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quarta-feira, 18 de dezembro de 2013

Os truques da edição jornalística da Globo - Parte 1/3

09/12/2013 - Alexandre Tambelli - GGN

Comentário ao post "Globonews e o professor Sami Dana, da FGV: o uso do ambiente leigo para o exercício da inveja acadêmica"

A verdade é uma só!

Nunca dê entrevista, nunca assista a Globo News e jamais acredite em nada  do que é veiculado neste canal e nem dê audiência para nada que seja vinculado às Organizações Globo.

Excetuando o caso do Sportv por uma questão de ser quem transmite eventos esportivos, como o Campeonato Brasileiro, e não temos como fugir da emissora, pela exclusividade da transmissão.
Tudo na Rede Globo é uma enorme farsa.

Vou repostar aqui meu texto: Os Truques da Edição Jornalística na Rede Globo.

Versão atualizada em 17/11/2013.

OS TRUQUES DA EDIÇÃO
JORNALÍSTICA NA REDE GLOBO
Parte 1

A seletividade da denúncia e da informação na Rede Globo sempre existiu. (Eu não assisto mais à Rede Globo - desde o final de 2009).

A grande mídia costuma informar sobre qualquer assunto segundo sua ótica (visão política ou interesses políticos) e ainda pode omitir informações, notícias relevantes, conforme o seu interesse.

As Organizações Globo representada pela TV GLOBO, Revista Época, Jornal O Globo, Portal G1, Rádio CBN, etc. faz parte da grande mídia e pode veicular matérias sobre uma notícia importante, por exemplo: o Mensalão.

Durante minutos seguidos, pode o seu telejornal, informar sobre os acusados e acusações do Processo e mostrar os detalhes do seu Julgamento pelo STF e ao mesmo tempo, pode negligenciar a informação de que existe outro Mensalão, anterior ao do PT e batizado de Mensalinho ou Mensalão do PSDB, um processo que não está tendo a mesma celeridade no STF.

A emissora veicula desde sempre notícias sobre o Mensalão aos seus telespectadores, ouvintes e leitores, trazendo informações básicas do seu surgimento, dos políticos envolvidos e das acusações.

Já sobre o Mensalinho, pouco ou nada noticia, pelo fato dos indiciados serem seus aliados políticos.

Veremos que as notícias veiculadas do Mensalão têm um viés mais de denúncias aos seus opositores do que de espaço para o equilíbrio entre a denúncia e o direito de defesa do sujeito que ela coloca como réu. Durante a enumeração dos truques de edição ficará clara esta afirmação.

Conforme a ideologia política um sujeito ou partido está mais a mercê de ser denunciado do que outro sujeito ou partido pela emissora dos “marinhos”. Mesmo que o primeiro seja honesto e o segundo seja, comprovadamente, corrupto.

É interessante, um best seller como A Privataria Tucana (livro que já vendeu mais de 120 mil exemplares - até 2012), do jornalista Amaury Ribeiro Jr, denunciando com provas robustas (vários documentos oficiais anexados) como foi uma parte do processo fraudulento das privatizações de empresas públicas no Governo FHC; e colocando até familiares do Político José Serra do PSDB (incluindo sua filha Verônica Serra) em maus-lençóis não mereceu sequer uma reportagem investigativa por parte da emissora ou de seus jornais, revistas, rádios e portal.

Nenhuma indignação, nem cobranças para a Justiça apurar se são verdadeiras as denúncias do livro. Nenhuma mudança de comportamento para com seu aliado político.

Somos diariamente levados a compreender o mundo de forma seletiva pela Rede Globo.

A informação que for do interesse das Organizações Globo divulgada será, e a que não for do seu interesse será omitida.

Muitas pessoas honestas têm suas reputações manchadas por uma simples necessidade de destruir os inimigos de suas ideias, ou para favorecer políticos que defendam seus interesses.

Além é claro de serem as Organizações Globo a porta-voz do capitalismo e das grandes potências mundiais, dos grandes grupos econômicos mundiais no Brasil.

Ela defende a ideologia do capitalismo central (o que não seria problema), se na sua defesa não se utilizasse de diferentes métodos ilegais, inclusive o da denúncia sem uma investigação precisa do que se acusa, da omissão de notícias ou da notícia apenas até a primeira página, da destruição de reputações de pessoas honestas e governos e governantes honestos, e até de posicionamentos antinacionalistas, etc. (Leiam na internet sobre a contenda Brasil X EUA sobre os subsídios americanos sobre o algodão e vejam como se posicionou as Organizações Globo).

É interessante observar um exemplo prático da destruição de reputação, o de Erenice Guerra [foto], ex-assessora da Presidenta Dilma Rousseff, para compreender o Jornalismo das Organizações Globo.

Erenice Guerra foi acusada de diferentes irregularidades em 2010, no exercício da função de Ministra da Casa Civil, após Dilma sair candidata à Presidenta.

Era na época da eleição presidencial, então a Revista Veja criou uma denúncia nem um pouco consistente de lobby e emprego de parentes no serviço público e as Organizações Globo repercutiram a notícia com toda a força, porque era uma maneira de privilegiar o candidato que a emissora simpatizava e ainda simpatiza: José Serra.

Um ano e sete meses após as denúncias, o MPF - Ministério Público Federal - arquiva o Processo contra a ex-ministra por total falta de provas! E onde está a retratação pública para com a ex-ministra Erenice, por parte das Organizações Globo?

Caso semelhante ocorreu com o ex-ministro dos Esportes Orlando Silva [foto] que foi, também, absolvido pelo MPF das denúncias que pululavam no noticiário da Rede Globo e associadas no ano retrasado.

A mola mestra das denúncias que fez com que a Presidenta Dilma trocasse Ministros nos seus meses iniciais de mandato era desestabilizar seu Governo e não uma batalha anticorrupção.

