quinta-feira, 25 de abril de 2013

Ministros nus, como cardeais sem batina

12/04/2013 - Cardeais sem batina - revista IstoÉ - Ed. 2265 
- por Leonardo Attuch

Os ministros do STF estão nus. E a imagem que a sociedade vê não é imaculada

Num belo dia, uma segunda-feira, o presidente do Supremo Tribunal Federal, Joaquim Barbosa, marca reunião com presidentes de associações de magistrados e, sorrateiramente, permite que o encontro seja gravado por jornalistas.

Sua intenção era passar um pito coletivo nos próprios colegas, como se sua posição permitisse abusos de autoridade.

Na manhã seguinte, na terça-feira, os juízes respondem com uma nota inédita na história da República, dizendo que os homens passam e as instituições ficam – e Barbosa é tratado como um “erro histórico” da suprema corte.

Vinte e quatro horas depois, na quarta-feira, um político condenado na Ação Penal 470, José Dirceu, revela ter sido procurado por outro ministro do STF, Luiz Fux, que prometera sua absolvição enquanto escalava rumo ao poder.

Se for verdade, trata-se de um ato reprovável, cometido por um integrante da instância máxima da Justiça.

Um dia depois, na quinta-feira, o dono da maior banca de advocacia do Rio de Janeiro, Sergio Bermudes (foto), revela que irá pagar do seu próprio bolso uma festa de arromba, para mais de 200 convidados, destinada a celebrar os 60 anos de Fux.

A cada dia que passa, a suprema corte brasileira avança no seu strip-tease permanente, retirando uma peça a mais de roupa.

E o fato é que todos os seus ministros estão nus.

Até recentemente, protegidos pela toga preta, eles eram percebidos como representantes máximos de uma elite da ética, do conhecimento e da sabedoria.

Mas agora, expostos à luz do sol, são revelados ao público como realmente são: seres humanos dotados de vaidade, ambição, complexos de superioridade, esperteza e até alguma dose de malandragem.

Hoje, as mentes mais maduras do STF deveriam estar refletindo sobre o erro histórico que foi julgar a Ação Penal 470 às vésperas de uma eleição e permitir que o processo, transmitido pela TV Justiça, sofresse ampla manipulação midiática.

Se tivesse seguido seu curso natural, passando pelo primeiro grau e por todas as instâncias do Judiciário, o que garantiria aos réus o direito básico ao duplo grau de jurisdição, a instituição teria sido preservada.

A vaidade, no entanto, falou mais alto.

E os ministros acreditaram estar participando daquilo que seria “um julgamento para a história”.

Só agora, aos poucos, começam a se dar conta de que eles é que estão sendo julgados por suas ações.

Nus, são como cardeais sem batina, que perderam a pureza e todo o ar de santidade.

Fonte:
http://www.istoe.com.br/colunas-e-blogs/coluna/290367_CARDEAIS+SEM+BATINA

Não deixe de ler:
- Barbosa pediu a Dirceu para ser Ministro do STF - Democracia & Política
- Na ABI, o retrocesso do judiciário, o lulismo e o interior profundo deste país - Universidade Nômade
- A República, o STF e o Parlamento - Mauro Santayana
- Dois passos adiante - Theófilo Rodrigues e Antonio Fernando Araujo

E mais:
- O Sonho do Ministro Joaquim Barbosa - por Ramatis Jacino
- Um outro sonho para Joaquim Barbosa - Antonio Fernando Araujo 
- O prevaricador Gurgel e o procurador Barbosa - Mensalão: fatiados venceremos - Sergio Saraiva
- STF: mais um erro? Ou uma história exemplar? - Megacidadania

Nota:
A inserção das imagens, quase todas capturadas do Google Images, são de nossa responsabilidade e, excetuando uma ou outra, inexistem no texto original.

quarta-feira, 24 de abril de 2013

Reviravolta no mensalão ganha forma

23/04/2013 - Como o previsto, reviravolta no mensalão vai ganhando forma
- Eduardo Guimarães em seu blog Cidadania

No fim da tarde da última sexta-feira [19/04], na Globo News, no programa Conta Corrente, a apresentadora Leilane Neubarth (foto) teve como que um ataque de pânico ao ser instruída por um professor de Direito Penal sobre o que vai se tornando cada vez mais provável que ocorra na fase dos embargos do Julgamento da Ação Penal 470, vulgo mensalão.

