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sábado, 6 de julho de 2013
O GOLPE DE ISRAEL-EUA NO EGITO
Laerte Braga
O presidente do Egito, eleito pelo voto popular, não foi deposto como consequência de movimento popular. Mursi estava tomando atitudes que contrariavam os interesses norte-americanos e israelenses e isso desagradou aos militares de seu país que, na maioria, veste por baixo da farda egípcia a farda de Israel.
“Manifestantes” pagos, militares e policiais à paisana, empregados de fábricas israelenses e norte-americanas, coagidos foram às ruas pedir a saída do presidente. No dia seguinte uma avalancha de egípcios ocupou a praça Tarik para defender o mandato de Mursi.
O Egito é fundamental para o jogo político de Israel e dos EUA no Oriente Médio e qualquer governo que contrarie ou desarranje esse xadrez é visto como inimigo. Neste momento, sem revolta popular, não existe a menor possibilidade de democracia naquele país.
O governo da Turquia, a comunidade islâmica e o povo egípcio já manifestaram apoio
Uma nota pública foi divulgada sobre o assunto e entre outras afirmações diz o seguinte:
“Nós não temos que ser um egípcio para falar sobre seus problemas. Nós somos seres humanos. Nós nos preocupamos com os nossos irmãos e irmãs muçulmanos e não muçulmanos de todo o mundo. Nós não apoiarMursi em todos os sentidos, nós não afirmamos que ele é perfeitamente impecável, mas ele não merece este comportamento feio, desonesto , com apoio externo para derruba-lo, contra a vontade do Povo Egipicio. Pois nossa comunidade sabe e ensina que quem quer a democracia, tem que aprender a ser paciente até o momento da próxima eleição, e as manifestações não são para derrubada do poder, mas sim para declarar a vontade do povo em questões pontuais, as quais devem ser estudadas discutidas em um sistema democratico, sem a intervençao das forças armadas, sem mentiras , sem golpes.
Esta Nação é islamica, possuidora de conhecimentos fundamentais , a qual foi a primeira a declarar os Direitos Humanos , de acordo com
o Alcorao Sagrado. Não há Demoracia sem Direitos Respeitados, e Mursi e a comunidade Egipcia não está tendo. Ao contrarios disto, a comunidade nã islamica, atraveps da REde Jornalistica está divulgando ao Mundo Mentiras, para encubrir a Grande Farça , forjada .
Queremos declarar ao Mundo que NÃO CONCORDAMOS COM O QUE VEM SENDO DIVULGADO, POIS NÃO É A VERDADE!”
A nota afirma ainda que está sendo modificada a constituição antes das novas eleições, pois assim escolhem um dos seus membros. Critica o noticiário deturpado da mídia ocidental, e neste momento a Comunidade Islâmica começa a divulgar a nota para blogueiros e jornalistas independentes no sentido de esclarecer e encontrar a justiça, o que houve foi um golpe militar.
Uma série de passeatas tanto no Egito como na Turquia está sendo feita em favor de Mursi. O trabalho está sendo iniciado pela Comunidade sobrevivente do Marmara, que foi atacado por israelenses que levavam ajuda humanitária para a Palestina. Em consequência foi formado o IHH HUMANITARIAN RELIEF FOUNDATION para buscar socorrer as vítimas do terror israelense.
A situação no Egito é tensa é a imensa maioria da população exige a volta de Mursi ao poder e uma profunda reforma nas forças armadas, comprometidas com Israel e com os EUA. Na região, o Egito é uma potência militar e desequilibraria os interesses da ISRAEL-EUA TERRORISMO S-A, recobranco sua soberania.
A situação no país deve agravar-se nos próximos dias levando em conta a crueldade e a absoluta barbárie de militares e policiais subordinados a Israel e aos EUA.
Não há no Egito controlado pelos militares qualquer respeito à vontade popular ou aos direitos humanos.
A luta pela legalidade, a volta de Mursi ao poder, vai continuar.
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sexta-feira, 4 de janeiro de 2013
Um ano perigoso
Por Mauro Santayana, em seu blog*
É bom não esperar muito dos próximos doze meses. Os dissídios internacionais tendem a crescer e, se não houver o milagre do bom senso, podem conduzir a novos conflitos armados regionais, com o perigo de que se ampliem. Os chineses, que têm particular visão de mundo, podem dissimular sua alma coletiva, mas no interior de seu excepcional crescimento econômico e tecnológico, militam sentimentos de orgulhosa desforra. Nenhum povo, ao que registra a História, foi tão espezinhado pelos invasores armados quanto o chinês.
Durante milênios, senhores dentro de suas fronteiras, sentiam-se os donos do mundo que conheciam, mesmo que vivessem em guerras internas e se defendessem de vizinhos hostis.
O enriquecimento dos chineses e sua crescente presença internacional são fatos novos, que podem ser o fator mais importante da História neste século, que já entrou em sua segunda década. Eles estão se apropriando, com perseverança e obstinação, das riquezas naturais do mundo, do petróleo às terras raras (de que são grandes possuidores em seu próprio subsolo). Ao mesmo tempo, desenvolvem tecnologia militar própria e fortalecem seus exércitos.
É difícil pensar que, dispondo de tal poder econômico e militar, os chineses não o utilizem na defesa de sua cultura e de seus interesses. E também para cobrar o que lhes fizeram os colonizadores europeus durante o século 18 – e os japoneses, no século 20, na Manchúria. Como eles se lembram bem, contingentes do Exército Japonês, em fúria animal, mataram, entre dezembro de 1937 a fevereiro de 1938, mais de 200 mil militares e civis na cidade de Nanquim, estupraram as mulheres e meninas, antes de matá-las, e dilaceraram os corpos dos meninos, entre eles os de recém-nascidos.
O general Chiang-kai-Chek, que se tornaria anticomunista em seguida, não ficou bem no episódio. Com a desculpa de que deveria preservar a elite de seu exército, abandonou a cidade, entregando-a a recrutas mal treinados e a voluntários civis, além da população, inocente e desarmada. Foi essa gente, sem treinamento e debilitada, que os japoneses venceram e trucidaram. Os chineses não esqueceram os mortos de Nanquim, e os japoneses se esforçam em fazer de conta que não foi bem assim.
O dissídio, aparentemente menor, entre Beijing e Tóquio, a propósito das ilhas Senkaku (em japonês) ou Diaoyu (em chinês) pode ser o pretexto para o acerto de contas de 1937. Nos últimos dias do ano, o Japão decidiu enviar uma força naval para a defesa das ilhas, cuja soberania diz manter – o que os chineses contestam. Os chineses advertiram que vão contrapor-se à iniciativa bélica japonesa. As ilhas, sem importância econômica, e desabitadas, eram milenarmente chinesas, e foram incorporadas pelo Japão em 1895, depois da guerra sino-japonesa daquele fim de século. São ilhotas diminutas, a menor com apenas 800 metros quadrados (menor do que um lote urbano no Brasil) e a maior com pouco mais de 4 km2.
Acossados por uma série de vicissitudes, os Estados Unidos começam o ano combalidos pelo confronto político interno, a propósito do Orçamento. Mas não perdem a sua velha arrogância imperial. Há mesmo quem veja, na decisão japonesa de enviar navios de guerra ao diminuto arquipélago, uma jogada do Pentágono, para antecipar, enquanto lhes parece mais conveniente, o confronto com os chineses. Há um tratado de paz dos Estados Unidos com o Japão que prevê a ajuda americana em caso de conflito regional. É uma partida muito arriscada.
O presidente Obama também acaba de sancionar uma lei do Congresso determinando que o governo norte-americano tome medidas para impedir a penetração diplomática do Irã na América Latina, e, no bojo das justificativas, a Tríplice Fronteira é mais uma vez citada, como área que financia o Hesbolá. Como se não houvesse, ali e no resto do Brasil, os que financiam o Estado de Israel. Devemos nos precaver.
Infelizmente, no Brasil, há sempre os vassalos de Washington, que estimulam o intervencionismo ianque em nossas relações internacionais (sobretudo com o Irã e a Palestina), entre eles alguns senadores da República, como revelaram os despachos do Embaixador Sobel, divulgados pelo WikiLeaks.
O anunciado conflito armado entre Israel e o Irã é também alimentado pelo ódio da extrema direita judaica contra todos os que criticam Tel Aviv. O Centro Simon Wiesenthal considerou o cartunista brasileiro Carlos Latuff o terceiro maior inimigo de Israel no mundo. Os dois primeiros são o líder espiritual da Irmandade Muçulmana, Mohamed Badie, e Ahmadinejad, o presidente do Irã.
O cineasta Sylvio Tendler, em mensagem de solidariedade a Latuff, lembra que eminentes judeus, entre eles os jornalistas Ury Avnery, Amira Haas e Gideon Levy, são mais críticos da posição de Israel contra os palestinos do que o cartunista brasileiro.
É lamentável que o nome do caçador de nazistas Simon Wiesenthal, que conheci e entrevistei, em Viena, há mais ou menos 40 anos, para este mesmo Jornal do Brasil, seja usado para uma organização fanática e radical, como essa. Wiesenthal, ele mesmo sobrevivente da estupidez nazista, era um obstinado – e legítimo – caçador de criminosos de guerra, que haviam cometido todo o tipo de atrocidades contra seu povo.
O governo direitista de Israel é de outra origem. Não podemos fazer de conta que nada temos contra a ameaça a um cidadão brasileiro, Carlos Latuff, cuja segurança pessoal deve ser, de agora em diante, de responsabilidade do governo. Ou que não nos devamos preocupar com a lei aprovada por Obama. Temos tido bom relacionamento com o governo do Irã, e a política externa brasileira é decisão soberana de nosso povo.
Uma presença militar maior em Foz do Iguaçu e ao longo da fronteira ocidental é necessária, a fim de dissuadir os agentes provocadores. As guerras sempre foram vantajosas para os americanos, desde a invasão do México, em 1846-48. É provável que seus estrategistas estejam retornando à Doutrina Bush da guerra infinita.
Diante desse cenário mundial instável, e na perspectiva de uma campanha sucessória agitada, temos que manter toda serenidade possível. A defesa de posições políticas eventuais não deve comprometer a segurança nem a soberania do povo brasileiro. A nação deve sobrepor se a todos os interesses, mais legítimos uns e menos legítimos outros, de grupos econômicos e partidários.
O anunciado conflito armado entre Israel e o Irã é também alimentado pelo ódio da extrema direita judaica contra todos os que criticam Tel Aviv. O Centro Simon Wiesenthal considerou o cartunista brasileiro Carlos Latuff o terceiro maior inimigo de Israel no mundo. Os dois primeiros são o líder espiritual da Irmandade Muçulmana, Mohamed Badie, e Ahmadinejad, o presidente do Irã.
O cineasta Sylvio Tendler, em mensagem de solidariedade a Latuff, lembra que eminentes judeus, entre eles os jornalistas Ury Avnery, Amira Haas e Gideon Levy, são mais críticos da posição de Israel contra os palestinos do que o cartunista brasileiro.
É lamentável que o nome do caçador de nazistas Simon Wiesenthal, que conheci e entrevistei, em Viena, há mais ou menos 40 anos, para este mesmo Jornal do Brasil, seja usado para uma organização fanática e radical, como essa. Wiesenthal, ele mesmo sobrevivente da estupidez nazista, era um obstinado – e legítimo – caçador de criminosos de guerra, que haviam cometido todo o tipo de atrocidades contra seu povo.
O governo direitista de Israel é de outra origem. Não podemos fazer de conta que nada temos contra a ameaça a um cidadão brasileiro, Carlos Latuff, cuja segurança pessoal deve ser, de agora em diante, de responsabilidade do governo. Ou que não nos devamos preocupar com a lei aprovada por Obama. Temos tido bom relacionamento com o governo do Irã, e a política externa brasileira é decisão soberana de nosso povo.
Uma presença militar maior em Foz do Iguaçu e ao longo da fronteira ocidental é necessária, a fim de dissuadir os agentes provocadores. As guerras sempre foram vantajosas para os americanos, desde a invasão do México, em 1846-48. É provável que seus estrategistas estejam retornando à Doutrina Bush da guerra infinita.
Diante desse cenário mundial instável, e na perspectiva de uma campanha sucessória agitada, temos que manter toda serenidade possível. A defesa de posições políticas eventuais não deve comprometer a segurança nem a soberania do povo brasileiro. A nação deve sobrepor se a todos os interesses, mais legítimos uns e menos legítimos outros, de grupos econômicos e partidários.
