sexta-feira, 1 de junho de 2012

Aberta a temporada de caça aos blogs sujos ou "nada além da Constituição"

01 Junho 2012 - extraído do blog Comunica Tudo

Está aberta a temporada de caça aos blogs sujos ou "nada além da Constituição".


O assunto é propício no dia hoje [01/06], no qual se comemora o Dia Nacional da Imprensa.


A cada dia que passa fica mais aparente que a velha mídia (imprensa em forma de oligarquia brasileira) não tem outra saída, a não ser tentar minar a blogosfera, a quem chama de "estatal" ou de 'blogs sujos' e assim por diante.


Gilmar Mendes, o ministro do grampo sem áudio, o mesmo que comparou a profissão jornalística com a de cozinheiros, que concedeu Habeas Corpus para Daniel Dantas, agora abre sua temporada de caça ao que denomina "blogs sujos". Quem concede espaço para mais este absurdo (recuso-me a chamar de notícia) é O Globo, em edição impressa de hoje.


O ministro Gilmar está se superando a cada dia. Quando se pensa que ele já atingiu o limite da ética e da vergonha, vem o Mendes com mais uma surpresa. A novidade é esta caça aos "patrocinadores" dos 'blogs sujos'.

Alguém precisa avisar ao ministro caçador que 99% dos blogs com anúncio ou fazem parte do Google Adsense ou de um sistema semelhante, que gera anúncios randômicos, ou seja, independente da vontade e administração dos blogueiros. O 1% restante é o de casos como Luis Nassif, Paulo Henrique Amorim e outros, que são jornalistas conhecidos do grande público e vendem espaço publicitário em suas páginas.

Tanto no blog do PHA quanto no blog de Luis Nassif há anúncios da Caixa Federal. O argumento é que instituições governamentais não deveriam patrocinar sites ou blogs "que atacam instituições". Se o raciocínio do ministro for correto, então deve-se suspender a concessão de emissoras de televisão como a Rede Globo (a quem Mendes defende) e processar empresas como a Abril, que publica a Veja (a quem Mendes também defende).

Só a Veja tem contratos milionários com os governos do PSDB, ou seja, dinheiro público para financiar uma revista que se alia ao crime organizado para atacar instituições públicas com factóides. A TV Globo? É o mesmo caso, porque ainda publica em seu jornal impresso editoriais defendendo uma publicação que se alia ao crime organizado, produz factóides ridículos como a 'bolinha de papel' de José Serra, nas eleições de 2010 e assim por diante.


É importante perceber que existe toda uma ação orquestrada por esta mídia organizadora do Instituto Millenium (Globo, Folha, Estadão e Abril)
[a Família GAFE da Imprensa-Globo/Abril/Folha/Estadão], com a participação de empresas como o Portal Comunique-se, que após passar toda esta semana atacando a blogosfera, hoje nos manda um e-mail marketing com a solução: seja um campeão de audiência com Noblat, Dimenstein e Nunes.

Este é um workshop que dispenso inteiramente e de consciência plenamente livre. Primeiro porque não desejo ser campeão de audiência e segundo porque não gosto dos métodos utilizados pelos jornalistas citados.

Está na hora da população brasileira convocar grandes manifestos, semelhantes ao Occupy Wall Street e sair para as ruas deixando claro que esta velha mídia não representa os interesses do povo.

 
E mais: queremos o que está na Carta Magna deste país, "nada além da Constituição", como disse Franklin Martins, a respeito das oligarquias e demais ilegalidades praticadas por estes grandes grupos de comunicação.

Esta semana já vinha clamando pela atenção dos cidadãos para a artilharia da velha imprensa ("Portal Comunique-se continua em campanha contra a democracia nas comunicações" e também "A velha mídia em pele de cordeiro"), que deseja desviar a atenção de escândalos como a Privataria Tucana, a relação imprensa x Cachoeira e até mesmo a deformação do escândalo do mensalão.

