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quinta-feira, 2 de janeiro de 2014

Créditos de carbono x o direito à terra

19/12/2013 - Projetos de carbono no Acre ameaçam direito à terra
- Por Verena Glass (*) - no site da ONG Repórter Brasil

Famílias de seringais nos rios Purus e Valparaíso sofrem restrições no manejo tradicional de agricultura para que latifundiários vendam créditos de carbono

Bacia dos rios Purus e Juruá
Uma das principais bandeiras da luta de Chico Mendes, a consolidação do direito dos seringueiros do Acre a seus territórios, continua sendo uma questão espinhosa 25 anos após a sua morte, completados neste domingo (22/12).

A falta de regularização fundiária de muitos seringais, ainda hoje áreas com alto nível de preservação ambiental, continua motivando sérios conflitos entre fazendeiros e seringueiros, mas também abre caminho para projetos de manejo da floresta que nem sempre beneficiam a população tradicional.

Problemas neste sentido têm sido relatados nos três primeiros projetos privados de crédito de carbono no Acre, propostos no contexto do Sistema de Incentivos aos Serviços Ambientais (Sisa, aprovado por lei em outubro do ano 2010) e que pretendem promover a preservação florestal e a venda de créditos de carbono através de iniciativas de REDD+ (Redução de Emissões provenientes de Desmatamento e Degradação Florestal).

Margens preservadas do rio Purus despertaram interesse pela venda de carbono.
Fotos: Verena Glass

São eles os projetos Purus, Valparaiso e Russas, que preveem restrições e até paralisação das atividades tradicionais de cultivo agrícola de famílias de seringueiros e posseiros, para que emissões assim evitadas possam ser vendidas no mercado internacional de créditos de carbono.

O Projeto Purus, idealizado pelo ex-prefeito de Sena Madureira, Normando Sales, e pelo advogado Wanderley Rosa, foi apresentado ao Instituto de Mudanças Climáticas (IMC) do Estado em junho de 2012.

Abrange cerca de 34,7 mil hectares dos seringais Porto Central e Itatinga, localizados às margens do rio Purus entre os municípios de Sena Madureira e Manoel Urbano, e onde vivem 18 comunidades de seringueiros, posseiros e pescadores.

Apresentando-se como donos dos seringais, em 2009 Sales e Rosa começaram a procurar os moradores locais – muitos dos quais vivem na área há mais de 40 anos – para discutir o projeto, e no início de 2011 propuseram a 17 famílias que firmassem um acordo [foto] pelo qual deixarão de fazer o manejo tradicional de lavouras (brocagem, a roçagem e queima de mato), caça, retirada de madeira, abertura de picadas e estradas, e qualquer outra ação de interferência na vegetação.

Para monitorar o cumprimento do acordo, seria criado um sistema de fiscalização de infrações e providências quanto à punição dos infratores.

Para viabilizar a parte econômica e técnica do projeto (que encontra-se ainda em fase de registro no IMC), foi acordado um investimento inicial com a empresa CarbonCO, LLC, subsidiária da Carbonfund.org Foundation, localizada em Bethesda, Maryland, EUA.

O inventário do carbono que deixaria de ser liberado sem os manejo tradicional dos seringueiros foi supervisionado pela empresa de consultoria TerraCarbon, LLC, de Illinois/EUA.

E a venda dos créditos de carbono resultantes será feita pela The Carbon Neutral Company, de Londres.

De acordo com os moradores dos seringais, desde o início o projeto causou desconfiança entre a comunidade.

Vários movimentos sociais do Estado, críticos às soluções de Economia Verde propostas para mitigar problemas ambientais a partir da financeirização dos bens naturais, e preocupados com possíveis violações de direitos, também questionaram a iniciativa, o que motivou uma visita da Relatoria do Direito Humano ao Meio Ambiente da Plataforma DHESCA (Plataforma Brasileira de Direitos Humanos Econômicos, Sociais, Culturais e Ambientais) ao Acre entre final de novembro e início de dezembro deste ano, para verificação de eventuais problemas.

Em depoimento aos pesquisadores da relatoria, João (**), produtor de banana e morador do local há mais de 35 anos, relata: “um dia chegou aqui o Normando [Sales, dono do seringal Porto Central], e já começou ameaçando. 

Disse que aqui tudo era terra dele, mas ele nunca apresentou título do Incra. Eles chegaram com um documento para a gente assinar, desse negócio de carbono, e disse que quem assinava podia ficar na terra, quem não assinava tinha que sair”.

Em troca da assinatura, conta o seringueiro, Normando Sales prometeu que traria para a comunidade uma série de benfeitorias, como escola, posto de saúde, casas novas, barco e energia solar.

O documento mencionado (assinado por João, mas não entregue ao fazendeiro) reafirma por diversas vezes que o assinante reconhece a propriedade das terras em nome da empresa Moura e Rosa Investimentos Ltda, criada em 2009 por Normando Rodrigues Sales e Wanderley Cesário Rosa, seus diretores.

Legalmente, a empresa e a área do Projeto Purus pertenceriam a Felipe Moura Sales (filho de Normando) e Paulo Silva Cesário Rosa (filho de Wanderley).

Essa é uma das questões que mais preocupa a comunidade”, explica João, que afirma já ter dado entrada no programa Terra Legal para tentar a regularização de seu lote.

Independente disso, explica a advogada Laura Schwarz, do Centro de Memória das Lutas e Movimentos Sociais da Amazônia, que acompanha o caso, legalmente as famílias teriam direito ao usucapião da área em função do longo período de posse, mas ainda não existe nenhum o processo de regularização em andamento.

Futuro em cheque
No início de 2013, possivelmente por pressões das famílias, um relatório de execução do projeto, elaborado pelo técnico da Carbon.Co, LLC, Brian McFarland, aponta novas regras para o uso da terra.

Além de reconhecer que “existem comunidades assentadas sobre o que eram originalmente terras de propriedade privada”, o documento afirma que, “para resolver este conflito ou disputa Moura e Rosa irá reconhecer voluntariamente qualquer área desmatada e sob uso produtivo de cada família que vive no Seringal Itatinga, parcelas Seringal Porto e Central.

A área mínima a ser intitulado de cada família será de cem hectares, que é o tamanho mínimo que o Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) diz que uma família no Estado do Acre necessita para uma vida sustentável.

As comunidades que desmataram e colocaram em uso produtivo mais de cem hectares receberão toda a área que foi desmatada. Todas as comunidades – que se unirem voluntariamente o Projeto Purus ou não – serão chamadas à terra que eles têm colocado em uso produtivo. Este processo será facilitado por um grupo independente, incluindo o Ministério Público do Acre”.

De acordo com a advogada Laura Schwarz, no entanto, a questão não se resolve.

