quinta-feira, 15 de outubro de 2009

A Bolívia sumiu do noticiário da Globo, da Veja e dos jornalões. Entenda

Por sinal já está acontecendo o mesmo com Honduras, à medida que as pressões internacionais e as negociações para a superação do golpe de Estado (chamado de "crise" por alguns...) apontam para o retorno do presidente constitucional ao poder, o que não interessa nem um pouco aos arautos da violência antidemocrática e antipovo encastelados nas redações. Agora a ordem é falar da classificação hondurenha à Copa do Mundo e dizer que esse fato "está eclipsando o noticiário da crise". Voltando à Bolívia, veja neste artigo de Emir Sader como o governo de Evo Morales (foto) venceu o separatismo golpista e as direitas retrógradas e começa a mudar - literalmente - a cara da Bolívia

Sapatos ou sandálias
publicado em 13/10/2009 no Blog do Emir

“Melhor um mafioso de sapato que um ignorante de sandália.” O comentário preconceituoso foi feito por uma mulher branca, no vôo de Santa Cruz de la Sierra a Cochabamba. Dá uma idéia do sentimento dessa minoria branca, que sempre governou a Bolívia, durante séculos, ao sentir que o país lhes tinha sido expropriado pelas mãos da grande maioria de povos indígenas – 64% da população se reconhecem como de origem indígena – aymaras, quéchuas, guaranis ou de outras nacionalidades -, mas nunca tinham governo o país.

Na época da campanha eleitoral havia uma charge em um jornal boliviano, em que quatro mulheres brancas jogavam baralho, quando uma delas pergunta:

- Mas um índio pode ser presidente?

Ao que respondeu uma outra:

- Sim, da Índia.


A forma usual de se dirigir a Evo Morales, presidente da república, é chamá-lo de “esse índio de merda”. No ano passado, na praça central de Cochabamba, estudantes brancos submeteram índias e índios a vexames públicos, violentamente. O racismo da direita, da imprensa e dos governos da região oriental é extremado.

Esse sentimento se aguçou quando as pesquisas eleitorais confirmam o que as eleições do ano passado já haviam revelado: o governo de Evo Morales goza de ampla maioria no país e desta vez deve conseguir não apenas a reeleição e repetir a maioria na Câmara de Deputados, mas conquistar a maioria do Senado, talvez até com 2/3 dos parlamentares. A oposição, derrotada politicamente, concorre com vários candidatos, sempre muito atrás – mesmo somados – da votação prevista para Evo.


Um deles, candidato também nas eleições passadas, Samuel Doria, é quem detêm a marca da Burger King na Bolívia. Seu lema, pintado nas paredes daqui de Cochabamba: “Fazer Bolívia voltar a trabalhar”. Expressa outro preconceito: o de que a região ocidental do país, em que está La Paz e os estados de maioria esmagadora de indígenas, vivem do Estado, de políticas sociais, de subsídios, etc., enquanto o dinamismo e o trabalho ficariam por conta da região majoritariamente branca – a região oriental.

Depois de tentativas de deslegitimação do governo, promovendo projetos autonômicos nas províncias, de forma violenta, a direita se viu derrotada na consulta sobre confirmação de mandatos em agosto do ano passado. Diante dos resultados, promoveu atos violentos de ocupação de prédios do governo federal, agressão a fucnionarios públicos, até que um dos governadores da região oriental, do estado de Pando -, reprimiu uma mobilização de camponeses, matando a vários deles. Isso por si só já gerou seu isolamento, mas o governo passou a atuar, com a prisão do governador e uma grande mobilização de 100 mil pessoas dirigidas por Evo Morales em La Paz. A oposição passou à defensiva, derrotada politicamente. Um dos reflexos dessa derrota é não ter conseguido se unificar e lançar vários candidatos.

A vitória de Evo Morales, com maioria – com a possibilidade de chegar a 2/3 no Senado – permitirá que todo o processo, recém iniciado, de refundação do Estado boliviano, com todo o novo embasamento legal que isso requer, poderá ser feito conforme as orientações do governo. A direita ainda não está derrotada economicamente, dispõe de grande poder econômico – ainda que enfraquecido – e do poder midiático, graças ao monopólio que exerce, tal como acontece nos outros países do continente.

Mas, a três anos e meio da sua primeira eleição, o governo boliviano caminha, seguro, para a sua consolidação. Elabora neste momento uma lei de gestão pública do novo Estado multinacional e autonômico, avançando no projeto de refundação do Estado boliviano. O ex-presidente Sanchez de Losada, refugiado nos EUA, com pedido de extradição pelo governo boliviano para responder na Justiça pelas dezenas de mortes de responsabilidade do seu governo, quando tentava evitar sua queda, representa bem o “mafioso com sapato”. Evo, de sandálias, a saberia indígena, camponesa, popular, que para os preconceitos racistas aparece como “ignorância”.

A CPI do MST e as terras roubadas

Além de caçar a palavra do presidente do Incra, Guilherme Cassel, quando este responsabilizava os meios de comunicação pela criminalização dos movimentos sociais, a maior parte da mídia segue jogando confete para as agressões da bancada ruralista ao Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e omite questões e problemáticas essenciais ao entendimento da disputa política no campo, como a grilagem (exemplificada na total ilegalidade das terras ocupadas pela empresa Cutrale), as agressões do agronegócio ao meio ambiente, a sonegação de impostos pelo latifúndio e a tunga que gente como a senadora Kátia Abreu e o deputado Ronaldo Caiado promove ano a ano nos bancos estatais. Este artigo, publicado por Mauro Santayana na página de Opinião do Jornal do Brasil ajuda a entender o que está por trás da crise Cutrale-MST-CPI

A CPI do MST e as terras roubadas
publicado no JB em 14/10/2009
Por Mauro Santayana

A terra é o mais grave problema de nossa história social, desde que os reis de Portugal retalharam a geografia do país, com a concessão de sesmarias aos fidalgos. Os pobres não tiveram acesso pleno e legal à terra, a não ser nos 28 anos entre a independência – quando foi abolido o regime das sesmarias – e 1850, quando os grandes proprietários impuseram a Lei de Terras, pela qual as glebas devolutas só podiam ser adquiridas do Estado a dinheiro.


A legislação atual vem sendo sabotada desde que foi aprovado o Estatuto da Terra. É fácil condenar a violência cometida, em episódios isolados, e alguns muito suspeitos, pelos militantes do MST. Difícil tem sido a punição dos que matam seus pequenos líderes e os que os defendem. Nos últimos anos, segundo o MST, mais de 1.600 trabalhadores rurais foram assassinados e apenas 80 mandantes e executores chegaram aos tribunais. Em lugar de uma CPI para investigar as atividades daquele movimento, seria melhor para a sociedade nacional que se discutisse, a fundo, a questão agrária no Brasil.