Queremos, brasileiros, a apuração, investigação, julgamento e condenação dos culpados em todos os casos.


Sim! Nós brasileiros queremos que os culpados sejam condenados e presos. A velha mídia não.


Esta imprensa que patrocinou, digo PATROCINOU o golpe e a ditadura militar durante 21 anos é quem deseja abafar a Privataria e a relação imprensa x Cachoeira.


Esta imprensa é que está contra a blogosfera, apenas por seu caráter democrático.


Sim, a imprensa oligárquica brasileira morre de medo da democracia, caso contrário, não teria financiado e apoiado mortes e torturas da Ditadura Militar.


"Nada além da Constituição"

é o grito de guerra de todo cidadão brasileiro contra os desmandos de ministros e da imprensa. "Nada além da Constituição" para as ilegalidades praticadas, eu disse ILEGALIDADES PRATICADAS por todas as emissoras de rádio e televisão deste país.

Queremos a vigência plena do que consta na carta de 1988, nossa Constituição, nada mais, nada menos.

quinta-feira, 31 de maio de 2012

A urgência da união sul-americana

19/05/2012 - Mauro Santayana (*)
extraído do site Carta Maior

A América do Sul terá que unir-se com urgência, para que não se torne território aberto à disputa feroz pelos seus recursos naturais, no futuro que se apressa a chegar. Ao lado da África, a América Latina sempre foi vista como um território de todos, menos de seus próprios habitantes.
(Mauro Santayana)

Não há mais espaço para a dúvida: a América do Sul terá que unir-se com urgência, para que não se torne território aberto à disputa feroz pelos seus recursos naturais, no futuro que se apressa a chegar. Ao lado da África, a América Latina sempre foi vista como um território de todos, menos de seus próprios habitantes. Em nome da Fé e da Civilização, espanhóis e portugueses, holandeses e franceses, aqui chegaram para ocupar e dominar as civilizações existentes, como as andinas.

Nesse aspecto, o Brasil é uma exceção importante: os indígenas brasileiros ainda se encontravam no neolítico, ao contrário dos habitantes da cordilheira, senhores de uma cultura respeitável. Isso parece pouco, mas não é. Dos europeus que tentaram a conquista, os ibéricos tiveram mais êxito, não só na América do Sul, mas também em grande parte da América do Norte, até a chegada em massa dos seus rivais britânicos. O que nos interessa, no entanto, é esse continente em suas razões geográficas, políticas, econômicas e culturais. E não “subcontinente”, como muitos insistem em nos considerar.

Geograficamente, nós constituímos uma realidade própria. Ainda que o istmo do Canadá una o Hemisfério Ocidental, e que grande parte da América do Sul política se encontre ao norte do Equador, e nela considerável parcela do Brasil, da Colômbia à Terra do Fogo somos uma realidade geográfica e histórica bem identificada. Sempre foi do interesse dos colonizadores que vivêssemos, brasileiros e hispano-americanos, bem separados uns dos outros.

Mesmo durante os 60 anos em que as coroas de Portugal e da Espanha estiveram unidas, a administração colonial se manteve separada e os contatos se limitavam às autoridades. Nossos povos não se conheciam, a não ser nos raros pontos fronteiriços.

Ao desdenhar os nossos povos, o arrogante Kissinger disse que nada de importante ocorreu no Hemisfério Sul. Ele, em sua visão preconceituosa e imperialista, se esqueceu de que a descoberta e conquista da América foram o fato mais importante de toda a História do Ocidente.

Essa importância começa com a viagem de Colombo, em 1492, mais arriscada do que a ida do homem à Lua. Os astronautas que desceram no satélite da Terra foram precedidos de sondas e exaustivos cálculos matemáticos; da metalurgia de novas ligas metálicas para as aeronaves, de todos os cuidados. Os navegantes do fim do século XV só contavam com sua coragem a fim de vencer o Mar Oceano em frágeis caravelas.