Para justificar o Projeto Purus, baseado na hipótese do “desmatamento evitado” para a geração de créditos de carbono, a empresa Moura e Rosa alegou que, como proprietária, poderia converter parte da floresta dos seringais em pastagem (prevendo o corte raso de 20% de sua extensão total para acomodar de 10 a 12 mil cabeças de gado), além de desenvolver atividades madeireiras.

Numa lógica inversa e perversa, explica a advogada, criminaliza-se então o manejo tradicional dos pequenos agricultores, impondo-lhes restrições que justifiquem a venda de carbono (apesar de o próprio governo do Acre ter reconhecido que o uso do fogo é essencial na agricultura familiar de pequeno porte, e sua proibição poderia causar insegurança alimentar), e limita-se definitivamente o desenvolvimento futuro da comunidade através da restrição da área disponível.

Além da agricultura, as famílias também usam as áreas florestadas para caçar, para o extrativismo, retirada de madeira para casas ou construção de canoas.

Isso passaria a ser proibido, bem como o estabelecimento de atividades produtivas das próximas gerações. Como ficariam os filhos dos posseiros se não puderem estabelecer futuramente seus próprios lotes produtivos, com casas e roças?”, questiona.

Roça de banana de familia do Projeto Purus. Impacto do plantio sobre o ambiente tradicionalmente é mínimo

Desmatamento incentivado
Muito similar ao Projeto Purus, os projetos de REDD+ nos seringais Valparaíso e Russas ainda não foram oficializados junto ao governo do Estado, mas já estabeleceram uma série de restrições às suas comunidades.

Localizados em áreas de mata fechada no rio Valparaíso  afluente do Juruá no município de Cruzeiro do Sul, os dois projetos são gerenciados pelo ex-deputado federal e presidente do Partido da República (PR) no Acre, Ilderlei Souza Rodrigues Cordeiro [foto abaixo] (dono da I.S.R.C. Investimentos e Assessoria Ltda) , em parceria com as empresas americanas CarbonCo e Carbon Securities.

De acordo com os moradores das comunidades Valparaíso  Terra Firme de Cima (localizadas na área do Projeto Valparaíso  e Três Bocas (na área do Projeto Russas), apesar de lidarem diretamente com Ilderlei, o dono dos seringais seria o fazendeiro Manoel Batista Lopes, envolvido em sérios conflitos com os seringueiros na década de 1990.

A situação dos trabalhadores, segundo relatório feito  na época pelos procuradores do Trabalho Victor Hugo Laitano e João Batista Soares Filho era análoga à de escravos, conforme detalhado na pesquisa Trabalho compulsório, poder e transgressão no rio Valparaíso – Alto Juruá – Amazônia brasileira - 1980-90″.

Pelo que sabemos, o Ilderlei arrendou essas terras do Manoel pra fazer esse projeto de carbono. Ou comprou, não sabemos direito”, explica José (**), da comunidade Valparaíso.

Desde os anos 1980, estamos lutando pela titulação das terras, queremos a criação de uma Reserva Extrativista (Resex), mas eles vieram e falaram que resex não é um bom negócio pra nós. Já teve muito conflito aqui por causa disso”.

Produtores de farinha de mandioca, principal fonte de renda das comunidades, os seringueiros explicam que o processo de implantação do projeto de carbono nunca foi explicado direito.

Chamavam uma família aqui, umas cinco ali, nunca todo mundo junto, e falaram que ia ter projeto quer a gente queira, quer não.

Falaram que a gente vai ser proibido de brocar e botar fogo, e que em troca iam dar de colher a geladeira. E cursos. Falaram que iam dar máquinas, mas aqui, pra chegar, só se for de helicóptero.

Mas até agora não veio nada, só as placas (dos projetos) [foto acima: Projeto Valparaíso na comunidade Terra Firme de Cima]. Eles inclusive tomaram a madeira que a gente tinha cortado pra nossa igrejinha, pra fazer as placas.

Hoje temos placa do projeto, mas a igreja continua sem paredes”, [foto abaixo] afirma João.

Foto: Reunião na igreja da comunidade Valparaíso  cuja madeira foi confiscada para fazer placas do projeto

Moradora da comunidade Terra Firme de Cima, dona Rosa (**), 68 anos, confirma que o desconhecimento dos detalhes do projeto é geral.

O Ilderlei passou de casa em casa com um documento e fez a gente assinar, muitos nem sabem ler, ninguém sabe o que assinou.

Disse que a gente nunca mais ia poder botar fogo nas roças, mas que ele ia dar mucuna (semente de adubação verde) pra gente, que a gente ia produzir o dobro. Mas ninguém nem sabe o que é mucuna. E das outras coisas que ele disse que ia dar, não deu nada”.

De acordo com outro morador, Ilderlei teria dito que a proibição da brocagem e do fogo começaria em 2014.

Aí ele falou pra gente desmatar bastante esse ano, quem brocava dois hectares devia brocar quatro, mas que não era pra contar pra ninguém. E que ano que vem estaria tudo proibido”.

Em Três Bocas [foto], os moradores, preocupados com a sobrevivência das próximas gerações, confirmam o incentivo “secreto” ao desmatamento, mas acrescentam que houve também uma promessa de que as áreas de uso poderiam eventualmente ser tituladas para as famílias.

Mas a gente acha que quem titula terra é o governo. Se temos o direito à terra, não precisa ter promessa de fazendeiro dizendo que vai fazer, porque até agora tudo que prometeu não cumpriu. Faz quase um ano que o Ilderlei não aparece aqui”, afirma um morador.

Questionados se a comunidade foi suficientemente informada sobre o projeto, outro morador conta que certa vez estava andando com um “gringo” no mato e, quando quebrou um galho, “o gringo ficou todo ouriçado, disse que isso era crime. E carbono é que nem caviar, a gente ouviu dizer que existe, mas nunca viu. Alguém lá fora vai ganhar dinheiro porque nós vamos deixar de fazer roças para alimentar nossas famílias? Isto não me parece justo”.

Apesar de várias tentativas, a reportagem não conseguiu falar com representantes do IMC e do Incra sobre os projetos.

Já a relatora da Plataforma Dhesca, Cristiane Faustino [foto], que se reuniu com diversos órgãos do governo estadual e federal após as visitas de campo em dezembro, explicou que o Incra apontou que, de início, não acompanha os projetos de REDD e tem pouca intervenção na regularização fundiária das áreas envolvidas.

Quanto ao IMC, a informação coletada pela Relatoria é que os Projeto Purus e Valparaíso/Russas não foram ainda aprovados pelo órgão, que requereu informações adicionais sobre os mesmos.