Ao ser informada pelo jurista de que os réus do dito “núcleo político” daquele processo – sobretudo o ex-ministro José Dirceu (foto) – não só podem escapar do regime fechado como, até, virem a ser absolvidos, a mulher chegou à beira do descontrole.

Gesticulando muito, com o cenho sobressaltado e aos berros, dizia que “a sociedade não iria entender” e que “iria se indignar” se tal fato se materializasse.

O professor em questão, porém, ponderou com ela que alguns resultados “apertados” como o de Dirceu no tópico “formação de quadrilha” tornam absolutamente justa uma eventual absolvição.

Dirceu foi condenado por 6 votos a 4. Dois dos ministros que o condenaram – Cezar Peluso e Carlos Ayres Britto – não estão mais no STF.

A rigor, o sucessor de Peluso, Teori Zavascki, bastaria para absolver Dirceu nesse tópico. A votação estaria empatada e o empate favorece o réu.

Aliás, vale dizer que, caso a presidente Dilma Rousseff nomeie a tempo o sucessor de Britto, Dirceu pode ser absolvido por 6 votos a 4, invertendo o
resultado que o condenou por “formação de quadrilha”. E mais: 12 dos 25 condenados poderão ser beneficiados, muitos dos quais seriam totalmente absolvidos.

Tal cenário foi descrito neste blog por várias vezes. Abaixo, os posts em que foi previsto o cenário que a mídia agora admite que pode se concretizar.

- 18 de dezembro de 2012 - Golpe do STF: trunfo jurídico da direita midiática é precário
- 27 de dezembro de 2012 - 2013, o ano do golpe 
- 01 de março de 2013Barbosa não pode garantir prisão dos réus do mensalão até julho
- 07 de abril de 2013Mídia teme que novos membros do STF absolvam “mensaleiros”

Como se vê, não foi por falta de aviso que Globos, Folhas, Vejas e Estadões agora estão em pânico com a possibilidade de reversões no julgamento do mensalão que aumentarão ainda mais a possibilidade de as condenações que não forem revertidas aqui no Brasil terminem sendo revertidas em Cortes Internacionais às quais os linchados pelo STF fatalmente recorrerão.

Seja como for, a ficha da mídia tucana está caindo.

Na Folha, por exemplo, um daqueles seus “especialistas” de plantão que sempre dizem o que ela quer já admite a reviravolta no julgamento, apesar de pôr em dúvida que os embargos infringentes dos réus possam ser apreciados, o que, segundo fontes fidedignas consultadas pelo Blog, não passa de “torcida”, pois os recursos dos réus poderão ser opostos, sim.

Abaixo, um dos vários textos que estão saindo nos jornalões reconhecendo a possível reviravolta.

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23 de abril de 2013 - FOLHA DE SÃO PAULO

Novos integrantes da corte podem fazer a diferença daqui em diante

Embargo quer dizer obstáculo. Infringente é o que infringe, contraria uma norma. Entrar com embargos infringentes é colocar um obstáculo à execução da condenação dos réus. Alegar que ao condenar, o Supremo Tribunal Federal teria contrariado uma norma. Dado passo em falso.

Se deu passo em falso, o julgamento ou parte dele pode ser revisto.

Que passo foi esse? Não sabemos. É cedo.

Primeiro o Supremo tem que decidir se podem colocar obstáculos.

Se sim, julga então se deu ou não passo em falso.

