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quarta-feira, 2 de outubro de 2013

A violência contra os professores no RJ



Por Altamiro Borges - Blog do Miro

A repressão aos professores em greve no Rio de Janeiro pode afundar de vez a já baixa popularidade do governador Sérgio Cabral e do prefeito Eduardo Paes, ambos do PMDB. Nesta terça-feira (1), as cenas de brutal violência voltaram a chocar os cariocas. Centenas de policiais cercaram a Câmara dos Vereadores no momento da votação do Plano de Cargos, Carreiras e Remuneração dos trabalhadores no ensino público. O plenário ficou vazio e bombas de efeito moral foram utilizadas pela PM para dispensar os grevistas que tomaram a frente do Palácio Pedro Ernesto, sede do Legislativo municipal.

Segundo relato do repórter Vladimir Platonow, da Agência Brasil, "enquanto os vereadores discursam, pode ser ouvido o barulho de bombas de efeito moral usadas pela PM para dispersar os professores do lado de fora do prédio. A Avenida Rio Branco, uma das principais do centro, foi bloqueada desde o período da manhã, assim como as ruas Evaristo da Veiga e Senador Dantas, o que provocou problemas no trânsito da região central".

Já o jornal Brasil de Fato registra que "a manifestação seguia sem tumulto, até que a Tropa de Choque resolveu, por volta das 21 horas, dispersar os black blocs que participavam do protesto em apoio aos professores. Oito pessoas foram detidas e pelo menos outras seis ficaram feridas. Fotógrafos registraram o momento em que um jovem foi agredido com golpes de cassetetes por três policiais. Segundo a PM, o cerco aos professores acampados ao lado da Câmara foi ordem do presidente da Casa, Jorge Felippe (PMDB)".

A violenta repressão aos professores em greve tem gerado crescentes protestos de parlamentares e lideranças dos movimentos sociais. Reproduzo abaixo as duras notas divulgadas nesta terça-feira pela Central Única dos Trabalhadores (CUT) e pela Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB):

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Nota da CUT:

O Estado Democrático de Direito vem sendo flagrantemente violado pela ação da Polícia Militar na Câmara dos Vereadores do Rio. Depois de ter arrombado o portão da sede do Poder Legislativo na noite de sábado e retirado os professores na base de socos, pontapés e gás de pimenta, sem mandado de reintegração de posse, nesta segunda-feira (30), a PM se superou em termos de truculência.

Simplesmente partiu para a agressão gratuita e generalizada contra tudo e contra todos, jogando bombas a torto e a direito contra o acampamento dos grevistas e usando e abusando o gás de pimenta e das balas de borracha. O resultado de tanta violência foi professor com fratura exposta no pé, outro com orelha quase decepada, além de muitos feridos e presos. Sem contar que a normalidade democrática foi brutalmente afrontada, já que a sede de um poder constituído e todas as ruas do entorno foram cercadas por grades e pelo Batalhão de Choque da PM.

Em síntese, no Rio de Sérgio Cabral e Eduardo Paes, professor é tratado como bandido e as regras democráticas são violadas como se vivêssemos numa ditadura. A CUT-RJ exige a apuração desses episódios lamentáveis e a punição de todos os culpados. A central, conforme já anunciou em nota divulgada neste domingo, não hesitará em acionar a Secretaria Nacional de Direitos Humanos, o Ministério da Justiça e o Ministério Público com este objetivo.

A CUT-RJ segue cobrando ainda a retirada da urgência na votação do Plano de Carreira e a retomada das negociações com a categoria. Também manifesta, mais uma vez, todo o apoio à greve dos profissionais da educação e repudia veementemente a violência do estado contra uma categoria profissional em luta.

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Nota da CTB

A direção da CTB-RJ e todos os seus sindicatos e núcleos filiados vêm a público manifestar sua solidariedade ao SEPE (Sindicato Estadual dos Profissionais em Educação do Rio de Janeiro) bem como a todos os professores, professoras e demais membros da categoria que estão em greve no estado do Rio de Janeiro.

Repudiamos também a violenta ação da PM (Polícia Militar) que no sábado (28/09) impôs a saída dos profissionais da Câmara de Vereadores e reprimiu com igual violência os manifestantes que apoiavam a ocupação do lado de fora, na qual a PM deliberadamente utilizou bombas de efeito moral, bombas de gás, gás de pimenta e cassetetes.

Cabe ressaltar que esta onda de violência, apesar de ter se acentuado, já vem sendo implementada desde as manifestações de junho. Agora o governo estadual e a PM transformaram o centro do Rio numa verdadeira Faixa de Gaza impedindo inclusive o constitucional direito de ir e vir.