Infelizmente, desde Calabar e Silvério dos Reis, não faltam os que desprezam o nosso povo e traem os interesses da Pátria.
*publicado originalmente na coluna "Coisas da Política", do JB On Line
Não deixe de ler:
Caso Latuff: A inversão ideológica; como fazer do ocupante uma vítima
É bom não esperar muito dos próximos doze meses. Os dissídios internacionais tendem a crescer e, se não houver o milagre do bom senso, podem conduzir a novos conflitos armados regionais, com o perigo de que se ampliem. Os chineses, que têm particular visão de mundo, podem dissimular sua alma coletiva, mas no interior de seu excepcional crescimento econômico e tecnológico, militam sentimentos de orgulhosa desforra. Nenhum povo, ao que registra a História, foi tão espezinhado pelos invasores armados quanto o chinês.
Durante milênios, senhores dentro de suas fronteiras, sentiam-se os donos do mundo que conheciam, mesmo que vivessem em guerras internas e se defendessem de vizinhos hostis.
O enriquecimento dos chineses e sua crescente presença internacional são fatos novos, que podem ser o fator mais importante da História neste século, que já entrou em sua segunda década. Eles estão se apropriando, com perseverança e obstinação, das riquezas naturais do mundo, do petróleo às terras raras (de que são grandes possuidores em seu próprio subsolo). Ao mesmo tempo, desenvolvem tecnologia militar própria e fortalecem seus exércitos.
É difícil pensar que, dispondo de tal poder econômico e militar, os chineses não o utilizem na defesa de sua cultura e de seus interesses. E também para cobrar o que lhes fizeram os colonizadores europeus durante o século 18 – e os japoneses, no século 20, na Manchúria. Como eles se lembram bem, contingentes do Exército Japonês, em fúria animal, mataram, entre dezembro de 1937 a fevereiro de 1938, mais de 200 mil militares e civis na cidade de Nanquim, estupraram as mulheres e meninas, antes de matá-las, e dilaceraram os corpos dos meninos, entre eles os de recém-nascidos.
O general Chiang-kai-Chek, que se tornaria anticomunista em seguida, não ficou bem no episódio. Com a desculpa de que deveria preservar a elite de seu exército, abandonou a cidade, entregando-a a recrutas mal treinados e a voluntários civis, além da população, inocente e desarmada. Foi essa gente, sem treinamento e debilitada, que os japoneses venceram e trucidaram. Os chineses não esqueceram os mortos de Nanquim, e os japoneses se esforçam em fazer de conta que não foi bem assim.
O dissídio, aparentemente menor, entre Beijing e Tóquio, a propósito das ilhas Senkaku (em japonês) ou Diaoyu (em chinês) pode ser o pretexto para o acerto de contas de 1937. Nos últimos dias do ano, o Japão decidiu enviar uma força naval para a defesa das ilhas, cuja soberania diz manter – o que os chineses contestam. Os chineses advertiram que vão contrapor-se à iniciativa bélica japonesa. As ilhas, sem importância econômica, e desabitadas, eram milenarmente chinesas, e foram incorporadas pelo Japão em 1895, depois da guerra sino-japonesa daquele fim de século. São ilhotas diminutas, a menor com apenas 800 metros quadrados (menor do que um lote urbano no Brasil) e a maior com pouco mais de 4 km2.
Acossados por uma série de vicissitudes, os Estados Unidos começam o ano combalidos pelo confronto político interno, a propósito do Orçamento. Mas não perdem a sua velha arrogância imperial. Há mesmo quem veja, na decisão japonesa de enviar navios de guerra ao diminuto arquipélago, uma jogada do Pentágono, para antecipar, enquanto lhes parece mais conveniente, o confronto com os chineses. Há um tratado de paz dos Estados Unidos com o Japão que prevê a ajuda americana em caso de conflito regional. É uma partida muito arriscada.
O presidente Obama também acaba de sancionar uma lei do Congresso determinando que o governo norte-americano tome medidas para impedir a penetração diplomática do Irã na América Latina, e, no bojo das justificativas, a Tríplice Fronteira é mais uma vez citada, como área que financia o Hesbolá. Como se não houvesse, ali e no resto do Brasil, os que financiam o Estado de Israel. Devemos nos precaver.
Infelizmente, no Brasil, há sempre os vassalos de Washington, que estimulam o intervencionismo ianque em nossas relações internacionais (sobretudo com o Irã e a Palestina), entre eles alguns senadores da República, como revelaram os despachos do Embaixador Sobel, divulgados pelo WikiLeaks.
O anunciado conflito armado entre Israel e o Irã é também alimentado pelo ódio da extrema direita judaica contra todos os que criticam Tel Aviv. O Centro Simon Wiesenthal considerou o cartunista brasileiro Carlos Latuff o terceiro maior inimigo de Israel no mundo. Os dois primeiros são o líder espiritual da Irmandade Muçulmana, Mohamed Badie, e Ahmadinejad, o presidente do Irã.
Para os radicais, eis o 3º maior inimigo de Israel. Foto: Zulmair Rocha/Sintuff |
O cineasta Sylvio Tendler, em mensagem de solidariedade a Latuff, lembra que eminentes judeus, entre eles os jornalistas Ury Avnery, Amira Haas e Gideon Levy, são mais críticos da posição de Israel contra os palestinos do que o cartunista brasileiro.
É lamentável que o nome do caçador de nazistas Simon Wiesenthal, que conheci e entrevistei, em Viena, há mais ou menos 40 anos, para este mesmo Jornal do Brasil, seja usado para uma organização fanática e radical, como essa. Wiesenthal, ele mesmo sobrevivente da estupidez nazista, era um obstinado – e legítimo – caçador de criminosos de guerra, que haviam cometido todo o tipo de atrocidades contra seu povo.
O governo direitista de Israel é de outra origem. Não podemos fazer de conta que nada temos contra a ameaça a um cidadão brasileiro, Carlos Latuff, cuja segurança pessoal deve ser, de agora em diante, de responsabilidade do governo. Ou que não nos devamos preocupar com a lei aprovada por Obama. Temos tido bom relacionamento com o governo do Irã, e a política externa brasileira é decisão soberana de nosso povo.
Uma presença militar maior em Foz do Iguaçu e ao longo da fronteira ocidental é necessária, a fim de dissuadir os agentes provocadores. As guerras sempre foram vantajosas para os americanos, desde a invasão do México, em 1846-48. É provável que seus estrategistas estejam retornando à Doutrina Bush da guerra infinita.
Diante desse cenário mundial instável, e na perspectiva de uma campanha sucessória agitada, temos que manter toda serenidade possível. A defesa de posições políticas eventuais não deve comprometer a segurança nem a soberania do povo brasileiro. A nação deve sobrepor se a todos os interesses, mais legítimos uns e menos legítimos outros, de grupos econômicos e partidários.
O anunciado conflito armado entre Israel e o Irã é também alimentado pelo ódio da extrema direita judaica contra todos os que criticam Tel Aviv. O Centro Simon Wiesenthal considerou o cartunista brasileiro Carlos Latuff o terceiro maior inimigo de Israel no mundo. Os dois primeiros são o líder espiritual da Irmandade Muçulmana, Mohamed Badie, e Ahmadinejad, o presidente do Irã.
O cineasta Sylvio Tendler, em mensagem de solidariedade a Latuff, lembra que eminentes judeus, entre eles os jornalistas Ury Avnery, Amira Haas e Gideon Levy, são mais críticos da posição de Israel contra os palestinos do que o cartunista brasileiro.
É lamentável que o nome do caçador de nazistas Simon Wiesenthal, que conheci e entrevistei, em Viena, há mais ou menos 40 anos, para este mesmo Jornal do Brasil, seja usado para uma organização fanática e radical, como essa. Wiesenthal, ele mesmo sobrevivente da estupidez nazista, era um obstinado – e legítimo – caçador de criminosos de guerra, que haviam cometido todo o tipo de atrocidades contra seu povo.
O governo direitista de Israel é de outra origem. Não podemos fazer de conta que nada temos contra a ameaça a um cidadão brasileiro, Carlos Latuff, cuja segurança pessoal deve ser, de agora em diante, de responsabilidade do governo. Ou que não nos devamos preocupar com a lei aprovada por Obama. Temos tido bom relacionamento com o governo do Irã, e a política externa brasileira é decisão soberana de nosso povo.
Uma presença militar maior em Foz do Iguaçu e ao longo da fronteira ocidental é necessária, a fim de dissuadir os agentes provocadores. As guerras sempre foram vantajosas para os americanos, desde a invasão do México, em 1846-48. É provável que seus estrategistas estejam retornando à Doutrina Bush da guerra infinita.
Diante desse cenário mundial instável, e na perspectiva de uma campanha sucessória agitada, temos que manter toda serenidade possível. A defesa de posições políticas eventuais não deve comprometer a segurança nem a soberania do povo brasileiro. A nação deve sobrepor se a todos os interesses, mais legítimos uns e menos legítimos outros, de grupos econômicos e partidários.
Infelizmente, desde Calabar e Silvério dos Reis, não faltam os que desprezam o nosso povo e traem os interesses da Pátria.
*publicado originalmente na coluna "Coisas da Política", do JB On Line
Não deixe de ler:
Caso Latuff: A inversão ideológica; como fazer do ocupante uma vítima
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domingo, 18 de novembro de 2012
Noam Chomsky e colegas denunciam cobertura da mídia sobre Gaza
Para a grande mídia da Europa e América do Norte, e também para a do Brasil, é possível justificar a violência de Israel contra os palestinos. As imagens abaixo, de crianças atingidas pelos mísseis israelenses, e um manifesto de intelectuais liderados pelo linguista estadunidense Noam Chomsky contribuem para abrir os olhos do mundo.
Do Vi o Mundo
Em texto manifesto, linguistas denunciam a manipulação do noticiário pela grande imprensa para camuflar o massacre do povo palestino, apelam a jornalistas para que não sirvam de joguetes e para que as pessoas se informem pela mídia independente. Entre os signatários, Noam Chomsky. Confira a íntegra.
A cobertura da mídia sobre Gaza: nós sabemos!
Enquanto países na Europa e América do Norte relembravam as baixas militares das guerras presentes e passadas, em 11 de Novembro, Israel estava alvejando civis. Em 12 de novembro, leitores que acordavam para uma nova semana tiveram já no café da manhã o coração dilacerado pelos incontáveis relatos das baixas militares passadas e presentes.
Não havia, porém, nenhuma ou quase nenhuma menção ao fato de que a maioria das baixas das guerras modernas de hoje são civis. Era também difícil alguma menção, nessa manhã de 12 de novembro, aos ataques militares à Gaza, que continuaram pelo final de semana. Um exame superficial comprova isso na CBC do Canada, Globe and mail, na Gazette de Montreal e na Toronto Star. A mesma coisa no New York Times e na BBC.
De acordo com o relato do Centro Palestino para os Direitos Humanos (PCHR, pela sigla em inglês) de domingo, 11 de Novembro, cinco palestinos, entre eles três crianças, foram assassinados na Faixa de Gaza, nas 72 horas anteriores, além de dois seguranças. Quatro das mortes resultaram das granadas de artilharia disparadas pelos militares israelenses contra jovens que jogavam futebol. Além disso, 52 civis foram feridos, seis dos quais eram mulheres e 12 crianças. (Desde que este texto começou a ser escrito, o número de mortos palestinos subiu, e continua a aumentar.)
Artigos que relatam os assassinatos destacam esmagadoramente a morte de seguranças palestinos. Por exemplo, um artigo da Associated Press publicado no CBC em 13 de novembro, intitulado “Israel estuda retomada dos assassinatos de militantes de Gaza”, não menciona absolutamente nada de civis mortos e feridos. Ele retrata as mortes como alvos “assassinados”. O fato de que as mortes têm sido, na imensa maioria, de civis, mostra que Israel não está tão engajado em “alvos” quanto em assassinatos “coletivos”. Assim, mais uma vez, comete o crime de punição coletiva.
Outra notícia de AP na CBC de 12 de novembro diz que os foguetes de Gaza aumentam a pressão sobre o governo de Israel. Traz a foto de uma mulher israelense olhando um buraco no teto de sua sala. Novamente, não há imagens, nem menção às numerosas vítimas sangrando ou cadáveres em Gaza. Na mesma linha, a manchete da BBC diz que Israel é atingido por rajadas de foguetes vindos de Gaza. A mesma tendência pode ser vista nos grandes jornais da Europa.