Depois de tanto cuidado, dos ministros, defesa e acusação, é pouco provável que os ministros com votos vencedores no Supremo digam que a corte deu passo em falso.

Mesmo assim, o esforço da defesa é assegurar a possibilidade desta pouca probabilidade. Vai conseguir? Não sabemos.

Um dos fatores que pode influenciar esta batalha é que a composição do tribunal está mudando. É menos provável que os mesmos ministros digam que eles próprios deram um passo em falso do que novos ministros digam que os anteriores deram passo em falso.

No sistema de votos individuais, composições diferentes do Supremo seriam mais prováveis de gerar decisões diferentes. Isto é, rever condenações.

Sabemos como César Peluso votou e sua linha de argumentação. Mas não sabemos como Teori Zavascki votará. Sabemos como Ayres Britto votou e sua linha de argumentação. Não sabemos nem quem é o futuro ministro nem como votará. Sabemos como Roberto Gurgel acusou. Não sabemos como o futuro procurador-geral da República agirá diante dos obstáculos infringentes, se aceitos.

A presidente Dilma Rousseff até agora se manteve equidistante do mensalão. Mas agora, complicou. Se não indicar um novo ministro a tempo de julgar os embargos, torna o empate mais provável.

Em alguns casos, como na condenação de José Dirceu por quadrilha, basta o voto de Teori Zavascki a favor do réu e a manutenção dos votos dos demais. O que favorece os réus.

Se a presidente da República indica um novo ministro, interfere do mesmo modo. Como ele votará?

De qualquer modo, o simples fato de estarmos discutindo embargos já é vitória da defesa. A outra hipótese era que os réus estariam em breve cumprindo pena.

(*) JOAQUIM FALCÃO é professor de direito constitucional da FGV Direito Rio

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Para quem acha que se trata de uma análise isolada, até Merval Pereira reconheceu a mesma coisa em sua coluna em O Globo.

Há ainda, porém, duas possibilidades (pequenas) de até mesmo José Dirceu ser absolvido das duas acusações pelas quais foi condenado.

O ministro Celso de Mello (foto) se comprometeu com a direita midiática a adiar sua aposentadoria, que havia anunciado, para que Dilma não possa nomear um terceiro substituto para o grupo que fez as condenações absurdas que se viu no ano passado. Mas ele ainda pode pedir para sair.

Além disso, algum ministro que votou errado no ano passado pode decidir salvar sua biografia e mudar de voto.

No caso de Dirceu, se um só ministro entre os que o condenaram no ano passado mudar seu voto e se os dois novos ministros votarem a seu favor, estará livre de qualquer condenação.

Como se vê, a única vitória política que a direita midiática obteve nos últimos dez anos pode virar pó. Assim como foi previsto aqui.

Mas a cereja do bolo da reviravolta no julgamento foi deixada para o fim. A publicação do acórdão do mensalão sofreu uma imensa mutilação de trechos do processo que só fazem reforçar a defesa.

Ao todo, foram 1336 supressões de diálogos entre os ministros, muitos deles verdadeiros bate-bocas.

Os jornais O Estado de Minas e Correio Brasiliense foram os que deram manchetes mais precisas sobre o significado desse fato.

Abaixo, trechos das matérias

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- O Estado de Minas
- Helena Mader-Correio Braziliense, Diego Abreu, Adriana Caitano

Ministros do STF excluem trechos de discussões das 8.405 páginas do acórdão do julgamento do processo do mensalão e advogados dos réus afirmam que vão recorrer contra a supressão

Ao lado, Gilmar Mendes e Celso de Mello debatem em sessão do julgamento da Ação Penal 470: para os dois ministros, o corte de falas não compromete o conteúdo do documento.

Brasília – Quatro meses após a conclusão do julgamento do mensalão, o Supremo Tribunal Federal (STF) publicou nessa segunda-feira o acórdão do processo.

