação, vendida e combatida, uma ponta e outra).

Na semana seguinte o jornal O GLOBO circulou com um caderno especial sobre a dita cidade, acordo entre a Prefeitura – que é tucana, mas poderia ser petista, ou DEMocrata, é um clube de amigos e inimigos cordiais- e a empresa, publicidade arrecadada entre empresários muitos deles distantes dos objetivos do tal caderno e verba pública para custear o grosso do negócio.

A denúncia feita pela RECORDE é correta, até porque o jornalista que a fez é sério, ao contrário do caso Ricardo Teixeira. Mas o jogo dos grandes grupos não, e está presente em cada momento da comunicação no Brasil.

A expressão progressista encobre uma artimanha da falta de coragem de assumir o viés de luta popular. Falo agora de Internet. Antônio Ermírio de Moraes que devasta florestas Brasil afora e planta milhões de pés de eucaliptos para manter seus negócios, poderia se auto rotular progressista. Por que não? Na cabeça dele ele leva progresso onde chega. Como o cavalo de Átila. A grama não medra, mas é progresso, no entendimento deles e nas loas tecidas pela mídia.

Há um outdoor célebre quando da implantação da ARACRUZ no Espírito Santo, em que a agência de publicidade colocou o seguinte – “A ARACRUZ TRAZ O PROGRESSO, A FUNAI TRAZ OS ÍNDIOS”.

Ora a empresa e Ermírio de Moraes tomou, saqueou, roubou propriedade dos índios que estão lá desde a descoberta do Brasil. No afã de enganar o cidadão comum com essa conversa de progresso (dele e dos seus evidente), cunhou essa “preciosidade” preconceituosa e criminosa.

O ministro das Comunicações Paulo Bernardo vai dizer a “progressistas” que entregar a banda larga às grandes empresas de comunicação é um excelente negócio, vai levar Internet a todos os brasileiros e propiciar “democracia” nas comunicações. Progressistas vão bater palmas e achar que é assim.

Mas é o contrário. O custo da banda larga “democrática” que o ministro das empresas vai vender é pelo menos três vezes maior que a banda larga administrada pelo Governo ou pela comunidade.

Mas progressistas vão bater palmas.

O governo Dilma Roussef até agora é uma sucessão de equívocos, de biruta desgovernada, de direção contrária aos compromissos assumidos em campanha, mas chapas brancas vão estremecer de emoção à vista do ex-ministro José Dirceu, uma espécie de Cauby Peixoto da política (as fãs tentam agarrar, arrancar pedaços da roupa, etc, etc).

Mas e daí? É o que temos, o que escolhemos no segundo turno (votei em Ivan Pinheiro e depois em Dilma por exclusão).

Só que a presidente está prestes a transformar a PETROBRAS em única empresa petrolífera do mundo a não dispor de uma frota de petroleiros própria. Vai privatizar o esquema.

Os progressistas vão dizer que a decisão é fundamental para avançar mais à frente noutros pontos. Que pontos? Ajoelhar quando os colonizadores instalarem suas bases/negócios?
O tal Programa de Modernização e Expansão da Frota da Petrobras (PROMEF) está repassando a uma empresa chamada SETE BRASIL, a responsabilidade pela construção de 49 navios contratados pelo programa.

A PETROBRAS tem dez por cento da empresa SETE BRASIL, junto com a PREVI, PETROS, FUNCEF E VALIA e os bancos BRADESCO E SANTANDER os restantes noventa por cento. São os donos da frota petrolífera da empresa estatal. Está privatizada no acordo.

O governo é de Dilma, eleita por Lula, prometeu o contrário, não tem nada de progressista.

Essa empresa vai ser responsável pela construção futura de sondas para exploração do pré-sal. O dinheiro sai do cidadão via BNDES, os bancos lucram e o Brasil fica a ver os navios da privatização.

Progressismo?

O governo pagou a revitalização dos estaleiros existentes, a construção do estaleiro Atlântico Sul, mas os juros e os prazos para a SETE BRASIL são menores e subsidiados com prazos maiores, além das tarifas pagas a PETROBRAS menores que as de mercado, digamos assim, o custo dos afretamentos maiores (para a PETROBRAS que vai pagar por seus próprio navios), para “remunerar o capital desta nova empresa formada por banqueiros”. 

Quem pode dizer que isso não é ser progressista?

É outra tentativa de controle da informação principalmente na Internet. Mas por trás disso estão inocentes e ingênuos lutadores, ludibriados por espertalhões dos grandes negócios da comunicação.

A luta que os estudantes do Espírito Santo, de São Paulo e várias partes do País nos mostra é que a comunicação não pode ter dono é nem sempre o que parece ser o é de fato.

Caso de Dilma (até agora pelo menos) e dos tais “progressistas”.

Entreguistas cairia melhor.

O artigo está grande, extenso? Certas coisas precisam ser bem explicadas para que não haja dúvidas e esse tipo de argumento é falta do que falar sobre o que está sendo dito. Antes o risco de ser prolixo, ou a realidade de ser hipócrita ou cúmplice