“Do ponto de vista dos direitos humanos, é preciso fazer uma avaliação aprofundada sobre os riscos que os projetos de REDD impõem as comunidades, especialmente devido às desigualdades econômicas e políticas que permeiam suas ações.

A segurança  dos territórios para os posseiros e as comunidades tradicionais é a primeira condição para que seus direitos humanos econômicos, sociais, culturais e ambientais sejam garantidos.

Isso deve ser política básica para enfrentar as injustiças e riscos sociais e ambientais, e não devem estar submetidas à lógica do mercado, que tem outros interesses e linguagens", explica Cristiane.

(*) A jornalista Verena Glass esteve na região acompanhando missão da Plataforma Dhesca 
(**) Os nomes são fictícios para preservar a identidade dos comunitários

Leia também:
- 25 anos sem Chico Mendes e a realidade dos trabalhadores de Xapuri - Dercy Teles de Carvalho Cunha
- 25 anos depois, Chico Mendes vive mais indignado com o capitalismo verde - Elder Andrade de Paula
- Agronegócio e ecomercado ameaçam a vida - Zilda Ferreira
- O negócio europeu das emissões perversas (I) - Daan Bawens
- O negócio europeu das emissões perversas (II) - Daan Bawens

Fonte:
http://reporterbrasil.org.br/2013/12/projetos-de-carbono-no-acre-ameacam-direito-a-terra/

quarta-feira, 18 de dezembro de 2013

Os truques da edição jornalística da Globo - Parte 1/3

09/12/2013 - Alexandre Tambelli - GGN

Comentário ao post "Globonews e o professor Sami Dana, da FGV: o uso do ambiente leigo para o exercício da inveja acadêmica"

A verdade é uma só!

Nunca dê entrevista, nunca assista a Globo News e jamais acredite em nada  do que é veiculado neste canal e nem dê audiência para nada que seja vinculado às Organizações Globo.

Excetuando o caso do Sportv por uma questão de ser quem transmite eventos esportivos, como o Campeonato Brasileiro, e não temos como fugir da emissora, pela exclusividade da transmissão.
Tudo na Rede Globo é uma enorme farsa.

Vou repostar aqui meu texto: Os Truques da Edição Jornalística na Rede Globo.

Versão atualizada em 17/11/2013.

OS TRUQUES DA EDIÇÃO
JORNALÍSTICA NA REDE GLOBO
Parte 1

A seletividade da denúncia e da informação na Rede Globo sempre existiu. (Eu não assisto mais à Rede Globo - desde o final de 2009).

A grande mídia costuma informar sobre qualquer assunto segundo sua ótica (visão política ou interesses políticos) e ainda pode omitir informações, notícias relevantes, conforme o seu interesse.

As Organizações Globo representada pela TV GLOBO, Revista Época, Jornal O Globo, Portal G1, Rádio CBN, etc. faz parte da grande mídia e pode veicular matérias sobre uma notícia importante, por exemplo: o Mensalão.

Durante minutos seguidos, pode o seu telejornal, informar sobre os acusados e acusações do Processo e mostrar os detalhes do seu Julgamento pelo STF e ao mesmo tempo, pode negligenciar a informação de que existe outro Mensalão, anterior ao do PT e batizado de Mensalinho ou Mensalão do PSDB, um processo que não está tendo a mesma celeridade no STF.

A emissora veicula desde sempre notícias sobre o Mensalão aos seus telespectadores, ouvintes e leitores, trazendo informações básicas do seu surgimento, dos políticos envolvidos e das acusações.

Já sobre o Mensalinho, pouco ou nada noticia, pelo fato dos indiciados serem seus aliados políticos.

Veremos que as notícias veiculadas do Mensalão têm um viés mais de denúncias aos seus opositores do que de espaço para o equilíbrio entre a denúncia e o direito de defesa do sujeito que ela coloca como réu. Durante a enumeração dos truques de edição ficará clara esta afirmação.

Conforme a ideologia política um sujeito ou partido está mais a mercê de ser denunciado do que outro sujeito ou partido pela emissora dos “marinhos”. Mesmo que o primeiro seja honesto e o segundo seja, comprovadamente, corrupto.

É interessante, um best seller como A Privataria Tucana (livro que já vendeu mais de 120 mil exemplares - até 2012), do jornalista Amaury Ribeiro Jr, denunciando com provas robustas (vários documentos oficiais anexados) como foi uma parte do processo fraudulento das privatizações de empresas públicas no Governo FHC; e colocando até familiares do Político José Serra do PSDB (incluindo sua filha Verônica Serra) em maus-lençóis não mereceu sequer uma reportagem investigativa por parte da emissora ou de seus jornais, revistas, rádios e portal.

Nenhuma indignação, nem cobranças para a Justiça apurar se são verdadeiras as denúncias do livro. Nenhuma mudança de comportamento para com seu aliado político.

Somos diariamente levados a compreender o mundo de forma seletiva pela Rede Globo.

A informação que for do interesse das Organizações Globo divulgada será, e a que não for do seu interesse será omitida.

Muitas pessoas honestas têm suas reputações manchadas por uma simples necessidade de destruir os inimigos de suas ideias, ou para favorecer políticos que defendam seus interesses.

Além é claro de serem as Organizações Globo a porta-voz do capitalismo e das grandes potências mundiais, dos grandes grupos econômicos mundiais no Brasil.

Ela defende a ideologia do capitalismo central (o que não seria problema), se na sua defesa não se utilizasse de diferentes métodos ilegais, inclusive o da denúncia sem uma investigação precisa do que se acusa, da omissão de notícias ou da notícia apenas até a primeira página, da destruição de reputações de pessoas honestas e governos e governantes honestos, e até de posicionamentos antinacionalistas, etc. (Leiam na internet sobre a contenda Brasil X EUA sobre os subsídios americanos sobre o algodão e vejam como se posicionou as Organizações Globo).

É interessante observar um exemplo prático da destruição de reputação, o de Erenice Guerra [foto], ex-assessora da Presidenta Dilma Rousseff, para compreender o Jornalismo das Organizações Globo.

Erenice Guerra foi acusada de diferentes irregularidades em 2010, no exercício da função de Ministra da Casa Civil, após Dilma sair candidata à Presidenta.

Era na época da eleição presidencial, então a Revista Veja criou uma denúncia nem um pouco consistente de lobby e emprego de parentes no serviço público e as Organizações Globo repercutiram a notícia com toda a força, porque era uma maneira de privilegiar o candidato que a emissora simpatizava e ainda simpatiza: José Serra.

Um ano e sete meses após as denúncias, o MPF - Ministério Público Federal - arquiva o Processo contra a ex-ministra por total falta de provas! E onde está a retratação pública para com a ex-ministra Erenice, por parte das Organizações Globo?