O Censo de 2006, citado pelo MST, revela que 15 mil proprietários detêm 98 milhões de hectares, e 1% deles controla 46% das terras cultiváveis. Muitas dessas glebas foram griladas. Temos um caso atualíssimo, o do Pontal do Paranapanema, onde terras da União estão ocupadas ilegalmente por uma das maiores empresas cultivadoras de cítricos do Brasil. O Incra está em luta, na Justiça, a fim de recuperar a sua posse. O que ocorre ali, ocorre em todo o país, com a cumplicidade, remunerada pelo suborno, de tabeliães e de políticos.


Cinco séculos antes de Cristo, os legisladores já se preocupavam com a questão social e sua relação com a posse da terra. É conhecida a reforma empreendida por Sólon, o grande legislador, na Grécia, que, com firmeza, mandou quebrar os horoi, ou marcas delimitadoras das glebas dos oligarcas. Mais ou menos na mesma época, em 486, a.C., Spurio Cássio, um nobre romano, fez aprovar sua lei agrária, que mandava medir as glebas de domínio público e separar parte para o Tesouro do Estado e parte para ser distribuída aos pobres. Imediatamente os nobres se sublevaram como um só homem, e até mesmo os plebeus enriquecidos (ou seja a alienada classe média daquele tempo) a eles se somaram. Spurio Cássio, como conta Theodor Mommsen em sua História de Roma, foi levado à morte. “A sua lei foi sepultada com ele, mas o seu espectro, a partir de então, arrostava incessantemente a memória dos ricos, e, sem descanso, surgia contra eles, até que, pela continuada luta, a República se desfez” – conclui Mommsen. E com razão: a última e mais completa lei agrária romana foi a dos irmãos Graco, Tibério e Caio, ambos mortos pelos aristocratas descontentes com sua ação em favor dos pobres. Assim, a República se foi dissolvendo nas guerras sociais, até que Augusto a liquidou, ao se fazer imperador, e seus sucessores conduziram a decadência da grande experiência histórica.



Não há democracia sem que haja reforma agrária. A posse familiar da terra – e da casa, na situação urbana – é o primeiro ato de cidadania, ou seja, de soberania. Essa posse vincula o homem e sua família à terra, à natureza e à vida. Sem lar, sem uma parcela de terra na qual seja relativamente senhor, o homem é desgarrado, nômade sem lugar nas sociedades sedentárias.


É impossível ao MST estabelecer critérios rígidos de ação, tendo em vista a diversidade regional e a situação de luta, caso a caso. Outro ponto fraco é a natural permeabilidade aos agentes provocadores e infiltrados da repressão particular, ou da polícia submetida ao poder econômico local. No caso do Pontal do Paranapanema são muitas as suspeitas de que tenham agido provocadores. É improvável que os invasores tenham chamado a imprensa a fim de documentar a derrubada das laranjeiras – sabendo-se que isso colocaria a opinião pública contra o movimento. Repete-se, de certa forma, o que houve, há meses, no Pará, em uma propriedade do banqueiro Daniel Dantas.


É necessária a criação de força-tarefa, composta de membros do Ministério Público e agentes da Polícia Federal que promova, em todo o país, devassa nos cartórios e anule escrituras fraudulentas. No Maranhão, quiseram vender à Vale do Rio Doce (então estatal), extensas glebas. A escritura estava registrada em 1890, em livro redigido e assinado com caneta esferográfica – inventada depois de 1940.

domingo, 11 de outubro de 2009

Minc, Ideli e a COP 15


da Folha do Meio Ambiente
O ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc (foto), solicitou ao Congresso Nacional a apresentação de propostas para fundamentar a posição brasileira na Conferência do Clima (COP 15) que será realizada em dezembro próximo em Copenhague, na Dinamarca.
Minc, que participou de uma reunião da Comissão Mista Parlamentar de Mudanças Climáticas, recomendou aos parlamentares a votação de projetos relevantes para a proposta a ser apresentada ao Brasil, inclusive o de criação do Fundo de Compensação de Mudanças Climáticas.
A presidente da Comissão, senadora Ideli Salvatti (PT-SC), propôs a inclusão do projeto de lei 5.367, de 2009, que institui o Código Ambiental Brasileiro e prevê compensação financeira aos produtores rurais que preservam a natureza.

Zero Queimadas
O ministro Carlos Minc anunciou que o MMA teve sucesso na negociação com o setor siderúrgico, que terá prazo de oito anos para plantar todas as árvores necessárias para compensar o uso que faz de carvão vegetal.
Já para os produtores de cana-de-açúcar a meta é de, em cinco anos, obter “zero queimadas” nas áreas mecanizáveis, com aproveitamento da palha de cana para produção de energia.
Durante o debate, o ministro salientou que o governo vem tomando medidas de adaptação a mudanças climáticas em projetos vinculados ao PAC.
Minc citou como exemplo o projeto realizado na região da Baixada Fluminense, no Rio de Janeiro, em que foram construídos diques como prevenção ao possível aumento do nível do mar.

A Terra está doente

Alterações Climáticas
Colaboração de Zilda Ferreira, ex-representante da Associação Brasileira de Imprensa no Comitê Assessor do órgão gestor da Política Nacional de Educação Ambiental (Min. do Meio Ambiente/MEC). Zilda Ferreira é editora política deste blog

Esta matéria foi escrita no auge do frisson da mídia sobre as conclusões do relatório do IPCC-Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas. O relatório foi divulgado em fevereiro de 2007. Na época, a Europa, liderada pela França queria criar uma Agência Internacional para fiscalizar os países que não respeitassem o meio ambiente. Em seguida, os mesmos europeus tentaram impor um tratado de intervenção aos países que desrespeitassem o meio ambiente. E sempre defendendo a internacionalização da Amazônia, mas não de maneira explícita.
Agora, fiquemos em alerta. Os países hegemônicos vão tentar, em Copenhague, aprovar este tratado intervencionista. (Z.F)

22/3/2007 - publicado originalmente no Jornal da ABI
Estamos diante de um momento crítico na história da Terra, numa época em que a humanidade deve escolher o seu futuro... ou forma uma aliança global para cuidar da terra e uns dos outros, ou arrisca a nossa destruição e a diversidade da vida”, texto de abertura da Carta da Terra.

O maior desafio deste século é o aquecimento global e a mais grave ameaça é a nossa destruição e a diversidade da vida. Os cientistas e os ambientalistas defendem que para resolver o problema do aquecimento global seria necessária uma profunda transformação na economia e no modo de vida das pessoas.