Devemos a Napoleão o surgimento da América do Sul como realidade política. Antes dele e da invasão da Península Ibérica por suas tropas, a América do Sul era assunto britânico, por intermédio de Lisboa e de Madri. A vitória de Waterloo confirmou a presença britânica no continente até a Primeira Guerra Mundial.

Éramos, segundo Hegel, em seu Curso de Filosofia da História, entre 1818 e 1822, uma região em constantes rebeliões chefiadas por caudilhos militares, enquanto a América do Norte, sob a razão protestante, anunciava uma nova civilização. Mas insinuava certo otimismo:

“A América é, portanto, a terra do porvir, onde, nos tempos futuros se manifestará, talvez, no antagonismo da América do Norte com a América do Sul, o ponto de gravidade da História Universal. É uma terra de sonho para todos aqueles que se encontram cansados do bric-à-brac da Velha Europa. Napoleão teria dito: Esta velha Europa me entedia.” 

E continua: “A América deve se separar do solo sobre o qual se passou, até agora, a história universal”.

Estamos no momento exato de separar-nos da velha Europa, coisa que os Estados Unidos só serão capazes de fazer quando os hispano-americanos se tornarem a etnia predominante naquele país.

A hora é, portanto, da América do Sul. E o primeiro movimento necessário nessa direção é o fortalecimento do Mercosul.

Roberto Requião
Essa constatação foi a tônica do primeiro encontro sobre “Crise, Estado e Desenvolvimento: Desafios e Perspectivas para a América do Sul”, promovido pela Representação Brasileira no Parlasul, por iniciativa do Senador Roberto Requião, sexta-feira passada [18/05/12], no Senado, de que participaram o Embaixador Samuel Pinheiro Guimarães, Alto Representante Brasileiro no Mercosul, o Professor Carlos Lessa e este colunista. Temos que nos apressar, e negociar com o espírito de solidariedade efetiva, a quebra de barreiras internas no continente, base necessária aos acordos políticos.

Samuel Pinheiro Guimarães
 Nesse sentido, é interessante a proposta ousada da Argentina, de estabelecimento de uma tarifa comum, de 35% por cento, para a entrada de produtos estrangeiros no Mercosul, e abolição total das tarifas no espaço do acordo aduaneiro.

A História mostra – e o exemplo mais importante é o da Alemanha – que a união política necessita de uma união aduaneira prévia. Ainda em 1834, a Prússia iniciou esse processo de união aduaneira (Zollverein) com os numerosos estados alemães, o que possibilitou a união política quase 50 anos depois.

Carlos Lessa
Mas uma união aduaneira exige mais do que interesses econômicos, para se tornar uma união política. Exige certa identidade étnica, espírito de solidariedade e semelhante visão do mundo, o que ocorria na Alemanha, antes e depois de Bismarck, e que não existe na Europa de hoje. Temos, na América do Sul, não obstante a identidade cultural própria de nossos povos, certa identidade étnica, história mais ou menos comum de países que foram colônias, continuidade geográfica e espírito de solidariedade.
Mauro Santayana

Pressionados pela crise que provocaram, os governantes dos países nórdicos sentem-se tentados a nova aventura de conquista, econômica, política e, se for preciso, militar, da América do Sul. Pelo que fizeram e estão fazendo nos países produtores de petróleo, podemos prever o que se encontram dispostos a fazer em busca das matérias primas e dos nossos territórios que cobiçam. Para que não sejamos dominados neste século, como advertia Perón em 1945, temos que nos unir, logo, sem tergiversações menores, e respeitando-nos como povos rigorosamente iguais.

O problema, mais do que ideológico, é geopolítico. É o do nosso espaço, que eles consideram vital para eles. Nosso dever, na História, é o de resistir e construir nova forma de convívio, criador e solidário, no espaço que ocupamos há meio milênio.

