domingo, 13 de janeiro de 2013

O Brasil que dá certo x mídia

09/01/2013 - O Brasil que vence vai passar longe das manchetes até 2014
- Claudio Ribeiro - Palavras Diversas

O primeiro texto do blog em 2013 aborda algo que já foi comentado e analisado tantas outras vezes e combate aquilo que a velha imprensa tem veiculado por esses dias: a fabricação de crises.

Durante o governo FHC, A Globo recebeu vultosos financiamentos e ex-presidente contou com
a ajuda da maior emissora do país para abafar 
abissais crises econômicas e políticas.
Uma mão lava a outra... Hoje FHC é regiamente pago pelo O Globo para escrever
no panfleto neoliberal 
carioca.
A campanha midiática contra o Brasil e a estabilidade de nossas economia e democracia é visível, ouvida e demonstrada em todas os tipos de meios de comunicação.

Atualmente os jornalões brasileiros, com O Globo, Folha de São Paulo e Estadão como expoentes, tentam combater a agenda positiva estabelecida pelo governo Dilma, especificamente para abafar ou reduzir a magnitude da decisão de reduzir as tarifas de energia elétrica para os brasileiros já neste mês.

A partir do momento em que começaram a circular as peças publicitárias sobre a redução da conta de luz, seja pelo governo ou pelos empresários, a velha imprensa tem produzido, com bastante criatividade e fantasias, uma avalanche de matérias negativas sobre o setor elétrico, justamente, para soterrar o real ganho para a sociedade em algo insignificante frente a enxurrada dos males que ora propagam.

O Fantástico dedicou 15 minutos para condenar as políticas energéticas do país, desqualificando empresas como a CHESF e a Petrobrás, alvo costumeiro da Globo.

Diariamente O Globo e o Estadão destinam fartos espaços jornalísticos para afirmar que o racionamento, segundo fontes que não identificam, é inevitável.

Apesar de recusas cabais de especialistas, tanto do mercado quanto do governo, vale mais a manchete do terror e da campanha midiática contra o Brasil.

A verdade é que as fontes não precisam ser identificadas, porque já se sabe de quem se tratam...


Miriam Leitão, (foto) ano após ano, em janeiro se presta a desenhar um quadro negativo para o país para os 12 meses seguintes. Suas previsões são catastróficas e, também, falíveis.

Todo ano se desfazem facilmente e mostram a falta de seriedade e comprometimento com a audiência que continham em seus alertas irresponsáveis.





O que estes órgãos de comunicação e seus "formadores de opinião" fazem é jogo político rasteiro com informações importantes para conspirar contra a estabilidade econômica e a democracia brasileiras.

O que estes agentes do atraso defendem, não pode ser repetido em todas as letras por seus capachos da oposição, as peças que se criam na imprensa se bastam para serem repetidas em seus espaços por seus aliados, àquilo que se tornaram os remanescentes do tucanato e do ex-PFL, que se assanham com o discurso do "quanto pior, melhor".

A oposição foi reduzida à garoto de recados dos poderosos da imprensa, que, desta maneira, interditam o debate político entre governo e velha oposição.

Qualquer outra vertente política só é permitida aparecer se aceitar pagar o pedágio de atacar o governo e poupar a oposição, caso contrário não é deixada fluir e passar sua mensagem a sociedade.

O debate político empobrece, mas dentro do contexto atual de interdição, só há uma opção viável de construção nacional e que está em curso.

A oposição não tem idéias, não apresenta novidades e se ancora em teses derrotadas, tanto aqui quanto em toda América Latina e emergentes e na "propaganda gratuita" de que dispõe na mídia.

Mas o que defendem, imprensa e partidos políticos oposicionistas, enfim?

A cantilena da gestão do Estado eficiente e da defesa das leis do mercado.
O que nada mais é que defender, de maneira dissimulada, a extinção de empregos e direitos trabalhistas para garantir maiores ganhos às corporações e desregulação que propicie agirem sem a intervenção do Estado na mediação de interesses.

Ou seja, a modernidade para estes é a realização de lucros ainda maiores para pouquíssimos e prejuízos sociais, econômicos e ambientais para muitos.

Acreditam que o Estado brasileiro precisa ser urgentemente incapacitado de desempenhar papéis importantes na economia, para abrir espaços generosos para a iniciativa privada, livre de amarras regulamentais, desenvolver-se mais, mas sem precisar repartir seus proveitos de maneira justa.

Defendem o privilégio à livre inciativa e cortes severos nos gastos sociais, como o Bolsa Família, por exemplo.