A aguardada divulgação dos votos dos ministros da Corte manteve a série de polêmicas que envolveu o caso: alguns magistrados suprimiram trechos dos debates travados em plenário durante o julgamento, o que gerou críticas de réus e até de magistrados do próprio STF.

O ministro Luiz Fux (ao lado) retirou do acórdão todos os 520 comentários e colocações feitos ao longo dos quase cinco meses do processo.

Com isso, o acórdão traz trechos sem sentido, em que ministros respondem questionamentos feitos por Fux, por exemplo, sem que a fala dele com a pergunta apareça no documento.

O ministro Celso de Mello excluiu boa parte de suas participações em debates. Advogados de condenados reclamam da supressão e garantem que vão recorrer contra o cancelamento de trechos dos votos de ministros.

O acórdão do mensalão, que tem 8.405 páginas, foi divulgado pelo Supremo na manhã dessa segunda-feira [22/04].

O relator do processo, presidente Joaquim Barbosa, (ao lado) e o revisor, ministro Ricardo Lewandowski, (abaixo) mantiveram a íntegra de suas polêmicas e acaloradas discussões no plenário.

Os constantes bate-bocas entre esses ministros foram transcritos e incluídos no acórdão.

O regimento interno do STF determina que as notas taquigráficas ou transcrições de áudio do julgamento devem fazer parte do acórdão.

Por isso, para o ministro Marco Aurélio Mello, (mais abaixo) a supressão de trechos de discussões e votos do acórdão contraria a legislação.

Se um ministro não quer que um determinado comentário não entre no acórdão, então que se policie para não falar”, critica Marco Aurélio.

Ele acredita que essa supressão poderá dar brecha para que condenados recorram da decisão. “A defesa se vale de qualquer aspecto que entenda válido para socorrer os interesses do defendido”, justificou.

(…)

Na tarde dessa segunda-feira [22/04], os advogados dos réus já se debruçavam sobre o documento. Alguns esperavam a publicação do acórdão para definir a estratégia para rebater o resultado e outros apenas pretendiam reforçar apontamentos já feitos.

Eu transcrevi as sessões transmitidas pela tevê e comecei a redigir o embargo sobre os pontos relevantes de omissões que identifiquei, agora falta checar os possíveis pontos de contradição”, comentou Marcelo Leal, advogado do ex-deputado Pedro Corrêa.

Um item que chamou a atenção da maioria dos defensores foi a ausência de frases ditas por alguns ministros em plenário.

O fato de o ministro Fux ter tirado do acórdão o que disse me parece ser uma omissão e nós podemos pedir que ele declare o que foi retirado. Isso pode vir a ser considerado contraditório”, adiantou Luiz Fernando Pacheco, advogado do deputado José Genoino (PT-SP).

Se esses cancelamentos sugerirem alguma supressão de pontos relevantes, pode-se ensejar em embargo de declaração por omissão”, concorda Luiz Francisco Corrêa Barbosa, que defende Roberto Jefferson. O prazo para a apresentação de recursos vai de hoje até 2 de maio.

(Colaborou Edson Luiz)

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23 de abril de 2013 - Chance para a defesa
- Correio Brasiliense - HELENA MADER, DIEGO ABREU, ADRIANA CAITANO

Ministros excluem partes dos votos no acórdão e advogados garantem que vão recorrer contra a supressão de trechos do julgamento

Quatro meses após a conclusão do julgamento do mensalão, o Supremo Tribunal Federal publicou ontem o acórdão do processo.

A aguardada divulgação dos votos dos ministros da Corte manteve a série de polêmicas que envolveu o caso: alguns magistrados suprimiram trechos dos debates travados em plenário durante o julgamento, o que gerou críticas de réus e até de magistrados do próprio STF.

O ministro Luiz Fux retirou do acórdão todos os 520 comentários e colocações feitos ao longo dos quase cinco meses do processo.