A maioria esmagadora das notícias enfatizam que os foguetes foram lançados de Gaza, nenhum dos quais causaram vítimas humanas. O que não está em foco são os bombardeios sobre Gaza, que resultaram em numerosas vítimas graves e fatais. Não é preciso ser um especialista em ciências da mídia para entender que estamos, na melhor das hipóteses, diante de relatos distorcidos e de má qualidade e, na pior, de manipulação propositadamente desonesta.
Além disso, os artigos que se referem à vítimas palestinas em Gaza relatam consistentemente que as operações israelenses se dão em resposta ao lançamento de foguetes a partir de Gaza e à lesão de soldados israelenses. No entanto, a cronologia dos eventos do recente surto começou em 5 de novembro, quando um inocente, aparentemente mentalmente incapaz, homem de 20 anos, Ahmad al-Nabaheen, foi baleado quando passeava perto da fronteira. Os médicos tiveram que esperar seis horas até serem autorizados a buscá-lo. Eles suspeitam que o homem pode ter morrido por causa desse atraso. Depois, em 08 de novembro, um menino de 13 anos que jogava futebol em frente de sua casa foi morto por fogo do IOF, que chegou ao território de Gaza em tanques e helicópteros. O ferimento de quatro soldados israelenses na fronteira em 10 de novembro, portanto, já era parte de uma cadeia de eventos que começou quando os civis de Gaza foram mortos.
Nós, os signatários, voltamos recentemente de uma visita à Faixa de Gaza. Alguns de nós estamos agora conectados aos palestinos que vivem em Gaza através de mídias sociais. Por duas noites seguidas, palestinos em Gaza foram impedidos de dormir pela movimentação contínua de drones, F16, e bombardeios indiscriminados sobre vários alvos na densamente povoada Faixa de Gaza . A intenção clara é de aterrorizar a população, e com sucesso, como podemos verificar a partir de relatos dos nossos amigos. Se não fosse pelas postagens no Facebook, não estaríamos conscientes do grau de terror sentido pelos simples civis palestinos em Gaza. Isto contrasta totalmente com a consciência mundial sobre cidadãos israelenses chocados e aterrorizados.
O trecho de um relato enviado por um médico canadense que esteva em Gaza, servindo no hospital Shifa ER no final de semana, diz: ” os feridos eram todos civis, com várias perfurações por estilhaços: lesões cerebrais, lesões no pescoço, tamponamento cardíaco, ruptura do baço, perfurações intestinais, membros estraçalhados, amputações traumáticas. Tudo isso sem monitores, poucos estetoscópios, uma máquina de ultra-som. …. Muitas pessoas com ferimentos graves, mas sem a vida ameaçada foram mandadas para casa para ser reavaliadas na parte da manhã, devido ao grande volume de baixas. Os ferimentos por estilhaços penetrantes eram assustadores. Pequenas feridas com grandes ferimentos internos. Havia muito pouca morfina para analgesia.”
Aparentemente, tais cenas não são interessantes para o New York Times, a CBC, ou a BBC.
Preconceito e desonestidade com relação à opressão dos palestinos não é nada novo na mídia ocidental e tem sido amplamente documentado. No entanto, Israel continua seus crimes contra a humanidade com a anuência plena e apoio financeiro, militar e moral de nossos governos, os EUA, o Canadá e a União Europeia. Netanyahu está ganhando apoio diplomático ocidental para operações adicionais em Gaza, que nos fazem temer que outra operação Cast Lead esteja no horizonte. Na verdade, os novos acontecimentos são a confirmação de que tal escalada já começou, como a contabilização das mortes de hoje que aumenta.
A falta generalizada de indignação pública a estes crimes é uma conseqüência direta do modo sistemático em que os fatos são retidos ou da maneira distorcida que esses crimes são retratados.
Queremos expressar nossa indignação com a cobertura repreensível desses atos pela mainstream mídia (grande imprensa corporativa). Apelamos aos jornalistas de todo o mundo que trabalham nessas mídias que se recusem a servir de instrumentos dessa política sistemática de camuflagem. Apelamos aos cidadãos para que se informem através de meios de comunicação independentes, e exprimam a sua consciência por qualquer meio que lhes seja acessível.
Hagit Borer, linguista, Queen Mary University of London (UK)
Antoine Bustros, compositor e escritor, Montreal (Canadá)
Noam Chomsky, linguista, Massachussetts Institute of Technology, USA
David Heap, linguista, University of Western Ontario (Canadá)
Stephanie Kelly, linguista, University of Western Ontario (Canadá)
Máire Noonan, linguista, McGill University (Canadá)
Philippe Prévost, linguista, University of Tours (França)
Verena Stresing, bioquímico, University of Nantes (França)
Laurie Tuller, linguista, University of Tours (França)
Leia ainda:
Ódio e negócios
Do Vi o Mundo
Em texto manifesto, linguistas denunciam a manipulação do noticiário pela grande imprensa para camuflar o massacre do povo palestino, apelam a jornalistas para que não sirvam de joguetes e para que as pessoas se informem pela mídia independente. Entre os signatários, Noam Chomsky. Confira a íntegra.
A cobertura da mídia sobre Gaza: nós sabemos!
Enquanto países na Europa e América do Norte relembravam as baixas militares das guerras presentes e passadas, em 11 de Novembro, Israel estava alvejando civis. Em 12 de novembro, leitores que acordavam para uma nova semana tiveram já no café da manhã o coração dilacerado pelos incontáveis relatos das baixas militares passadas e presentes.
Não havia, porém, nenhuma ou quase nenhuma menção ao fato de que a maioria das baixas das guerras modernas de hoje são civis. Era também difícil alguma menção, nessa manhã de 12 de novembro, aos ataques militares à Gaza, que continuaram pelo final de semana. Um exame superficial comprova isso na CBC do Canada, Globe and mail, na Gazette de Montreal e na Toronto Star. A mesma coisa no New York Times e na BBC.
Jovens vítimas dos mísseis de Israel. Vergonha mundial. (Reuters) |
Artigos que relatam os assassinatos destacam esmagadoramente a morte de seguranças palestinos. Por exemplo, um artigo da Associated Press publicado no CBC em 13 de novembro, intitulado “Israel estuda retomada dos assassinatos de militantes de Gaza”, não menciona absolutamente nada de civis mortos e feridos. Ele retrata as mortes como alvos “assassinados”. O fato de que as mortes têm sido, na imensa maioria, de civis, mostra que Israel não está tão engajado em “alvos” quanto em assassinatos “coletivos”. Assim, mais uma vez, comete o crime de punição coletiva.
Outra notícia de AP na CBC de 12 de novembro diz que os foguetes de Gaza aumentam a pressão sobre o governo de Israel. Traz a foto de uma mulher israelense olhando um buraco no teto de sua sala. Novamente, não há imagens, nem menção às numerosas vítimas sangrando ou cadáveres em Gaza. Na mesma linha, a manchete da BBC diz que Israel é atingido por rajadas de foguetes vindos de Gaza. A mesma tendência pode ser vista nos grandes jornais da Europa.
A maioria esmagadora das notícias enfatizam que os foguetes foram lançados de Gaza, nenhum dos quais causaram vítimas humanas. O que não está em foco são os bombardeios sobre Gaza, que resultaram em numerosas vítimas graves e fatais. Não é preciso ser um especialista em ciências da mídia para entender que estamos, na melhor das hipóteses, diante de relatos distorcidos e de má qualidade e, na pior, de manipulação propositadamente desonesta.
Além disso, os artigos que se referem à vítimas palestinas em Gaza relatam consistentemente que as operações israelenses se dão em resposta ao lançamento de foguetes a partir de Gaza e à lesão de soldados israelenses. No entanto, a cronologia dos eventos do recente surto começou em 5 de novembro, quando um inocente, aparentemente mentalmente incapaz, homem de 20 anos, Ahmad al-Nabaheen, foi baleado quando passeava perto da fronteira. Os médicos tiveram que esperar seis horas até serem autorizados a buscá-lo. Eles suspeitam que o homem pode ter morrido por causa desse atraso. Depois, em 08 de novembro, um menino de 13 anos que jogava futebol em frente de sua casa foi morto por fogo do IOF, que chegou ao território de Gaza em tanques e helicópteros. O ferimento de quatro soldados israelenses na fronteira em 10 de novembro, portanto, já era parte de uma cadeia de eventos que começou quando os civis de Gaza foram mortos.
Nós, os signatários, voltamos recentemente de uma visita à Faixa de Gaza. Alguns de nós estamos agora conectados aos palestinos que vivem em Gaza através de mídias sociais. Por duas noites seguidas, palestinos em Gaza foram impedidos de dormir pela movimentação contínua de drones, F16, e bombardeios indiscriminados sobre vários alvos na densamente povoada Faixa de Gaza . A intenção clara é de aterrorizar a população, e com sucesso, como podemos verificar a partir de relatos dos nossos amigos. Se não fosse pelas postagens no Facebook, não estaríamos conscientes do grau de terror sentido pelos simples civis palestinos em Gaza. Isto contrasta totalmente com a consciência mundial sobre cidadãos israelenses chocados e aterrorizados.
O trecho de um relato enviado por um médico canadense que esteva em Gaza, servindo no hospital Shifa ER no final de semana, diz: ” os feridos eram todos civis, com várias perfurações por estilhaços: lesões cerebrais, lesões no pescoço, tamponamento cardíaco, ruptura do baço, perfurações intestinais, membros estraçalhados, amputações traumáticas. Tudo isso sem monitores, poucos estetoscópios, uma máquina de ultra-som. …. Muitas pessoas com ferimentos graves, mas sem a vida ameaçada foram mandadas para casa para ser reavaliadas na parte da manhã, devido ao grande volume de baixas. Os ferimentos por estilhaços penetrantes eram assustadores. Pequenas feridas com grandes ferimentos internos. Havia muito pouca morfina para analgesia.”
Aparentemente, tais cenas não são interessantes para o New York Times, a CBC, ou a BBC.
Preconceito e desonestidade com relação à opressão dos palestinos não é nada novo na mídia ocidental e tem sido amplamente documentado. No entanto, Israel continua seus crimes contra a humanidade com a anuência plena e apoio financeiro, militar e moral de nossos governos, os EUA, o Canadá e a União Europeia. Netanyahu está ganhando apoio diplomático ocidental para operações adicionais em Gaza, que nos fazem temer que outra operação Cast Lead esteja no horizonte. Na verdade, os novos acontecimentos são a confirmação de que tal escalada já começou, como a contabilização das mortes de hoje que aumenta.
A falta generalizada de indignação pública a estes crimes é uma conseqüência direta do modo sistemático em que os fatos são retidos ou da maneira distorcida que esses crimes são retratados.
Queremos expressar nossa indignação com a cobertura repreensível desses atos pela mainstream mídia (grande imprensa corporativa). Apelamos aos jornalistas de todo o mundo que trabalham nessas mídias que se recusem a servir de instrumentos dessa política sistemática de camuflagem. Apelamos aos cidadãos para que se informem através de meios de comunicação independentes, e exprimam a sua consciência por qualquer meio que lhes seja acessível.
Hagit Borer, linguista, Queen Mary University of London (UK)
Antoine Bustros, compositor e escritor, Montreal (Canadá)
Noam Chomsky, linguista, Massachussetts Institute of Technology, USA
David Heap, linguista, University of Western Ontario (Canadá)
Stephanie Kelly, linguista, University of Western Ontario (Canadá)
Máire Noonan, linguista, McGill University (Canadá)
Philippe Prévost, linguista, University of Tours (França)
Verena Stresing, bioquímico, University of Nantes (França)
Laurie Tuller, linguista, University of Tours (França)
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domingo, 6 de novembro de 2011
O IRÃ E A PERIGOSA APOSTA DE ISRAEL
Do Blog de Mauro Santayana*
Não se trata mais de hipótese: os falcões americanos e o governo britânico estão dispostos a apoiar ação militar de Israel contra o Irã, embora grande parte da opinião pública israelita advirta que essa aventura é arriscada. Aviões militares de Israel fazem manobras no Mediterrâneo e já se fala no emprego de mísseis de alcance médio contra o suposto inimigo. Seus líderes da extrema-direita, entre eles religiosos radicais, estimulam os cidadãos, com o argumento de que se trata de uma luta de vida ou morte.