Em artigo publicado em Carta Maior, o professor de Economia Internacional da UEPB J. Carlos de Assis é incisivo na contradição aos gurus midiáticos e da oposição:

"Não haverá superação da crise a não ser pela ampliação do espaço público em detrimento do individualismo ilimitado. Em economia, em matéria ambiental, e em geopolítica. Cedo ou tarde as forças políticas compreenderão isso."

Pois bem, a Europa sofre com um desemprego absurdo, que se mostra robusto e ultrapassa os 26% na Espanha e na Grécia e atinge quase 40% dos jovens portugueses, o Estado do bem estar social foi combatido ferozmente por lá, pelos mesmos agentes conservadores que atacam a nossa estabilidade por aqui.

O resultado lá já é conhecido e não é agradável.

Aqui a disputa coloca-se de forma mais dura para a mídia conservadora e seus aliados para alcançarem êxito eleitoral, pois precisam convencer as dezenas de milhões de beneficiários de um modelo econômico que trouxe para agenda o combate a desigualdade e o respeito a soberania nacional e que tem dado resultados significativos no combate a pobreza.

Mas, incansavelmente, jogam contra o Brasil para tentar tirar proveito político em 2014, a próxima batalha a vista e que já se molda mais radical que as últimas.

2013 será o ensaio daquilo que deverá predominar no noticiário no próximo ano.

O Brasil que acerta e avança, vai passar longe das manchetes.

Fonte:
http://www.palavrasdiversas.com/2013/01/o-brasil-que-vence-vai-passar-longe-das.html

Nota:
A inserção de algumas imagens adicionais, capturadas do Google Images, são de nossa responsabilidade, elas inexistem no texto original.

sábado, 12 de janeiro de 2013

Caravana da informação













Diante da notícia de que Lula vai retomar as Caravanas da Cidadania, surge uma iniciativa para o movimento de democratização da mídia para realizar também as Caravanas da Informação Democrática


Por Beto Almeida, no jornal Brasil de Fato
Três anos após a I Conferência Nacional de Comunicação, em 2009, já há fartos sinais por parte do governo federal de que o encaminhamento das teses aprovadas ao Congresso Nacional não faz parte da sua agenda política. O que contrasta com a crescente conscientização por parte do PT, partido de Dilma, de que a regulamentação democrática da mídia é um passo central para por fim ao sequestro da informação praticado por um reduzido grupo de magnatas da comunicação, que trazem em seu currículo o apoio ao golpe militar de 1964, a ditadura e a censura.

A política permeada de contradições, mesmo entre um governo que dá continuidade política a outro, como é o caso do governo Dilma, eleita com o apoio fundamental de Lula. Um convocou a Conferência Nacional de Comunicação, o outro a engavetou. O governo Lula defendia a regulamentação da mídia, já o atual governo, pela atitude de dois ministros, sustenta a posição da Abert contrária ao programa Voz do Brasil (Paulo Bernardo) e concentra a distribuição de verbas publicitárias exatamente em favor de poucas empresas de mídia (Helena Chagas), contrariando o critério de distribuição democrática adotado no governo anterior.

Diante da salutar notícia de que Lula vai retomar as Caravanas da Cidadania, surge uma iniciativa para o movimento de democratização da mídia para realizar também as Caravanas da Informação Democrática, a exemplo do que iniciou a Fenaj nos anos de 1990, colhendo assinaturas para uma Lei da Informação Democrática, de iniciativa popular, como a Lei da Ficha Limpa. Deve concentrar-se, como los hermanos argentinos, numa pauta que possa ser apoiada pelos mais amplos setores sociais, inclusive segmentos empresarias não oligopólicos. Concentrar-se, por exemplo, na regulamentação do capítulo da Comunicação na Constituição.

Atrás do trio eletrizante da Caravana de Lula, colher milhões de assinaturas para entregar diretamente ao Congresso, numa iniciativa popular, como na Argentina, que, anos depois, encontrou uma relação de forças favorável e o apoio da presidenta Cristina Kirchner. Eis um caminho para sair do impasse atual. Mas é preciso contar com o PT, a CUT, o MST, a CNBB, a CBJP, a OAB, a UNE. Seria um comboio a mais na Caravana de Lula. A Caravana da Informação Democrática.

Portal da EBC: Propriedade cruzada de meios, papel regulador da Ancine e conteúdo nacional em TV fechada na pauta do STF para 2013

"Lei dos meios" para o Brasil, por que?