Com isso, o acórdão traz trechos sem sentido, em que ministros respondem a questionamentos feitos por Fux, por exemplo, sem que a fala dele com a pergunta apareça no documento.

O ministro Celso de Mello (ao lado) também excluiu do acórdão boa parte de suas participações em debates.

Advogados de condenados reclamam da supressão e garantem que vão recorrer contra o cancelamento de trechos dos votos de ministros.

(…)

O regimento interno do STF determina que as notas taquigráficas ou transcrições de áudio do julgamento devem fazer parte do acórdão.

Em cada julgamento, as notas taquigráficas registrarão o relatório, a discussão, os votos fundamentados, bem como as perguntas feitas aos advogados e suas respostas, e serão juntas aos autos, com o acórdão, depois de revistas e rubricadas”, diz o regimento do Supremo.

Para o ministro Marco Aurélio Mello, a supressão de trechos de discussões e de votos do acórdão contraria a legislação. “Sempre fui radicalmente contra esse cancelamento. O regimento é claro e diz em bom português que as discussões travadas serão regravadas e comporão o acórdão. Se um ministro não quer que um determinado comentário não entre no acórdão, então que se policie para não falar”, critica Marco Aurélio.

O ministro acredita que essa supressão de votos poderá dar brecha para que condenados recorram da decisão. “A defesa se vale de qualquer aspecto que entenda válido para socorrer os interesses do defendido”, justificou.

O que nós falamos ali no plenário não mais nos pertence. Depois que abrimos a boca e verbalizamos, isso pertence às partes interessadas”, concluiu Marco Aurélio.

(…)

O procurador-geral da República, Roberto Gurgel, também tentou minimizar os efeitos da supressão de trechos dos debates travados durante o julgamento.

O que é importante é que os argumentos essenciais e as discussões principais constem no acórdão. E pelo que tenho notícia, algumas supressões feitas não eram substanciais, não tinham importância fundamental. E isso possibilitou a publicação do acórdão em um menor tempo”, justificou Gurgel.

Na tarde de ontem [22/04], os advogados dos réus já se debruçavam sobre as mais de 8 mil páginas do documento.

Alguns esperavam a publicação do acórdão para definir a estratégia para rebater o resultado e outros apenas pretendiam reforçar apontamentos já feitos.

Eu transcrevi as sessões transmitidas pela tevê e comecei a redigir o embargo sobre os pontos relevantes de omissões que identifiquei, agora falta checar os possíveis pontos de contradição”, comentou Marcelo Leal, advogado do ex-deputado Pedro Corrêa.

Um item que chamou a atenção da maioria dos defensores foi a ausência de frases ditas por alguns ministros em plenário.

O fato de o ministro Fux ter tirado do acórdão o que disse me parece ser uma omissão, e nós podemos pedir que ele declare o que foi retirado. Isso pode vir a ser considerado contraditório”, adiantou Luiz Fernando Pacheco, advogado do deputado José Genoino (PT-SP).

Se esses cancelamentos sugerirem alguma supressão de pontos relevantes, pode-se ensejar em embargo de declaração por omissão”, concorda Luiz Francisco Corrêa Barbosa, (acima) que defende Roberto Jefferson.

(Colaborou Edson Luiz)

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Qual o significado de tudo isso? Basicamente, a Justiça brasileira tenta escapar da desmoralização.

O julgamento do mensalão foi tão atentatório ao Estado de Direito que os próprios juízes que o conduziram retiraram do processo os maiores excessos que cometeram.

Mas não todos. Falta retirar as condenações nazistas que perpetraram.