Toda cautela é pouca na avaliação política da questão de Israel. Em primeiro lugar há que se separar o povo judaico do sionismo e do Estado de Israel - que parece condenado a sempre fazer guerra. Como disse um de seus grandes pensadores, se todos os estados possuem um exército, em Israel é o exército que possui o estado. É explicável que, com sua história atribulada e as perseguições sofridas, sobretudo no século 20, sob a brutalidade nazista, os judeus se encontrem na defensiva. Isso, no entanto, não autoriza a insânia de sua política agressiva contra os palestinos em particular, e contra os muçulmanos, em geral.
A política belicista de Israel, alimentada pelos fundamentalistas, e estimulada pelos interesses norte-americanos, tem impedido a paz na região. Os palestinos são tão semitas quanto os judeus, embora muitos dos judeus procedentes da Europa não sejam semitas em sua origem étnica, posto que convertidos a partir do século VIII. Os dois povos poderiam viver em paz, se o processo de ocupação da Palestina pelos judeus europeus tivesse seguido outra orientação. Mas o passado não pode ser mudado. Sendo assim, é tempo para o entendimento entre os dois povos – mas para parcelas das elites de Israel e seus patrocinadores americanos, a guerra é um excelente negócio. Sem a guerra, a receita de Israel – um território pobre de petróleo, tão próximo das mais pejadas jazidas do mundo – seria insuficiente para manter seu poderoso e bem remunerado exército e suas elites dirigentes, contra as quais começam a mover-se também os indignados, e com razão.
Israel nasceu sob o ideal de um sistema socialista baseado na solidariedade dos kibbutzim, mas hoje não se distingue mais dos países capitalistas. Os ensandecidos partidários da ação militar contra Teerã talvez imaginem que essa iniciativa tolha o reconhecimento do Estado da Palestina pela ONU, mas deixam de atentar para os grandes riscos da operação, apontados pelos judeus de bom senso. Em primeiro lugar há uma questão ética em jogo, que o mundo já medita há muito tempo: por que Israel pôde desenvolver as suas armas nucleares, e os outros países da região não podem investigar o aproveitamento do conhecimento nuclear para fins pacíficos? Em visão mais radical, mas nem por isso contrária à ética: porque Israel dispõe de 200 ogivas nucleares e os outros países não podem dispor de armas atômicas? O que os faz tão diferentes dos outros? Se o Estado de Israel se sente ameaçado pelos vizinhos, os vizinhos também têm suas razões para se sentirem ameaçados por Israel.
Façamos um rápido exercício lógico sobre as conseqüências de um ataque aéreo – que já não se trata de hipótese, mas de timing – de Israel às instalações nucleares do Irã. Como irão reagir a Rússia e a China e, antes das duas grandes potências, o que fará a Turquia? A Grã Bretanha, segundo informou ontem The Guardian, já está estudando participar de uma expedição contra o Irã e só o governo dos Estados Unidos – exceto alguns falcões - está relutante. Haveria, assim, uma aliança inicial entre Sarkozy, Cameron e Netanyahu contra o Irã. Talvez os europeus e os próprios norte-americanos vejam nesse movimento uma forma de superar o acelerado descontentamento de seus povos contra a submissão dos estados aos banqueiros larápios. O encontro de um bode expiatório, como parece a propósito a antiga Pérsia, poderia ser uma forma de buscar a unidade interna de ingleses, franceses, norte-americanos – e judeus. É ingenuidade imaginar que o provável ataque se concentrará nas instalações de pesquisa nuclear. Uma vez iniciada a agressão, ela não se limitará a nada, e se repetirá o holocausto da Líbia, com seus milhares de mortos e feridos, em nome dos “direitos humanos” dos ricos.
O mapa geopolítico de hoje é um pouco diferente do que era em 1948 e 1967, quando se criou o Estado de Israel e quando ele se ampliou para além das fronteiras estabelecidas pela comunidade internacional.
É assustador pensar em uma Terceira Guerra Mundial, com novos atores em cena, entre eles possuidores das armas apocalípticas, como a China, o Paquistão e a Índia. Diante da insanidade de certos chefes de Estado de nosso tempo, é uma terrível probabilidade – e com todas as conseqüências impensáveis.
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segunda-feira, 19 de setembro de 2011
"ANIMAIS ESTÚPIDOS"
Laerte Braga
Lauren Moret* é uma geocientista que trabalhou por todo o mundo em questões de radiação. Fez palestras a grupos de cidadãos, a jornalistas, membros de parlamentos e outros.
Num artigo intitulado “UMA SENTENÇA DE MORTE AQUI E LÁ FORA”, a cientista cita o ex-secretário de Estado do governo Nixon, Henry Kissinger, sobre declaração do mesmo em “KISS THE BOYS GOODBYE: HOW THE UNITED STATES BETRAYED IST OWN POW’s IN VIETNAN”.
“Os militares são apenas animais estúpidos a serem utilizados como peões na política externa”
Laureen Moret denunciou faz tempo o uso de armas químicas e biológicas pelos EUA e os riscos que isso traz para a humanidade. Hoje, a prática é disseminada e como previu a cientista, atinge os próprios norte-americanos, na insânia de uma sociedade doentia.
O original pode ser lido em
e foi publicado em 2004.
Diz a autora que o Vietnã foi uma guerra química “contaminando de modo permanente grandes regiões e países a jusante com o AGENTE LARANJA (é usado em agrotóxicos por nossos latifundiários no tal agronegócio) e ambientalmente é a mais devastadora guerra da História mundial”.
E prossegue – “mas, desde 1991 os EUA dirigiram quatro guerras nucleares utilizando armamentos com urânio empobrecido (depleted uranium DU) o qual, tal como o AGENTE LARANJA, cumpre a definição do governo americano de Armas de Destruição Maciça. Vastas regiões no Médio Oriente e na Ásia Central foram contaminadas permanentemente com radiação.”
“E o que se passa com nossos soldados? Terry Jamison do DEPARTAMENT OF VETERANS AFFAIRS relatou esta semana à AMERICAN FREE PRESS que os veteranos da era do Golfo com incapacidades médicas desde 1991 chegam a 518 739, com apenas 7 035 feridos no Iraque no mesmo período de 14 anos”.
“A AMERICAN FREE PRESS lançou uma bomba suja sobre o Pentágono ao revelar que oito em cada 20 homens que serivram numa unidade ofensiva militar americana de 2003 agora tem tumores (malignancies). Isto significa que 40 por cento dos soldados naquela unidade desenvolveram tumores num período de apenas 16 meses.”
“Cientistas que estudaram o urânio revelam que ele afeta o DNA”.
Faltou Henry Kissinger dizer que “militares são apenas animais estúpidos, a serem utilizados como peões na política externa” e seres humanos cobaias do terrorismo nazi/sionista do complexo ISRAEL/EUA TERRORISMO S/A.
O primeiro-ministro David Cameron, o tal que decretou o fim do multiculturalismo, em visita à Turquia disse que “Gaza é um campo de concentração aberto e isso precisa mudar”. Cameron é parte do nazi/sionismo que aterroriza e amedronta o mundo com armas nucleares capazes de destruir o planeta cem vezes se necessário for. Por aí se imagina a situação de Gaza.
Lauren Moret em seu artigo afirma também que “os efeitos a longo prazo revelam que o DU é uma sentença de morte e algo asqueroso”.
Estudos realizados por outros cientistas, Marion Fulk, físico químico nuclear aposentado do LIVERMORE NUCLEAR WEAPONS LAB e que esteve envolvido no projeto MANHATTAN PROJECT “interpreta os novos e rápidos tumores nos soldados da guerra de 2003 como espetaculares... e uma matéria de preocupação”.
“Esta evidência mostra que dos três efeitos que o DU – urânio empobrecido – tem sobre os sistemas biológicos – radiação, químico e em forma de partículas – o efeito das nano-partículas é o mais dominante imediatamente após a exposição e atinge o CÓDIGO MESTRE DO DNA. Isto é uma má notícia, mas explica porque o DU provoca uma miríade de doenças que são difíceis de definir”.
“EM PALAVRAS SIMPLES, O DU APODRECE O CORPO” E ao ser perguntado se o principal propósito do seu uso é destruir coisas e matar pessoas, Fulk foi mais específico – “eu diria que isto é a arma perfeita para assassinar montes de pessoas”.
A alegação dos executivos (Obama, por exemplo) de ISRAEL/EUA TERRORISMO S/A é que o urânio empobrecido tem baixa radiação. Os estudos feitos por cientistas em quase todos os cantos do mundo mostram que o material usado pelos EUA e Israel contém um teor de plutônio, altamente radioativo e capaz de provocar doenças fatais em larga escala.
São os libertadores, os democratas, os cristãos, segundo Obama após o assassinato de Osama bin Laden – “que Deus proteja a América e os americanos”.
Hitler também achava que tinha mandato divino.
Uma outra descoberta feita por cientistas está revelado no artigo de Lauren Moret. Ao retornar dos campos de batalha contaminaram suas mulheres com seu sêmen. Mulheres de 20 a 30 anos que foram parceiras sexuais de soldados norte-americanos desenvolveram endometriose e foram forçadas a sofrer histerectomias devido a problemas de saúde.
“Num conjunto de 251 soldados de um grupo de estudo no Mississipi que haviam tido bebês normais antes da guerra do Golfo, 67 por cento dos bebês do pós guerra nasceram com defeitos severos. Vieram à luz sem pernas, braços, órgãos ou olhos ou tiveram doenças do sistema imunitário e do sangue. O DEPARTAMENT OF VETERANS AFFAIRS, do governo, diz que não mantém registros sobre bebês defeituosos. Como eles fizeram para esconder isso?”
Em estudos e providências sobre o uso do DU contra “inimigos” os terroristas nazi/sionistas de ISRAEL/EUA TERRORISMO S/A recomendaram o uso de DU “como contaminante permanente de terrenos, o qual poderia ser utilizado para destruir populações atráves da contaminação de abastecimentos e terras agrícolas com pó radioativo”.
O cineasta brasileiro Sílvio Tendler, em O VENENO ESTÁ NA NOSSA MESA mostra a extensão dos males causados por agrotóxicos no negócio do transgênico´. Lá está o AGENTE LARANJA. Breve, imensos desertos em áreas férteis do Brasil e a culpa vai ser do MST. Pelo menos é o que mostra a mídia podre e esta semana ISTO É – “A PROSTITUTA DAS REVISTAS BRASILEIRAS”, definição do presidente da editora da dita cuja – investitu em mentiras para os brasileiros.
Farte-se de soja, feijão, milho e derivados, de todos os transgênicos e sinta-se um líbio da vida. Os soldados da OTAN despejam toneladas de bombas com urânio empobrecido para “libertar” a Líbia e os rebeldes armados pelo terrorismo nazi/sionista recebem balas de DU.
Vinte e nove países no mundo compraram armas do sistema Phalank, que utiliza DU, fabricadas e testadas nos estaleiros navais Hunter Point, em 1977.
O exército americano usou munições de urânio empobrecido durante da GUERRA DO GOLFO (1991), atualmente na ocupação do Iraque. A OTAN utilizou-as na GUERRA DA BÓSNIA, as forças de defesa do Estado terrorista de Israel utilizaram e utilizam contra os cidadãos de Gaza. A Agência Internacional de Energia Atômica acolheu denúncia de governos árabes sobre o uso de munição de urânio empobrecido contra povos no Oriente Médio.
Norte-americanos afirmam que as armas com urânio empobrecido não causam danos nem ao ambiente e nem as pessoas. É o contrário. Ao explodir formam nuvens de de partículas ligeramente radioativas capazes de contaminar extensas áreas, ou seja, a verdade é diferente. Em 2001 as Nações Unidas descobriram que a munição de urânio empobrecido dos EUA e de Israel provém de usinas de reprocessamento, não de enriquecimento, portanto, contêm plutônio, com uma radioatividade mais alta do que se imagina, ou cinicamente se declara na política nazi/sionista de destruição de povos no mundo inteiro.
Os líbios são as vitimas neste momento.
É a democracia cristã, ocidental misturada ao nazi/sionismo de Israel, a fúria dos insanos. Abençoados por Bento XVI e Silas Malafaia no seu spray “mata capeta”.