Ao mesmo tempo em que a CTB-RJ e os sindicatos e núcleos filiados repudiam a violência policial que se abateu sobre a legítima manifestação dos trabalhadores que estão reivindicando democraticamente seus direitos, conclamam todos os setores democráticos da sociedade a se somar à luta dos trabalhadores e impedir a escalada do autoritarismo no Rio de Janeiro.

A CTB-RJ apoia a luta dos profissionais de Educação do Rio de Janeiro por um Plano de Cargos Carreiras e Salários que dignifique os trabalhadores e trabalhadoras e exige a imediata retirada de pauta da proposta enviada à Câmara de Vereadores pelo prefeito Eduardo Paes e a retomada das negociações com a categoria através da Comissão de Negociação do SEPE e o fim da repressão policial.

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Fonte:http://altamiroborges.blogspot.com.br/2013/10/a-violencia-contra-os-professores-no-rj.html?spref=tw

Leia também a nota de repúdio da Comissão de Direitos Humanos da ABI contra a repressão violenta aos professores do Rio de Janeiro.
http://www.rededemocratica.org/index.php?option=com_k2&view=item&id=5222:nota-de-rep%C3%BAdio-%C3%A0-repress%C3%A3o-aos-professores


domingo, 1 de setembro de 2013

Globo admite "erro" em 64. Haja medo!


Por Altamiro Borges - em seu Blog

O Globo publicou neste sábado (31) um artigo que entrará para a história da mídia nativa. O jornal finalmente assume que o "apoio editorial ao golpe de 64 foi um erro" - estampa já no título. O texto é maroto, cheio de distorções históricas, mas confirma que a arrogante Rede Globo está com medo. Medo dos protestos de rua contra o império global, que um dia antes voltaram a ocupar os portões da emissora em vários estados. Medo da repercussão na blogosfera das denúncias sobre a bilionária sonegação fiscal da empresa. Medo da concorrência no setor, principalmente com a presença das multinacionais da tecnologia, como a Google, que abocanham gordas fatias do mercado publicitário.


Com o editorial, a famiglia Marinho tenta recuperar um pouco da credibilidade perdida, expressa na queda da tiragem do jornal e da audiência da emissora. O jornalão mesmo admite que os protestos de rua estão incomodando. "Desde as manifestações de junho, um coro voltou às ruas: 'A verdade é dura, a Globo apoiou a ditadura'. De fato, trata-se de uma verdade, e, também de fato, de uma verdade dura. Já há muitos anos, em discussões internas, as Organizações Globo reconhecem que, à luz da História, esse apoio foi um erro". Mas só agora o império confirmou o seu bárbaro crime!

O jornal garante que o texto de autocrítica já estava pronto há meses - mas quem vai acreditar num império que sempre mente e manipula? E afirma, posando de humilde: "Não lamentamos que essa publicação não tenha vindo antes da onda de manifestações, como teria sido possível. Porque as ruas nos deram ainda mais certeza de que a avaliação que se fazia internamente era correta e que o reconhecimento do erro, necessário. Governos e instituições têm, de alguma forma, que responder ao clamor das ruas. De nossa parte, é o que fazemos agora, reafirmando o nosso incondicional e perene apego aos valores democráticos". Só mesmo um ingênuo para acreditar nesta bravata!

Na sequência, o texto ainda tenta justificar o apoio ao golpe. "O Globo, de fato, à época, concordou com a intervenção militar, ao lado de outros grandes jornais, como 'O Estado de S.Paulo', 'Folha', 'Jornal do Brasil' e o 'Correio da Manhã', para citar apenas alguns. Fez o mesmo parcela importante da população, um apoio expresso em manifestações e passeatas organizadas em Rio, São Paulo e outras capitais. Naqueles instantes, justificavam a intervenção dos militares pelo temor de outro golpe, a ser desfechado pelo presidente João Goulart, com amplo apoio de sindicatos - Jango era criticado por tentar instalar uma 'república sindical' - e de alguns segmentos das Forças Armadas".

O Globo só não confessa que ajudou a criar o clima para o golpe militar, que investiu pesado para desestabilizar um governo democraticamente eleito e que manipulou para incitar a classe "mérdia". O jornal também nada fala sobre a conspiração orquestrada pelo governo dos EUA, pelo latifúndio e por grandes empresários contras as "reformas de base" anunciadas por Jango. Um complô em que a imprensa, historicamente reacionária, teve papel determinante. Pesquisas da época indicam que João Goulart tinha o apoio da maioria da sociedade. Mas o "partido da imprensa golpista" fez de tudo para derrubá-lo e para instalar uma ditadura sanguinária no país.