(*) Colunista político do Jornal do Brasil, diário de que foi correspondente na Europa (1968 a 1973). Foi redator-secretário da Ultima Hora (1959), e trabalhou nos principais jornais brasileiros, entre eles, a Folha de S. Paulo (1976-82), de que foi colunista político e correspondente na Península Ibérica e na África do Norte.

quarta-feira, 30 de maio de 2012

"Nem mais, nem menos que a Constituição", uma proposta de reflexão a partir do IIIº BlogProg

30/05/2012 - Antonio Fernando Araujo

Ninguém da companhia aérea nos socorreu, ansiosos que estávamos pra saber a razão de 4,5 horas de atraso.

Um hábito que já se enraizou entre as nacionais e a Avianca - ex-OceanAir, que nos levaria a Salvador -, não fugiu à regra, e olhem, essa empresa, a rigor não é assim tão nacional, uma subsidiária da poderosa colombiana Avianca.

Por conta disso, a noite de sexta-feira, 25/05, foi perdida no Galeão-Tom Jobim e com ela o "ato político em defesa da blogosfera e da liberdade de expressão", que inaugurou o IIIº Encontro de Blogueiros Progressistas, diante do mar de Tapamares, colado em Itapuã, Salvador, Bahia.


Os cerca de 300 blogueir@s que tiveram a sorte de estar presentes puderam testemunhar então o debate que se seguiu, do qual se destacou a fala de Franklin Martins, quando pareceu querer dizer que a produção de veículos impressos oriundos da mídia empresarial prescindiam da necessidade de regulamentação.

- Nada além da Constituição! disse naquele instante o ex-ministro das Comunicações do governo Lula. Foi algo que, inicialmente, talvez não tenha sido bem compreendido por alguns, quem sabe, por não terem percebido a tempo que a interpretação mais adequada dessa fala, no contexto em que foi pronunciada, significa apenas "nada mais, nada menos do que já consta na Constituição".

Foi preciso o ministro Ricardo Levandowski, do seu assento no STF (Supremo Tribunal Federal), se apressar em desfazer esse mal-entendido, enviando aos blogueir@s aqui reunidos, através do jornalista Paulo Henrique Amorim (PHA), também presente, aquilo que logo pareceu uma espécie de recado histórico:

"A Constituição Federal, nos artigos 5º, incisos IV e IX, e 220, garante o direito individual e coletivo à manifestação do pensamento, à expressão e à informação, sob qualquer forma, processo ou veículo, independentemente de licença e a salvo de toda restrição ou censura",

acentuando que tudo o que diz respeito aos direitos e deveres dos produtores de mídia impressa já está devidamente estabelecido na legislação em vigor, dela decorrente. Assim sendo, o que nos resta, é lutarmos para que o marco regulatório seja proclamado no âmbito dos veículos de comunicação que utilizam recursos eletrônicos e assim, assegurando-nos de forma inequívoca os mesmos deveres e direitos dos quais já goza a mídia impressa, à salvo portanto, de toda restrição ou censura.

Isso tudo nos foi contado pelo PHA quando, na manhã chuvosa do sábado, 26/05, participou da Mesa da primeira atividade, ainda vinculada ao tema da noite anterior. E não apenas o ministro Lewandovski se pronunciara, acrescentou, mas outro ministro, também do STF, Carlos Ayres Britto, sabedor de nossas preocupações, cunhara uma frase para que não a esquecêssemos jamais:

"a liberdade de expressão é a maior expressão da liberdade",
sugerindo-nos que a mantivéssemos presente em todos os momentos do encontro para que se tornasse recorrente na memória, tal como sucede com as tartarugas que, quando adultas, retornam a mesma praia onde nasceram e assim mantêm intacto o ciclo da vida.