Caso semelhante ocorreu com o ex-ministro dos Esportes Orlando Silva [foto] que foi, também, absolvido pelo MPF das denúncias que pululavam no noticiário da Rede Globo e associadas no ano retrasado.

A mola mestra das denúncias que fez com que a Presidenta Dilma trocasse Ministros nos seus meses iniciais de mandato era desestabilizar seu Governo e não uma batalha anticorrupção.

Aliás, a corrupção dos seus aliados políticos é jogada para baixo do pano! Como exemplo temos o escândalo da inspeção veicular, sabem aquele selo que fomos obrigados a colocar no carro?

Houve um grande escândalo de corrupção, na realização dessa inspeção, envolvendo políticos do Rio Grande do Norte e de São Paulo, incluindo o subchefe de gabinete da Casa Civil de José Serra, quando ele foi Governador do Estado de São Paulo, chamado João Faustino.

O subchefe de gabinete da Casa Civil de José Serra foi até preso junto com outros aliados políticos, na Operação da Polícia Federal Sinal Fechado por causa da “controlar” e foi omitida a informação da íntima ligação do preso com seu aliado político, por parte da TV Globo.

(Coloque essas duas palavras e leia mais a respeito: “escândalo controlar”; e muitos outros casos).

Viram a diferença de tratamento dado a Erenice e ao João Faustino pela Rede Globo?

Quem ouviu falar de João Faustino [foto] subchefe da casa Civil do Serra? Preso pela Polícia Federal? Se ouviu ou leu o nome dele em algum veículo de mídia das Organizações Globo, soube que era intimamente ligado a José Serra e que coordenou sua campanha para as eleições de 2010 no Nordeste?

Sobre a Erenice todo mundo ouviu falar, só que esta foi absolvida por falta de provas. Os dois trabalhavam na Casa Civil, ela no Governo Federal e o João Faustino no Estado de São Paulo.

A informação do “escândalo da controlar” tivemos com detalhes, através da internet, em blogs de Jornalistas, que não mais fazem parte desse círculo fechado, que seleciona as informações a serem noticiadas e que podemos chamar de “grande mídia” ou “velha mídia”, como queiram, da qual as Organizações Globo é a mais forte representante.

Para este processo de ora informar ou ora desinformar, de informar até a primeira página ou de omitir a informação, de acusar uma pessoa sem provas consistentes, manchando sua reputação a emissora dos “marinhos” [foto] possui diferentes técnicas (truques jornalísticos).

Acabei listando um conjunto delas, técnicas que fui observando ao longo dos anos, ao assistir seus telejornais, até o final de 2009, quando definitivamente, abandonei quase por completo, a relação com as Organizações Globo em Jornal, Revista, Rádio, TV e Internet, excetuando a área esportiva, quando da falta de outra opção em assistir um evento esportivo; pelo desrespeito dela para com a informação a mais precisa possível, sem a seletividade da informação e pela parcialidade e viés da notícia.

Métodos básicos, que sempre assisti nos seus telejornais (lembrando-me, de memória, do tempo em que assistia com meu pai, já falecido, em locais públicos, onde acabo assistindo porque está a TV ligada no canal e em vídeos, imagens e notícias postadas por críticos da emissora na internet):

1. Seleção.
Corrupção no Governo, hospitais públicos com pessoas em leitos nos corredores, obras superfaturadas, etc. existem, quase sempre, nos Governos que ela não apoia.

Os telejornais da Rede Globo selecionam os estados ou cidades das matérias.


Quanto mais perto das eleições mais evidente fica este modo de agir.

Elogios são, na maioria das vezes, para administrações do DEM, PSDB, PPS e demais opositores do Governo Federal.

Quase toda reportagem negativa está situada em um Estado ou cidade governado por quem ela não apoia ou na técnica de mostrar problemas em obras ou estabelecimentos “FEDERAIS” no Estado ou cidade oposicionista.

Por que nos federais? Porque ela é opositora às ideias do PT e oposição ao(s) seu(s) Governo(s).

Na eleição de 2010, vendo o Jornal Nacional, próximo da época do voto, observei uma reportagem, apontando problemas na separação do lixo hospitalar no Hospital São Paulo da capital paulista, ele é administrado pelo Governo federal, pois, pertence à Unifesp - Universidade Federal de São Paulo.

Fica a impressão de que a Rede Globo faz reportagens investigativas, denúncias em todos os estados e que só se encontram erros em obras e estabelecimentos do Governo Federal no Estado de São Paulo. (ver 1***)

1.1. Seleção do comentarista
Todo comentarista e especialista defende a mesma posição. A emissora tem um grupo de pessoas, que revezam nos seus microfones. Eles aparecem umas 8, 10 vezes ao ano, para dar uma disfarçada. No Jornal Nacional, de vez em quando via um Economista, homem de estatura média para alta, utilizava óculos, cabelo branco, peso normal e fala mansa. Vinha para dar respaldo a toda tese econômica da emissora.

1.2. Seleção da pergunta
Todo apresentador e repórter tem um tipo de pergunta e de atitude para com o entrevistado. Se for seu aliado, ameniza todas as críticas e faz perguntas para “encher a sua bola”. Se tiver outro pensamento político, aterroriza nas perguntas, não dá trégua ao entrevistado e busca emparedá-lo.

Em 2010. É só lembrar o tratamento dado pelo JN e seus apresentadores, nas entrevistas da campanha eleitoral.

A DILMA quase foi fuzilada pelo apresentador e o SERRA parecia íntimo da casa.

Ficou célebre a chamada que a Fátima Bernardes deu no Willian Bonner pela indelicadeza no tratamento de Bonner para com Dilma, vi na internet no dia seguinte ao ocorrido - foi quase um fuzilamento da, então, candidata, perante seus telespectadores. (ver 2***)

1.3. Seleção do momento de exposição
Alguns políticos, opositores às ideias da emissora, tem vez e voz na Rede Globo, em determinados momentos.

Se surgir uma denúncia contra o Governo Federal, um político da extrema-esquerda pode ser entrevistado, para falar mal do Governo. Não para expor suas ideias, estas não possuem espaço nos microfones da emissora.

Se for útil, em determinado momento, a exposição de um político e suas ideias, de um movimento social contrário às suas ideias, a emissora aceita sua presença diante de seus microfones, e depois, ao bel-prazer a emissora colocará o político ou o movimento social em total descrédito, como é o caso do MST, que, do nada, ficou respeitado e conhecido no Brasil todo, por uma novela e foi para as páginas policiais da emissora algum tempo depois.

Como é o caso da Marina Silva [E] e da Heloísa Helena [D], espécies de “quarentena” da emissora para atacar seus opositores, por terem saído do PT, seus adversários máximos, segundo a lógica da emissora.