O editorial ainda afirma que "naquele contexto, o golpe, chamado de 'Revolução', termo adotado pelo Globo durante muito tempo, era visto como a única alternativa para manter no Brasil uma democracia". O jornal nada fala sobre os seus vínculos estreitos com os generais golpistas e os torturadores e assassinos da ditadura. Não explica como a famiglia Marinho construiu seu poderoso império com o apoio do regime militar. No maior cinismo, ainda insinua que ajudou na luta pela democratização do país. "Nos vinte anos durante os quais a ditadura perdurou, O Globo, nos períodos agudos de crise, mesmo sem retirar o apoio aos militares, sempre cobrou deles o restabelecimento, no menor prazo possível, da normalidade democrática".

O Globo não explica porque escondeu a campanha das Diretas-Já, tornando um ato da campanha numa "festa de aniversário" de São Paulo; porque maquiou Collor de Mello como o "caçador de marajás' para derrotar o operário Lula nas eleições presidenciais; porque foi o baluarte do projeto destrutivo e regressivo do neoliberalismo no triste reinado de FHC. Também nada fala sobre a sua ofensiva para "sangrar" de Lula e da sua campanha descarada contra a eleição de Dilma Rousseff.

Ao final, o editorial afirma que "a História não é apenas uma descrição de fatos, que se sucedem uns aos outros. Ela é o mais poderoso instrumento de que o homem dispõe para seguir com segurança rumo ao futuro: aprende-se com os erros cometidos e se enriquece ao reconhecê-los". A famiglia Marinho não aprendeu nada com a História!


Fonte: http://altamiroborges.blogspot.com.br/2013/09/globo-admite-erro-em-64-haja-medo.html?spref=tw


Globo: o dor da saturação

sexta-feira, 21 de junho de 2013

Os fascistas querem tomar as ruas


Por Altamiro Borges - no seu Blog

Cenas deploráveis foram presenciadas nas manifestações desta quinta-feira (20). Pegando carona nos atos para festejar a redução das tarifas do transporte público em várias cidades, milícias fascistas e grupos de provocadores saíram às ruas para rasgar bandeiras de partidos e agredir militantes de esquerda.

Aproveitando-se de um sentimento difuso contra a política, estimulado diariamente pela mídia oligopolizada e golpista, estas hordas espalharam o pânico. As forças democráticas da sociedade precisam rapidamente rechaçar estes atentados, que colocam em risco a democracia brasileira. É preciso alertar os mais inocentes para eles não se tornem massa de manobra dos grupos fascistas.

Na Avenida Paulista, centro de São Paulo, uma minoria de vândalos atacou militantes do PT, PCdoB e MST. Aos berros, pessoas mascaradas gritavam “ditadura, já” e dirigiam ataques raivosos contra a presidenta Dilma Rousseff, eleita pela maioria do povo brasileiro. No Rio de Janeiro, sindicalistas da CUT foram cercados e agredidos e tiveram suas bandeiras arrancadas. Militantes do PSTU e do PSOL também têm sido alvo de provocações. O grito de guerra entoado por estes setores intolerantes é “sem partido” – numa negação à luta política e democrática, que traz à memória as péssimas lembranças da ascensão do nazifascismo na Europa e dos golpes militares na América Latina.

Até setores que apostaram na radicalização, sonhando com “a revolução na próxima esquina”, estão assustados. Como escreveu Valério Arcary, respeitado dirigente do PSTU, os ataques são “covardes” e partem de pessoas “mascaradas, alimentando a ilusão de que a intimidação física é o bastante para vencer na luta política... O antipartidarismo, mais grave quando se dirige contra a esquerda socialista, é uma ideologia reacionária e tem nome: chama-se anticomunismo. Foi ela que envenenou o Brasil para justificar o golpe de 1964 e vinte anos de ditadura. Não deixem baixar as bandeiras vermelhas. Foram os melhores filhos do povo que derramaram seu sangue pela defesa delas”.

A presença destas hordas fascistas já tinha se manifestado antes desta quinta-feira. Como registrou José Francisco Neto, do jornal Brasil de Fato, “na segunda e na terça-feira, a reportagem constatou sensível diferença nos atos comparando-os com a semana anterior. Os gritos não eram os mesmos puxados pelos movimentos sociais. As bandeiras de partidos não foram mais estiadas. Muitas, inclusive, foram impedidas de serem levantadas por um grupo de pessoas que pediam ‘Sem partido’... Na segunda-feira, militantes da Juventude do PT quase foram agredidos por tentarem erguer a bandeira do partido. Já pessoas ligadas ao PSTU não conseguiram recuar e foram agredidas”.