01/01/2013 - "Lei dos meios" - Vladimir Safatle (*)
- Folha de São Paulo

Nas últimas semanas, a Argentina voltou ao noticiário brasileiro devido aos imbróglios relativos à aplicação da chamada "Lei dos meios", responsável pela nova regulamentação dos serviços de comunicação.

Alguns viram, no caráter antimonopolista da Lei, a expressão de uma sanha estatal visando limitar a liberdade de expressão, principalmente devido à arquirrivalidade entre o governo Kirchner e o maior grupo de mídia do pais: o grupo Clarín.

No entanto, há um debate importante que deve ser feito de maneira desapaixonada. Ele passa pela resposta à pergunta: "Precisamos ou não de leis que restrinjam a concentração da propriedade de canais de comunicação?".


Ou seja, podemos afirmar que a concentração da mídia não afeta necessariamente o funcionamento da democracia?

Neste sentido, vale a pena lembrar que o mercado de mídia é, atualmente, um dos mais oligopolizados do mundo.

Como vimos através do recente caso de Rupert Murdoch, (foto) isto não é sem consequências para nossa vida política.

Murdoch detinha um império mundial de TVs, jornais, editoras, revistas, rádios, estúdios de cinema, portais de internet que lhe dava uma capacidade de moldar o debate, pressionar governos e de intervir na política a ponto de prometer a um general norte-americano (David Petraeus) apoio irrestrito de seu império caso ele aceitasse concorrer à Presidência norte-americana.

Situações como esta não são exclusivas do mundo anglo-saxão.

As últimas décadas conheceram uma tendência brutal à concentração de mídia que interfere, de maneira nociva, não apenas na política, mas também na cultura.


Um grupo como Time Warner, por exemplo, controla, ao mesmo tempo, a produção, a difusão e o desenvolvimento das técnicas de reprodução.


Por isto, podemos dizer que leis que impeçam a formação de oligopólios são uma forma da sociedade defender-se da uniformização forçada de opiniões e do silenciamento de perspectivas.

Pode-se contra-argumentar dizendo que a pulverização das mídias as deixa mais vulneráveis às pressões dos governos. Este é um argumento relevante. 

No entanto, a solução para esse problema não está na perpetuação de outro problema.

Há de se pensar ações que impeçam os governos de moldarem as informações a partir de seus interesses.

No caso brasileiro, isso pede a limitação da capacidade de influência dos governos através da drástica limitação da publicidade governamental (reduzida apenas a campanhas de utilidade pública), do respeito à proibição de políticos e seus grupos operarem concessões de mídia, assim como de critérios absolutamente isonômicos de usos de verbas publicitárias de empresas estatais.

(*) Vladimir Safatle é professor livre-docente do Departamento de filosofia da USP (Universidade de São Paulo). 

Fonte:
http://www1.folha.uol.com.br/colunas/vladimirsafatle/1208576-lei-dos-meios.shtml

Leia também:
- No mundo de Murdoch - Luiz Gonazaga Belluzzo
- Compare: o juiz inglês e os nossos juízes - Paulo Nogueira

Nota:
A inserção de algumas imagens adicionais, capturadas do Google Images, são de nossa responsabilidade, elas inexistem no texto original.

sexta-feira, 11 de janeiro de 2013

Última chance para derrubar Dilma


Por Antonio Lassance*, na Carta Maior. Imagens: ABr/arquivo
A oposição sabe que o ano-chave das eleições não é 2014, é 2013. Ou ela começa já a derrubar a popularidade de Dilma, incentiva candidaturas competitivas e estigmatiza de vez o partido da presidenta, ou pode dar adeus não só às suas remotas chances de vitória, mas de que haja segundo turno em 2014. O “timing” para fazer isso é 2013, ou será tarde demais para conseguir tirar a vantagem que hoje tem a presidenta contra qualquer adversário.

Ao contrário de campanhas anteriores, os tucanos já definiram seu candidato com bastante antecedência. A antecipação ocorreu porque a tarefa da oposição é ingrata. A popularidade de Dilma anda na estratosfera (73%) e resistiu aos escândalos direcionados contra seu governo, ao julgamento da Ação Penal 470 e à desaceleração da economia. A presidenta e o PT não só atravessaram tudo isso como conseguiram ampliar o número de prefeituras e derrotar o PSDB na cidade com o maior eleitorado do país. Uma dificuldade extra para a política em 2014 será o clima de Copa do Mundo de futebol, mais intenso e que se estenderá por mais tempo no Brasil.