É muito difícil que isso ocorra. As nações hegemônicas, principalmente os EUA, privilegiam uma perspectiva neoconservacionista para economizar o planeta, não para evitar, mas para retardar a catástrofe. Bombardeiam com a idéia de escassez, a fim de que o medo molde a cultura dos países subdesenvolvidos, e assim, possam promover um neocolonialismo tranqüilo, mantendo os mesmos mecanismos de produção e consumo, aumentando as desigualdades e, conseqüentemente, o desequilíbrio da Terra. Os EUA apostam em novas tecnologias para poluir menos sem mudar a matriz energética, sem sair do petróleo e do gás. E com isso, ganham mais com a inovação de tecnologias descontaminantes.

A Europa também apostou nesse filão, porém foi mais esperta; de maneira muito sofisticada, seqüestrou o discurso dos ambientalistas para lucrar com o seqüestro, o do carbono. Parece um absurdo, mas acompanhe a implantação do MDL (Mecanismo de Desenvolvimento Limpo) e depois a cronologia da esperteza.

O MDL foi uma das peças chaves para o protocolo de Quioto ser ratificado em 2005. A idéia central do MDL (está no artigo 12 do Protocolo) é a possibilidade de mitigar, de combater o efeito estufa por meio de projetos. Para um projeto ser certificado pelo MDL tem que provar que foi pensado para reduzir as emissões ou para seqüestrar carbono. E é muito difícil provar. Normalmente, só grandes empresas conseguem, porque o processo é sofisticado: é preciso provar, por intermédio, de fotos feitas por satélites que a área escolhida para reflorestamento já estava desmatada, em l989, um ano antes, do primeiro Relatório do IPCC, em 1990.

Agora, no início de 2007, quando o último Relatório do IPCC - Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas foi anunciado, a mídia divulgou com veemência o conteúdo e uma catástrofe iminente, como novidade, o quê já era conhecido e amplamente divulgado, em 2005, quando o Protocolo de Quioto entrou em vigor. Isso porque o medo molda profundamente a sociedade e a cultura. E a Europa aposta muito mais do que os EUA nesse comportamento. Isto porque ela tem apenas 3,8% de água, manipula mais de 70% do mercado d’água global, base de custeio de sua mídia e de seu mercado editorial, principalmente o da França, segundo panorama traçado no livro “Ouro Azul”, de Maude Barlow e Tony Clarke. É bom lembrar que os países pobres da América do Sul têm mais de um terço d’água do Planeta, só a região amazônica tem mais de 20%. Além disso, a Europa está apostando no mercado de carbono, mesmo antes do Protocolo de Quioto entrar em vigor. Veja o resumo dessa cronologia:

Em 2004, estava no site da Fundação Getúlio Vargas o seguinte: - “Embora o Protocolo de Quioto ainda não tenha entrado em vigor, observa-se no mercado internacional, uma crescente demanda por reduções de Gases do Efeito Estufa – GEE não só por parte dos fundos de investimentos, constituídos especificamente para essa proposta, como por parte da empresas, investidores estrangeiros que visem aproveitar os baixos preços atuais da tonelada evitada de carbono equivalente para formar seus estoques de reduções passíveis de virem a ser certificados e posteriormente registrados pelo Executive Board.”

A União Européia estabeleceu para seus membros um esquema de Negociações de Emissões conhecido como European Union Emissions Trading Scheme — EU UTS — a partir do estabelecimento de metas para seus membros, vinculados ao sistema de negociações conhecido, em inglês, como Cap and Trade System. No âmbito do Protocolo de Quioto, a União Européia, sem dúvida, é o maior expoente nesse mercado, registra o mesmo site da FGV, em 2004, um ano antes do Protocolo entrar em vigor. E assim, os países do Bloco I podem continuar poluindo, investindo nos Créditos de Carbono.

Apesar de tudo, não resta dúvida a importância do Protocolo de Quioto que regulamentou a Convenção de Mudanças Climáticas e demonstrou que há um processo de alterações climáticas e que, de fato, existe uma participação humana nele, ou seja, somos culpados. Além disso, estabelece regras para que os países cumpram. As discussões e os debates das propostas do Protocolo tiveram um papel importante na conscientização de que a maior ameaça à humanidade são as mudanças climáticas e que os padrões de produção e de consumo são os principais responsáveis pelo estado da Terra.

“A Terra grita. A Lógica que explora as classes e submete os povos aos interesses de uns poucos países ricos e poderosos é a mesma que depreda a Terra e espolia suas riquezas sem solidariedade com o restante da humanidade e para com as gerações futuras”, de Leonardo Boff, no livro Ecologia: Grito da Terra; Grito dos Pobres.

Cada ano, desde 1984, o Worldwatch Institute, dos EUA, publica um relatório sobre o “estado da Terra”. Este estado é cada vez mais assustador. A Terra está enferma e ameaçada.

ilustrando...
Mercado de emissão de gases bate US$ 30 bi

A dimensão do mercado mundial de licenças para a emissão de gases geradores do efeito estufa mais do que dobrou, passando a 22,5 bilhões de euros (US$ 30 bilhões) no ano passado, disse a Point Carbon, editora e empresa de pesquisa de Oslo, na Noruega. Os volumes negociados podem disparar 50% este ano. Fonte: DCI (09/03/2007)








sábado, 10 de outubro de 2009

Seminário na ABI discute dias 14 e 15 papel da mídia no debate da igualdade racial



Que causa poderia unir o arquiteto Oscar Niemeyer, o cineasta Nelson Pereira dos Santos, os antropólogos Roberto da Matta e Otávio Velho, o jurista Fábio Konder Comparato, os ministros do STF Marco Aurélio Mello, Joaquim Barbosa Gomes, Celso Mello e Carlos Ayres Britto, os jornalistas Miriam Leitão, Elio Gaspari e Ancelmo Góis, os atores Lázaro Ramos, Wagner Moura e Taís Araújo, os compositores e cantores Gilberto Gil e Martinho da Vila?

Resposta: as políticas de ação afirmativa, que incluem as polêmicas cotas para negros nas universidades.

Por que, então, essas personalidades tão importantes não costumam ser entrevistadas sobre esse tema? Seria isso produto de uma ação deliberada de grande parte da mídia brasileira, possivelmente interessada em fabricar uma opinião pública contrária a essas políticas?

Esse é o tema central do seminário Comunicação e Ação Afirmativa: O Papel da Mídia no Debate sobre Igualdade Racial, que será realizado nos dias 14 e 15 de outubro na sede da ABI (Associação Brasileira de Imprensa).

Com a presença de grandes nomes da mídia brasileira, ao lado de especialistas acadêmicos e ativistas do movimento social, o seminário – fruto da parceria entre a ABI, o Conselho Municipal dos Direitos do Negro (Comdedine) e a Comissão de Jornalistas pela Igualdade Racial (Cojira), com apoio da Coordenadoria Especial de Promoção da Igualdade Racial do Município do Rio de Janeiro (CEPIR) – pretende suscitar um debate que vai além dos limites de seu tema, pois envolve o papel da mídia numa sociedade democrática, suas responsabilidades e limites.