Aliás, a corrupção dos seus aliados políticos é jogada para baixo do pano! Como exemplo temos o escândalo da inspeção veicular, sabem aquele selo que fomos obrigados a colocar no carro?

Houve um grande escândalo de corrupção, na realização dessa inspeção, envolvendo políticos do Rio Grande do Norte e de São Paulo, incluindo o subchefe de gabinete da Casa Civil de José Serra, quando ele foi Governador do Estado de São Paulo, chamado João Faustino.

O subchefe de gabinete da Casa Civil de José Serra foi até preso junto com outros aliados políticos, na Operação da Polícia Federal Sinal Fechado por causa da “controlar” e foi omitida a informação da íntima ligação do preso com seu aliado político, por parte da TV Globo.

(Coloque essas duas palavras e leia mais a respeito: “escândalo controlar”; e muitos outros casos).

Viram a diferença de tratamento dado a Erenice e ao João Faustino pela Rede Globo?

Quem ouviu falar de João Faustino [foto] subchefe da casa Civil do Serra? Preso pela Polícia Federal? Se ouviu ou leu o nome dele em algum veículo de mídia das Organizações Globo, soube que era intimamente ligado a José Serra e que coordenou sua campanha para as eleições de 2010 no Nordeste?

Sobre a Erenice todo mundo ouviu falar, só que esta foi absolvida por falta de provas. Os dois trabalhavam na Casa Civil, ela no Governo Federal e o João Faustino no Estado de São Paulo.

A informação do “escândalo da controlar” tivemos com detalhes, através da internet, em blogs de Jornalistas, que não mais fazem parte desse círculo fechado, que seleciona as informações a serem noticiadas e que podemos chamar de “grande mídia” ou “velha mídia”, como queiram, da qual as Organizações Globo é a mais forte representante.

Para este processo de ora informar ou ora desinformar, de informar até a primeira página ou de omitir a informação, de acusar uma pessoa sem provas consistentes, manchando sua reputação a emissora dos “marinhos” [foto] possui diferentes técnicas (truques jornalísticos).

Acabei listando um conjunto delas, técnicas que fui observando ao longo dos anos, ao assistir seus telejornais, até o final de 2009, quando definitivamente, abandonei quase por completo, a relação com as Organizações Globo em Jornal, Revista, Rádio, TV e Internet, excetuando a área esportiva, quando da falta de outra opção em assistir um evento esportivo; pelo desrespeito dela para com a informação a mais precisa possível, sem a seletividade da informação e pela parcialidade e viés da notícia.

Métodos básicos, que sempre assisti nos seus telejornais (lembrando-me, de memória, do tempo em que assistia com meu pai, já falecido, em locais públicos, onde acabo assistindo porque está a TV ligada no canal e em vídeos, imagens e notícias postadas por críticos da emissora na internet):

1. Seleção.
Corrupção no Governo, hospitais públicos com pessoas em leitos nos corredores, obras superfaturadas, etc. existem, quase sempre, nos Governos que ela não apoia.

Os telejornais da Rede Globo selecionam os estados ou cidades das matérias.


Quanto mais perto das eleições mais evidente fica este modo de agir.

Elogios são, na maioria das vezes, para administrações do DEM, PSDB, PPS e demais opositores do Governo Federal.

Quase toda reportagem negativa está situada em um Estado ou cidade governado por quem ela não apoia ou na técnica de mostrar problemas em obras ou estabelecimentos “FEDERAIS” no Estado ou cidade oposicionista.

Por que nos federais? Porque ela é opositora às ideias do PT e oposição ao(s) seu(s) Governo(s).

Na eleição de 2010, vendo o Jornal Nacional, próximo da época do voto, observei uma reportagem, apontando problemas na separação do lixo hospitalar no Hospital São Paulo da capital paulista, ele é administrado pelo Governo federal, pois, pertence à Unifesp - Universidade Federal de São Paulo.

Fica a impressão de que a Rede Globo faz reportagens investigativas, denúncias em todos os estados e que só se encontram erros em obras e estabelecimentos do Governo Federal no Estado de São Paulo. (ver 1***)

1.1. Seleção do comentarista
Todo comentarista e especialista defende a mesma posição. A emissora tem um grupo de pessoas, que revezam nos seus microfones. Eles aparecem umas 8, 10 vezes ao ano, para dar uma disfarçada. No Jornal Nacional, de vez em quando via um Economista, homem de estatura média para alta, utilizava óculos, cabelo branco, peso normal e fala mansa. Vinha para dar respaldo a toda tese econômica da emissora.

1.2. Seleção da pergunta
Todo apresentador e repórter tem um tipo de pergunta e de atitude para com o entrevistado. Se for seu aliado, ameniza todas as críticas e faz perguntas para “encher a sua bola”. Se tiver outro pensamento político, aterroriza nas perguntas, não dá trégua ao entrevistado e busca emparedá-lo.

Em 2010. É só lembrar o tratamento dado pelo JN e seus apresentadores, nas entrevistas da campanha eleitoral.

A DILMA quase foi fuzilada pelo apresentador e o SERRA parecia íntimo da casa.

Ficou célebre a chamada que a Fátima Bernardes deu no Willian Bonner pela indelicadeza no tratamento de Bonner para com Dilma, vi na internet no dia seguinte ao ocorrido - foi quase um fuzilamento da, então, candidata, perante seus telespectadores. (ver 2***)

1.3. Seleção do momento de exposição
Alguns políticos, opositores às ideias da emissora, tem vez e voz na Rede Globo, em determinados momentos.

Se surgir uma denúncia contra o Governo Federal, um político da extrema-esquerda pode ser entrevistado, para falar mal do Governo. Não para expor suas ideias, estas não possuem espaço nos microfones da emissora.