Nem mesmo um eventual "excesso de liberdade", prosseguiu PHA, porventura julgado presente em qualquer mídia, deve ser motivo de maiores preocupações. Dessa vez, se valendo de Alexis de Tocqueville, pegou carona em sua frase

"o excesso de liberdade se corrige com mais liberdade",

para contrapô-la aos esforços que ora se verificam, provenientes da grande mídia empresarial, entre outros, que visam exclusivamente judicializar a censura, mas com o cuidado de ornamentá-la com um odioso e retrógrado amparo legal, ao mesmo tempo em que se constatam os esforços desses mesmos agentes, para limitar a liberdade de expressão da blogosfera, tirando do ar alguns sítios, bloqueando seus acessos, eliminando postagens, como se isso fosse uma grande conquista civilizatória e não apenas vestígios dissimulados de um período ditatorial quando alguns desses veículos empresariais de comunicação se juntaram aos esforços do militares no esforço de extinguir as liberdades.

Alexis de Tocqueville
Finalizou então deixando bem claro que diante dos termos da nossa Constituição, dos recados que, por seu intermédio, nos enviaram os ministros Lewandovski e Ayres Brito, da "palavra de ordem" de Martins e do que deixara escrito o historiador Tocqueville só restava a nós, blogueiros aqui reunidos, porventura processados por seus eventuais desafetos e condenados nas instâncias inferiores da justiça, levar seus recursos até o STF, de onde jamais se poderá supor que serão deixados ao desamparo da justiça.

Coerente com essa convicção, PHA confessou-nos o quanto hoje se arrepende por ter, num passado recente e por ordem da primeira instância da Justiça, mandado retirar de seu blog algumas postagens.

Quando, finalmente, ele conclamou a plateia no sentido de fazer dos próximos Encontros uma manifestação ampliada, fruto do alcance da blogosfera ficou claro que ele apontava para uma necessidade atual, sobre a qual reflito há algum tempo, do blogueiro se desfazer da ideia de que será capaz de sobreviver, mesmo que mantenha seu veículo à salvo de uma representatividade que obrigatoriamente lhe deve ser outorgada por uma sociedade na qual ele esteja inserido até o pescoço. Dois mil blogueiros ali presentes, "pobres, desdentados, índios e quilombolas", ao invés de apenas trezentos, seria a expressão de um profundo diálogo que, aos meus olhos, se faz necessário e inadiável.

Talvez o ponto de partida se situe na compreensão mais aguda do papel do blogueiro como comunicador comunitário, desses interlocutores que estabelecem com uma porção social qualquer, uma relação tão abrangente que não raro se imagina ser ela suficiente para transformar o mundo. Como tal, nesta noite de sábado, não teríamos ficado tão "marginalizados, entregues à própria sorte", numa cidade tão rica de manifestações artísticas e onde tantos blogueir@s mantem suas páginas com uma piedosa dedicação, perseverantes é verdade, mas tão isolados como se missionários fossem. Diante desses fatos, alguém terá dúvida quanto à oportunidade de uma reflexão sobre os passos vindouros direcionados para um entrelaçamento e um diálogo mais estreito com a sociedade como um todo?

Esses pontos acabaram permeando alguns dos debates que aconteceram, tanto no sábado quanto no domingo. Foram eles que, em parte, nos fizeram crer que se nossa luta "em defesa da blogosfera e da liberdade de expressão" pretende se tornar robusta não deve ficar circunscrita a cada blogueiro ou quando muito às ligações dele com outros ativistas. Muito pelo contrário, enraizado em seu meio social, torne seu veículo, também, um símbolo da expressão de desagrado de vastas e diversas camadas da sociedade, surfando pra valer na liberdade de expressão pela qual se empenha, "nada mais, nada menos", ao sabor dos ditames da nossa Constituição.