Quando precisaram delas para atacar o Governo LULA foi só tirá-las da quarentena e colocar na caixa de entrada. Depois, foi só jogá-las na quarentena novamente.

Marina Silva, que teve até suas ideias políticas veiculadas, para tirar votos de Dilma Rousseff em 2010 e parece que querem traze-la para a caixa de entrada, por causa das eleições presidenciais de 2014. (ver 3***)

1.4. Seleção do entrevistado comum (Dissociação)
Este truque consiste em dissociar a matéria dos entrevistados comuns, por motivos ideológicos.

Um exemplo típico foi quando morreu o Cazuza. No enterro dele, escolheram senhoras, senhor e até criança para falar sobre a morte do Cazuza.

O interessante é que as pessoas escolhidas não pareciam em nada com o espírito contestador e rebelde do cantor e optou-se, apenas em falar da batalha pela vida, por causa da AIDS.

Eles foram escolhidos a dedo, porque falar da Rebeldia de Cazuza e de sua homossexualidade, dizendo o que realmente importava sobre o cantor e suas posições político-ideológicas, não se encaixaria nos interesses globais.

Nem na vestimenta, nem na fala, nem na intimidade, entrevistado e personagem da reportagem se pareciam. (ver 4***)

1.5. Seleção das imagens favoráveis e desfavoráveis
É comum, em período eleitoral destaca-se.

Ouviram falar do debate para Presidente entre Collor e do Lula em 1989? A emissora editou a matéria sobre o debate. Filtrou cenas favoráveis ao Collor e desfavoráveis ao Lula para exibir no Jornal Nacional, na véspera da eleição. (ver 5***)

1.6. Seleção de dados estatísticos desfavoráveis e omissão dos favoráveis
É comum na emissora, diante de informações econômicas, sociais, estatísticas do IBGE, do IPEA, da FGV, do DIEESE, etc. a escolha de índices desfavoráveis no meio de índices favoráveis para divulgar.

A emissora sempre opta por divulgar o índice desfavorável, mesmo no meio de inúmeros índices favoráveis.

Por exemplo: a inflação cai para 0,39% no mês X abaixando quase meio ponto percentual em relação ao mês anterior e com uma tendência de manter a queda nos próximos meses.

Quem acompanha, minimamente, as notícias de Economia sabe que o Governo estipula uma meta de inflação anual. Como o índice de 0,39% do mês X, mantêm a inflação anual próxima da meta, a emissora noticia assim: - apesar da queda do percentual no mês X a inflação continua próxima da meta estipulada pelo Governo.

A Rede Globo não vai citar/valorizar a tendência de queda dos próximos meses.

Ou ainda: imaginemos dois dados estatísticos associados: criação de emprego com carteira assinada no mês X foi num total de 100 mil batendo o recorde desde que se iniciou a medição no ano Y.

O ganho salarial médio do trabalhador no mês X caiu 0,1%. Advinha qual é a manchete do seu telejornal? - O ganho salarial médio do trabalhador caiu 0,1% no mês X.

1.7. Seleção ou omissão da fisionomia de um acusado / corrupto / ladrão / homicida
É uma técnica que consiste em não mostrar o rosto, o corpo, a vestimenta de um acusado ou corrupto ou ladrão, quando este possui um perfil da classe social à qual a emissora representa. Noticiasse uma ocorrência e omitisse a imagem de quem está envolvido.

Observemos que, quase sempre, os acusados ou corruptos ou ladrões que a Rede Globo mostra a imagem / fotografia / entrevista, tem estes estereótipos: não são brancos, têm rosto com espinhas, com marcas outras, barba por fazer, cabelos compridos ou carecas, são magros demais ou gordos, não possuem a aparência e o corpo saudável e não estão bem vestidos, de terno e gravata.

Branco, ascendência europeia a imagem/fotografia, certamente, será omitida e a entrevista do acusado ou corrupto ou ladrão ou homicida se edita a imagem para evitar mostrar o acusado ou corrupto ou ladrão ou homicida.

É claro que se for inimigo político da emissora este truque deixa-se de lado.

Quase sempre os acusados ou corruptos ou ladrões ou homicidas que têm imagem/fotografia revelados ou são entrevistados são de classes sociais menos abastadas, muitos são negros ou mestiços ou orientais ou latinos ou indígenas, etc.

Existe uma predileção por mostrar imagens de pessoas ligadas a pequenos delitos, roubos à mão-armada, a atos de violência física, etc. em detrimento de imagens de pessoas ligadas a crimes de colarinho branco.

O corruptor, o que promove delitos financeiros, golpes na praça se for mostrada sua imagem na tela terá o estereótipo de um perfil diferente da classe social a quem a emissora representa.

O grande corruptor ligado a bancos, empreiteiras, grandes empresas não vai ter sua imagem/foto revelada e, talvez, nem será notícia, apenas se estiver contrariando seus interesses particulares.

Pobre e negro acabam associados a ilicitudes. Branco com ascendência europeia acaba associado à correção dos atos.

Nesse processo de seleção da imagem de pessoas podemos encontrar um truque interessante.

1.7.1. Seleção de um entre diversos indivíduos
É a escolha entre um grupo de pessoas daquela pessoa que menos se parece com a classe social que a emissora representa e menos se parece com o perfil médio das pessoas que trabalham frente à tela da Rede Globo: apresentadores, jornalistas e artistas, pessoas que ditam a moda, a imagem padronizada de indivíduo que a emissora julga ser a correta para o seu telespectador buscar.

Então, se tenho, por exemplo, vários delegados presos por corrupção, para sacramentar que corrupção é uma anomalia social eu escolho o delegado mais desajeitado e fora do padrão global de tipo físico ideal para mostrar a imagem/fotografia e tentar, conseguindo ou não, uma entrevista.

Parece que o padrão do acusado / corrupto / ladrão é sempre de outra classe social, que a emissora não representa. E que os delegados corruptos, também, não pertencem.

A corrupção é dos outros.

É a criação de estereótipos uma marca registrada da emissora dos “marinhos”.

1.8. Seleção vocabular
É a seleção das palavras para tratar uma notícia a ser veiculada pela Rede Globo.

Pode-se utilizar uma linguagem menos polida ou mais polida conforme a situação prática.

Por exemplo: imaginemos que jovens saiam para protestar por Reforma Agrária e ocupem as estradas do País, eles podem ser chamados de “jovens baderneiros”.

Imaginemos agora que jovens de classe média e média alta saiam para protestar nas ruas contra a corrupção, eles serão chamados de “jovens idealistas”.