Se for útil, em determinado momento, a exposição de um político e suas ideias, de um movimento social contrário às suas ideias, a emissora aceita sua presença diante de seus microfones, e depois, ao bel-prazer a emissora colocará o político ou o movimento social em total descrédito, como é o caso do MST, que, do nada, ficou respeitado e conhecido no Brasil todo, por uma novela e foi para as páginas policiais da emissora algum tempo depois.

Como é o caso da Marina Silva [E] e da Heloísa Helena [D], espécies de “quarentena” da emissora para atacar seus opositores, por terem saído do PT, seus adversários máximos, segundo a lógica da emissora.

Quando precisaram delas para atacar o Governo LULA foi só tirá-las da quarentena e colocar na caixa de entrada. Depois, foi só jogá-las na quarentena novamente.

Marina Silva, que teve até suas ideias políticas veiculadas, para tirar votos de Dilma Rousseff em 2010 e parece que querem traze-la para a caixa de entrada, por causa das eleições presidenciais de 2014. (ver 3***)

1.4. Seleção do entrevistado comum (Dissociação)
Este truque consiste em dissociar a matéria dos entrevistados comuns, por motivos ideológicos.

Um exemplo típico foi quando morreu o Cazuza. No enterro dele, escolheram senhoras, senhor e até criança para falar sobre a morte do Cazuza.

O interessante é que as pessoas escolhidas não pareciam em nada com o espírito contestador e rebelde do cantor e optou-se, apenas em falar da batalha pela vida, por causa da AIDS.

Eles foram escolhidos a dedo, porque falar da Rebeldia de Cazuza e de sua homossexualidade, dizendo o que realmente importava sobre o cantor e suas posições político-ideológicas, não se encaixaria nos interesses globais.

Nem na vestimenta, nem na fala, nem na intimidade, entrevistado e personagem da reportagem se pareciam. (ver 4***)

1.5. Seleção das imagens favoráveis e desfavoráveis
É comum, em período eleitoral destaca-se.

Ouviram falar do debate para Presidente entre Collor e do Lula em 1989? A emissora editou a matéria sobre o debate. Filtrou cenas favoráveis ao Collor e desfavoráveis ao Lula para exibir no Jornal Nacional, na véspera da eleição. (ver 5***)

1.6. Seleção de dados estatísticos desfavoráveis e omissão dos favoráveis
É comum na emissora, diante de informações econômicas, sociais, estatísticas do IBGE, do IPEA, da FGV, do DIEESE, etc. a escolha de índices desfavoráveis no meio de índices favoráveis para divulgar.

A emissora sempre opta por divulgar o índice desfavorável, mesmo no meio de inúmeros índices favoráveis.

Por exemplo: a inflação cai para 0,39% no mês X abaixando quase meio ponto percentual em relação ao mês anterior e com uma tendência de manter a queda nos próximos meses.

Quem acompanha, minimamente, as notícias de Economia sabe que o Governo estipula uma meta de inflação anual. Como o índice de 0,39% do mês X, mantêm a inflação anual próxima da meta, a emissora noticia assim: - apesar da queda do percentual no mês X a inflação continua próxima da meta estipulada pelo Governo.

A Rede Globo não vai citar/valorizar a tendência de queda dos próximos meses.

Ou ainda: imaginemos dois dados estatísticos associados: criação de emprego com carteira assinada no mês X foi num total de 100 mil batendo o recorde desde que se iniciou a medição no ano Y.

O ganho salarial médio do trabalhador no mês X caiu 0,1%. Advinha qual é a manchete do seu telejornal? - O ganho salarial médio do trabalhador caiu 0,1% no mês X.

1.7. Seleção ou omissão da fisionomia de um acusado / corrupto / ladrão / homicida
É uma técnica que consiste em não mostrar o rosto, o corpo, a vestimenta de um acusado ou corrupto ou ladrão, quando este possui um perfil da classe social à qual a emissora representa. Noticiasse uma ocorrência e omitisse a imagem de quem está envolvido.

Observemos que, quase sempre, os acusados ou corruptos ou ladrões que a Rede Globo mostra a imagem / fotografia / entrevista, tem estes estereótipos: não são brancos, têm rosto com espinhas, com marcas outras, barba por fazer, cabelos compridos ou carecas, são magros demais ou gordos, não possuem a aparência e o corpo saudável e não estão bem vestidos, de terno e gravata.

Branco, ascendência europeia a imagem/fotografia, certamente, será omitida e a entrevista do acusado ou corrupto ou ladrão ou homicida se edita a imagem para evitar mostrar o acusado ou corrupto ou ladrão ou homicida.

É claro que se for inimigo político da emissora este truque deixa-se de lado.

Quase sempre os acusados ou corruptos ou ladrões ou homicidas que têm imagem/fotografia revelados ou são entrevistados são de classes sociais menos abastadas, muitos são negros ou mestiços ou orientais ou latinos ou indígenas, etc.

Existe uma predileção por mostrar imagens de pessoas ligadas a pequenos delitos, roubos à mão-armada, a atos de violência física, etc. em detrimento de imagens de pessoas ligadas a crimes de colarinho branco.

O corruptor, o que promove delitos financeiros, golpes na praça se for mostrada sua imagem na tela terá o estereótipo de um perfil diferente da classe social a quem a emissora representa.

O grande corruptor ligado a bancos, empreiteiras, grandes empresas não vai ter sua imagem/foto revelada e, talvez, nem será notícia, apenas se estiver contrariando seus interesses particulares.

Pobre e negro acabam associados a ilicitudes. Branco com ascendência europeia acaba associado à correção dos atos.

Nesse processo de seleção da imagem de pessoas podemos encontrar um truque interessante.