Na batalha para garantir que pelo menos haja segundo turno, os que fazem oposição ao governo Dilma sabem que não podem confiar só no PSDB. Torcem por um maior número de candidatos com pelo menos 10% de intenções de voto cada. Faz parte do jogo trazer Marina Silva de volta à cena, falando de meio-ambiente; dar voz ao PSOL para falar de corrupção; estimular Eduardo Campos – que já disse que não é candidato - a se tornar candidato. Nessa divisão do trabalho, os tucanos centram seu foco na economia, ou melhor dizendo, no tema das finanças (públicas e privadas).



Na nova estratégia oposicionista, o tempo é a variável fundamental. A estigmatização dos adversários e a editorialização da política já são armas corriqueiras. Os alvos também continuam, em grande medida, os mesmos. Incluem os clichês da tradicional espiral de pessimismo: "a inflação está alta demais", "os gastos públicos fugiram do controle", "o país vai crescer menos que o Haiti", "a saúde está pela hora da morte", "a educação só piora".

Os estigmas mais fortes virão dos desdobramentos do mensalão. A oposição ambiciona as imagens de petistas indo para a carceragem, se possível, algemados; melhor ainda se forem pegos de pijama e seguirem para a prisão em camburões, filmados pelos helicópteros das redes de TV.

Os novos alvos ficam por conta da batalha pela redução das tarifas de energia, confrontada com o fantasma do apagão, e da gestão da prefeitura de Haddad, que poderá ser alvo da mesma tentativa de erundinização que se viu na campanha de 1989 contra Lula, quando uma administração boa e séria foi transformada em um péssimo exemplo pelos adversários.



Está certíssimo o ministro Gilberto Carvalho, que disse que “2013 vem aí e vem muito bravo”. A questão é saber: diante dos ataques, o que farão a presidente, seu governo, Lula e o PT?

Uma grande expectativa está sendo depositada em uma presença pública mais intensa de Lula, com suas caravanas, seu contato com o povo, sua língua ferina contra os adversários, seu improviso, suas metáforas. Esse estilo direto e mambembe de fazer política sempre ajudou o PT a inverter o jogo em momentos difíceis.
















Dilma Rousseff passa a tropa em revista no dia 1º de janeiro de 2011

Mas será que isso basta? Lula será fundamental para defender o PT e a si próprio dos duros ataques que vem sofrendo. Também pode fazer, melhor do que ninguém, a defesa de seu legado. Em 2013, completamos 10 anos do início de muitas mudanças que agora fazem parte da paisagem socioeconômica do país. Mas há toda uma nova geração de brasileiros que já não se recorda do que era este país antes de Lula. Não sabe o que era a educação sem Fundeb, sem Pró-Uni, sem Cefet’s, sem as universidades que foram criadas ou ampliadas. Não sabe o que era a Saúde sem a Política Nacional de Urgência e Emergência - da qual fazem parte o SAMU e as Unidades de Pronto Atendimento - e sem “Brasil Sorridente”.

Tem gente que não se lembra o que era a infraestrutura do país antes do PAC, nem da época em que engenheiros começavam a aparecer nas esquinas vendendo cachorro-quente. Muita gente não tem ideia do que era a vida dos mais pobres com a taxa de desemprego acima de dois dígitos, sem o Bolsa Família, sem o “Minha Casa, Minha Vida”, sem o “Luz para todos”. Antes da criação das contas populares, que permitiram a bancarização de milhões de brasileiros, muitos tinham vergonha de entrar em uma agência bancária e só conseguiam crédito recorrendo à agiotagem. Neste sentido, Lula pode ajudar muito a refrescar a memória do país.

Mas, e Dilma? Estamos falando de seu governo, e não só do governo Lula. É da presidenta a responsabilidade primordial de dizer o que é e o que faz seu governo. Seria bom que fizesse isso mudando ou no mínimo variando mais seu padrão de comunicação, incluindo entrevistas a blogueiros, a rádios e veículo do interior, sindicais e comunitários.










Dilma e a presidenta Cristina Kirchner, em Buenos Aires

Se quiser fazer frente a seus adversários e ao tamanho dos desafios colocados, Dilma vai ter que falar mais, que viajar mais. Vai precisar explicar mais o que está acontecendo, o que está fazendo e o que está em jogo para o futuro do país. Terá que se rodear menos de ministros e celebridades, e mais do povo das ruas. Afinal, este ano de 2013 começou com altas temperaturas e com cara de primeiro turno.

*cientista político e pesquisador do IPEA. As opiniões expressas neste artigo não refletem necessariamente opiniões do Instituto.