A certeza disso é que, embora estejamos mergulhados em um movimento de ideias que se manifestam através de uma grande variedade de blogs distintos, mas que, no entanto, participam de um "espírito" comum, a liberdade de expressão em suas denúncias críticas à grande mídia conservadora, só pontualmente somos capazes de repercutir com alarde e a cada instante o brado dos excluídos, dos sem-voz, dos sem-mídia, dos injustiçados enfim, dos 5.200 municípios deste país. Por conta disso não se percebeu um gesto sequer, originário dos 300 blogueir@os reunidos, solidário e alusivo à greve de mais de cinco dias, dos motoristas e cobradores de ônibus de Salvador.
Sem dúvida estamos diante de um baita desafio, posto aqui para que talvez possamos indicar um caminho para que todas as vozes se tornem audíveis, que se torne representativo o nosso blog e, talvez, até mais do que isso, legítima personificação de quem se propõe intérprete das necessidades, dos sentimentos, da ousadia, da criatividade, das esperanças de um agrupamento social. E quando aqui, limito-me a indicar um possível caminho, como se fosse um passo adiante, é porque alimento a convicção de que ninguém mais, além da cultura, pode proporcionar aos blogueir@s os espaços e os diálogos necessários para que essa caminhada comece sem mais tardanças, ao menos para que a gente não se pareça tanto com a Avianca e seus atrasos inexplicáveis, tão nefastos.

Sem menosprezar a complexidade das relações entre comunicação, cultura, produtores artísticos e de eventos culturais, veículos de comunicação (rádios, TVs e blogs comunitários), como parte de uma proposta de integração penso que assim podemos acenar para o advento de uma era em que blogueir@s não mais serão vistos apenas como especialistas em veicular ideias e posições políticas, não raro restritos a um círculo fechado de debates entre seus pares, mas ao contrário, ambicionando sair pelas ruas de sua comunidade consigam se posicionar com o que de mais essencial sua acuidade for capaz de capturar dos anseios da população, para que, "bem casados", a robustez política e cultural que almejamos para os enfrentamentos com a classe dominante esteja ali, bem ao alcance da mão.

É evidente que não é aqui o espaço mais adequado para que esmiuçamos essa ideia, muito menos para proceder uma análise detalhada.

Fica no entanto, a proposta para que esse tema possa ser visto e posteriormente estudado pela Coordenação e daí surjam iniciativas outras, indicativas de caminhos alternativos para o fortalecimento da blogosfera e, principalmente, das propostas políticas associadas a ela.

O tanto que Franklin Martins, PHA, Ricardo Lewandovski, Ayres Brito, Alexis de Tocqueville e tudo o mais com que palestrantes e blogueir@s presentes no IIIº Encontro de Blogueiros Progressistas contribuiram para a construção dessa trajetória, certamente nos servirá de muito.


terça-feira, 29 de maio de 2012

O capitalismo esquenta o planeta

28/05/2012 - Inter Press Service (IPS) - extraído do site Envolverde
por Fabiana Frayssinet, da IPS

Rio de Janeiro, Brasil – Os sistemas de produção e consumo atuais, representados pelas grandes corporações, pelos mercados financeiros e pelos governos que garantem sua manutenção, são “os que produzem e aprofundam o aquecimento global e a mudança climática”.


É desta forma que questionam o sistema econômico e financeiro imperante os organizadores da Cúpula dos Povos na Rio+20 pela Justiça Social e Ambiental, que reunirá cerca de 16 mil pessoas no Rio de Janeiro, paralelamente à Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, que acontecerá de 20 a 22 de junho nesta cidade.

As grandes corporações estão se apoderando da natureza, alertam sindicalistas e
demais organizações promotoras da Cúpula dos Povos. Foto: Clarinha Glock/IPS


O sistema capitalista, afirmam os promotores da Cúpula, está diante de suas “múltiplas crises” com “suas formas renovadas de dominação”.

Ainda segundo os ativistas, também é

- causador da fome,
- da desnutrição,
- da perda de florestas e
- de diversidade biológica e
- sociocultural,
- da contaminação química,
- da escassez de água potável,
- do aumento da desertificação dos solos,
- da acidificação dos oceanos,
- da monopolização de terras, e
- da mercantilização de todos os aspectos da vida nas cidades e no campo.