1.7.1. Seleção de um entre diversos indivíduos
É a escolha entre um grupo de pessoas daquela pessoa que menos se parece com a classe social que a emissora representa e menos se parece com o perfil médio das pessoas que trabalham frente à tela da Rede Globo: apresentadores, jornalistas e artistas, pessoas que ditam a moda, a imagem padronizada de indivíduo que a emissora julga ser a correta para o seu telespectador buscar.

Então, se tenho, por exemplo, vários delegados presos por corrupção, para sacramentar que corrupção é uma anomalia social eu escolho o delegado mais desajeitado e fora do padrão global de tipo físico ideal para mostrar a imagem/fotografia e tentar, conseguindo ou não, uma entrevista.

Parece que o padrão do acusado / corrupto / ladrão é sempre de outra classe social, que a emissora não representa. E que os delegados corruptos, também, não pertencem.

A corrupção é dos outros.

É a criação de estereótipos uma marca registrada da emissora dos “marinhos”.

1.8. Seleção vocabular
É a seleção das palavras para tratar uma notícia a ser veiculada pela Rede Globo.

Pode-se utilizar uma linguagem menos polida ou mais polida conforme a situação prática.

Por exemplo: imaginemos que jovens saiam para protestar por Reforma Agrária e ocupem as estradas do País, eles podem ser chamados de “jovens baderneiros”.

Imaginemos agora que jovens de classe média e média alta saiam para protestar nas ruas contra a corrupção, eles serão chamados de “jovens idealistas”.

Conforme a reivindicação de trabalhadores, de empresários, conforme o apoio ou não da emissora, conforme a ideologia e o público do protesto, conforme os políticos que são cobrados no protesto a linguagem alterna entre o não polimento e o polimento da escolha vocabular. Sempre buscando levar a opinião pública a ser favorável a um lado: o lado da TV dos “marinhos”.

Outro valioso exemplo é o escândalo de corrupção envolvendo Governos do PSDB de São Paulo e as licitações do Metrô, fraudes bilionárias e que duram quase 20 anos.

Por serem denúncias contra partido aliado e aliados políticos da Rede Globo não se usa o termo corrupção no governo do PSDB, mas sim: cartel de empresas. O Governador não é corrupto e sim, vítima.

2. Omissão
Quando existe uma denúncia grave de corrupção no Governo, seu aliado, diz-se o nome do denunciado, mas se evita falar a sigla partidária; ou simplesmente, ignora-se o fato. E ainda, se acusam envolvidos, o Governante é poupado; já na corrupção dos seus opositores, o Governante opositor, tem partido e é suspeito de prevaricação.

Certo dia no Jornal local da noite, assisti no médico, uma reportagem com um Prefeito que recebia propina, onde o apresentador fez questão de falar o nome do partido do Prefeito: PMDB.

PMDB - aliado do Governo Federal; PSDB - oposição. (ver 6***)

Obras inauguradas da oposição têm partido, belas imagens, sorrisos e discurso, vide a reportagem de inauguração de trecho do Rodoanel no Jornal Nacional (ver 7***).

Quando é do Governo federal geralmente as Organizações Globo não anunciam, como foi o caso da criação do SAMU 2003, em que mostraram o LULA em uma fábrica automotiva do ABCD paulista discursando, mas não disseram o que ele tinha ido fazer lá: criar o SAMU.

Ou no caso da inauguração em SUAPE, Pernambuco, do Petroleiro Almirante Negro, um momento histórico de recuperação da Indústria Naval brasileira, que não foi motivo de reportagem para a Rede Globo.

2.1. Ocultação
Quando surge uma denúncia de corrupção contra os aliados políticos da emissora envolvendo diferentes pessoas, dá-se a notícia, mas não se informa o nome de todos os envolvidos, se omite por completo o nome do político, geralmente, o mais famoso do grupo, o que nomeou o chefe da corrupção, ou que a corrupção aconteceu em sua Secretaria / Ministério e até se omite o nome de outras pessoas.

No caso da máfia dos fiscais da Prefeitura de São Paulo descobertos numa fraude praticada contra o ISS paulistano, que pode chegar aos 500 milhões de reais, não foi citado o nome do político amigo da emissora: José Serra do PSDB (partido mais amigo da emissora), que nomeou Mauro Ricardo para ser Secretário das Finanças em 2005, da cidade de São Paulo e que ficou no cargo até o final do mandato de Kassab em 2012.

Mauro Ricardo [foto à esq] que já trabalhou com José Serra em outras administrações, atualmente foi indicado pelo Político José Serra para ser Secretário de Finanças da cidade de Salvador, cujo Prefeito eleito em 2012 é o Antonio Carlos Magalhães Neto, outro político aliado da emissora.

Interessante é notar que só depois de alguns dias, quando todo mundo está ouvindo falar da pessoa, o nome do Ex-secretário de Finanças Mauro Ricardo aparece no noticiário das Organizações Globo, claro, que preservando o nome de seu aliado Político que o indicou para o cargo.

Não se está dizendo que José Serra tenha ligação com a fraude, mas, ético seria, num Jornalismo com precisão da informação e isento dizer que a nomeação do Secretário de Finanças da cidade de São Paulo, ocupante do cargo de Secretário da pasta, onde ocorre esta enorme fraude, se deu por
intermédio de seu aliado Político.

Por que ocultar o nome de José Serra e não dizer que o ex-secretário e José Serra trabalharam juntos em outras administrações? Porque José Serra é um dos principais aliados políticos da emissora dos marinhos.

3. Edição
Escolha de imagens para ilustrar um ponto de vista da emissora. Subjetividade e propaganda subliminar. A técnica dessa emissora é apurada.