Se você quiser conhecer a história do brasileiro que está na foto acima (e que também apóia os programas de ação afirmativa) clique aqui


SEMINÁRIO COMUNICAÇÃO E AÇÃO AFIRMATIVA:
O PAPEL DA MÍDIA NO DEBATE SOBRE IGUALDADE RACIAL

Realização: ABI, Comdedine, Cojira, Seppir, Cepir

Local: Associação Brasileira de Imprensa – Rua Araújo Porto Alegre, 71 - CENTRO - Rio de Janeiro - RJ

PROGRAMAÇÃO

Dia 14 de outubro

14h – Mesa de Abertura com representantes das entidades organizadoras, Sindicato dos Jornalistas

15h30 – Cobertura da Ação Afirmativa no Brasil

Ancelmo Gois (O Globo)
Kássio Motta (autor de pesquisa acadêmica sobre a cobertura do tema pelo Globo)
João Feres (IUPERJ)

Dia 15 de outubro

13h30 – A Responsabilidade Social da Mídia e o Debate sobre Raça

Muniz Sodré (professor da ECO/UFRJ e presidente da Biblioteca Nacional)
Maurício Pestana (revista Raça)
Márcia Neder (revista Cláudia)

15h30min - Da Opinião Publicada à Opinião Pública: A Fabricação de um Consenso Anticotas no Brasil

Miriam Leitão (O Globo)
Rosângela Malachias (Ceert)
Carlos Alberto Medeiros (Cepir)
www.abi.org.br

MEC inclui educomunicação como conteúdo para curso na área de Comunicação e Artes

Pela primeira vez, a área responsável pelo ensino superior do Ministério da Educação reconhece e legitima a Educomunicação incluindo-a como possível conteúdo para a formação na área de Comunicação e Artes. No caso específico, o conceito está presente entre os conteúdos de formação previstos para os bacharéis em cinema, como parte da proposta de consulta pública para estabelecer os Referenciais Nacionais dos Cursos de Graduação (Licenciatura e Bacharelado), na subárea Cinema e Audiovisual. Sugerimos que tal disposição se estenda a todos os cursos da área da Comunicação Social, assim como aos estudantes de Pedagogia de todo o país.

Lembramos que o MEC, ao incluir o conceito como possível conteúdo disciplinar para a formação do cineasta, está, primeiramente, legitimando uma reflexão recentemente produzida pela prática social que identifica a educomunicação como própria da interface representada pelas ações na inter-relação Comunicação/Educação, não sendo, pois, adequado, que seja apoderado exclusiva ou preferencialmente por um ou outro campo.

Nesse sentido é de se supor que a educomunicação seja, para o MEC, um conteúdo que deve ser compartilhado com profissionais voltados ao campo tanto da produção e organização, quanto para o do magistério. No caso da área voltada para o magistério, a Secretaria do Ensino Básico e o segmento de projetos especiais - como o da educação ambiental - já o vêm trabalhando com o conceito em diferentes ocasiões. No caso do bacharelado em cinema, de acordo com o MEC, o profissional atuará como “produtor”.

Concluimos, daí, que para o MEC o conceito da Educomunicação, além de identificar ações no campo da educação escolar, já vem sendo aceito como definidor de um conjunto de atividades externas ao mundo da educação não formal, como a que envolve a produção cinematográfica.


Conceito complexo
O conceito da educomunicação vem sendo usado, na proposta do Departamento de Comunicações e Artes da ECA-USP, para designar o conjunto das ações voltadas para a criação e administração de processos e de produtos geradores de ecossistemas comunicativos abertos e criativos, envolvendo atores sociais em inter-relação mediante o favorecimento das distintas formas de expressão. Para tanto, tem como característica a concepção e desenvolvimento de planos, programas e projetos que assegurem ao maior número possível de sujeitos sociais articulados em torno de propostas educativas - independentemente de sua condição econômica e social - a acessibilidade aos recursos da informação e às linguagem da comunicação. 



Pressupõe, como condição necessária e indispensável, a gestão democrática e participativa das tecnologias e processos necessários à consecução dos fins propostos. Nesse sentido, o conceito não se confunde, na educação, com “tecnologia educativa” e não se reduz a uma modernização didática através do emprego das linguagens dos meios introduzidas no âmbito escolar tradicional. Nem, tão pouco, no âmbito da comunicação, se resume à produção suplementar direcionada ao ensino.



Trata-se, antes de tudo, de um paradigma ou referencial que vem sustentando o trabalho de numerosas ONGs que desenvolvem propostas de mídia e educação, estando, também, na pauta de veículos de comunicação que desenvolvem projetos com a participação de suas audiências. Na última década, passou a ser pensada como possibilidade junto aos sistemas educativos, permitindo a professores e alunos o planejamento e uso conjunto dos recursos da comunicação, como as linguagens cênica, musical, impressa, radiofônica, videográfica ou cinematrográfica, na prática escolar, hoje facilitadas pelas ferramentas digitais. Notícias sobre o sucesso destes empreendimentos estão presentes constantemente na mídia.


Licenciatura em Educomunicação
A Escola de Comunicações e Artes, que conta com um Curso Superior do Audiovisual, voltado para formar radialistas, cineastas e profissionais de televisão, acaba de aprovar uma Licenciatura em Educomunicação. Com suas disciplinas abertas aos alunos dos demais cursos da Escola e da Universidade, com um todo, a nova licenciatura terá como missão formar um profissional que possa atender as duas ordens de demandas previstas pelo uso do conceito pelo MEC: de um lado, a demanda de interface Comunicação/Educação na área da produção midiática e, de outro, a demanda proveniente do mundo educacional, tanto no âmbito do ensino básico (fundamental e médio) quando no superior.