Fonte:
http://www.blogdacidadania.com.br/2013/04/como-o-previsto-reviravolta-no-mensalao-vai-ganhando-forma/

Leia também:
- O Ibope e o Supremo Tribunal Federal - Antônio Escosteguy Castro
- Ministro, agora entendemos porque fatiar - Cristiana Castro
A criminalização do PT e do povo - Ligia Deslandes
A Outra História do Mensalão - o livro - Eduardo Guimarães
Na ABI, o retrocesso do judiciário, o lulismo e o interior profundo deste país - Rede  Universidade Nômade
Na ABI, a fala emocionada de Hildegard Angel - Antonio Fernando Araujo

E mais:

Por que isso teve que acontecer? - Antonio Fernando Araujo
A verdade o absolverá - Lia Imanishi e Raimundo Rodrigues Pereira
A encenação do mensalão e um assassinato sem o morto - Revista Retrato do Brasil
STF: mais um erro? Ou uma história exemplar? - Lia Imanishi e Raimundo Rodrigues Pereira
O mensalão, as elites e o povo - Luiz Carlos Bresser-Pereira

Nota:
A inserção de imagens adicionais, capturadas do Google Images, são de nossa responsabilidade, elas inexistem no texto original.

terça-feira, 23 de abril de 2013

O IBOPE e o Supremo Tribunal Federal

27/03/2013 - Decisões de olho no Ibope?
- Antônio Escosteguy Castro - Sul21

Até o momento me abstive de comentar o julgamento do Mensalão.

Muito já foi dito sobre o tema e novos comentários só terão sentido após a publicação do acórdão e o exame mais detalhado das razões de decidir de nossa Suprema Corte.

Mas se fazem necessárias algumas considerações sobre os julgamentos do STF após o mensalão.

A intensa polêmica que envolveu este julgamento trouxe, uma vez passada a cobertura midiática que sem dúvida não teve paralelo na história mundial, toda uma série de contestações que põem em xeque a qualidade mesma do julgamento.

Raimundo Pereira (foto), um dos mais notáveis jornalistas do Brasil impugnou a existência de dinheiro público no esquema com farta documentação e não foi contestado.

Paulo Moreira Leite apontou em livro best-seller (abaixo) diversas inconsistências e não foi respondido.

O professor de Direito Alaor Leite, (foto adiante) em conferência na FGV, criticou a aplicação da hoje famosa “teoria do domínio do fato” em crimes do grupo de delitos de dever, como é a corrupção, e não foi contrariado.

É claro que “juiz fala nos autos” (ou pelo menos deveria ser assim….) e justamente se aguarda a publicação do acórdão para ver as justificativas do STF quanto a estas impugnações jurídicas.

Mas enquanto este não é publicado, no lento tramitar de nosso Judiciário, o STF tem tirado do armário julgamentos que aguardavam há bastante tempo e parece que tem buscado manter a empatia com a opinião pública decidindo pela tese que é mais simpática no Ibope

São os melhores exemplos recentes a ADIN da Emenda 62, a PEC do Calote, relativa ao pagamento dos precatórios e o Recurso Extraordinário que tratava da obrigatoriedade das estatais justificarem os atos de demissão de seus empregados.

Ambas as teses vencedoras são altamente simpáticas, seja a defesa das “velhinhas tricoteiras”, credoras dos precatórios, seja a garantia do emprego dos funcionários que fizeram concurso público para entrar nas estatais.

A opinião pública aplaude e o Bonner dá a notícia com um belo e amplo sorriso no Jornal Nacional.

Mas será mera coincidência que ambos eram processos que se arrastavam há anos, com seguidos pedidos de vista, e foram trazidos à pauta de uma hora para outra?

Será mera coincidência que foram agora julgados numa só sessão, sem novas interrupções, como seria, feliz ou infelizmente, o normal em julgamentos tão complexos e com tantas conseqüências para o país?

Aliás, examinando estes casos ora em concreto, não restem dúvidas de que o STF acertou ao exigir que as estatais e sociedades de economia mista sejam obrigadas a motivar os atos de demissão de seus empregados que fizeram concurso público para serem admitidos.

Ao permitir a “despedida imotivada” nestes casos, autoriza-se o administrador público a agir de forma que na prática frauda a seleção pública e lhe concede um poder de escolher quem trabalha na empresa.