Lembro-me da eleição de 1989, onde, na véspera da eleição, colocaram a imagem do COLLOR sentado em uma poltrona de couro, dentro de uma biblioteca, lendo um livro; e colocaram a imagem do LULA jogando bola na rua com o filho.

Mais editado impossível, aquele era homem culto, preparado, este, um ignorante, que ocupa seu tempo livre jogando bola e pouco preocupado com o cargo que pleiteava de Presidente da República. (ver 8***)

Na última eleição presidencial, calhou de estar na padaria comendo pizza, bem na hora do JN. E era uns três dias antes da eleição. Outra edição.

Aparecia a DILMA toda suada em cima de uma caminhonete, de baixo de um sol enorme - parecia uma pessoa desesperada a caça de votos; enquanto isso o SERRA aparecia numa moderna sala de reuniões, discutindo "questões importantes" com uma bela assessora, se não falha a memória, sobre o escândalo da licitação combinada do metrô da cidade de São Paulo.

Moral da história, idêntica a de COLLOR e de LULA - o SERRA com a imagem de quem decide as coisas, um homem preparado, sábio e sanando questões de corrupção; a DILMA, em desespero, buscando um último suspiro para ganhar alguns votos, uma candidata derrotada.

Vídeos demonstrativos:

1*** http://www.youtube.com/watch?v=cGSaPQH63aw

Nesta matéria existem diferente cidades citadas. Ênfase para duas, maiores. Aracaju - SE, administrada pelo PCdoB até 2012. E São Paulo, onde foram checados 5 hospitais e 1 deles o da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) encontrou-se problemas. O detalhe é para a ênfase de que o hospital é da Unifesp. Moral: termina a reportagem com a valorização da reportagem / denúncia, onde a Prefeitura de Aracaju diz que irá tomar providências.

(Na matéria condensada do Jornal Nacional a ênfase era para o Hospital São Paulo).

2*** Seleção das perguntas para SERRA e para DILMA. Tentei encontrar a entrevista mais radical, onde a Fátima Bernardes teve de intervir. Pena não ter encontrado.

3*** Heloisa Helena, no Jornal Nacional. Seria legal fazer uma retrospectiva das aparições de Heloísa Helena nos Jornais da Rede Globo e ver a quantidade de vezes que ela foi entrevistada, apenas para falar mal do PT e/ou de seus políticos.

4*** É possível fazer uma cobertura da morte do Cazuza sem entrevistar um “fã de carteirinha”? Veja como é possível, no link abaixo:

http://www.youtube.com/watch?v=mgrUhK-exGc&feature=relmfu

5*** Debate entre Collor X Lula. (Não encontrei o vídeo) A edição do Jornal Nacional é um clássico do Jornalismo parcial da emissora.

6*** Vídeos: um com omissão e outro com citação do partido político. Seria legal observar no dia a dia este detalhe. Será fácil subsidiar a técnica que apontei.

7*** Aqui aparece o SERRA discursando para a plateia. Diz-se que a obra foi inaugurada sem estar totalmente pronta, mas termina a reportagem com um motorista de carro que diz que tem que inaugurar logo o Rodoanel, para diminuir o trânsito de caminhões na cidade.

Moral: Mesmo não estando, totalmente pronta, a Rede Globo tenta incutir a ideia de que era vantajoso entregar a obra inconclusa.

http://www.youtube.com/watch?v=hU07YA5lInM

Se fosse um político opositor às suas ideias, certamente, a reportagem seria sobre os perigos de se entregar uma obra viária inconclusa, onde carros com pessoas trafegam.

8*** Edição JN 1989 - Lula e Collor e 2010 Dilma e Serra. Pena não encontrar o vídeo. Mais ilustrativo impossível.


Amanhã publicaremos a 2a. Parte

Fonte:
http://jornalggn.com.br/noticia/os-truques-da-edicao-jornalistica-da-globo?page=1

Nota:
A inserção das imagens, quase todas capturadas do Google Images, são de nossa responsabilidade, pois inexistem no texto original.

quinta-feira, 15 de agosto de 2013

Corruptores também financiam "ONGs da honestidade"

13/08/2013 - Siemens e Alstom patrocinam o Instituto Ethos
- Fernando Brito - Tijolaço


Curiosamente, as empresas que estão envolvidas em escândalos de propina no Metrô de São Paulo patrocinam a entidade que visa combater "utilização do tráfico de influência e o oferecimento ou o recebimento de suborno ou propina por parte de qualquer pessoa ou entidade pública ou privada"; organização participará ainda do Movimento Transparência, a convite de Alckmin, para apurar as investigações sobre o caso, mas nega conflito de interesses.

247 - No olho do furacão de denúncias sobre propina a políticos para favorecimento em licitações de grandes obras no Brasil, as multinacionais alemã Siemens e francesa Alstom patrocinam nada menos que o Instituto Ethos.

A organização, segundo ela própria, visa combater "a utilização do tráfico de influência e o oferecimento ou o recebimento de suborno ou propina por parte de qualquer pessoa ou entidade pública ou privada". O fato foi lembrado pelo blog Tijolaço, de Fernando Brito.

Fonte acima:
http://por1novobrasil.blogspot.com.br/2013/08/tijolaco-siemens-e-alstom-patrocinam-o.html

Leia o post abaixo:
A ética da jabuticaba: Siemens e Alstom patrocinam o Ethos

O nosso país não é uma maravilha...

A Siemens e a Alstom, duas campeãs mundiais no pagamento de suborno (clique aqui e aqui para ver o currículo global de suborno de cada uma) patrocinam, no Brasil, ninguém menos que o Instituto Ethos, uma organização que tem como objetivo, diz ela, combater "a utilização do tráfico de influência e o oferecimento ou o recebimento de suborno ou propina por parte de qualquer pessoa ou entidade pública ou privada".