Conforme a reivindicação de trabalhadores, de empresários, conforme o apoio ou não da emissora, conforme a ideologia e o público do protesto, conforme os políticos que são cobrados no protesto a linguagem alterna entre o não polimento e o polimento da escolha vocabular. Sempre buscando levar a opinião pública a ser favorável a um lado: o lado da TV dos “marinhos”.

Outro valioso exemplo é o escândalo de corrupção envolvendo Governos do PSDB de São Paulo e as licitações do Metrô, fraudes bilionárias e que duram quase 20 anos.

Por serem denúncias contra partido aliado e aliados políticos da Rede Globo não se usa o termo corrupção no governo do PSDB, mas sim: cartel de empresas. O Governador não é corrupto e sim, vítima.

2. Omissão
Quando existe uma denúncia grave de corrupção no Governo, seu aliado, diz-se o nome do denunciado, mas se evita falar a sigla partidária; ou simplesmente, ignora-se o fato. E ainda, se acusam envolvidos, o Governante é poupado; já na corrupção dos seus opositores, o Governante opositor, tem partido e é suspeito de prevaricação.

Certo dia no Jornal local da noite, assisti no médico, uma reportagem com um Prefeito que recebia propina, onde o apresentador fez questão de falar o nome do partido do Prefeito: PMDB.

PMDB - aliado do Governo Federal; PSDB - oposição. (ver 6***)

Obras inauguradas da oposição têm partido, belas imagens, sorrisos e discurso, vide a reportagem de inauguração de trecho do Rodoanel no Jornal Nacional (ver 7***).

Quando é do Governo federal geralmente as Organizações Globo não anunciam, como foi o caso da criação do SAMU 2003, em que mostraram o LULA em uma fábrica automotiva do ABCD paulista discursando, mas não disseram o que ele tinha ido fazer lá: criar o SAMU.

Ou no caso da inauguração em SUAPE, Pernambuco, do Petroleiro Almirante Negro, um momento histórico de recuperação da Indústria Naval brasileira, que não foi motivo de reportagem para a Rede Globo.

2.1. Ocultação
Quando surge uma denúncia de corrupção contra os aliados políticos da emissora envolvendo diferentes pessoas, dá-se a notícia, mas não se informa o nome de todos os envolvidos, se omite por completo o nome do político, geralmente, o mais famoso do grupo, o que nomeou o chefe da corrupção, ou que a corrupção aconteceu em sua Secretaria / Ministério e até se omite o nome de outras pessoas.

No caso da máfia dos fiscais da Prefeitura de São Paulo descobertos numa fraude praticada contra o ISS paulistano, que pode chegar aos 500 milhões de reais, não foi citado o nome do político amigo da emissora: José Serra do PSDB (partido mais amigo da emissora), que nomeou Mauro Ricardo para ser Secretário das Finanças em 2005, da cidade de São Paulo e que ficou no cargo até o final do mandato de Kassab em 2012.

Mauro Ricardo [foto à esq] que já trabalhou com José Serra em outras administrações, atualmente foi indicado pelo Político José Serra para ser Secretário de Finanças da cidade de Salvador, cujo Prefeito eleito em 2012 é o Antonio Carlos Magalhães Neto, outro político aliado da emissora.

Interessante é notar que só depois de alguns dias, quando todo mundo está ouvindo falar da pessoa, o nome do Ex-secretário de Finanças Mauro Ricardo aparece no noticiário das Organizações Globo, claro, que preservando o nome de seu aliado Político que o indicou para o cargo.

Não se está dizendo que José Serra tenha ligação com a fraude, mas, ético seria, num Jornalismo com precisão da informação e isento dizer que a nomeação do Secretário de Finanças da cidade de São Paulo, ocupante do cargo de Secretário da pasta, onde ocorre esta enorme fraude, se deu por
intermédio de seu aliado Político.

Por que ocultar o nome de José Serra e não dizer que o ex-secretário e José Serra trabalharam juntos em outras administrações? Porque José Serra é um dos principais aliados políticos da emissora dos marinhos.

3. Edição
Escolha de imagens para ilustrar um ponto de vista da emissora. Subjetividade e propaganda subliminar. A técnica dessa emissora é apurada.

Lembro-me da eleição de 1989, onde, na véspera da eleição, colocaram a imagem do COLLOR sentado em uma poltrona de couro, dentro de uma biblioteca, lendo um livro; e colocaram a imagem do LULA jogando bola na rua com o filho.

Mais editado impossível, aquele era homem culto, preparado, este, um ignorante, que ocupa seu tempo livre jogando bola e pouco preocupado com o cargo que pleiteava de Presidente da República. (ver 8***)

Na última eleição presidencial, calhou de estar na padaria comendo pizza, bem na hora do JN. E era uns três dias antes da eleição. Outra edição.

Aparecia a DILMA toda suada em cima de uma caminhonete, de baixo de um sol enorme - parecia uma pessoa desesperada a caça de votos; enquanto isso o SERRA aparecia numa moderna sala de reuniões, discutindo "questões importantes" com uma bela assessora, se não falha a memória, sobre o escândalo da licitação combinada do metrô da cidade de São Paulo.

Moral da história, idêntica a de COLLOR e de LULA - o SERRA com a imagem de quem decide as coisas, um homem preparado, sábio e sanando questões de corrupção; a DILMA, em desespero, buscando um último suspiro para ganhar alguns votos, uma candidata derrotada.

Vídeos demonstrativos:

1*** http://www.youtube.com/watch?v=cGSaPQH63aw

Nesta matéria existem diferente cidades citadas. Ênfase para duas, maiores. Aracaju - SE, administrada pelo PCdoB até 2012. E São Paulo, onde foram checados 5 hospitais e 1 deles o da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) encontrou-se problemas. O detalhe é para a ênfase de que o hospital é da Unifesp. Moral: termina a reportagem com a valorização da reportagem / denúncia, onde a Prefeitura de Aracaju diz que irá tomar providências.

(Na matéria condensada do Jornal Nacional a ênfase era para o Hospital São Paulo).

2*** Seleção das perguntas para SERRA e para DILMA. Tentei encontrar a entrevista mais radical, onde a Fátima Bernardes teve de intervir. Pena não ter encontrado.

3*** Heloisa Helena, no Jornal Nacional. Seria legal fazer uma retrospectiva das aparições de Heloísa Helena nos Jornais da Rede Globo e ver a quantidade de vezes que ela foi entrevistada, apenas para falar mal do PT e/ou de seus políticos.

4*** É possível fazer uma cobertura da morte do Cazuza sem entrevistar um “fã de carteirinha”? Veja como é possível, no link abaixo:

http://www.youtube.com/watch?v=mgrUhK-exGc&feature=relmfu

5*** Debate entre Collor X Lula. (Não encontrei o vídeo) A edição do Jornal Nacional é um clássico do Jornalismo parcial da emissora.