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Dilma refém do PMDB

O "Lulismo" e os meios de comunicação

03/01/2013 - Ariel Goldstein - Página/12 - Carta Maior
Tradução: Katarina Peixoto

Buenos Aires - Num artigo recente, o historiador inglês Perry Anderson (foto abaixo) estabeleceu as diferenças entre a cobertura feita pela mídia internacional e a brasileira sobre o governo Lula, assim:

Aquele cujas impressões a respeito de seu governo viessem da imprensa internacional teria um choque ao encontrar o tratamento dado a Lula nos meios de comunicação brasileiros. Praticamente desde o início, a The Economist e o Financial Times ronronaram satisfeitos com as políticas pró-mercado e com a concepção construtiva presidência de Lula (...).


O leitor da Folha ou do Estadão, para não falar da Revista Veja, estava vivendo num mundo diferente.

Normalmente, em suas colunas, o Brasil estava sendo governado por um grosso aspirante a caudilho, sem a menor compreensão dos princípios econômicos ou respeito pelas liberdades civis, uma ameaça permanente à democracia e à propriedade privada”.

Uma situação similar se produziu durante a recente visita da comitiva brasileira a França. Enquanto o ex-presidente estava junto da mandatária Dilma Rousseff, e o país era lembrado na capa do semanário francês Challenge como “Brasil, o país onde se precisa estar”, as declarações do empresário condenado por corrupção Marcos Valério sobre um suposto benefício de Lula do esquema do Mensalão inundavam as páginas dos periódicos de maior tiragem nacional.

A insistência na desqualificação da imagem de Lula por parte da imprensa obrigou Dilma Rousseff a ensaiar uma defesa, na França: “Repudio todas as tentativas de destituir Lula da imensa carga de respeito que o povo brasileiro tem por ele”, ao tempo em que Hollande (foto) observava que “Lula tem na França uma grande imagem” e “é visto como uma referência”.

A ênfase crítica especial que a imprensa brasileira demonstrou com o ex-presidente obriga necessariamente a uma reflexão: é verdade, como observa Anderson, que “o relacionamento direto de Lula com as massas” interrompeu um ciclo, “minando o papel dos meios de comunicação na formação do cenário político”?

Apesar da inegável capacidade de Lula de estabelecer com as camadas populares uma relação profunda de identificação, o poder dos meios de comunicação na sociedade brasileira não foi minado.

Lula é percebido como alguém que ameaça, com sua estima popular e com suas possibilidades presidenciais até 2014, o status quo midiático brasileiro.

Destruir o capital político do ex-presidente, que havia crescido com o triunfo de seu candidato Fernando Haddad (foto) nas últimas eleições municipais, parece ser um objetivo visível.

A relação tensa entre Lula e o PT com os meios de comunicação possui uma história que antecede à sua chegada à presidência – o que produziu uma mutação na relação. Estas tensões começaram a aumentar durante as eleições de 1989, 1994 e 1998, quando os meios dominantes teceram múltiplas acusações para desacreditar o candidato petista.

Durante as eleições de 1989, sobressaiu a atuação da Rede Globo para construir, como rival de Lula, Collor de Mello, um candidato da elite brasileira e sem lastro partidário, editando o debate televisivo do segundo turno notoriamente a favor deste.

Esta história de operações contra a sua imagem explica a aversão em relação aos meios de comunicação, que existe tanto em Lula como em outros líderes partidários, como José Dirceu, seu chefe da Casa Civil entre 2003-2005.

Apesar disso, a elaboração de uma legislação reguladora da comunicação parece estar distante, no Brasil. Em que pese a insistência do que poderia ser chamado de “a velha guarda dirigente do PT”, como Dirceu, Genoino e o atual presidente, Rui Falcão, que saíram intensamente prejudicados com a cobertura do julgamento do mensalão, Dilma Rousseff proclamou em numerosas ocasiões: “Prefiro o barulho da imprensa ao silêncio das ditaduras”, proporcionando uma resposta, tanto às exigências de regulação como às acusações dos grandes meios de que assim se tentaria cercear a “liberdade de expressão”.

O conflito se torna estrutural, pois remete a questões que vão desde o papel do comunicador popular que Lula exerce, o que o situa na lógica alternativa à unidirecionalidade dos grandes meios, até a mudança de elites políticas produzida pelo PT, que dificulta as mediações internas características das relações governo-imprensa, previamente, assim como a agenda progressista do governo, que tende a entrar em conflito com a cosmovisão dos meios conservadores.