Fonte: Blog  do Miro

http://altamiroborges.blogspot.com.br/2013/06/os-fascistas-sairam-as-ruas.html

domingo, 4 de março de 2012

A pior audiência da história da Globo

domingo, 4 de março de 2012 - Por Altamiro Borges - em seu blog do Miro

Líder de audiência há mais de quatro décadas, a TV Globo teve o pior mês de fevereiro de toda a sua história.

Segundo sondagem do Ibope, entre as sete da manhã e a meia noite, a emissora registrou uma audiência média de 14,4 pontos na Grande São Paulo no mês passado (há um ano ela tinha 15,9 pontos). A péssima notícia deve ter preocupado os filhos de Roberto Marinho.

Mas eles têm um consolo. A queda de audiência foi generalizada, o que indica que os brasileiros estão cada vez mais distantes da péssima programação da televisão. Ainda segundo o Ibope, a Record registrou 6,8 pontos (há um ano, ela marcava 7,2 pontos); o SBT caiu de 5,6 para 5 pontos; a Band, de 2,5 para 2 pontos; e a RedeTV! de 1,4 para 1,1 ponto.

Queda do número de aparelhos ligados
Alguém poderia ponderar que a queda foi compensada pelo aumento do número de assinantes da tevê a cabo, controlada pelas mesmas famílias que monopolizam a mídia no país. Mas o Ibope revela que o número de aparelhos de televisão ligados caiu de 41,9 para 39, em média. Pelo jeito, há uma fadiga com o conteúdo difundindo pelas emissoras.

Os brasileiros estariam migrando para outros atrativos, principalmente para a internet, o que abala o modelo de negócios dos barões da radiodifusão brasileira. Neste cenário, algumas emissoras enfrentam graves crises (como a RedeTV!) e outras assistem a queda de suas audiências. O império da famiglia Marinho sofre rachaduras.

domingo, 25 de setembro de 2011

Opus Dei quer "faxina verde-amarela"


Por Altamiro Borges

A indignação contra o desvio de recursos públicos é justa e necessária. Afinal, é dinheiro do povo extraviado para servir a corruptos e corruptores. Mas é preciso ficar esperto diante dos espertalhões, que usam causas nobres para fins ilícitos. É sempre bom lembrar que o golpe militar de 1964 teve como mote o “combate à corrupção e ao comunismo”. Pura manobra para enganar os ingênuos!


Nas recentes “marchas contra a corrupção”, políticos e partidos que não tem qualquer moral para falar em ética fizeram escarcéu sobre o tema. O senador tucano Álvaro Dias, o neto-demo de ACM, a juventude do PSDB e a mídia demotucana foram os maiores incentivadores dos protestos “espontâneos”. Agora, é o Opus Dei, uma seita de fascistóide, de extrema-direita, que dá seu apoio às “marchas”.

“Mudar a cara do Brasil”

Em artigo publicado no jornal Estadão, o jornalista Carlos Alberto Di Franco, um dos fundadores e chefões do Opus Dei no país, defende a urgência de uma “faxina verde-amarela”. Ele se diz encantado com os protestos do Dia da Independência. “Assistiu-se ao primeiro lance de um movimento de cidadania que tem tudo para mudar a cara do Brasil”. O Opus Dei apoiou o golpe de 1964 com o mesmo objetivo.

Nas entrelinhas, Di Franco não esconde que seu objetivo é fustigar as forças de esquerda e o governo Dilma. “O movimento cobrou a punição dos envolvidos no mensalão do PT, aquele que o ex-presidente Lula diz que nunca existiu... A passeata ocorreu uma semana após o congresso nacional do PT deixar claro que não apóia nenhum tipo de faxina anticorrupção no governo”, mentiu.

Massa de manobra da direita

No artigo, ele lamenta a derrota da investida golpista de 2006, que pregou o impeachment de Lula. “O mensalão do PT parecia que podia terminar em punição. Acabou em pizza. Infelizmente”. Mas o líder do Opus Dei diz que, agora, está otimista com as marchas. Elas contam, entre outros, com o apoio de “meus colegas da mídia, depositários da esperança de uma sociedade traída por suas autoridades”. E concluí: “Vislumbro nas passeatas da faxina verde-amarela o reencontro do Brasil com a dignidade e esperança”.