Por outro lado, os responsáveis pelo projeto da Licenciatura em Educomunicação entendem que a iniciativa do MEC de propor o conceito e a prática educomunicativa como parte do conteúdo destinado à formação de um graduado de uma subárea específica (no caso a do Cinema e Audiovisual), seja igualmente aplicada a todos os projetos didáticos direcionados à formação de estudantes da área de Comunicação e Artes e das Humanidades, especialmente os de Pedagogia. Trata-se, enfim, do reconhecimento de que para além da formação de um profissional específico, previsto pela Licenciatura, tenhamos profissionais da pesquisa, da produção e do magistério em condições de iniciar um diálogo mais profundo sobre a complexa missão de produzir cultura e desenvolver uma educação em consonância com as exigências do mundo contemporâneo. (Ismar de Oliveira Soares. São Paulo, 5 de outubro de 2009)
Veja esta e outras notícias da Educom na página do Núcleo de Comunicação e Educação da USP






Carta aos educadores ambientais do Brasil e dos países de línguas hispânica e portuguesa

O documento que publicamos a seguir foi construído a partir da IV Conferência Internacional de Educação Ambiental, realizada na Índia em 2007, 30 anos após a primeira Conferência, em Tbilisi, Geórgia. A Carta aos educadores ambientais do Brasil e do mundo luso-hispânico foi produzida por, entre outros membros da delegação brasileira, Marcos Sorrentino, então diretor de Educação Ambiental do Ministério do Meio Ambiente e Raquel Trajber, coordenadora geral de Educação Ambiental do Ministério da Educação


Aos educadores e educadoras ambientais do Brasil e dos países de

línguas hispânica e portuguesa,

Poucos de nós conseguiram acompanhar a IV Conferência Mundial de
Educação Ambiental para um Futuro Sustentável, Tbilisi+30, no contexto
da Década da Educação para o Desenvolvimento Sustentável, que se
realizou em Ahmedabad, Índia, nos dias 26 a 28/11.

As causas podem ser atribuídas à fraca divulgação do evento e à falta
de apoio das agências internacionais para lá estarem representantes
destes países, tendo em vista o custo do deslocamento, ou devido ao
motivo de todo evento ter o inglês como única língua oficial, ou pelo
fato de na América Latina existir um forte movimento de resistência à
substituição do nome Educação Ambiental (EA) por Educação para o
Desenvolvimento Sustentável (EDS).

A delegação de três representantes do governo brasileiro que lá
esteve, envia-lhes a seguir um pequeno relato sobre o ali vivenciado,
com alguns documentos e referências para a nossa análise reflexão,
debates e mobilização.

Mobilização que nos anima há mais de três décadas, enfatizada pelas
mudanças socioambientais globais relacionadas ao Aquecimento do
Planeta: fazer uma educação ambiental que contribua para a melhoria da
qualidade de vida de todos e para a recuperação e conservação do meio
ambiente em toda a sua beleza e diversidade.

Mobilização para que a perspectiva de EA que vem sendo construída na
resistência e na luta por liberdades democráticas e pelos direitos
humanos fundamentais (e na compreensão de que não haverá sobrevivência
possível para a nossa espécie e para todas as demais, se não
estivermos profundamente comprometidos com a melhoria da qualidade de
vida de cada humano que habita ou habitará este planeta, num
exercício constante de solidariedade sincrônica e diacrônica que vai
do mais próximo ao mais distante no espaço e no tempo), não seja
excluída dos acordos que vão se estabelecendo entre países de língua
inglesa e do seu campo de influência e países da Ásia e da Europa que
aderiram mais rapidamente ao conceito de Educação para o
Desenvolvimento Sustentável.

Mobilização para explicitarmos que a EA e todos os seus aprendizados,
também quer contribuir para a construção de uma EDS que seja também um
compromisso com a construção de Sociedades Sustentáveis.

Mobilização para que a urgência do momento não seja pretexto para uma
EA/EDS Pragmática que esquece princípios, valores, história e
objetivos e os substitui por metas aparentemente operacionais e
eficientes, mas que podem não ser eficazes e duradouras, contribuindo
para a caminhada na direção de sociedades humanas sustentáveis.

Por fim, mobilização que promova o diálogo includente na diversidade
para que as mudanças sejam sócio-culturais, econômicas, políticas,
éticas e ambientais na direção de possibilitar a todos e a cada um a
enunciação de seus sonhos e utopias e a negociação dos mesmos nos
espaços políticos que os alimentam e por eles são alimentados. Não
queremos mais, do mesmo modo de produção e consumo. Não queremos
modificar para permanecer no mesmo lugar (de desigualdades
fundamentadas em heranças, preconceitos, exploração, degradação humana
e ambiental).

A oportunidade que esta crise coloca é a de enfrentarmos
transformando todas as mazelas e iniqüidades produzidas pelo atual
modelo de desenvolvimento e de vida. Ou fazemos isto, temos disposição
para fazer isto ou não conseguiremos o compromisso, responsabilidade e
engajamento de todos com os cuidados que o planeta exige.
Portanto, vamos convidar as agências das Nações Unidas em nossos
países e região, para debaterem conosco todas as nossas expectativas
em relação a Década.

Já que não pudemos fazer o balanço dos 30 anos de Tbilisi, em cada
país, região e comunidade lingüística. Já que o próprio evento de
Ahmedabad não dedicou tempo a isto, propomos que alguns eventos nos
próximos anos, façam esta avaliação e que possamos, no balanço de meio
termo da Década, em 2009, em Bonn ( segundo anunciaram na IV
Conferência), ter um panorama do estado da arte no planeta e apontar
alternativas para a Educação Ambiental seguir avante sua vocação de
evocar as nossas melhores esperanças e ações por um mundo melhor.

Sugerimos os eventos abaixo, como referência para esses debates:

  • Foro de Ministros da AL e Caribe (janeiro/2008 debatendo o PLACEA);
  • Foro Global de Ministros de Meio Ambiente (fevereiro de 2008, Mônaco);
  • VI Fórum Brasileiro de EA (Rio de Janeiro, 2008);
  • III Conferência Nacional de Meio Ambiente, adultos e infanto-juvenil (2008/Brasil);
  • Jornada de Avaliação do Tratado de Educação Ambiental para Sociedades Sustentáveis e Responsabilidade Global (fevereiro de 2009/Brasil);
  • Avaliação de Metade da Década (Bonn/2009);
  • II Conferência de EA dos Países de Língua Portuguesa e da Galícia (Cabo Verde/2009) debatendo o Programa CPLP de Educação Ambiental;
  • VI Congresso Ibero Americano de Educação Ambiental (2008 ou 2009/Argentina);
  • Conferência Internacional Infanto-Juvenil pelo Meio Ambiente (2010/Brasil);
  • Rio mais 20 (2012)

Nelas precisamos debater a democratização da Gestão Ambiental no
Planeta e em cada região/país, criando condições de informação, tomada
de decisão e educação para que todas possam participar e se
comprometer com suas decisões.

Vamos imprimir, disponibilizar eletronicamente e debater os vários
documentos de subsídios para o aprimoramento das políticas públicas de
Educação Ambiental.

Vamos criar e/ou aprimorar as Sistemas Nacionais de Educação
Ambiental e suas leis, programas, planos e estratégias Nacionais de
Educação Ambiental, bem como regionais e locais, estabelecendo pactos
de realização entre os seus distintos atores.