É por isso que os recorrentes picos de tensão que atravessam esta complexa relação parecem desde o começo uma medição de forças entre atores que não permitem resoluções de “soma zero”;

Entre a negociação e o conflito os contornos dessa transição se vão definindo.

(*) Ariel Goldstein, sociólogo (Universidade de Buenos Aires). Bolsista do Conicet, no Instituto de Estudos da América Latina e do Caribe (Iealc)

Fonte:
http://www.cartamaior.com.br/templates/materiaMostrar.cfm?materia_id=21464

Não deixe de ler:
Feliz Ano Novo: Lula reabre o calendário das ruas

Nota:
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quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

'Não voltarão': milhares tomam centro de Caracas para apoiar Chávez

Apoiadores do presidente atenderam em massa convocatória do governo para defender decisão do Supremo venezuelano



Do Opera Mundi*

Caracas - Desde a internação do líder venezuelano em Havana para uma quarta cirurgia contra um câncer, em 11 de dezembro de 2012, oposição e governo apresentaram visões diferentes sobre o 10 de janeiro, data em que Chávez deveria tomar posse frente à Assembleia Nacional. O preceito está previsto no artigo 231 da Constituição, porém, para os chavistas, o trecho menciona que, se por “motivo superveniente” o presidente não puder estar na posse, a mesma será feita frente ao Supremo Tribunal de Justiça.

A leitura do governo foi acatada tanto pela maioria dos deputados do parlamento como pelo TSJ venezuelano. No entanto, partidos opositores defenderam que o presidente da assembleia, Diosdado Cabello, deveria assumir as rédeas do país, devido à ausência do presidente. Com os protestos da oposição, que chegou a mencionar que o chavismo estaria dando um “golpe de Estado”, o governo convocou a população às ruas para defender Chávez e a revolução. "É um dia histórico, porque começa o mandato do presidente Chávez 2013-2019", afirmou o vice-presidente Nicolás Maduro.

Vice-presidente Maduro discursa, ao lado dos presidentes da Bolívia, Uruguai e Nicarágua

“Eu não tenho medo deles [oposição]. Aqui há um povo fiel ao presidente e que irá defendê-lo até a morte. Eu votei por Chávez e quero que ele cumpra esse novo mandato”, continuou Haydée. Assim como ela, o técnico agrícola Jarion Centena, de 30 anos, chegou cedo à concentração em Caracas. “Minha vida mudou completamente desde a eleição de Chávez. Hoje somos mais politizados, não hesitamos em discutir os problemas do país. A oposição pensa que somos os mesmos ignorantes de antes, mas estão enganados”, disse Centena, habitante do Estado de Miranda.


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Sobre a ausência do presidente, que ainda não mandou uma mensagem direta ao povo venezuelano ou apareceu em fotos e vídeos, o técnico agrícola afirmou confiar no vice-presidente e no resto do gabinete ministerial. “Com ou sem Chávez iremos seguir. Ele já plantou a semente”, ressaltou. Haydée concorda: “de coração, espero que ele se recupere, mas caso Deus não queria que o presidente esteja conosco, o honraremos aprofundando ainda mais essa revolução. Hoje é a posse do povo!”.


A última informação oficial sobre a saúde do presidente, divulgada nesta semana, dizia que ele está “assimilando bem” o tratamento de uma insuficiência respiratória, provocada por uma infecção pulmonar. O boletim médico informava, ainda, que a situação dele, embora delicada, estava "estacionária".

Oposição
Em reação à decisão do Supremo, a oposição convocou um ato para 23 de janeiro. "Respeitamos e acatamos a decisão do tribunal, mas isso não significa que vamos nos silenciar e que não vamos seguir nos mobilizando para tentar restabelecer a ordem constitucional perdida", disse o deputado Alfonso Marquina.

O parlamentar afirmou que o dia 23 de janeiro, data do 55º aniversário do final da última ditadura militar no país, foi escolhido para demonstrar que os venezuelanos podem viver em democracia. "Hoje, quando em nosso julgamento está seriamente afetada e seriamente ameaçada a democracia venezuelana com estes mecanismos que estão se implementando, nós convocamos os venezuelanos para defender esse legado de liberdade, de democracia", disse um Marquina rodeado por deputados da aliança opositora MUD (Mesa da Unidade Democrática).