E o Ethos, convidado pelo Governador Geraldo Alckmin, vai integrar a "Comissão Pró-Transparência" do escândalo do metrô e dos trens paulistas superfaturados com a Siemens e a Alstom!

Jabuticabas, por favor!

O vice-presidente do Ethos, Paulo Itacarambi, disse não haver conflito de interesses no fato de ser patrocinado pelas duas empresas.

E disse à Folha que recebe 'apenas" R$ 18 mil e R$ 14 mil ao ano da Alston e da Siemens, respectivamente. Não é verdade.

Só a Siemens destinou US$ 3 milhões para um dos projetos do Ethos, os "Jogos Limpos".

Não foi o Banco Mundial que selecionou os projetos aos quais seria destinado dinheiro das sanções sofridas pela empresa por corrupção. O Banco Mundial apenas acompanha, com direito de veto, a escolha dos programas.

A Alstom também não é uma mera sócia contribuinte. Foi, ao lado da Siemens e de outras empresas, a patrocinadora, pasmem da edição de uma revista sobre responsabilidade das empresas em relação às eleições.

Aliás, como organizador do Pacto Empresarial pela Integridade e contra a Corrupção, o Ethos também não sabia das condenações da Siemens e da Alstom por distribuírem propina a rodo, mundo afora e das denúncias aqui e convidou as raposas para tomarem conta do galinheiro?

Parece que o pessoal do Ethos é tão desentendido como o Alckmin, que não sabia de nada e se deparou com 45 investigações do Ministério público Estadual.

A ética da jabuticaba lembra aquela história do mafioso que mandava matar e levava flores ao enterro.

Aqui, roubam e com um trocado deste dinheiro financiam as ONGs da "honestidade".

E ainda é dedutível no Imposto de Renda!

Fonte:
http://www.tijolaco.com.br/index.php/a-etica-da-jabuticaba-siemens-e-alstom-patrocinam-o-ethos/

domingo, 11 de agosto de 2013

"EU NÃO. EU SOU DEUS"




Laerte Braga



Quando o ex-presidente Fernando Henrique diz que “o PSDB não é farinha do mesmo saco”, não estava querendo defender o partido. Isso é o que pode parece à primeira vista. Estava defendendo a si, largando os “amigos” (não tem, tem cumplices) na chuva e cuidando de sua própria pele.

É deus, privatizou o mundo em seis dias e depois foi a Camp David passar o sétimo com Bil Clinton onde recebeu a mala pelos serviços prestados.

O que está dizendo é que não o confundam com Serra, com Alkmin, com Aécio, com Álvaro Dias, com Portelinha, Azeredo e toda a corja. Ele não. É deus e está acima do bem e do mal. O que fez não importa se eivado de corrupção, importa que ele é “deus”.

Parênteses.

No caso de Aécio estar no PSDB é falta de vergonha na cara, ou já está num estado de depauperação mental irrecuperável. Tancredo tinha horror de FHC.

Fernando Henrique percebeu a gravidade do caso do metrô paulista e sente o cheiro da podridão que exala da REDE GLOBO, donde podem surgir segredos aterradores do seu governo, falo da sonegação fiscal de 600 milhões.

A GLOBO sempre foi fétida, só que agora o cheiro está chegando com insuportável odor às ruas.

São as duas grandes questões pontuais que vive o País nesse momento e são elas que devem fazer parte de qualquer bandeira de protesto, onde quer que se vá. no território nacional, ao lado das grandes causas,  a Constituinte Popular, por exemplo. São produtos da podridão e da falência do Estado desde a época da ditadura militar.

Um corpo corroído muito mais pelos corruptores, principais acionistas desse Estado (bancos, grandes empresas, latifúndio, templários evangélicos, que pela corrupção, que é consequência (a bancada evangélica é uma espécie de ordem dos templários da Idade Média, mas caricata, latifúndios são pistoleiros do velho oeste e banqueiros e grandes empresários são a OPUS DEI).

O sistema político eleitoral brasileiro permite que os corruptores elejam e mantenham a maioria das casas legislativas, prefeituras, esse adereço desnecessário câmaras municipais, governos estaduais, assembleias e as duas casas legislativas nacionais, uma delas a chamada representação popular, a Câmara dos Deputados e a outra, outro adereço desnecessário, o Senado, representação dos estados de uma federação que não existe exceto no papel.

 Nosso sistema judiciário é uma teia de não resolve nada e isso é proposital. Quem vai ter peito de encarar o mea culpa no erro do “mensalão? Todo o arcabouço do Estado brasileiro guarda consigo “preciosidades” do Brasil colônia, do Brasil império e das várias “repúblicas” que tivemos ao longo de nossa História, mas sempre sob o controle das elites econômicas. O caráter democrático,  que é também o caráter humano que deveria prevalecer não existe.

E aí, entra FHC, como entra o grupo GLOBO, como entram os que compram e se beneficiam do que na verdade é a diferença de classes, que por sua vez nos remete à luta de classes, necessária e fundamental para a construção de um Estado democrático. Aquele em que o trabalhador decide ao invés de ser alvo de gás lacrimogênio ou gás de pimenta, além da borduna da excrescência Policia Militar, outra “preciosidade” que trouxeram de antanhos.

Neste momento temos o que se chama de “condições objetivas” para buscar mudanças estruturais indispensáveis, a não ser que queiramos aceitar o papel de zumbis em função dos interesses dos donos. Não mudanças totais, plenas, mas portas para a construção de um futuro socialista.

No Brasil e em quase todos os países, há um problema complicado. Classe média. Come arroz e feijão, deve horrores ao banco para ter carro do ano e arrota maionese. Pior, lê VEJA e acha que o JORNAL NACIONAL é o ponto de referência da verdade absoluta. Extasia-se com o ET de Varginha.