Nada disso vai sair na GLOBO, nem nas páginas de VEJA, ou FOLHA DE SÃO PAULO. São podres e departamentos do complexo ISRAEL/EUA TERRORISMO S/A.
Palestina já! A estrela de David virou suástica.
* a tradução do artigo de Lauren Moret e vários outros artigos e dados sobre as armas químicas e biológicas usadas pelo complexo ISRAEL/EUA TERRORISMO S/A podem ser encontradas em http://resistir.info/
Leia também: Urânio empobrecido, uma estranha forma de proteger os civis líbios
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quinta-feira, 25 de agosto de 2011
Ibas forma cerco para impedir medidas contra a Síria
Cidade do Cabo, África do Sul, 25/8/2011 – Os países-membros do grupo de economias emergentes Ibas (Índia, Brasil, África do Sul) uniram-se à China e à Rússia para se opor a medidas mais enérgicas propostas por Estados Unidos e União Europeia (UE) contra o governo da Síria. Pretória “é da opinião de que a questão síria deve ser resolvida pelos próprios sírios, e que se deve lutar para que o façam”, disse à IPS o porta-voz do Departamento de Relações Internacionais e Cooperação da África do Sul, Saul Kgomotso Molobi.
“O governo sírio garantiu que adotou e continua adotando reformas para abrir o espaço político”, acrescentou Molobi, ressaltando que as posturas da comunidade internacional estão condicionadas por interesses dos países líderes e não por um verdadeiro desejo de mudança no Oriente Médio. “Os exemplos são Bahrein e Iêmen, onde, apesar da repressão, não há tentativas de punir seriamente e enfraquecer o regime. No último caso, tudo o que se faz é fortalecê-lo por meio de apoio militar do Conselho de Cooperação do Golfo”, acrescentou.
Os Estados Unidos e países da UE divulgaram no dia 23, no Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU), um novo projeto de resolução contra a Síria com sanções a indivíduos e entidades, bem como um embargo de armas. Meses atrás fracassou uma resolução semelhante diante da ameaça de veto da China e da Rússia e pela rejeição de Índia, Brasil e África do Sul.
Esta semana, o Conselho de Direitos Humanos da ONU condenou a repressão do regime de Bashar Al Assad contra as manifestações de oposição, e aprovou o envio urgente de uma comissão independente para investigar possíveis crimes contra a humanidade. A resolução foi apresentada pela Polônia em nome da União Europeia e com apoio dos Estados Unidos, sendo rechaçada por China, Cuba, Equador e Rússia.
Por sua vez, o Ibas parece disposto a desempenhar um papel independente na questão síria. No dia 10, uma delegação com representantes dos três países visitou Damasco e se reuniu com Al Assad e com o chanceler Walide al-Moualem. No encontro, o governo sírio insistiu em que os protestos procedem de três fontes diferentes: acadêmicos e intelectuais que exigem reformas democráticas, setores da população que se queixam por dificuldades econômicas e da repressão em regiões particulares do país, e grupos armados que lutam para derrubar o regime.
O presidente sírio reconheceu “erros” na resposta às manifestações, mas garantiu estar comprometido com as reformas, oferecendo como evidência novas leis propostas que buscam levar o país a uma democracia multipartidária em consulta à população. “O governo sírio disse que adotou e continua adotando reformas para ampliar o espaço político”, afirmou Molobi. “Isto será conseguido por meio de várias leis que estão sendo aprovadas, como a multipartidária, a de mídia e outras. Abriu-se um fórum de diálogo nacional, embora sem chamar a atenção do país. O governo gostaria de ver um parlamento eleito que continue o processo de reformas”, acrescentou.
Molobi afirmou que a África do Sul e o ibas condenam a violência “de todas as partes”, mas reconheceu que houve poucos sinais de moderação por parte de Al Assad desde a reunião. No dia 14, o governo estabeleceu um cerco à cidade portuária de Latakia, com tanques e barcos de guerra. “Lamentamos o agravamento da violência e pedimos moderação a todas as partes, já que um conflito geral seria um desastre para todos”, disse Molobi.
O especialista político Zwelethu Jolobe, da Universidade da Cidade do Cabo, disse que a posição do Ibas deve ser vista em parte como uma reação à lenta resposta internacional à crise síria. Para ele, as prévias aproximações de Pretória com Damasco estavam limitadas a acordos bilaterais sobre comércio e educação, assinados nos dois últimos anos, como parte de uma ampla estratégia do presidente sul-africano, Jacob Zuma, no Oriente Médio.
Os cálculos da África do Sul na atual crise, prosseguiu Jolobe, também estão determinados por sua relação com a Autoridade Nacional Palestina. O governante Congresso Nacional Africano da África do Sul tem estreitos vínculos com o partido Fatah, que governa a Cisjordânia, relação que data da luta contra o apartheid (segregação racial institucionalizada pela minoria branca em prejuízo da maioria negra) e se estende até o momento com apoio financeiro e político.
Por sua vez, a Síria é forte aliada do Hamas (Movimento de Resistência Islâmica), ao qual oferece apoio financeiro, militar e político. Além disso, a mesa política do Hamas se reúne em Damasco. “A África do Sul não pode se dar ao luxo de permitir uma implosão do governo de Al Assad, que alteraria um delicado equilíbrio regional com muito em jogo, no qual a África do Sul investiu uma grande quantidade de recursos históricos, emocionais, políticos e financeiros”, explicou Jolobe.
As relações entre Síria e Hamas agora parecem também estar em crise. O movimento islâmico se negou a fazer uma demonstração pública de apoio ao governo sírio, e um bairro palestino de Latakia foi atacado nos últimos dias. O Hamas explora a possibilidade de colocar seus escritórios no Cairo, onde a África do Sul investiu muito esforço cultivando vínculos nos últimos tempos. “A situação na Síria tem diferentes aspectos e a violência é um deles. Esta é cometida tanto pelo governo quanto por grupos não governamentais, com sérios resultados. Aqui não há atalhos, e um adequado processo sírio é a única esperança de trazer a paz, e ninguém de fora pode fazer isso”, destacou Jolobe.
Envolverde/IPS
(IPS)
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quinta-feira, 30 de junho de 2011
Flotilha navega entre sabotagens e ameaças
por Beto Astigarraga, da IPS
Atenas, Grécia, 30/06/2011 – Faltando poucas horas para os dez navios da Segunda Flotilha da Liberdade – Continuamos Sendo Humanos partam rumo à Faixa de Gaza, às ameaças de Israel somaram-se supostas ações de sabotagem. A Flotilha, que tentará romper o bloqueio israelense pelo segundo ano consecutivo, inclui dois cargueiros transportando cinco mil toneladas de ajuda humanitária, especialmente material de saúde, educativo e de construção.
Em águas internacionais já se encontra um dos barcos franceses, o Dignity, que partiu da Córcega no dia 25, à espera de se unir ao restante do comboio humanitário. Depois que a colisão internacional organizadora da Flotilha realizou, no dia 27, uma entrevista coletiva em Atenas para jornalistas de todo o mundo, a fim de anunciar sua partida hoje ou amanhã, o navio Juliano, do grupo Barcos para Gaza-Suécia, foi alvo de um ato de sabotagem no Porto de Pireu, no sudeste da Grécia, onde estava ancorado. A caixa da hélice ficou destruída e o eixo cortado, mas os danos “são reparáveis” e tudo foi registrado em vídeo por mergulhadores da organização como prova da sabotagem, afirmaram os organizadores.
“Uma coisa é um poder estrangeiro pressionar a Grécia para atrasar nossa viagem, outra muito diferente é agentes inimigos operarem em território grego”, afirmou o porta-voz da Barcos para Gaza-Suécia, Mattias Gardell. “É hora de a comunidade internacional dizer basta”, afirmou o grupo em um comunicado. O Juliano, propriedade da Barcos para Gaza na Suécia, Noruega e Grécia, homenageia com seu nome o israelense Juliano Mer-Khamis, ator e diretor do Teatro da Liberdade, assassinado em 4 de abril na cidade palestina de Jenin, norte da Cisjordânia.
A Faixa de Gaza sofre um bloqueio imposto por Israel desde fevereiro de 2006, depois que o Hamas (Movimento de Resistência Islâmica) venceu as eleições gerais palestinas. Nos anos seguintes, a medida se tornou mais rígida, sobretudo após a ofensiva militar Chumbo Derretido, do final de 2008.
O Movimento Gaza Livre, organizador da Segunda Flotilha, garantiu que as ameaças de Israel não deterão os planos. “Se chegarmos até Gaza, teremos cumprido nosso objetivo, se não chegarmos, outras futuras flotilhas nos seguirão, uma após outra, ano após ano, até o bloqueio acabar e Israel cumprir a legalidade”, disse o músico e ativista sueco-israelense Dror Feiler, em Atenas.
A Grécia está sob pressão de Israel para que impeça a partida dos navios, em um momento de especial vulnerabilidade para este país, devido à crise financeira que enfrenta. “Fazemos um apelo ao governo grego para que não se converta em cúmplice das ações ilegais de Israel sucumbindo às pressões e some-se à França em sua postura de não impedir a saída dos barcos”, disse Vangelis Pissias, coordenador da delegação grega.
“Israel tenta por todos os meios deter nossos navios, com pressões sobre governos, ameaças às seguradoras e companhias de comunicações, com intimidações contra defensores dos direitos humanos e demandas frívolas”, afirmou o Movimento Gaza Livre em um comunicado.
O gabinete de segurança israelense, presidido pelo primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, reafirmou sua decisão de impedir a chegada da Flotilha a Gaza, embora com “o mínimo atrito possível com os passageiros dos barcos”, segundo comunicado divulgado pelo escritório do primeiro-ministro. A rádio pública israelense também informou que o Executivo fez acordo com o Egito para que o material humanitário dos cargueiros possa ser descarregado no porto egípcio de Al Arish para ser levado a Gaza por terra.
Israel afirma ter informações de que no comboio viajam ativistas “dispostos a matar soldados israelenses com substâncias químicas”, quando estes tentarem abordá-los, e que também haverá passageiros da Fundação de Ajuda Humanitária da Turquia (IHH), organizadora da primeira flotilha, e do Hamas, organizações que considera “terroristas”.
Estas declarações foram feitas um dia depois que funcionários e representantes da chancelaria informaram ao gabinete não disporem de dados sobre os militantes ou grupos associados a organizações terroristas planejando integrar a Flotilha. Israel usou argumentos semelhantes antes e depois do ataque de seus comandos ao navio capitânia da primeira flotilha, o Mavi Marmara, no dia 31 de maio de 2010, quando este estava em águas internacionais rumo a Gaza. Na operação militar morreram nove ativistas turcos.
Um representante dos familiares das vítimas do barco, que este ano se retirou da Flotilha “por motivos técnicos”, viajará no navio espanhol Gernika, junto com outras 45 pessoas de todo o território peninsular, entre ativistas, representantes políticos e jornalistas.
“O Gernika levará o espírito de nossos companheiros assassinados. É uma demonstração de solidariedade com os que não podem viajar este ano”, disse à IPS Manuel Tapial, coordenador da Rumo a Gaza. A ministra espanhola para Assuntos Exteriores e de Cooperação, Trinidad Jiménez, pediu a Israel que atue com “prudência” em relação à Segunda Flotilha.
Neste comboio viajarão 50 jornalistas internacionais, incluindo esta repórter, os quais foram ameaçados por Israel, no dia 26, de serem proibidos de entrar em seu território por dez anos, mas logo voltou atrás. Entre os países que participarão estão Alemanha, Austrália, Bélgica, Canadá, Espanha, Estados Unidos, França, Grã-Bretanha, Grécia, Holanda, Irlanda, Itália, Noruega, Suécia e Suíça. Um navio com integrantes de várias nações árabes pode juntar-se à frota vinda da Jordânia nos próximos dias.
Cerca de 500 ativistas e personalidades da sociedade civil internacional estão prontas para navegar. Mas existe o medo de as forças israelenses atacarem o comboio usando gás lacrimogêneo, dispositivos lança-água, bombas de ruído e cães amestrados. Envolverde/IPS
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quarta-feira, 29 de junho de 2011
SIONISTAS SÃO GENOCIDAS - ISRAEL TERRORISMO DE ESTADO
Laerte Braga
Israel é uma aberração jurídica inventada pelas grandes potências ao fim da 2ª Grande Guerra a guisa de justificar o assassinato em massa de judeus nos campos de concentração nazistas. No duro mesmo uma ocupação de terras palestinas para garantir o petróleo no Oriente Médio.