"É nossa proposta para a MUD, para todos os venezuelanos de bem que querem que se saiba a verdade, que querem que se restabeleça a ordem e que querem que se respeite a vontade popular", acrescentou, sublinhando que se trata de um "ato cívico, pacífico e democrático". Marquina anunciou que vai levar suas denúncias e exigências "aos países irmãos da América Latina e do mundo" e "às instâncias internacionais".
*imagens: Agência Venezuela de Notícias e Ag. EFE

Não deixe de ler:
A Globo contra os venezuelanos

E não deixe de assistir:

Ser chavista implica uma relação de amor com um líder político que não nos traiu

01/01/2013 - Elías Jaua Milano - VTV (Venezolana de Televisión)
Extraído de Midiacrucis Blog
Tradução Christina Iuppen

O ex-vice-presidente executivo, Elias Jaua Milano, escreveu que o chavismo se converteu em uma das maiores forças políticas e sociais de esquerda no mundo.

Dirigente do Partido Socialista Unido de Venezuela, Elías Jaua Milano, com o
Presidente da República Bolivariana de Venezuela, Hugo Chávez(Foto Archivo)


A corrente militar-popular bolivariana, que começou a se constituir como força política sob a liderança do Comandante Hugo Chávez, teve sua origem mais imediata nas rebeliões populares de 1989 e 1992, respectivamente.

Contudo, a arquitetura do Movimento Bolivariano 200 (MBR 200) nas ruas começou a ser executada a partir de 1994, quando Hugo Chávez sai da prisão e inicia uma peregrinação social e política por todo o país.

Entre 1994 e 1998, o Comandante Chávez consegue unir estudantes, profissionais liberais, pequenos e médios empresários, camponeses, agricultores, pescadores, mineiros, indígenas, operários, mulheres, jovens, militares, dirigentes locais e a quase totalidade das direções da esquerda venezuelana, sob as bandeiras do resgate do pensamento bolivariano e das convocatória de uma Assembleia Constituinte para refundar o Estado, recuperar a soberania popular e nacional, assim como transformar a estrutura de exclusão social das grandes maiorias.

De modo oportunista, inclusive, setores da burguesia apoiam a insurgente força política bolivariana.

É assim que, em 6 de dezembro de 1998, o Comandante Chávez é eleito Presidente, ativando-se o processo constituinte que viria a permitir a eleição da Assembleia Nacional Constituinte e a posterior aprovação popular da Constituição da República Bolivariana da Venezuela, fato inédito em nossa História.

No bojo do processo constituinte, o Presidente da República, Hugo Chávez, começa a dar passos audaciosos tais como o emprego massivo das Forças Armadas em tarefas de proteção social e desenvolvimento nacional; vai às ruas para entrar em contato com os setores  mais humildes e excluídos; interpela os donos dos grandes meios de comunicação privados e dá uma utilização revolucionária aos meios de comunicação públicos; desenvolve uma corajosa política internacional ao estabelecer pontes com Cuba, China, Iraque, Irã, e impulsiona um processo de recuperação do peso político da OPEP, entre outros desafios aos poderes políticos estabelecidos.

Todas essas medidas vão configurando uma nova prática política sustentada, no exercício pleno da soberania nacional e da independência do Governo da República de qualquer fator de poder interno ou externo; a reivindicação do protagonismo político do povo; a inclusão social como direito humano, assim como a desmistificação dos poderes fáticos.

Em 2000, depois do processo de refundação dos poderes públicos ordenados pela nova Constituição, aprovada em 1999, o Presidente Chávez solicita à nova Assembleia Nacional que o habilite, mecanismo constitucional, para legislar em matéria social e econômica.

Este processo de elaboração e aprovação de leis por parte do Executivo, que buscava cumprir o mandato constitucional de transformar a institucionalidade, o regime econômico e o papel do Estado na economia, somado a uma crescente tensão internacional com os Estados Unidos, Colômbia e Espanha, na defesa da nossa soberania e da paz mundial, levariam a uma confrontação com as elites dominantes que desembocaria nos acontecimentos de 2002.

Este breve relato histórico pretende apenas contextualizar o momento em que aparece o termo ‘chavista’, para identificar a corrente popular bolivariana que se havia insurgido em fins dos anos 80 e princípios dos 90 do século XX.

Até o ano 2000, as forças políticas lideradas pelo Presidente Chávez nos identificávamos como ‘os bolivarianos e as bolivarianas’; poucos compatriotas se definiam como ‘chavistas’.