6*** Vídeos: um com omissão e outro com citação do partido político. Seria legal observar no dia a dia este detalhe. Será fácil subsidiar a técnica que apontei.

7*** Aqui aparece o SERRA discursando para a plateia. Diz-se que a obra foi inaugurada sem estar totalmente pronta, mas termina a reportagem com um motorista de carro que diz que tem que inaugurar logo o Rodoanel, para diminuir o trânsito de caminhões na cidade.

Moral: Mesmo não estando, totalmente pronta, a Rede Globo tenta incutir a ideia de que era vantajoso entregar a obra inconclusa.

http://www.youtube.com/watch?v=hU07YA5lInM

Se fosse um político opositor às suas ideias, certamente, a reportagem seria sobre os perigos de se entregar uma obra viária inconclusa, onde carros com pessoas trafegam.

8*** Edição JN 1989 - Lula e Collor e 2010 Dilma e Serra. Pena não encontrar o vídeo. Mais ilustrativo impossível.


Amanhã publicaremos a 2a. Parte

Fonte:
http://jornalggn.com.br/noticia/os-truques-da-edicao-jornalistica-da-globo?page=1

Nota:
A inserção das imagens, quase todas capturadas do Google Images, são de nossa responsabilidade, pois inexistem no texto original.

quarta-feira, 4 de dezembro de 2013

Justiça, intelectuais, PT-PSDB e suspeitas

01/12/2013 - Jean Menezes de Aguiar (*)
- blog Observatório Geral

Vive-se um descrédito da Justiça brasileira. Com o processo do “mensalão” as coisas pioraram.

Talvez os fatores mais visíveis nem sejam o Judiciário, o Direito ou seus operadores. Mas uma visão crítica e ultraqualificada, alvissareiramente vadia – no melhor dos sentidos - e descolada do pensamento conservador.

Tipicamente intelectual e à deriva, existente no lado de fora.

O Direito brasileiro pós-ditadura não é um formador de intelectuais, críticos ou pensadores.

Passou a ser um conformador de burocratas, crédulos e sisudos.

Os conceitos de transgressão, marginalidade, esquerda, pós-modernidade, sociedade assimétrica, pensamento complexo, marxismo, pensamento anárquico que costumam agradar a intelectuais e pensadores em geral, continuam a amedrontar profissionais do Direito.

Não poucos destes se mostram positivistas, legalistas, obedientes e encapsulados em seus ternos pretos, agora no modelito “mamãe quero dar”.

São os cânones da caretice, do capitalismo e do conservadorismo. Quando não da cepa do autoritarismo.

O sociólogo francês Alain Touraine [foto] esgarça o assunto:

“Eu não sou um legislador, sou um transgressor”. Pura poesia.

Um questionamento que deveria compor o menu é: o que você “quer” ser, um legalista, um ordeiro, um conservador; ou, no lado oposto, um criativo, um transgressor, um artista, um sonhador ou um liberto-libertino?

É claro que as posições não são maniqueístas ou organizadas assim. Mas o princípio é mais ou menos este.

Russel Jacoby [foto] na obra “Os últimos intelectuais” afirma que “Pensar e sonhar requerem um tempo desregulado; os intelectuais perpetuamente postados em cafés e bares ameaçam os respeitáveis cidadãos pelo esforço que colocam – ou pela aparência – em escapar da escravidão do dinheiro e do trabalho duro”.

O Direito ensinado no Brasil perdeu o sonho e a vocação. Foi estuprado pelo capitalismo personalista e portátil do concurso público.

Emprenhou-se de um consumismo provinciano, mas essencialmente ególatra.

Sem sonho não nascem intelectuais.

Relativamente ao processo do “mensalão”, há que se reparar, não foram os chamados operadores do Direito que abriram críticas ao modelo. E não se diga que elas não há.

Ives Gandra, Celso Antônio Bandeira de Mello, até o português Canotilho questionaram.

Mas é numericamente muito pouco.

A crítica massiva e pesada veio de fora. E veio com a legitimidade da intelectualidade espontânea. Revoltada.

Quem contesta a autoridade moral de Aldir Blanc [foto abaixo], Luis Nassif e Wanderley Guilherme dos Santos para desacatarem o pensamento conservador?

Há um vetor sociológico que se empenou.

O Poder Judiciário pós-Constituição de 88, decisivamente influenciado pela Constituição Cidadã conseguiu coisas.

Mas se nas décadas passadas seu pecado era não condenar poderosos, agora é escolher dentre eles quem cumpre pena.

A academia não combateu o macarthismo nos Estados Unidos. O pensamento jurídico brasileiro não está combatendo a discriminação na escolha ideológica de condenados do mensalão a serem presos.

Toda sociedade padece com ondas que agradam a uns e desagradam a outros.

Mas estudar História é saber que algumas dessas ondas terão efeitos negativos no futuro. O continuado silêncio do Supremo Tribunal Federal é ruim.

Não se pode fingir que não há críticas qualificadas do lado de fora.

Nem se diga da imprensa, que no “Dicionário de política” de Norberto Bobbio figura expressamente como Quarto Poder.

Finja-se que o que a imprensa diz e cobra não vale nada, ok.

Mas o ouvido de mercador não funciona diante de críticas equilibradas e contextualizadas. Seja do mundo jurídico, seja da intelectualidade.

Dois fatores são preocupantes.

1) as críticas ultraqualificadas de juristas de que o processo do “mensalão” se deu açodado e político.

2) a especulação sobre a candidatura de Joaquim Barbosa na direita, em oposição ao PT.

Se Barbosa sair do tribunal e confirmar a suspeita de observadores de fora, isto equivalerá a um golpe, cuja caneta terá sido a que elaborou uma sentença judicial e os perseguidos terão sido os que compuseram uma direção política com mandato.

Dificilmente a sociedade enxergaria isso.

O namorador Fernando Henrique Cardoso [foto], o único do PSDB que teria alguma chance contra Dilma, mas jamais concorreria por “chance”, afora a idade, advertiu sobre “salvadores da pátria”.

Joaquim Barbosa foi fabricado por uma imprensa do escândalo como um salvador da pátria.

A História já cansou de mostrar o engodo eficacial que foram os salvadores das pátrias.

Mas ela também mostra que grande parte do povo é uma moça bobinha que adora ser seduzida.

Ficam os críticos e intelectuais berrando já roucos em blogs e jornais; o povo pagando a conta; e a horda sorrindo com seus “salários” de 50 mil reais e meses de férias por ano.

A inteligência ainda não conseguiu reverter este quadro brasileiro.

Se Joaquim Barbosa tiver um pingo de juízo não capitula à política e desmoraliza quem o construiu.

