[Não vemos como não nos curvar diante dessa vitória da mídia patronal. A AP 470 do mensalão petista foi a grande estocada aplicada por ela a favor da desconstrução das imagens de Lula, Dilma e de seus governos, como de resto, de qualquer governo, presente ou futuro, que ostente a estrela do Partido dos Trabalhadores.
Não que não se deva apurar os desvios, processar e julgar os envolvidos, mas quando isso se transforma, nas mãos do que existe de mais retrógrado no país, em uma arma que visa unicamente torpedear um projeto de nação voltado à redução das desigualdades e ao crescimento sustentável e que implica numa tênue redução de privilégios dos 1% do topo da pirâmide, não estamos diante de alternativas, é nossa missão contribuir para reduzir o poder do monstro que desde 2002 nos assombra: a Família GAFE da Imprensa (Globo/Abril/Folha/Estadão).
Isso se torna mais preocupante quando, diante dos golpes que assistimos em Honduras e no Paraguai, onde a Corte Suprema e Parlamentares funcionaram como legitimadores da quebra da ordem democrática, testemunhamos aqui, esse risco enorme para a nossa democracia que ainda engatinha, o Supremo Tribunal Federal se deixando instrumentalizar a serviço do poder hegemônico ligado ao agronegócio, às mineradoras e ao sistema financeiro nacionais e internacionais, poderes que têm sob suas expensas como porta-voz, essa mesma Família GAFE (centrada no Rio e em São Paulo), seu partido, o PIG (Partido da Imprensa Golpista) disseminado em todas as redações afiliadas e atuante nesse Brasil afora e seu Instituto, o Millenium, com sede no Rio, como o cérebro perverso e defensor intransigente dos privilégios da classe alta que representa, aquela que só enxerga o país como um celeiro de oportunidades para que seus membros se tornem ainda mais ricos e poderosos, tanto no âmbito interno quanto nos foros internacionais.
Para o povão apenas o que for aceitável para que sobrevivam até com certo conforto, para que enfim, deem legitimidade à manutenção da dominação econômica e, portanto social, de uma classe minúscula sobre a grande maioria da população.
Anteontem mesmo, como divulgou o site Brasil 247 e que reproduzimos adiante, "o ex-ministro de FHC, Luiz Carlos Bresser Pereira publicou duro artigo sobre o comportamento das elites ao longo da Ação Penal 470.
O que significou, afinal, esse julgamento? O início de uma nova era na luta contra a corrupção no Brasil, como afirmaram com tanta ênfase elites conservadoras, ou, antes, um momento em que essas elites lograram afinal impor uma derrota a um partido político que vem governando o país há dez anos com êxito?"
Por conta disso, nossa luta contra essa poderosa Família e seus tentáculos adquiriu um emblema especial neste 2012 e deve ser objeto de batalhas mil em 2013: neutralizar ou destruir, ainda que parcialmente, esse processo AP 470 é apenas a faceta de uma delas. Dele só deve restar aquilo que comprovadamente se configurar como um delito, sujeito, portanto, às penas da lei, tal e qual rezam nossa Constituição, o Código Penal, ritos e jurisprudência.
Essa é a razão de termos começado o ano com o pé direito, abordando exatamente esse tema: queremos reduzi-lo ao que ele realmente merece. Por uns dias, vamos prosseguir nele e voltar sempre que a oportunidade se mostrar favorável. Não esqueceremos. (Equipe Educom)]
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Depois da ruína neoliberal, o "moralismo liberal".Ex-ministro de FHC, Luiz Carlos Bresser-Pereira (foto abaixo) publica duro artigo sobre o comportamento das elites ao longo da Ação Penal 470.
"O que significou, afinal, esse julgamento?"
"O início de uma nova era na luta contra a corrupção no Brasil, como afirmaram com tanta ênfase elites conservadoras, ou, antes, um momento em que essas elites lograram afinal impor uma derrota a um partido político que vem governando o país há dez anos com êxito?"
A Ação Penal 470 foi um julgamento político.
O momento em que as elites brasileiras, após a ruína neoliberal, decidiram se apegar ao velho moralismo liberal.
A tese é do cientista político Luiz Carlos Bresser Pereira, ex-ministro de FHC, que publicou artigo na Folha.
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31/12/2012 - O mensalão, as elites e o povo
- por Luiz Carlos Bresser-Pereira
- site Brasil 247
Depois do fracasso da aventura neoliberal, as elites se prendem ao velho moralismo liberal.
O fato político de 2012 foi o julgamento pelo Supremo Tribunal Federal do processo do mensalão e a condenação a longos anos de prisão de três líderes do Partido dos Trabalhadores com um currículo respeitável de contribuições ao país.
O que significou, afinal, esse julgamento?
O início de uma nova era na luta contra a corrupção no Brasil, como afirmaram com tanta ênfase elites conservadoras, ou, antes, um momento em que essas elites lograram afinal impor uma derrota a um partido político que vem governando o país há dez anos com êxito?
Havia um fato inegável a alimentar o processo e suas consequências políticas.
O malfeito, a compra de deputados e o uso indevido do dinheiro público existiram. Mas também é inegável que, em relação aos três principais líderes políticos condenados, não havia provas suficientes - provas que o direito penal brasileiro sempre exigiu para condenar.
O STF foi obrigado a se valer de um princípio jurídico novo, o domínio do fato, para chegar às suas conclusões.
Se, de fato, o julgamento do mensalão representou grande avanço na luta pela moralidade pública, como se afirma, isso significará que a Justiça brasileira passará agora a condenar dirigentes políticos e empresariais cujos subordinados ou gerentes tenham se envolvido em corrupção.
Acontecerá isso? Não creio.
Como explicar que esse julgamento tenha se constituído em um acontecimento midiático que o privou da serenidade pública necessária à justiça?
Para responder a essas perguntas é preciso considerar que elites e povo têm visão diferente sobre a moralidade pública no capitalismo.
Enquanto classes dominantes adotam uma permanente retórica moralizante, pobres ou menos educados são mais realistas. Sabem que as sociedades modernas são dominadas pela mercadoria e pelo dinheiro.
Ou, em outras palavras, que o capitalismo é intrinsecamente uma forma de organização econômica onde a corrupção está em toda parte.
O Datafolha nos ajuda novamente: para 76% dos brasileiros existe corrupção nas obras da Copa.
Hoje, depois do fracasso da aventura neoliberal no mundo, as elites, inclusive a classe média tradicional, estão desprovidas de qualquer projeto político digno desse nome e se prendem ao velho moralismo liberal.
Já os pobres, pragmáticos, votam em quem acreditam que defende seus interesses. Não acreditam que elites e o país se moralizarão, mas, valendo-se da democracia pela qual tanto lutaram, votam nos candidatos que lhes inspiram mais confiança.
Não concluo que a luta contra a corrupção seja inglória.
Ela é necessária, e sabemos que quanto mais desenvolvido, igualitário e democrático for um país, mais altos serão seus padrões morais.
Terem havido condenações no julgamento do mensalão representou avanço nessa direção, mas ele ficou prejudicado porque faltou serenidade para identificar crimes e estabelecer penas.
Fonte:
http://www.brasil247.com/pt/247/brasil/89352/Depois-da-ru%C3%ADna-neolibeal-o-moralismo-liberal.htm
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Nota:
A inserção das imagens, quase todas capturadas do Google Images, são de nossa responsabilidade e, excetuando uma ou outra, inexistem no texto original.