Esta forte e ampla crítica foi feita pelo grupo articulador da Cúpula dos Povos, integrada por organizações e movimentos sociais de diversas partes do mundo, que acontecerá entre os dias 15 e 23 de junho, como o principal evento paralelo à também chamada Rio+20. Após analisar os documentos da reunião oficial, os coordenadores da sociedade civil disseram temer pela falta de resultados positivos da negociação, que tem como foco de discussão a economia verde e a instauração de um novo sistema de governo ambiental internacional que a facilite.

A economia verde, em nosso entendimento, é uma forma de fazer avançar os interesses das corporações sobre a natureza”, afirmou Fátima Mello, integrante do Grupo de Articulação da Cúpula dos Povos. “Estamos muito preocupados com a criação de mercados financeiros nos quais a água, o ar e a biodiversidade passem a ser negociados como fontes de financiamento para um sistema que não altere de forma urgente os modelos de produção e consumo que estão levando o mundo à catástrofe”, ressaltou.

Fátima Mello e Marcelo Durão
Fátima, que participou junto com o também ativista Marcelo Durão de uma entrevista coletiva para correspondentes estrangeiros no Rio de Janeiro, teme que, a partir dos documentos da negociação oficial, o debate da Rio+20 “fique preso” em uma dicotomia entre “austeridade e recessão, como estamos vendo na Europa, versus desenvolvimentismo e crescimento a qualquer custo, como vemos no Brasil”.

Este debate da economia verde é uma falácia, um fortalecimento ainda maior do acúmulo da riqueza, com foco principal na natureza”, acrescentou Marcelo, dirigente nacional do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra e um dos representantes da Via Campesina na Cúpula. Também comparou a Rio+20 com a primeira cúpula deste tipo realizada há 20 anos também no Rio de Janeiro, conhecida como Eco 92.

Enquanto há 20 anos foi estabelecido um vínculo entre chefes de Estado e membros da sociedade civil, agora “há uma relação entre as grandes corporações e os governantes”, apontou Marcelo. “A leitura que fazemos é que as grandes corporações estão se apoderando da natureza”, convertendo-a em uma “nova maneira de centralização da riqueza”, declarou à IPS.

No documento intitulado "O que está em jogo na Rio+20", os representantes da Cúpula dos Povos chamam a atenção para o novo conceito apresentado de economia verde, que “não questiona ou substitui o modelo baseado no extrativismo e nos combustíveis fósseis, nem seus padrões de consumo e de produção industrial”. O sistema imperante, acrescenta o texto, “estende a economia exploradora das pessoas e do meio ambiente a novos âmbitos, alimentando o mito de que é possível um crescimento infinito”.

As organizações da sociedade civil consideram que os cultivos geneticamente modificados, os agrotóxicos, os biocombustíveis, a nanotecnologia, a biologia sintética e a artificial, a geoengenharia, e a energia nuclear, entre outras, são apresentadas como “soluções tecnológicas” para os limites naturais do planeta e as múltiplas crises, sem encarar as verdadeiras causas que as provocam.

Além disso, é promovida a ampliação do sistema alimentar agroindustrial, “que é um dos maiores fatores causadores das crises climáticas, ambientais, econômicas e sociais, aprofundando a especulação com os alimentos e favorecendo os interesses das corporações do agronegócio em detrimento das produções local e rural”, indicam as entidades.

Os organizadores da Cúpula dos Povos disseram estar surpresos com a resposta à convocatória que teve em seu encontro “a crise” financeira, social, ambiental, econômica, energética e alimentar. Inscreveram-se cerca de 23 mil pessoas de 65 países, mas por razões de logística só poderão ser abrigadas aproximadamente 16 mil. Um dos pontos culminantes da Cúpula será uma caminhada a ser realizada no dia 20 de junho. Ao final do encontro se buscará elaborar alguma conclusão para apresentar na Rio+20.
 
Envolverde/IPS