O artigo-panfleto de Di Franco deve servir de alerta aos que ficam indignados contra a corrupção – não para arrefecer esta justa demanda, mas sim para que não sejam massa de manobra da direita. Esta mesma direita que se mascara de moralista para servir aos interesses dos poderosos – dos sonegadores, dos exploradores de trabalho escravo, dos rentistas, do capital.

Para conhecer melhor o Opus Dei e Carlos Alberto Di Franco, sugiro as seguintes leituras:

- Alckmin e a conspiração do Opus Dei

- Padre Marcelo S.A. e o Opus Dei

quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

Confecom aprova publicidade estatal nas mídias livres e criação do Conselho Nacional


por Iram Alfaia, direto de Brasília para o portal Vermelho
Representantes de movimentos sociais, poder público e empresários costuraram um acordo que já é considerado o maior êxito da Conferência Nacional de Comunicação (Confecom), que termina nesta quinta (17), no Centro de Convenções Ulysses Guimarães, em Brasília. Trata-se da criação do Conselho Nacional de Comunicação. A perspectiva é que o novo órgão, a exemplo do que já existe em outros países, oriente a política do setor no Brasil.

A proposta, que havia sido derrotada durante a elaboração da Constituição de 1988, destaca-se como um dos maiores consensos entre todos os segmentos que participam do evento. Ela estará no relatório final da Confecom que será encaminhado pelo executivo, em forma de proposição, ao Congresso Nacional.

“O Conselho vai ser uma das grandes marcas do êxito dessa conferência, porque até hoje a chamada sociedade civil, os movimentos sociais, estiveram excluídos do debate da comunicação no Brasil”, disse Altamiro Borges, da Associação Portal Vermelho, que tem mais de 130 delegados no evento.

Segundo ele, a proposta é que seja um órgão permanente que vai ajudar no processo de regulamentação e orientação das políticas de comunicação no país, principalmente no processo de convergência digital. O Conselho proposto terá o formato tripartite, ou seja, composto por um terço de cada segmento: governo, empresarial e sociedade civil.

“Não é para menos que a TV Globo esta semana já fez críticas ao Conselho falando que é censura e os editoriais dos jornais de São Paulo também, ou seja, se doeu no calo deles é por que essa é a grande decisão da Conferência”, diz Altamiro, criticando os setores que boicotaram o evento.

Para o vice-presidente da Associação Brasileira de Radiodifusores (Abra), Frederico Nogueira, está sendo costurado um acordo político que atenda a governos, empresários e sociedade civil. O objetivo é formar um Conselho que na prática será um prolongamento da Conferência. “Você pode dar celeridade a esse trabalho de discussão, de reflexão que foi altamente salutar e importante”, diz o vice da Abra, que representa os grupos Bandeirantes e Rede TV.

O coordenador do Fórum Nacional de Democratização da Comunicação (FNDC), Celso Schröder, destacou que a ideia é que o Conselho faça cumprir as regras macros da comunicação brasileira. “Isso de maneira autônoma em relação à Presidência e ao Congresso. É necessário também que tenha força suficiente no molde do modelo britânico”, afirmou.

Propostas na Confecom

O plenário da Confecom avaliará 150 propostas que saíram dos debates em 15 Grupos de Trabalho reunidos nesta terça (15) e quarta (16). As propostas que obtiverem mais de 80% de aprovação nos grupos, a exemplo da criação do Conselho Federal de Jornalismo, irão direto ao relatório final. Já as que não alcançarem 30% serão automaticamente rejeitadas. As demais seguirão para o plenário. São destaques entre as propostas aprovadas nos grupos:

Mais rigor nas concessões - Trata com maior rigor as concessões evitando, por exemplo, a propriedade cruzada. Ou seja, proibindo que um único grupo seja dono de mais de um veículo de comunicação: jornal, TV e rádio.

Conteúdo - Complementaridade entre o sistema público, privado e estatal e o estimulo à produção regional e independente.

Inclusão digital - Universalização da internet em banda larga para todos os lares brasileiros. A discussão é como definir o modelo de implantação, ou seja, se será estatal, privado ou hibrido (estatal e privado).

Rádio Comunitária - Foram feitas duras criticas a criminalização das rádios comunitárias. Os grupos exigiram anistia para os comunicadores populares e indenização pelos equipamentos destruídos. Ainda foi aprovado o fim da burocratização das outorgas.

Publicidade Oficial - Foi aprovado que a publicidade oficial deve estimular a regionalização e interiorização, ou seja, não pode ficar concentrada só no eixo Rio-São Paulo. E ainda é preciso estimular a mídia alternativa.