É, desde a sua instalação, um Estado terrorista. Não significa que judeus sejam criminosos, mas que a imensa e esmagadora maioria dos que controlam o país/terrorista e seus principais líderes religiosos – os chamados ortodoxos, ou fundamentalistas – são os principais acionistas dos Estados Unidos e todo o seu entorno continental ou além mar. São genocidas.
A propalada ajuda a Grécia havia sido negada até que banqueiros judeus/sionistas e alemães em sua maioria alertaram à primeira ministra Ângela Merkel que seriam eles os maiores prejudicados com a falência daquele país (aos olhos do capitalismo), já que detinham a maior parte dos títulos da dívida pública grega.
A Europa Ocidental é uma parte do mundo em processo de dissolução. No terror do capitalismo o que se impõe à Grécia é uma política econômica de terra arrasada, tal e qual fizeram com o Brasil no governo de FHC e fazem sistematicamente com todos os países no mundo desde o fim da União Soviética.
Trabalhadores, em todo o mundo, pagam o preço dessa estupidez.
A verdade única, absoluta do terrorismo de Estado. Escora-se em sangue de um arsenal nuclear que é capaz de destruir o mundo cem vezes se preciso for. Foi assim no Iraque onde não existiam armas químicas e nem biológicas, apenas petróleo. É assim no Afeganistão onde assumiram inclusive o controle da produção e tráfico de drogas. Ou na Colômbia, onde sustentam um governo dos cartéis das drogas.
No Brasil agentes da MOSSAD – organização terrorista israelense a que chamam de serviço de inteligência – transitam à vontade com a omissão do governo (deste e dos anteriores) na velha e surrada mentira da presença de terroristas entre os refugiados ou imigrantes de nações árabes na região de Foz do Iguaçu.
Em Porto Alegre um vereador descabeçado – para que servem câmaras municipais? – impôs o ensino do holocausto nas escolas públicas da capital.
E os ciganos, os negros, os homossexuais, os adversários do regime de Hitler assassinados nos mesmos campos de concentração? O holocausto não é privilégio dos judeus.
Quem vai ensinar e mostrar o genocídio contra o povo palestino? As prisões indiscriminadas, os estupros de mulheres palestinas, a tortura, o roubo de terras e riquezas dos palestinos?
O governo de Gaza – Hamas – foi eleito em pleito livre e democrático que resultou dos acordos assinados pelo então presidente Bil Clinton, o primeiro ministro de Israel Itzak Rabin e o líder palestino Yasser Arafat. Nas comemorações da paz Rabin foi assassinado por um fundamentalista, ou ortodoxo, contrário à paz e com a convicção que judeus são o povo eleito e, portanto, superiores.
A mesma visão de Hitler, os mesmos procedimentos. Um imenso muro que tenta transformar a Palestina num grande campo de concentração.
Detentores do controle acionário de EUA/ISRAEL TERRORISMO S/A assombram o mundo suas ogivas nucleares e a barbárie que os caracteriza.
Einstein desistiu do sonho de uma nação judia ainda em 1948, em carta publicada no jornal THE NEW YORK TIMES, quando percebeu o caráter terrorista do Estado de Israel.
A FLOTILHA DA PAZ inicia sua jornada saindo de vários pontos do mar Mediterrâneo levando ajuda humanitária aos habitantes de Gaza submetidos a um implacável bloqueio dos terroristas de Israel.
Cidadãos de várias nacionalidades vão tentar chegar a Gaza e mostrar ao mundo o horror e os crimes praticados pelo governo de Israel. Entre eles Hedy Epstein, 86 anos de idade, norte-americana, judia e que teve os pais assinados pelos nazistas. Hedy participou da primeira FLOTILHA e indignou-se com a violência, o massacre praticado pelos soldados de Israel.
Não são humanos. São assassinos por natureza e caráter.
Em meio à boçalidade das tropas de Israel os palestinos de Gaza preparam uma recepção especial para a FLOTILHA DA PAZ.
Barack Obama, o cínico, já disse que não pode se responsabilizar pela vida dos norte-americanos a bordo dos barcos da FLOTILHA. Só se responsabiliza pela vida de norte-americanos se estiverem a serviço de empresas, bancos, conglomerados da indústria petrolífera e da indústria bélica. Tem eleições a enfrentar em 2012 e não quer contrariar os donos do negócio, falo dos EUA, os judeus sionistas.
O governo de Israel já anunciou que não vai permitir que a FLOTILHA DA PAZ, carregando alimentos, remédios, chegue a Gaza, fure o bloqueio. Segundo o terrorista Avigdor Lieberman, dito ministro das Relações Exteriores, os “ativistas estão buscando confronto e sangue”.
Quem sabe às vezes a OTAN – ORGANIZAÇÃO DO TRATADO DO ATLÂNTICO NORTE – tão empenhada em “libertar” a Líbia dê uma ajuda? Afinal são direitos humanos.
Na primeira tentativa de ajudar a população de Gaza nove ativistas turcos, um deles com dupla nacionalidade, norte-americana também, foram mortos pelas hordas de assassinos de Israel.
O discurso do nazi/sionista Lieberman é o de sempre. Segundo ele entre os ativistas da paz existem terroristas. Deve ser a vovô de 86 anos que perdeu os pais em campos de concentração nazistas e sabe o que são essas prisões hoje controladas por Israel ou pelos EUA.
A Marinha de Israel está instruída a não permitir a aproximação dos barcos e a reprimir qualquer tentativa de furar o bloqueio.
São desumanos, covardes e assassinos em sua gênese.
E depois a culpa é do Irã.
Israel é um câncer para a paz mundial. Os níveis de barbárie e boçalidade praticados pelo governo de Tel Aviv só encontram paralelo nos mais terríveis tiranos da história, Hitler entre eles, naturalmente onde aprenderam o know how da estupidez que usam contra palestinos. Ao contrário da senhora Hedy Epstein, a judia norte-americana que vai num dos barcos da FLOTILHA DA PAZ cheia de indignação.
A FLOTILHA DA PAZ deve chegar às águas territoriais de Gaza (controladas pela Marinha de Hitler) na quinta, ou na sexta-feira e provavelmente o mundo vai assistir a mais um espetáculo de horror e violência comuns aos nazistas.
Sionistas são nazistas.
O Conselho de Segurança da ONU não vai resolver nada. Das mais de cinqüenta resoluções contra Israel por violações de direitos humanos nenhuma foi implementada. Têm o controle acionário da maioria do Conselho e da própria Organização.
O embaixador dos EUA vai estar lá para defender os interesses dos patrões e o primeiro-ministro inglês David Cameron vai dizer novamente, é lógico, que o “multiculturalismo acabou”, no racismo explícito de uma nação decadente, mera base militar do complexo EUA/ISRAEL TERRORISMO S/A.
No Egito o povo continua massacrado por militares que diante das manifestações de meses atrás. Se livraram de um anel, Hosni Mubarak e mantiveram os dedos da ditadura intactos. Não são forças armadas egípcias, mas braço de Israel e dos EUA. Como boa parte dos militares na maioria dos países do mundo, inclusive o Brasil, onde escondem atrás da covardia do sigilo eterno.
Temem a liberdade, temem a democracia, temem a paz.
Os navios da FLOTILHA DA PAZ sairão com perto de 500 integrantes de várias nacionalidades e de muitos pontos do Mediterrâneo. Levam ajuda humanitária, vão tentar sensibilizar a manada conduzida pela sociedade do espetáculo no resto do mundo, mostrar a situação dramática dos habitantes da Faixa de Gaza e todo o povo palestino.
Serão cúmplices os governos que se omitirem a qualquer ato terrorista dessa aberração jurídica/política e econômica que é o Estado terrorista de Israel.
Nessa história toda Obama é só um cínico, um espertalhão, destituído de princípios e respeito pelo que quer que seja, que não o que os sionistas determinarem.
A FLOTILHA DA PAZ leva mais de 500 integrantes. Leva os que teimam em resistir como seres humanos diante da barbárie que é o capitalismo.
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quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011
Hosni Mubarak - acabou
Laerte Braga, jornalista e analista político
Mubarak era um dos comandantes da força aérea egípcia na Guerra dos Seis Dias, em 1967. Os radares do Egito eram fixos e voltados para Israel. Os comandantes, entre eles Mubarak, não foram capazes de perceber a manobra dos militares de Israel. Como os radares não cobriam 360 graus, os aviões israelenses contornaram-nos e destruíram toda a aviação egípcia em terra.
Nos planos do então presidente Gamal Abdel Nasser um ataque aéreo a Israel equilibraria a guerra e permitiria às forças de seu país e da Jordânia ocuparem parte do território inimigo e principalmente toda a cidade de Jerusalém.
Deu tudo errado. Em seis dias as tropas de Israel sob o comando do nazi/sionista Moshe Dayan tomaram inclusive o canal de Suez.
Nasser foi um dos principais líderes do que se conhecia como países do Terceiro Mundo e desenvolvia intensa colaboração política e econômica com a antiga União Soviética. A monumental represa de Assuan foi construída com financiamento e participação direta de técnicos soviéticos.
Tentou de todas as formas unir os governos do Oriente Médio e chegou a criar a REPÚBLICA ÁRABE UNIDA (Egito e Síria) para enfrentar o que pressentiu desde o primeiro momento. O expansionismo israelense.
Foi Nasser que à frente de um movimento militar – era coronel – derrubou a monarquia no país.
Mubarak virou vice-presidente de Anwar El Sadat, sucessor de Nasser (o presidente morreu no exercício do governo). Sadat foi o responsável pela retomada do canal de Suez na guerra do Yom Kyppur e, na euforia da primeira vitória seus generais cometeram erros primários permitindo ao comandante israelense Ariel Sharon cercar as forças egípcias e alcançar um acordo de paz. Se a guerra prosseguisse teriam perdido Suez outra vez.
A entrada em cena dos EUA se deu após Sadat negociar a devolução do Sinai ao Egito e aceitar um acordo de paz com Israel. O presidente rompeu os acordos com a União Soviética, expulsou os técnicos daquela nação e começa aí a história do Egito como aliado dos EUA.
Num outro momento, no final da década de 50, franceses e ingleses tentaram se contrapor à nacionalização do Canal de Suez e sem o apoio dos EUA (de olho na perspectiva de negócios futuros que acabaram se materializando) saíram do Egito. Naquele momento ingleses e franceses começaram a perceber que não eram mais um império e dependiam, como dependem visceralmente dos EUA (no caso da França, a ascensão de De Gaulle após a queda de René Coty e a fuga do primeiro-ministro de extrema direita George Bidault para o Brasil, a guerra da Argélia, esse país permaneceu durante o período em que foi governado pelo general – Charles Andre Joseph Marie De Gaulle – longe da OTAN – ORGANIZAÇÃO DO TRATADO ATLÂNTICO NORTE).
Sadat foi assassinado por um militar muçulmano durante um desfile em comemoração à recuperação de Suez e do Sinai. O general Anwar El Sadat, logo após o acordo mediado pelos EUA visitou Israel duas vezes e encontrou-se com o primeiro-ministro Menaguem Begin (Einstein e todas as pessoas bem informadas o consideravam terrorista, foi responsável pela explosão de um hotel antes da criação de Israel matando centenas de pessoas).
A vitória na verdade, era outra baita derrota e Hosni Mubarak, o então vice-presidente, em 1971, assume o governo.
A perspectiva de eleições livres e gerais no Egito assustava aos norte-americanos, a Israel e aos donos do poder no pós-Nasser. Em eleições regionais os partidos islâmicos haviam ganho com larga maioria. Por isso Mubarak os tornou proscritos.
O regime de Hosni Mubarak é de barbárie pura e absoluta. De subserviência total aos interesses norte-americanos e colaboração estreita com Israel, inclusive contra palestinos (muitos foram expulsos de campos de refugiados no país, como na Jordânia, outro aliado de Israel).
O descontentamento popular vem de longa data. A revolta na Tunísia serviu para acender o rastilho da indignação dos egípcios contra um governo totalitário, corrupto e que transformou o país numa colônia de interesses dos EUA e de Israel.
Os serviços secretos egípcios trabalham em estreita colaboração com a MOSSAD – organização terrorista que Israel chama de serviço de inteligência –.