Mas em relação à Emenda Constitucional nº 62, a decisão do STF criou uma situação gravíssima.

A Emenda permitiu o avanço dos pagamentos dos precatórios nos últimos anos, já que vinculou um determinado percentual do orçamento (entre 1 e 2% da receita corrente líquida) ao seu pagamento.

Poderia ser lento, mas vinha sendo pago. Agora, voltamos ao estágio anterior.

A obrigação é “pagar no próximo orçamento”: 87 bilhões?

Com que dinheiro?

Mas nem um só centavo é vinculado a este pagamento, chancelando, na verdade, a inadimplência.

Teria feito melhor o Supremo se pensasse mais um pouco, se tivesse mais uns dois pedidos de vista para refletir…

Decidir pela tese mais simpática não significa, a priori, decidir certo ou errado.

Mas pode uma Corte Suprema de Justiça, que é a guardiã da Constituição num pais, ter esta motivação para decidir?

O mensalão colocou o STF na roda viva da opinião pública, da opinião publicada, dos editoriais de jornal, das demonstrações nas ruas.

É da vida, é da política, dirão alguns, mas se o sorriso do Bonner passar a pautar o Supremo…

Fonte:
http://www.sul21.com.br/jornal/2013/03/decisoes-de-olho-no-ibope/

Leia também:
- Ministro, agora entendemos porque fatiar - Cristiana Castro
- A criminalização do PT e do povo - Ligia Deslandes
- A Outra História do Mensalão - o livro - Eduardo Guimarães
- Na ABI, o retrocesso do judiciário, o lulismo e o interior profundo deste país - Rede  Universidade Nômade
- Na ABI, a fala emocionada de Hildegard Angel - Antonio Fernando Araujo

E mais:
- Por que isso teve que acontecer? - Antonio Fernando Araujo
- A verdade o absolverá - Lia Imanishi e Raimundo Rodrigues Pereira
- A encenação do mensalão e um assassinato sem o morto - Revista Retrato do Brasil
- STF: mais um erro? Ou uma história exemplar? - Lia Imanishi e Raimundo Rodrigues Pereira
- O mensalão, as elites e o povo - Luiz Carlos Bresser-Pereira

Nota:
A inserção das imagens, quase todas capturadas do Google Images, são de nossa responsabilidade e, excetuando uma ou outra, inexistem no texto original.

segunda-feira, 22 de abril de 2013

Corrupção e poder

13/04/2013 - O poder e sua maldição - Mauro Santayana em seu blog

(JB) - Desde que a história do poder começou a ser escrita, dela tem sido inseparável o registro da corrupção.

Contra a corrupção do poder, Savonarola [E], sugeriu um governo de santos.

Platão [D] um governo de sábios austeros.

Em uma de suas famosas cartas, algumas tidas como apócrifas, ele fala da perversão do poder pelo hedonismo em Siracusa – ele que fora mal sucedido conselheiro de dois de seus tiranos, Dione e Dionísio.

Pôde entender Platão que uma coisa são as idéias, outras, os homens.

Savonarola é o modelo de todos os combatentes da corrupção na História.

Coube-lhe opor-se ao mais corrupto e corruptor de todos os papas, Rodrigo Borgia, que ocupou o trono com o nome de Alexandre VI [ao lado].

O frade dominicano desafiou o papado e soube esquivar-se da astúcia do Pontífice, que lhe ofereceu tudo, até mesmo o chapéu cardinalício, com o propósito de retirá-lo da Toscana, onde se sentia seguro.

O monge acabou sendo vencido pelas armas, preso, julgado e condenado à morte [na fogueira, em Florença].

Naquele episódio, e em outros, Mamon, o deus do papa, se sobrepôs ao Cristo, de Savonarola.

Ainda agora se revela, pelo Wikileaks, que o considerou natural a repressão no Chile de Pinochet, e exagerada a reação mundial, provocada pelas forças de esquerda, contra o golpe.