Vamos dar continuidade às estratégias inclusivas pautadas pela
perspectiva de uma Educação Ambiental permanente, continuada,
articulada e com a totalidade dos humanos de cada base territorial de
nossos países.

No Brasil estamos diante do desafio de formarmos aproximadamente um
milhão de educadores ambientais populares e de engajarmos a totalidade
das escolas em processos de educação ambiental.

Um milhão de EAP que precisam de apoio continuado em seu próprio
processo de formação. Apoio descentralizado e incrementado por
aproximadamente 300 Coletivos Educadores comprometidos com a formação,
cada um de 200 educadores ambientais. Estes 60 mil educadores
ambientais se responsabilizam pela formação de círculos (ou
comunidades) de aprendizagem participativa sobre Meio Ambiente e
Qualidade de Vida, envolvendo, entorno de 20 pessoas, cada um.

As 170 mil escolas de ensino fundamental e médio, bem como as IES são
convidadas, pelo processo das Conferências Nacionais Infanto-Juvenil
pelo Meio Ambiente e por meio de outras atividades, a participarem
para iniciarem e/ou fortalecerem as Comissões de Meio Ambiente e
Qualidade de Vida (Com-Vidas) em cada Escola, realizando agendas XXI e
ações diversas de EA.

Certamente os estados e municípios, as ONGs, associações de cidadania
e movimento sociais, os sindicatos de trabalhadores e as instituições
empresariais, desenvolvem inúmeros e bons projetos de EA. Todos
precisam ser valorizados e apoiados para termos condições de fazer
frente aos desafios que batem as nossas portas. Para isto precisamos
das articulações locais, com as Comissões Organizadoras das Agenda
XXI, com os Municípios Educadores Sustentáveis , com as CIEAs e os
Programas Estaduais, regionais e setoriais de EA, com os Coletivos
Educadores e as Convidas, com as Redes de EA, para todos cooperarem na
elaboração de projetos políticos e pedagógicos que potencializem as
suas capacidades.

Ahmedabad torna mais claro do que nunca que precisamos promover uma
EA enraizada, capilarizada, comprometida e com o compromisso de todos
e de cada uma das pessoas e ao mesmo tempo articulada regionalmente e
com todos os países do Planeta.

Governo adia Conferência Nacional de Comunicação

Redação - Observatório do Direito à Comunicação 08.10.2009

Atualizada em 9 de outubro - 13h55

A Conferência Nacional de Comunicação (Confecom) foi adiada por decisão da Presidência da República. A etapa nacional será realizada entre os dias 14 e 17 de dezembro, onze dias após a data prevista no decreto que convocou a conferência (1, 2 e 3 do mesmo mês). Segundo informações da Assessoria de Comunicação do Ministério das Comunicações, a mudança será feita para "compatibilizar a agenda do presidente Luiz Inácio Lula da Silva".

Na quarta-feira, o consultor jurídico do Ministério das Comunicações, Marcelo Bechara, havia adiantado a informação do adiamento a membros da Comissão Organizadora Nacional (CON). Naquela oportunidade, a data sugerida era 7, 8 e 9 de dezembro. Bechara informou que a decisão foi tomada em reunião entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e os ministros responsáveis pela Confecom – Hélio Costa, das Comunicações, Franklin Martins, da Secretaria de Comunicação Social, e Luiz Dulci, da Secretaria Geral da Presidência.

Ao relatar a reunião para os membros da CON, Bechara não explicou os motivos de tal mudança. Disse, apenas, que o presidente estava muito otimista, contente com a Confecom e que avaliava participar do evento.

Quando do corte nas verbas previstas para a realização da conferência, o governo já havia aventado a possibilidade de adiar a conferência. Depois, os impasses criados pelas representações empresariais dentro da CON atrasaram a edição do regimento interno e as organizações e movimentos sociais envolvidos no processo chegaram a propor uma revisão do calendário. A preocupação era o prazo curto para a realização das etapas locais e das conferências estaduais, que elegem os delegados da Confecom.

“A mudança agora não resolve nada, mas ajudará se for acompanhada de uma alteração também do prazo para as estaduais em mais uma semana”, comentou Jonas Valente, representante do Intervozes – Coletivo Brasil de Comunicação Social na comissão organizadora.

Em nota da assessoria do ministério, Marcelo Bechara afirma que, como foi o presidente quem convocou, ainda em abril, a conferência, somente ele pode abrir o evento. “É desejo do presidente Lula participar da abertura da conferência de comunicação, a primeira a ser realizada na história do país. É natural que ele possa adequar sua agenda para participar da abertura, que acontece no dia 14 de dezembro”, justificou.

O novo decreto de convocação da Confecom deve ser publicado no Diário Oficial da União na próxima semana.

Recomposição do orçamento

A assessoria do Ministério da Comunicações também informou que o presidente sancionou o Projeto de Lei 27/09, que recompõe os recursos previstos no orçamento da pasta para a realização da conferência. Haviam sido cortados R$ 6,5 milhões, que serão repostos integralmente. O total de investimentos previstos na Confecom é de R$ 8,2 milhões.
www.direitoacomunicacao.org.br

Livros

Troque livros

Cuba, Apesar do Bloqueio Mário Augusto Jakobskind. Booklink. R$ 26 (edição impressa); R$ 15 (e-book) Comprar.
Em 2009, Mário Augusto Jakobskind lançou no Uruguai, pela Editora Tropicana, o livro "Apesar do Bloqueio, 50 anos de Revolução" (imagem ao lado; reprodução), em função do marco histórico representado pelo ano da comemoração. A edição atual apresentada pela Booklink está atualizada até 2010.Para falar sobre Cuba, além de mostrar o cerco midiático, o autor lembra as previsões equivocadas de analistas ignorantes da realidade cubana sobre o fim do regime em vigor na ilha caribenha, depois da desintegração da URSS. Muitos desses analistas garantiam que o fim ocorreria em semanas ou meses. A realidade mostrou que as pitonisas falharam redondamente, como mostra o livro de Mário Augusto Jakobskind. Mais do que adjetivos, Cuba, Apesar do Bloqueio apresenta fatos que falam por si só, como, por exemplo, a participação do então Presidente Fidel Castro num encontro de jornalistas latino-americanos, quando o dirigente máximo de Cuba mostrou o seu dom de jornalista. Confira post sobre o lançamento do livro, dia 14, nos destaques.