Mubarak acabou. Só fica no poder se os militares promoverem um massacre para que isso se torne possível.
O que acontece neste momento no Cairo é uma tentativa de ceder os anéis e salvar os dedos, tudo mediado e dirigido pelos EUA e por Israel, no receio de perder o mais importante aliado na região. Isso poderia significa a curto prazo mudanças na Jordânia (já existem protestos no país), na Arábia Saudita, outros aliados norte-americanos.
O de buscar um governo que pareça restabelecer a democracia, só pareça, mas mantenha intactos os laços com o governo terrorista de Israel.
O grande vencedor dessa encrenca toda é o Irã. A revolução islâmica se sustenta em eleições livres, diretas e ampla participação popular nas questões de governo, a despeito do noticiário contrário da mídia podre e venal do Ocidente.
O longo período de aliança com os EUA transformou o Egito em potência militar quase equivalente a Israel (só não dispõe de armas nucleares como o estado sionista). A idéia de um governo popular que ponha fim à subserviência em relação aos EUA aterroriza Washington. E deixa Tel Aviv de orelhas em pé, temerosos, ambos, que uma espécie de efeito dominó mude a correlação de forças no Oriente Médio.
Não importa que isso não aconteça agora, cedo ou tarde acontecerá.
A luta contra Mubarak diz respeito a todos os povos muçulmanos e do Oriente Médio. O ditador acabou. Milhões de egípcios estão nas ruas exigindo o fim do regime opressivo e colonizado.
E um detalhe sintomático que os EUA estão procurando alternativas confiáveis para suceder Mubarak. A REDE GLOBO, no Brasil, até as 18 horas de segunda-feira e em seus noticiários (no caso do Egito o que for autorizado pelo Departamento de Estado), referia-se a Mubarak como “presidente”. A partir daquele horário virou ditador. É outro sintoma. Foi jogado às feras.
Qualquer que seja a solução que encontrem EUA e Israel sabem que a revolta árabe, do povo muçulmano irá prosseguir. Até que haja uma solução digna para as questões que dizem respeito aos países e povos da região e principalmente para os palestinos. Saqueados, torturados, violados em seus direitos pelo estado terrorista de Israel, parte do conglomerado EUA/ISRAEL TERRORISMO S/A.
O maior e mais perigoso conglomerado de violência e barbárie em todo o mundo.
Tony Blair apareceu para falar sobre o assunto e buscar a paz? Claro, é o boy da Casa Branca que afirmou ser indispensável a guerra contra o Iraque para destruir armas químicas e biológicas que não existiam (ele mesmo admitiu isso há meses atrás).
Hosni Mubarak acabou. Não tem mais serventia para seus patrões. Se ficar vai ser por conta da barbárie, o mais lógico, no entanto, é que vá viver num paraíso qualquer cercado de um harém, como acontece com o regime brutal da Arábia Saudita.
Comandante militar de fancaria, medalha por tortura, assassinato a sangue frio, traição, tal e qual qualquer militar em qualquer ditadura, inclusive a que nos escravizou no Brasil de 1964 a 1984. Não foi capaz de perceber a fragilidade do sistema de radares de sua força e nem levantou vôo.
Massacrou seu povo por trinta anos.
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Mubarak era um dos comandantes da força aérea egípcia na Guerra dos Seis Dias, em 1967. Os radares do Egito eram fixos e voltados para Israel. Os comandantes, entre eles Mubarak, não foram capazes de perceber a manobra dos militares de Israel. Como os radares não cobriam 360 graus, os aviões israelenses contornaram-nos e destruíram toda a aviação egípcia em terra.
Nos planos do então presidente Gamal Abdel Nasser um ataque aéreo a Israel equilibraria a guerra e permitiria às forças de seu país e da Jordânia ocuparem parte do território inimigo e principalmente toda a cidade de Jerusalém.
Deu tudo errado. Em seis dias as tropas de Israel sob o comando do nazi/sionista Moshe Dayan tomaram inclusive o canal de Suez.
Nasser foi um dos principais líderes do que se conhecia como países do Terceiro Mundo e desenvolvia intensa colaboração política e econômica com a antiga União Soviética. A monumental represa de Assuan foi construída com financiamento e participação direta de técnicos soviéticos.
Tentou de todas as formas unir os governos do Oriente Médio e chegou a criar a REPÚBLICA ÁRABE UNIDA (Egito e Síria) para enfrentar o que pressentiu desde o primeiro momento. O expansionismo israelense.
Foi Nasser que à frente de um movimento militar – era coronel – derrubou a monarquia no país.
Mubarak virou vice-presidente de Anwar El Sadat, sucessor de Nasser (o presidente morreu no exercício do governo). Sadat foi o responsável pela retomada do canal de Suez na guerra do Yom Kyppur e, na euforia da primeira vitória seus generais cometeram erros primários permitindo ao comandante israelense Ariel Sharon cercar as forças egípcias e alcançar um acordo de paz. Se a guerra prosseguisse teriam perdido Suez outra vez.
A entrada em cena dos EUA se deu após Sadat negociar a devolução do Sinai ao Egito e aceitar um acordo de paz com Israel. O presidente rompeu os acordos com a União Soviética, expulsou os técnicos daquela nação e começa aí a história do Egito como aliado dos EUA.
Num outro momento, no final da década de 50, franceses e ingleses tentaram se contrapor à nacionalização do Canal de Suez e sem o apoio dos EUA (de olho na perspectiva de negócios futuros que acabaram se materializando) saíram do Egito. Naquele momento ingleses e franceses começaram a perceber que não eram mais um império e dependiam, como dependem visceralmente dos EUA (no caso da França, a ascensão de De Gaulle após a queda de René Coty e a fuga do primeiro-ministro de extrema direita George Bidault para o Brasil, a guerra da Argélia, esse país permaneceu durante o período em que foi governado pelo general – Charles Andre Joseph Marie De Gaulle – longe da OTAN – ORGANIZAÇÃO DO TRATADO ATLÂNTICO NORTE).
Sadat foi assassinado por um militar muçulmano durante um desfile em comemoração à recuperação de Suez e do Sinai. O general Anwar El Sadat, logo após o acordo mediado pelos EUA visitou Israel duas vezes e encontrou-se com o primeiro-ministro Menaguem Begin (Einstein e todas as pessoas bem informadas o consideravam terrorista, foi responsável pela explosão de um hotel antes da criação de Israel matando centenas de pessoas).
A vitória na verdade, era outra baita derrota e Hosni Mubarak, o então vice-presidente, em 1971, assume o governo.
A perspectiva de eleições livres e gerais no Egito assustava aos norte-americanos, a Israel e aos donos do poder no pós-Nasser. Em eleições regionais os partidos islâmicos haviam ganho com larga maioria. Por isso Mubarak os tornou proscritos.
O regime de Hosni Mubarak é de barbárie pura e absoluta. De subserviência total aos interesses norte-americanos e colaboração estreita com Israel, inclusive contra palestinos (muitos foram expulsos de campos de refugiados no país, como na Jordânia, outro aliado de Israel).
O descontentamento popular vem de longa data. A revolta na Tunísia serviu para acender o rastilho da indignação dos egípcios contra um governo totalitário, corrupto e que transformou o país numa colônia de interesses dos EUA e de Israel.
Os serviços secretos egípcios trabalham em estreita colaboração com a MOSSAD – organização terrorista que Israel chama de serviço de inteligência –.
Mubarak acabou. Só fica no poder se os militares promoverem um massacre para que isso se torne possível.
O que acontece neste momento no Cairo é uma tentativa de ceder os anéis e salvar os dedos, tudo mediado e dirigido pelos EUA e por Israel, no receio de perder o mais importante aliado na região. Isso poderia significa a curto prazo mudanças na Jordânia (já existem protestos no país), na Arábia Saudita, outros aliados norte-americanos.
O de buscar um governo que pareça restabelecer a democracia, só pareça, mas mantenha intactos os laços com o governo terrorista de Israel.
O grande vencedor dessa encrenca toda é o Irã. A revolução islâmica se sustenta em eleições livres, diretas e ampla participação popular nas questões de governo, a despeito do noticiário contrário da mídia podre e venal do Ocidente.
O longo período de aliança com os EUA transformou o Egito em potência militar quase equivalente a Israel (só não dispõe de armas nucleares como o estado sionista). A idéia de um governo popular que ponha fim à subserviência em relação aos EUA aterroriza Washington. E deixa Tel Aviv de orelhas em pé, temerosos, ambos, que uma espécie de efeito dominó mude a correlação de forças no Oriente Médio.
Não importa que isso não aconteça agora, cedo ou tarde acontecerá.
A luta contra Mubarak diz respeito a todos os povos muçulmanos e do Oriente Médio. O ditador acabou. Milhões de egípcios estão nas ruas exigindo o fim do regime opressivo e colonizado.
E um detalhe sintomático que os EUA estão procurando alternativas confiáveis para suceder Mubarak. A REDE GLOBO, no Brasil, até as 18 horas de segunda-feira e em seus noticiários (no caso do Egito o que for autorizado pelo Departamento de Estado), referia-se a Mubarak como “presidente”. A partir daquele horário virou ditador. É outro sintoma. Foi jogado às feras.
Qualquer que seja a solução que encontrem EUA e Israel sabem que a revolta árabe, do povo muçulmano irá prosseguir. Até que haja uma solução digna para as questões que dizem respeito aos países e povos da região e principalmente para os palestinos. Saqueados, torturados, violados em seus direitos pelo estado terrorista de Israel, parte do conglomerado EUA/ISRAEL TERRORISMO S/A.
O maior e mais perigoso conglomerado de violência e barbárie em todo o mundo.
Tony Blair apareceu para falar sobre o assunto e buscar a paz? Claro, é o boy da Casa Branca que afirmou ser indispensável a guerra contra o Iraque para destruir armas químicas e biológicas que não existiam (ele mesmo admitiu isso há meses atrás).
Hosni Mubarak acabou. Não tem mais serventia para seus patrões. Se ficar vai ser por conta da barbárie, o mais lógico, no entanto, é que vá viver num paraíso qualquer cercado de um harém, como acontece com o regime brutal da Arábia Saudita.
Comandante militar de fancaria, medalha por tortura, assassinato a sangue frio, traição, tal e qual qualquer militar em qualquer ditadura, inclusive a que nos escravizou no Brasil de 1964 a 1984. Não foi capaz de perceber a fragilidade do sistema de radares de sua força e nem levantou vôo.
Massacrou seu povo por trinta anos.
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terça-feira, 30 de novembro de 2010
CartaCapital, Idelber Avelar e Azenha: cai de vez a máscara de Hillary, do 'State Department', de Obama, do Império
Um vazamento monstruoso - 250.000 comunicações do Departamento de Estado e serviços de inteligência dos EUA - revelou na noite de ontem, madrugada desta terça no Brasil, que o Império sediado em Washington sabia e apoiou o Golpe de Estado que em 2009 tirou Manuel Zelaya, último presidente constitucional de Honduras, do poder. Revelou ainda que os EUA tentaram impor a Lula e Dilma, já pensando na transição de poder, uma lei "antiterrorismo" radical, destinada explicitamente a atacar o MST. "É impossível fazer uma lei antiterrorismo que não inclua o MST", disse André Luis Woloszyn, consultor procurado pelos estadunidenses interessados em adequar a legislação brasileira a seus interesses. Esperamos que depois desta madrugada histórica o mundo não seja mais o mesmo. (R.B)
Por Cynara Menezes, da "CartaCapital"
As carpideiras do regime militar
Há uma revelação, entre as tantas que estão vindo à tona com a divulgação dos telegramas confidenciais das embaixadas dos Estados Unidos no mundo pelo site WikiLeaks, que me deixou particularmente satisfeita. Trata-se da admissão oficial pela diplomacia americana de que o que viveu Honduras em junho do ano passado foi um golpe de Estado. G-O-L-P-E, em português claro, como escrevemos em CartaCapital. Em inglês usa-se a palavra francesa “coup”. Ninguém utilizou o eufemismo “deposição constitucional” a não ser os pseudodemocratas locupletados em setores da mídia no Brasil.
É a mesma gente que, quando o governo Lula fala da intenção de regular a mídia, vem com o papo furado de que está se querendo cercear a liberdade de expressão. É o mesmo pessoal que ataca cotidianamente um líder democraticamente eleito e reeleito com palavras vis, mas que, ao menor sinal de revide verbal, protesta com denúncias ao suposto “autoritarismo”do presidente. Jornalistas, vejam só, capazes de ir lamber as botas dos militares em seus clubes sob a escusa de que a democracia se encontra “ameaçada” em nosso país.