No momento em que as elites dominantes decidiram pôr fim ao ensaio revolucionário, usaram toda a artilharia de ódio contra o povo pobre que seguia o Comandante Chávez. É assim que, à ampla e histórica lista de adjetivos para criminalizar o povo (chusma, hordas, bandoleiros, ‘niches’, ‘tierruos’, malandros etc.), somaram-se novos epítetos: ‘chavista’ no individual e, coletivamente, ‘hordas chavistas’ ou ‘círculos do terror’.

Era na realidade uma tentativa de despojar-nos de nossa identidade como bolivarianos, um último esforço para preservar o termo ‘bolivariano’ nos arquivos mofados das academias de História. Mas não apenas não nos puderam arrebatar o nome sentido de ‘filhos de Bolívar’, como assumimos o de ‘chavistas’ e o ressignificamos com dignidade.

Lembro de uma marcha onde vi, pela primeira vez, a expressão ‘sou chavista, e daí?’ em um pedaço de cartolina levantada por uma mulher do povo. Foi então que nos fizemos chavistas, que a princípio significava somente ser seguidores e defensores de Hugo Chávez. E como bolivarianos e chavistas conquistamos as vitórias contra o golpe, as paralisações fascistas de 2002, as guarimbas (*) de 2003 e ratificamos nosso Presidente em 2004.

Após consolidar as vitórias populares de 2002, 2003 e 2004, reivindicamos nossa identidade chavista. Lembro de que, nessa época, o Comandante começou a questionar o termo, porque considerava que dava margem a uma corrente personalista contrária aos princípios revolucionários; mais adiante, porém, deu-se conta de que ser chavista transcendia a seu sobrenome.



Ser chavista implica uma conexão de amor com um líder político que não nos traiu; significa a reivindicação como povo herdeiro de um passado heroico que nos pertence e se tem feito presente e futuro; é assumir que ninguém é mais do que ninguém, que todos temos direitos a todos os direitos; é sentir na alma um amor profundo por nossa Pátria e nos sentirmos profundamente orgulhosos de ser venezuelanos, venezuelanas, latino-americanos e latino-americanas.







Ser chavista é saber que o poder nos pertence como povo, e não aos ricaços; é nos sentirmos respeitados em nossa diversidade cultural e social. 


Ser chavista é ser consciente de que a renda nacional é para todos e todas; é ter a solidariedade humana como valor supremo.
Ser chavista é nos sentirmos parte de uma força ética para a vida, para a emancipação dos povos, para a união sul-americana, para o que é grande e para o belo, como nos ensinou nosso Pai Simón Bolívar.
Ser chavista é ser irreverente ante o poder da dominação. Ser chavista é pensar e fazer a partir da esquerda.

É assim que do bolivarianismo nasce o chavismo, que é profundamente cristão e logo se fez socialista, porque não há outra maneira de professar, genuinamente, os mais altos valores humanos.

Hoje, o chavismo é uma das forças políticas e sociais de esquerda maiores e de mais impacto no mundo e se converteu numa referência para ‘os pobres desta terra’.

Hoje, o chavismo é Hugo Chávez e Hugo Chávez é o chavismo.

Tão grande é o impacto desta nova cultura política que a direita venezuelana e de outros países tem tentado apropriar-se, sem êxito, dos códigos e valores do chavismo. Eles não compreendem que não há chavismo sem o pensamento e a paixão de Chávez pelo povo, que não há chavismo sem povo livre, que não há chavismo sem opção preferencial pelos pobres, que não há chavismo sem socialismo de verdade.

Por isto e por muito mais, somos orgulhosamente chavistas, socialistas e bolivarianos.

SOMOS O CHAVISMO, UMA FORÇA ALEGRE E REVOLUCIONÁRIA PARA A LIBERTAÇÃO.

Feliz Ano Novo de 2013, ano de grandes desafios para a Venezuela, ano do bicentenário da proclamação como Libertador da Venezuela de nosso Pai Simón Bolívar!

Viveremos e venceremos!!!

(*) Guarimbas foi como se chamaram os protestos de estudantes oposicionistas, que denunciavam supostas fraudes, após as eleições. (N. da T.)

Fonte:
VTV (Venezolana de Televisión)
http://www.vtv.gob.ve/articulos/2012/12/30/elias-jaua-milano-ser-chavista-implica-una-conexion-amorosa-con-un-lider-politico-que-no-nos-ha-traicionado-351.html

Nota:
A inserção de algumas imagens adicionais, capturadas do Google Images, são de nossa responsabilidade, elas inexistem no texto original.

Leia também: Por que Chávez é tão odiado, artigo de Owen Jones
http://www.diariodocentrodomundo.com.br/?p=20437