Poemas da recordação e outros movimentos Conceição Evaristo. Nandyala.
Memória , feminilidade e resistência negra. Esta é a tônica de Poemas da Recordação e outros movimentos, antologia poética da consagrada escritora afro-mineira Conceição Evaristo, que inaugura a Coleção Vozes da Diáspora Negra (Nandyala Editora). Tecendo os fios de suas vivências pessoais e coletivas, a poeta convida o leitor a mergulhar em profundas “águas-lembraças”, espelho hídrico do qual emergem imagens e vozes femininas a revelar uma tessitura poética inscrita na ancestralidade, “nova velha seiva” que “aborda os tempos do viver”. Assim, avó, tia, mãe e filha performatizam a “letra-desenho” de vidas traçadas em sonhos e esperanças, apesar da dor, do banzo, da fome e do frio que habitam o cotidiano de sujeitos negros em exclusão sócio-racial. Conheça melhor a autora aqui.

Para uma revolução democrática da justiça Boaventura de Sousa Santos. Cortez. R$ 15.
A revolução democrática da justiça nunca poderá ocorrer sem a revolução democrática do Estado e da sociedade. Mas esta, por sua vez, tão pouco será possível sem a revolução democrática da justiça. É, pois, pertinente perguntar pela contribuição do sistema judicial para uma tal revolução democrática mais ampla. A contribuição é possível mas sob condição de o sistema judicial passar a ser outro, muito diferente daquele que conhecemos. Sociólogo português, Boaventura de Sousa Santos é professor da Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra. Este blog já republicou o muito comentado artigo "A contrarrevolução jurídica", de Boaventura Santos.


Cuidar da Terra, proteger a vida: como evitar o fim do mundo Leonardo Boff. Record. R$ 39,90.
Um dos maiores teólogos mundiais e árduo defensor da consciência ambiental, Leonardo Boff lança livro inédito — que completa sua vasta obra com mais de 70 livros publicados, em diversos idiomas — sobre uma das questões que mais preocupa a população do planeta: como superar a crise ecológica atual, agravada pelo aquecimento global, para evitar uma situação ameaçadora para o futuro da humanidade. Chegamos a um ponto em que as bases de nossa sobrevivência como espécie humana estão ameaçadas. Porém, essa ameaça não vem de algum meteoro rasante como o que outrora dizimou dinossauros, mas de algo mais próximo e cotidiano: as ações humanas, tão desrespeitosas com os ritmos da natureza e com a dinâmica da Terra. Um planeta limitado não suporta um projeto ilimitado. Em Cuidar da Terra, proteger a vida: como evitar o fim do mundo, Leonardo Boff alerta para o fato de que o conjunto das crises que assolam a humanidade nos remete a uma única crise: a do nosso modo de viver, conviver, de nos relacionarmos com a natureza, explorando-a de forma ilimitada em função de benefícios materiais. 




O Brasil Privatizado - Um balanço do desmonte do Estado Aloysio Biondi. Perseu Abramo. R$ 10.
Como se construiu o mito das privatizações? Quais os grupos beneficiados? Por que o Brasil ficou mais pobre depois delas? Um dramático balanço - fartamente documentado - dos resultados que a política de privatização deixou para o país na área social e econômica. Editado pela Fundação Perseu Abramo, foi indicado para o Prêmio Jabuti 2000. Da página de Aloysio Biondi: Biondi escreveu o livro O Brasil Privatizado – Um Balanço do Desmonte do Estado, em que calculou quanto o governo gastou e quanto obteve com a venda das estatais. O cálculo cuidadoso mostra que o discurso da equipe econômica do governo Fernando Henrique Cardoso escondia o fato de que R$ 87,6 bilhões não entraram ou saíram dos cofres públicos nesse processo. Isso precisava ser descontado do saldo. “O balanço geral mostra que o Brasil ‘torrou’ suas estatais, e não houve redução alguma na dívida interna, até o final do ano passado (1998)”, escreveu o jornalista. O livro foi um campeão de tiragem: mais de 130 mil cópias.




Hitler ganhou a guerra. Walter Graziano. Palíndromo. R$ 30. E-book
Quem pensa que muitos dos enormes problemas do mundo começariam a ser solucionados a partir da troca de presidente nos Estados Unidos está gravemente equivocado. O atual presidente não é outra coisa senão "a ponta de um iceberg" de uma complicada estrutura de poder urdida cuidadosamente durante muito tempo por uma reduzida elite de clãs familiares, muito ricos, que estão por trás da exploração do petróleo, dos bancos, da indústria farmacêutica, da indústria bélica, das universidades e dos meios de comunicação mais importantes do mundo, entre outros setores. Trata-se, nada menos, daqueles que antes e durante a Segunda Guerra Mundial financiaram Hitler...
 





Infoproletários - Degradação real do trabalho virtual. Ricardo Antunes. Boitempo. R$ 44 Ao contrário do prometido, a tecnologia não aliviou a deterioração do trabalho, diz o sociólogo Ricardo Antunes (foto) em reportagem publicada na última semana em O Estado de S. Paulo, sob o título ‘Admirável Mundo Novo': "Apenas a transformou".
A não ser em seus livros, em que analisa com acidez marxista as transformações do trabalho e suas implicações na vida cotidiana, o sociólogo Ricardo Antunes, da Unicamp, tem dificuldade de contar a dura verdade a um trabalhador. Certo dia lhe telefonou uma funcionária do banco querendo saber por que ele não pagava contas pela internet. "Porque eu não lido bem com tecnologia", Antunes disfarçou. A moça insistiu dias depois. "Porque eu não confio na internet", foi a segunda resposta que ela ouviu. Só no terceiro contato o sociólogo abriu o jogo: "Porque eu não quero que você perca seu emprego". É justamente do trabalho no admirável mundo imaginado pelos entusiastas da era digital que trata seu novo livro, a coletânea de ensaios Infoproletários - Degradação real do trabalho virtual (lançado pela Boitempo). Organizada em parceria com o também sociólogo Ruy Braga e com lançamento previsto para 26 de outubro próximo, a obra faz um recorte preferencial pelos operadores de telemarketing e trabalhadores de call center, expressões máximas da atual precarização do trabalho, segundo Antunes. "Não é possível que o século 21 transcorra com essa destruição do trabalho em escala monumental sem que algumas "placas tectônicas" se movimentem - e eu não estou falando de geofísica, obviamente", ironiza. "A história está aberta para qualquer tipo de saída." (Christian Carvalho Cruz - O Estado de S.Paulo). Mais 


 
Honoráveis bandidos: Um Retrato do Brasil na Era Sarney. Palmério Dória. Golden Books. R$ 29,90
Palmério Dória, um dos jornalistas mais respeitados do país, conta pela primeira vez em um livro toda a história secreta do surgimento, enriquecimento e tomada do poder pela família Sarney, no Maranhão e por seu patriarca no Planalto Central. Dória devassa a vida do homem que virou presidente da República por acidente, transformou o Maranhão no quintal de sua casa e beneficiou amigos e parentes. Um livro arrasador, na mesma linha de Memórias das Trevas, que tinha o também senador Antonio Carlos Magalhães como personagem e vendeu mais de 80.000 exemplares quando lançado. Diante de ameaças de morte, nenhuma livraria do Maranhão pos à venda Honoráveis Bandidos e a agência de publicidade contratada pela editora desistiu de espalhar outdoors por São Luiz.