O problema é que quando a mosca azul pica, danou, dizem.

(*) Jean Menezes de Aguiar, é jornalista e editor do blog Observatório Geral

Fonte:
http://observatoriogeral.com/2013/12/01/justica-intelectuais-pt-psdb-e-suspeitas/

Nota:
A inserção de algumas imagens adicionais, capturadas do Google Images, são de nossa responsabilidade, elas inexistem no texto original.

sábado, 2 de novembro de 2013

Burguesias nacionais? Não existem mais

06/10/2013 - Leo Panitch: "não existem mais burguesias nacionais"
- Rodrigo Mendes - Carta Maior

Leo Panitch é um dos nomes mais respeitados na esquerda sobre assuntos como relações internacionais, política internacional e imperialismo.

Pensador de renome, o professor da Universidade de York, no Canadá, tem feito, ao longo dos anos, formulações que desafiam profundamente o senso comum da esquerda, ao questionar, por exemplo, o uso da conceituação sobre imperialismo de mais de um século atrás para descrever a relação dos EUA com o mundo hoje e ao longo do século XX.

Panitch se declara marxista, e seu trabalho é considerado absolutamente inovador dentro dessa corrente de pensamento.

Seu questionamento sobre o papel dos EUA e, principalmente, como a esquerda vê esse papel, elabora que não se pode usar o conceito da Era Vitoriana de imperialismo, que leva em conta, por exemplo, com grande peso, a exportação de capitais para estabelecer uma relação imperialista, e isso já não se aplica no mundo hoje.

Outro questionamento dele, que provoca grandes controvérsias na esquerda, é sobre o papel dos sindicatos, que segundo ele, não são capazes de, por si só, fazerem os trabalhadores desenvolverem uma consciência de classe – e isso é o oposto do que Marx disse. O professor considera que, nesse ponto, Marx estava errado.

O professor Leo Panitch está no Brasil atualmente, e proferiu uma série de palestras até agora, uma das quais na Universidade Federal do ABC, em São Bernardo do Campo, na sexta-feira (4/10), onde expôs suas formulações.

Leo Panitch começou saudando o belo auditório da UFABC, uma universidade, segundo ele, para a classe trabalhadora.

Ele afirmou que a universidade onde ele dá aula, de York, também tem uma esmagadora maioria de alunos da classe trabalhadora, filhos de pais que nunca foram à universidade, mas que nem de perto tem instalações tão boas quanto às que ele estava vendo ali, o que ele considerou muito bom: “nada é bom demais para a classe trabalhadora”.

Panitch então apresentou uma elaboração que tem todo o potencial de ser muito intrigante para os estudiosos do campo da esquerda, a de que as instituições financeiras dos EUA, como o Federal Reserve e o tesouro dos EUA são muito mais importantes para a manutenção do capitalismo global – ainda que as instalações militares, ações de agressão e espionagem sejam muito mais aviltantes e provoquem grande indignação.

Ele explica que isso começou depois da II Guerra, afirmando que “os estados europeus passaram por um processo da ‘Canadalização’”, disse, usando seu próprio país como exemplo – que, segundo ele, é a maior colônia dos EUA, e não o México.

Para ele, hoje, as relações ficaram tão misturadas, intrincadas, que não há qualquer tipo de possibilidade de um país, dentro do sistema capitalista, questionar as bases materiais do imperialismo do outro.

As economias são absolutamente interdependentes, e as relações entre os ministros da fazenda e os bancos centrais do mundo é que determinam isso.

Nesse sentido, o professor condena a visão, assumida por boa parte da esquerda, de que os governos têm suas ações ditadas pelos grandes capitalistas.

Para ele, na realidade, o Estado também se tornou absolutamente dependente da acumulação capitalista.

Os empresários não dizem para o PT o que fazer. Como podemos dizer que o PT segue o que a burguesia manda? Não é isso que acontece, não há uma ‘mente’ que diz o que o governo deve fazer. O Estado é dependente da acumulação capitalista.

Para Leo Panitch, é ruim para a esquerda essa ideia de que os EUA tentam impor seu capitalismo, seu modo de viver, ao mundo.

Segundo ele, o fato é que os países desenvolvidos quiseram isso. Seus dirigentes, a classe dominante do Japão e da Europa, “tinham seus bens, suas vidas, e queriam que os EUA os ajudassem a manter o capitalismo, não foi algo imposto”, disse se referindo ao pós-guerra de 1945.

Da mesma forma, a propaganda norte-americana levou a que “os trabalhadores europeus quisessem os confortos dos americanos”. 

Dessa forma, ele refuta também a ideia de uma burguesia nacional.

Pelas intrincadas relações hoje, “pelo grau de integração entre as multinacionais dos estados ricos, as burguesias agora são internacionais”. Para um ganhar dinheiro em um país, o outro, de outro país, também ganha. As relações não se prendem mais aos países.

Isso tem outro reflexo, o de que não há mais uma rivalidade entre estados, que poderiam se postular impérios, como já houve antes.

O dólar, segundo ele, virou a moeda internacional. O Federal Reserve hoje sofre pressões de todo o mundo, como o exemplo dado por Panitch da pressão alemã sobre o governo americano para diminuir a força dos sindicatos, pois o que acontece com a economia dos EUA e com as suas finanças afeta o mundo todo. “O Fed gerencia as finanças do mundo todo”, diz ele.

Ele também questiona o poder do Fed e do FMI de imporem suas políticas ao Brasil. “Claro que era isso que eles defendiam, mas essas propostas já tinham muita força aqui dentro, internamente”, afirmou ele.

Para o professor, o fato de não haver mais rivais postulantes a potência hegemônica é demonstrado pela ausência de matéria para questionar as bases fundantes do sistema norteamericano. “Os estados não buscam diminuir a liderança dos EUA, tentam imitar”, afirmou.

Panitch também questionou a estratégia do PT de fugir um pouco da influência da liderança dos EUA ao buscar outros polos de poder, afirmando que “a questão não é como se dar melhor no capitalismo, a questão é como sair do capitalismo”. 

O professor também afirmou que não acredita na força da “mão invisível” do mercado, e que se engana quem acha que o neoliberalismo queria “menos estado”.

Para ele, o papel do neoliberalismo era de “espalhar o capitalismo”, mas isso precisa de estado, de leis. “Alguém precisa definir como são feitos os contratos”.

Para ele, “o capitalismo só opera por meio de e junto dos estados. Os estados são dependentes dos arranjos para manter o capitalismo funcionando.

Fonte:
http://www.cartamaior.com.br/?/Editoria/Internacional/Leo-Panitch-nao-existem-mais-burguesias-nacionais-/6/29134