No caso específico de FHC um safardana de grande porte, amoral, logo destituído de qualquer principio e que em sua versão fumante de charuto cubano acredita que tudo é obra dele.

E que numa frase, como a que disse, falou para fora uma coisa, falou para dentro outra coisa, até porque se chegarem a ele respingos desse processo do metrô, da GLOBO, o risco de retaliação é imenso. É detentor de segredos desde alcovas a gabinetes escuros e sombrios como aqueles que Drácula usa e não vai ter escrúpulos em esgrimá-los a seu favor.

É característica do amoral.

Foi o que ele quis dizer.

“EU NÃO. EU SOU DEUS”.

O PSDB não é farinha do mesmo saco só, é um tipo de farinha predadora e que ao invés de alimentar devora.


Publicado orignalmente no Site Redecastorphoto.

sexta-feira, 9 de agosto de 2013

Sinais vitais preservados


Por Luciano Martins Costa em 08/08/2013 na edição 758

Comentário para o programa radiofônico do Observatório, 8/8/2013

     
Os principais jornais de circulação nacional parecem revigorados na quinta-feira (8/8), mas não se pode afirmar se por méritos próprios ou por imposição dos fatos. Algumas decisões editoriais apontam para mudanças que já haviam sido notadas por outros observadores, por exemplo, no registro de que a Folha de S.Paulo e O Estado de S.Paulo davam sinais de ter desembarcado do apoio incondicional ao partido que governa os paulistas há quase duas décadas (ver “Tucanos começam a ser abandonados”).

Outras escolhas parecem indicar que a imprensa tradicional está sendo obrigada a ampliar a diversidade de interpretações que costuma oferecer aos seus leitores sobre o cotidiano, com a emergência de novas fontes de informações e opiniões no ambiente digital.

Na Folha, surpreende a decisão de inserir o nome do ex-governador José Serra no meio do escândalo detonado pela revelação de que um cartel de empresas comandou as obras do sistema de metrô e trens metropolitanos em São Paulo.

Embora, acertadamente, o jornal tenha oferecido ao ex-governador um espaço generoso para suas explicações, “bondade” que nem sempre contemplou outros personagens de histórias pouco edificantes, sua citação como tendo proposto um acerto entre a alemã Siemens e a espanhola Construcciones y Auxiliar de Ferrocarriles, fornecedoras de trens e equipamentos, para resolver uma licitação, é fato inusitado.

Nesse mesmo assunto, também surpreende a disposição do Estado de S.Paulo de buscar novos elementos informativos em fontes diversas, revelando, por exemplo, como funcionou o sistema de pagamento de propina por parte da francesa Alstom, também envolvida no escândalo, a integrantes do governo paulista e do PSDB. Na parte do esquema que tem a Siemens como epicentro, o Estado revela a existência de conta bancária na Suíça, por meio da qual teriam sido feitos pagamentos a diretores da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos entre 2001 e 2002.

O Globo segue de longe o caso que lança os tucanos paulistas no inferno astral, mas se destaca em outros temas, como nos dados sobre a queda da inflação, assumindo que a menor alta em três anos, para o mês de julho, remete o custo de vida de volta à meta do governo federal.

Interessante observar também que o jornal carioca destaca o fato de que as manifestações de junho foram determinantes para a queda dos indicadores, porque obrigaram muitas prefeituras a congelar as tarifas de transporte público, o que produziu um efeito significativo no resultado geral.

Respirando sem aparelhos

Há algo de surpreendente num dia como este, em que as edições dos três principais jornais do país parecem oferecer uma visão mais diversificada da realidade nacional, depois de haverem se dedicado, semana após semana, a incutir na população o veneno do catastrofismo, com manchetes negativas sobre a economia, e após terem produzido uma sucessão de reportagens e artigos tentando vincular o atual governo à insatisfação das ruas.

Teriam os editores dos jornais sofrido uma crise de consciência, após o confronto entre a visão tradicional da imprensa e a perspectiva da multiparcialidade, inserida nos debates públicos por entrevistas dos jovens do Mídia Ninja natelevisão?

Muito improvável. O que parece mais verossímil é uma conjunção de elementos que podem ser coletados nos próprios jornais.

Primeiro, a decisão dos diretórios do PSDB de sacramentar a candidatura do senador mineiro Aécio Neves à Presidência da República no ano que vem passa a exigir de seus correligionários – em especial aqueles colocados em postos importantes da imprensa – uma ação política objetiva. Nesse sentido, é mais conveniente acelerar a apuração do escândalo que envolve o PSDB paulista, ao contrário do que ocorreu no caso do chamado “mensalão”, que foi deliberadamente arrastado como um cadáver insepulto por pelo menos cinco anos.

Segundo, considere-se o soluço dos preços, que a imprensa tentou transformar em inflação galopante e até em “carestia” – expressão absolutamente inapropriada para a situação econômica do Brasil –, propalada pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e pelo senador Neves e exaustivamente repetida por jornais e revistas entre abril e junho. Analistas prestigiados pela imprensa tradicional vêm dizendo que a oscilação dos preços faz parte do contexto comum aos mercados emergentes, e que nada indica o risco de uma volta da inflação.

Em terceiro lugar, observe-se que, no caso do escândalo que afeta o núcleo fundador do principal partido de oposição ao governo federal, há sinais claros da ocorrência de “fogo amigo”, ou seja, parte das informações que chegam aos jornais tem origem no próprio PSDB.

Muito mais se poderia dizer, e a complexidade dos fatos desautoriza especulações, mas na quinta-feira, 8 de agosto, o jornalismo parece estar respirando sem ajuda de aparelhos.