A América que não está na mídia. Mário Augusto Jakobskind. Altadena. R$ 25
Jakobskind (foto), com este livro, volta a nos integrar ao continente. Já o relato inicial leva a indagar sobre as origens do terror espalhado pela direita na América Latina. Em minhas andanças de exilado político, eu vivia na Argentina naquele 1976, quando um golpe militar lá implantou o terrorismo de Estado. Morava em Buenos Aires, era correspondente dos jornais “Excelsior”, do México, e de “O Estado de S.Paulo”, mas só fui saber da “Noite dos Lápis”, muito tempo depois. O horror se escondia nas profundezas dos segredos e do medo da população. São essas histórias ocultas que Mário Augusto conta agora, interpretando o passado recente não apenas para conhecê-lo, mas - mais do que tudo - para nos lembrar daquilo que não pode repetir-se jamais. Mais do que isso, porém, este livro mostra o progressivo empobrecimento dos meios de comunicação entre nós. Informar passou a ser tratado como uma dessas quinquilharias que o capitalismo predatório da sociedade de consumo nos oferece a cada dia como se fosse o paraíso. O essencial está de fora na grande imprensa, no rádio e na televisão.
*trecho do prefácio de Flávio Tavares
Mais informações sobre o livro e como adquiri-lo na internet






Tem planta que virou bicho! Alda de Miranda. Escrituras. R$ 18
Pimentão vira beija-flor, repolho se transforma em leitão roxo e uma pacífica carambola ressurge como uma assustadora serpente. O livro Tem planta que virou bicho! é a fusão do trabalho da publicitária Alda de Miranda, com o olhar atento do fotógrafo Cacio Murilo, que deu vida a vegetais, frutas e legumes, esculpindo-os em divertidos animais. O livro, recheado de poesia, fala sobre os alimentos e os animais de um jeito divertido e totalmente diferente. Entre rimas e imagens criativas, esta história conta sobre o dia em que os habitantes de um lugar distante resolveram brincar de faz de conta e os animais e as plantas decidiram trocar de lugar. Surgem, então, seres estranhos como o inhame-tubarão, o melão-canário, o chuchu-sapo, a maçã-coruja, a banana-boto, a uva-formiga, um curioso alho-pato. Depois de uma tarde inteira de brincadeiras, tudo volta ao normal... "Tem planta que virou bicho!" apresenta 13 transformações de vegetais em bichos, incentiva hábitos saudáveis de vida e fala das coisas da natureza enquanto passeia pelo universo lúdico, onde o que vale de verdade é a vontade de acreditar. Nos rodapés, informações nutricionais sobre os alimentos e formas divertidas de consumi-los.




Um homem chamado Jesus. Frei Betto. Rocco. R$ 38,50
Autor de mais de cinquenta livros, entre memórias, romances e ensaios, e vencedor de dois prêmios Jabuti, Frei Betto conta, em Um homem chamado Jesus, como viveu aquele que foi, sem dúvida, a mais importante figura humana da história ocidental. Nesta biografia romanceada, Jesus Cristo aparece como um homem apaixonado por Deus, pleno de compaixão, avesso ao moralismo, sedento de justiça e que faz do amor o eixo e o sentido da vida. Partindo dos Evangelhos canônicos, atribuídos aos apóstolos Mateus, Marcos, João e Lucas, Frei Betto acrescenta outros dados históricos que evidenciam as dimensões que tiveram as mensagens de Cristo em um tempo e lugar regidos pelas leis do dinheiro, do poder material e da violência. Frei Betto nos apresenta à Jerusalém do Novo Testamento e ao universo político e religioso da Judeia, da Samaria e da Galileia, povoadas por fariseus, saduceus, zelotas, essênios, fiscais, tetrarcas e, claro, o povo, sempre subjugado pelos doutores da lei e pelas autoridades romanas. Rico em detalhes históricos, "Um homem chamado Jesus" reconta a mais importante história humana e divina de todos os tempos.






Homens Invisíveis: relatos de uma humilhação social. Fernando Braga da Costa. Globo. R$ 35
São Paulo, Cidade Universitária, ano de 1994. Fernando Braga da Costa, aluno do segundo ano do curso de Psicologia da Universidade de São Paulo, tem uma tarefa: acompanhar, por um dia, o cotidiano de um grupo de trabalhadores. Ele escolheu os garis, que todos os dias varrem as calçadas e ruas e esvaziam as lixeiras do campus da maior universidade brasileira. Desde então, há 15 anos, o aluno, hoje psicólogo clínico e doutorando pela mesma universidade, se veste semanalmente de gari para ouvir os relatos de seus companheiros e sentir na pele a humilhação social sofrida por eles. A experiência e as diversas histórias reunidas viraram tema de seu mestrado e chegam aos leitores no livro Homens Invisíveis: Relatos de uma Humilhação Social. Leia mais sobre este livro aqui.





O ensino médio integrado no contexto da mundialização do capital. Bruno Miranda Neves. Multifoco. R$ 26
O trabalho do autor Bruno Miranda Neves nos convida a uma intensa reflexão sobre questões econômicas e educacionais. Bruno Miranda é pedagogo formado pela Uerj e representa com maestria uma nova geração de pensadores e questionadores das ideologias dominantes. Em nome de uma sociedade mais justa e igualitária, este ex-líder estudantil desenvolve intensa pesquisa no campo do ensino e nos revela em seu trabalho o quanto o sistema educacional ainda tem a caminhar para que possa contribuir efetivamente para uma formação completa e includente. 
Leia mais sobre o livro neste post.






Ouro Azul - Como as grandes corporações estão se apoderando da água doce do nosso planeta. Maude Barlow e Tony Clarke. MBooks. R$ 44,90
"Ouro Azul" foi publicado no Brasil pela editora M. Books e traduzido para 16 idiomas. Escrito a quatro mãos por Maude, especialista em água e fundadora do Projeto Planeta Azul (www.blueplanetproject.org) e Clarke, ativista que se levantou contra as práticas do livre-comércio, a obra aponta para os riscos da privatização da água e da conceituação dela como “necessidade” e não como “direito”. Uma vez considerada um “bem necessário”, a água pode ser enquadrada como commodity, atendendo aos interesses do lucro de grandes corporações que hoje já controlam boa parte da água do planeta. Dentre estas corporações, estão as que simultaneamente estendem seu poder a outras áreas como a política e setores econômicos, como Energia, Construção e Meios de Comunicação. E os “senhores da água do planeta” continuam a conquistar novos recursos.
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