Pois estes baluartes da liberdade de imprensa e de expressão no Brasil foram capazes de apoiar um regime conquistado pela força a pouca distância de nós, na América Central. Quando Honduras sofreu o golpe, estes falsos democratas saíram em campo para saudar o auto-empossado novo presidente Roberto Micheletti, que mandou expulsar o eleito Manuel Zelaya do país, de pijamas. Dizem-se democratas, mas espinafraram Lula e seu ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, por se recusarem a reconhecer um governo golpista. Quem é e quem não é democrata nessa história toda?
Não se engane, leitor. Disfarçados de defensores da democracia, estes “formadores de opinião” são na verdade carpideiras do regime militar. Choram às escondidas de saudades dos generais. Quando se colocam nas trincheiras da “liberdade de expressão” contra o governo, na verdade estão a tentar salvaguardar o monopólio midiático de seus patrões, não por acaso beneficiados pela ditadura. Dizem-se paladinos da imprensa livre, desde que seja aquela cevada pelas graças do regime militar. Não à toa, elogiam quem morreu do lado dos generais e difamam quem foi torturado e desapareceu lutando contra a ditadura. Mais
Por Idelber Avelar, do Biscoito Fino e a Massa
Wikileaks: O maior vazamento da história, o embaraço de Hillary com o Cablegate e a cumplicidade da imprensa dos EUA
Liberais e conservadores brasileiros, chegou a hora. Depois do 11 de setembro diplomático desencadeado neste fim de semana pelo mais impactante vazamento da história moderna-- 250.000 comunicações, a maioria secretas, entre o Departamento de Estado e embaixadas estadunidenses ao redor do mundo--, e do completo sufocamento do tema na TV dos EUA, não resta fiapo de credibilidade à ideia da imprensa 'mais livre do mundo', com que tantos brasileiros à direita do espectro político se referem aos conglomerados de mídia norte-americanos. Para quem se lembra da extrema docilidade com que as mídias eletrônica e escrita dos EUA replicaram a patacoada das armas de destruição em massa do Iraque em 2003, esta foi a cereja do bolo. Não importa o partido que esteja no poder (Democratas ou Republicanos), quando se trata dos interesses imperiais estadunidenses, não sobrevive na mídia gringa um farrapo de compromisso com a verdade ou com a pluralidade de pontos de vista. Ponto final. Podemos passar para o próximo assunto? Grato. Continuemos.
Como já tratamos amplamente aqui, os poderosos usam dois pesos e duas medidas nos casos de “vazamento”, “grampo” ou qualquer obtenção de informação que ocorre naquela zona cinza entre o legal e o ilegal. Conforme a conveniência, enfocam-se na forma ou no conteúdo. Assim aconteceu com os dossiês dos aloprados petistas sobre a corrupção realmente existente no Ministério da Saúde de José Serra, do suposto, miraculoso e etéreo grampo sobre Gilmar Mendes e Demóstenes, e da quebra de sigilo da filha de Serra (cuja forma só importava até o momento em que apurou-se que foi tucano mesmo). Inacreditavelmente, aqui nos EUA, tanto o governo como o parlamento só reagiram à montanha de revelações do Wikileaks com ameaças pesadas contra Julian Assange e equipe. Sarah Palin, sem perder a chance de usar o episódio eleitoralmente contra Obama, sugeriu que os EUA "cacem Assange como a Bin Laden". Sobre o conteúdo dos documentos, nem um pio. Para isso, contaram com a sempre dócil imprensa norte-americana que, no pronunciamento de hoje de Hillary Clinton, não fez sequer uma única pergunta que tratasse do conteúdo das revelações.
E revelaram-se coisas para todos os gostos. Os EUA disseram à Eslovênia que lhe conseguiriam uma reunião com Obama caso os eslovenos aceitassem receber prisioneiros de Guantánamo, o que demonstra o tamanho da batata quente em que se transformou o campo de concentração paralegal [pdf] instalado por George W. Bush. Na Alemanha, os EUA ficaram em saia justa. Os vazamentos mostram tentativa de espionagem gringa sobre o Democratas Livres (liberais de centro-direita, uma espécie de DEM desagripinizado) e comentários feitos nos telegramas da embaixada se referem ao Chanceler alemão como “vaidoso e incompetente”. Hillary quis bisbilhotar o histórico de saúde mental da Presidenta argentina Cristina Fernández de Kirchner. Revelou-se que Israel fez lobby incessante, permanente por um (na certa irresponsável e catastrófico) ataque americano ao Irã, embora nem só de lobby sionista viva o interesse bélico anti-persa: também o rei saudita, confirmam os documentos do Wikileaks, fez pressão pelo ataque. Aliás, não são só os EUA que ficam mal na fita com esses cabos. Os governos árabes, com sua tradicional combinação de subserviência ante Israel e obscurantismo e truculência ante suas próprias populações, também receberam algumas boas lambadas com os vazamentos.
Até agora, as duas revelações sobre as quais valeria a pena um exame mais detido, pelo menos do ponto de vista brasileiro, são duas bombas: a primeira, a de que o estado espião e desrespeitoso da lei internacional, que se consolidou com Bush, foi mantido com o Departamento de Estado de Hillary sob Obama. A segunda é de que até os EUA sabiam que o golpe em Honduras, com o qual pelo menos setores de sua diplomacia colaboraram, era uma monstruosa ilegalidade. Leia o post completo e fique atento aos links
Por Luiz Carlos Azenha, do Vi o Mundo, com tradução do Coletivo de Tradutores Vila Vudu
'Diplomacia americana sabia que houvera golpe em Honduras' clique e leia os diálogos traduzidos
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Por Cynara Menezes, da "CartaCapital"
As carpideiras do regime militar
Há uma revelação, entre as tantas que estão vindo à tona com a divulgação dos telegramas confidenciais das embaixadas dos Estados Unidos no mundo pelo site WikiLeaks, que me deixou particularmente satisfeita. Trata-se da admissão oficial pela diplomacia americana de que o que viveu Honduras em junho do ano passado foi um golpe de Estado. G-O-L-P-E, em português claro, como escrevemos em CartaCapital. Em inglês usa-se a palavra francesa “coup”. Ninguém utilizou o eufemismo “deposição constitucional” a não ser os pseudodemocratas locupletados em setores da mídia no Brasil.
É a mesma gente que, quando o governo Lula fala da intenção de regular a mídia, vem com o papo furado de que está se querendo cercear a liberdade de expressão. É o mesmo pessoal que ataca cotidianamente um líder democraticamente eleito e reeleito com palavras vis, mas que, ao menor sinal de revide verbal, protesta com denúncias ao suposto “autoritarismo”do presidente. Jornalistas, vejam só, capazes de ir lamber as botas dos militares em seus clubes sob a escusa de que a democracia se encontra “ameaçada” em nosso país.
Pois estes baluartes da liberdade de imprensa e de expressão no Brasil foram capazes de apoiar um regime conquistado pela força a pouca distância de nós, na América Central. Quando Honduras sofreu o golpe, estes falsos democratas saíram em campo para saudar o auto-empossado novo presidente Roberto Micheletti, que mandou expulsar o eleito Manuel Zelaya do país, de pijamas. Dizem-se democratas, mas espinafraram Lula e seu ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, por se recusarem a reconhecer um governo golpista. Quem é e quem não é democrata nessa história toda?
Não se engane, leitor. Disfarçados de defensores da democracia, estes “formadores de opinião” são na verdade carpideiras do regime militar. Choram às escondidas de saudades dos generais. Quando se colocam nas trincheiras da “liberdade de expressão” contra o governo, na verdade estão a tentar salvaguardar o monopólio midiático de seus patrões, não por acaso beneficiados pela ditadura. Dizem-se paladinos da imprensa livre, desde que seja aquela cevada pelas graças do regime militar. Não à toa, elogiam quem morreu do lado dos generais e difamam quem foi torturado e desapareceu lutando contra a ditadura. Mais
Julian Assenge: esse é 'o cara' |
Wikileaks: O maior vazamento da história, o embaraço de Hillary com o Cablegate e a cumplicidade da imprensa dos EUA
Liberais e conservadores brasileiros, chegou a hora. Depois do 11 de setembro diplomático desencadeado neste fim de semana pelo mais impactante vazamento da história moderna-- 250.000 comunicações, a maioria secretas, entre o Departamento de Estado e embaixadas estadunidenses ao redor do mundo--, e do completo sufocamento do tema na TV dos EUA, não resta fiapo de credibilidade à ideia da imprensa 'mais livre do mundo', com que tantos brasileiros à direita do espectro político se referem aos conglomerados de mídia norte-americanos. Para quem se lembra da extrema docilidade com que as mídias eletrônica e escrita dos EUA replicaram a patacoada das armas de destruição em massa do Iraque em 2003, esta foi a cereja do bolo. Não importa o partido que esteja no poder (Democratas ou Republicanos), quando se trata dos interesses imperiais estadunidenses, não sobrevive na mídia gringa um farrapo de compromisso com a verdade ou com a pluralidade de pontos de vista. Ponto final. Podemos passar para o próximo assunto? Grato. Continuemos.
Como já tratamos amplamente aqui, os poderosos usam dois pesos e duas medidas nos casos de “vazamento”, “grampo” ou qualquer obtenção de informação que ocorre naquela zona cinza entre o legal e o ilegal. Conforme a conveniência, enfocam-se na forma ou no conteúdo. Assim aconteceu com os dossiês dos aloprados petistas sobre a corrupção realmente existente no Ministério da Saúde de José Serra, do suposto, miraculoso e etéreo grampo sobre Gilmar Mendes e Demóstenes, e da quebra de sigilo da filha de Serra (cuja forma só importava até o momento em que apurou-se que foi tucano mesmo). Inacreditavelmente, aqui nos EUA, tanto o governo como o parlamento só reagiram à montanha de revelações do Wikileaks com ameaças pesadas contra Julian Assange e equipe. Sarah Palin, sem perder a chance de usar o episódio eleitoralmente contra Obama, sugeriu que os EUA "cacem Assange como a Bin Laden". Sobre o conteúdo dos documentos, nem um pio. Para isso, contaram com a sempre dócil imprensa norte-americana que, no pronunciamento de hoje de Hillary Clinton, não fez sequer uma única pergunta que tratasse do conteúdo das revelações.
E revelaram-se coisas para todos os gostos. Os EUA disseram à Eslovênia que lhe conseguiriam uma reunião com Obama caso os eslovenos aceitassem receber prisioneiros de Guantánamo, o que demonstra o tamanho da batata quente em que se transformou o campo de concentração paralegal [pdf] instalado por George W. Bush. Na Alemanha, os EUA ficaram em saia justa. Os vazamentos mostram tentativa de espionagem gringa sobre o Democratas Livres (liberais de centro-direita, uma espécie de DEM desagripinizado) e comentários feitos nos telegramas da embaixada se referem ao Chanceler alemão como “vaidoso e incompetente”. Hillary quis bisbilhotar o histórico de saúde mental da Presidenta argentina Cristina Fernández de Kirchner. Revelou-se que Israel fez lobby incessante, permanente por um (na certa irresponsável e catastrófico) ataque americano ao Irã, embora nem só de lobby sionista viva o interesse bélico anti-persa: também o rei saudita, confirmam os documentos do Wikileaks, fez pressão pelo ataque. Aliás, não são só os EUA que ficam mal na fita com esses cabos. Os governos árabes, com sua tradicional combinação de subserviência ante Israel e obscurantismo e truculência ante suas próprias populações, também receberam algumas boas lambadas com os vazamentos.
Até agora, as duas revelações sobre as quais valeria a pena um exame mais detido, pelo menos do ponto de vista brasileiro, são duas bombas: a primeira, a de que o estado espião e desrespeitoso da lei internacional, que se consolidou com Bush, foi mantido com o Departamento de Estado de Hillary sob Obama. A segunda é de que até os EUA sabiam que o golpe em Honduras, com o qual pelo menos setores de sua diplomacia colaboraram, era uma monstruosa ilegalidade. Leia o post completo e fique atento aos links
Por Luiz Carlos Azenha, do Vi o Mundo, com tradução do Coletivo de Tradutores Vila Vudu
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