A morte de Mme. Thatcher convida a uma viagem pela geografia da corrupção por excelência.

Provavelmente não se conheça, em toda a História, processo mais extenso e mais profundo de corrupção da política pelo poder financeiro do que o eixo entre Washington, com Reagan, Londres, com a dama de ferro [D], e o Vaticano, com Wojtyla [E], no início dos 80.

Convenhamos que os que os corromperam souberam fazê-lo.

Na conspiração, que se selou em encontro na Biblioteca do Vaticano, Reagan e Wojtyla - em menos de uma hora - com a presença de Alexander Haig, acertaram os movimentos coordenados para destruir o sistema socialista, acabar com o estado de bem-estar social no resto do mundo e globalizar o sistema econômico mundial.

Nenhum dos três seria capaz de engenhar o plano, que – tudo indica – lhes foi entregue pelo Clube de Bilderbeg.

É conveniente registrar que não tiveram muitas dificuldades na União Soviética [foto Gorbatchev e Reagan], cujos burocratas, seduzidos pelo “doce charme da burguesia”, sonhavam com a vida faustosa dos executivos norte-americanos e ingleses.

E dificuldades ainda menores nos países em desenvolvimento, alguns deles, como o Brasil, com recursos internos que lhes permitiam resistir à desnacionalização de sua economia.

Como se sabe, ocorreu o contrário, com a embasbacada adesão dos dois Fernandos [Collor e Henrique Cardoso] ao Consenso de Washington.

O resultado do processo está aí, com o desmoronamento da economia européia, o avanço da pobreza pelos países centrais, e a corrupção, alimentada pelo sistema neoliberal, grassando pelo planeta inteiro.

Os maiores bancos do mundo exercem diretamente o poder político em alguns países, como o Goldman Sachs o exerceu na Itália, com Mario Monti e Papademus, na Grécia, até as eleições.

Goldman [Sachs] você ganhou - Gregos vocês perderam
Isso sem falar no Banco Central Europeu, sob o comando de Mario Draghi, também do mesmo banco.

No passado, os Estados intervinham no sistema financeiro, para controlá-lo e proteger os cidadãos; hoje, os bancos intervêm nos Estados, com o propósito de garantir seus lucros, o parasitismo dos rentistas e as milionárias remunerações de seus “executivos”.

Para fazer frente ao descalabro da economia, causado pela ficção dos derivativos, os governos europeus cortam os gastos sociais e levam famílias inteiras à miséria e ao desespero.

Idosos são expulsos de suas casas, por não terem como pagar as prestações ou os aluguéis, os hospitais públicos reduzem o número de leitos, as indústrias recorrem à falência, e os suicídios se sucedem.

Há dias, sem dinheiro para honrar compromissos de pequena monta, um casal de meia-idade, que possuía seu negócio de fundo de quintal, se enforcou, em Civitanova, na Itália.

O irmão da senhora, atingido pela tragédia, também se matou, afogando-se no Adriático.

Em Portugal – e ali sobram capitais privados ociosos, que adquirem, sôfregos, ativos brasileiros – o desespero atingiu limites extremos, e a União Européia, de joelhos diante dos banqueiros, exige de Lisboa maiores cortes no orçamento social.

No fim de um de seus mais belos romances, Terra Fria, o escritor português Ferreira de Castro dá à mulher a notícia da presença de um militante revolucionário na cidade:

“Ele disse que chegará o dia em que haverá pão para todos”.

E, com o pão, a dignidade – é a nossa esperança.

Fonte:
http://www.maurosantayana.com/2013/04/o-poder-e-sua-maldicao.html

Não deixe de ler:
- Mais uma rendição ao financismo - Paulo Kliass
- Selic, Dilma e o medo da mídia - Maurício Caleiro

Nota:
A inserção de imagens adicionais, capturadas do Google Images, são de nossa responsabilidade, elas inexistem no texto original.