Fonte: http://www.observatoriodaimprensa.com.br/news/view/sinais_vitais_preservados

segunda-feira, 22 de abril de 2013

Corrupção e poder

13/04/2013 - O poder e sua maldição - Mauro Santayana em seu blog

(JB) - Desde que a história do poder começou a ser escrita, dela tem sido inseparável o registro da corrupção.

Contra a corrupção do poder, Savonarola [E], sugeriu um governo de santos.

Platão [D] um governo de sábios austeros.

Em uma de suas famosas cartas, algumas tidas como apócrifas, ele fala da perversão do poder pelo hedonismo em Siracusa – ele que fora mal sucedido conselheiro de dois de seus tiranos, Dione e Dionísio.

Pôde entender Platão que uma coisa são as idéias, outras, os homens.

Savonarola é o modelo de todos os combatentes da corrupção na História.

Coube-lhe opor-se ao mais corrupto e corruptor de todos os papas, Rodrigo Borgia, que ocupou o trono com o nome de Alexandre VI [ao lado].

O frade dominicano desafiou o papado e soube esquivar-se da astúcia do Pontífice, que lhe ofereceu tudo, até mesmo o chapéu cardinalício, com o propósito de retirá-lo da Toscana, onde se sentia seguro.

O monge acabou sendo vencido pelas armas, preso, julgado e condenado à morte [na fogueira, em Florença].

Naquele episódio, e em outros, Mamon, o deus do papa, se sobrepôs ao Cristo, de Savonarola.

Ainda agora se revela, pelo Wikileaks, que o considerou natural a repressão no Chile de Pinochet, e exagerada a reação mundial, provocada pelas forças de esquerda, contra o golpe.

A morte de Mme. Thatcher convida a uma viagem pela geografia da corrupção por excelência.

Provavelmente não se conheça, em toda a História, processo mais extenso e mais profundo de corrupção da política pelo poder financeiro do que o eixo entre Washington, com Reagan, Londres, com a dama de ferro [D], e o Vaticano, com Wojtyla [E], no início dos 80.

Convenhamos que os que os corromperam souberam fazê-lo.

Na conspiração, que se selou em encontro na Biblioteca do Vaticano, Reagan e Wojtyla - em menos de uma hora - com a presença de Alexander Haig, acertaram os movimentos coordenados para destruir o sistema socialista, acabar com o estado de bem-estar social no resto do mundo e globalizar o sistema econômico mundial.

Nenhum dos três seria capaz de engenhar o plano, que – tudo indica – lhes foi entregue pelo Clube de Bilderbeg.

É conveniente registrar que não tiveram muitas dificuldades na União Soviética [foto Gorbatchev e Reagan], cujos burocratas, seduzidos pelo “doce charme da burguesia”, sonhavam com a vida faustosa dos executivos norte-americanos e ingleses.

E dificuldades ainda menores nos países em desenvolvimento, alguns deles, como o Brasil, com recursos internos que lhes permitiam resistir à desnacionalização de sua economia.

Como se sabe, ocorreu o contrário, com a embasbacada adesão dos dois Fernandos [Collor e Henrique Cardoso] ao Consenso de Washington.

O resultado do processo está aí, com o desmoronamento da economia européia, o avanço da pobreza pelos países centrais, e a corrupção, alimentada pelo sistema neoliberal, grassando pelo planeta inteiro.

Os maiores bancos do mundo exercem diretamente o poder político em alguns países, como o Goldman Sachs o exerceu na Itália, com Mario Monti e Papademus, na Grécia, até as eleições.

Goldman [Sachs] você ganhou - Gregos vocês perderam
Isso sem falar no Banco Central Europeu, sob o comando de Mario Draghi, também do mesmo banco.

No passado, os Estados intervinham no sistema financeiro, para controlá-lo e proteger os cidadãos; hoje, os bancos intervêm nos Estados, com o propósito de garantir seus lucros, o parasitismo dos rentistas e as milionárias remunerações de seus “executivos”.

Para fazer frente ao descalabro da economia, causado pela ficção dos derivativos, os governos europeus cortam os gastos sociais e levam famílias inteiras à miséria e ao desespero.

Idosos são expulsos de suas casas, por não terem como pagar as prestações ou os aluguéis, os hospitais públicos reduzem o número de leitos, as indústrias recorrem à falência, e os suicídios se sucedem.

Há dias, sem dinheiro para honrar compromissos de pequena monta, um casal de meia-idade, que possuía seu negócio de fundo de quintal, se enforcou, em Civitanova, na Itália.

O irmão da senhora, atingido pela tragédia, também se matou, afogando-se no Adriático.

Em Portugal – e ali sobram capitais privados ociosos, que adquirem, sôfregos, ativos brasileiros – o desespero atingiu limites extremos, e a União Européia, de joelhos diante dos banqueiros, exige de Lisboa maiores cortes no orçamento social.

No fim de um de seus mais belos romances, Terra Fria, o escritor português Ferreira de Castro dá à mulher a notícia da presença de um militante revolucionário na cidade:

“Ele disse que chegará o dia em que haverá pão para todos”.

E, com o pão, a dignidade – é a nossa esperança.

Fonte:
http://www.maurosantayana.com/2013/04/o-poder-e-sua-maldicao.html

Não deixe de ler:
- Mais uma rendição ao financismo - Paulo Kliass
- Selic, Dilma e o medo da mídia - Maurício Caleiro

Nota:
A inserção de imagens adicionais, capturadas do Google Images, são de nossa responsabilidade, elas inexistem no texto original.

quinta-feira, 18 de outubro de 2012

Para entender o julgamento do "mensalão"

14/10/2012 - por Fábio Konder Comparato – Carta Maior


Ao se encerrar o processo penal de maior repercussão pública dos últimos anos, é preciso dele tirar as necessárias conclusões ético-políticas.

Comecemos por focalizar aquilo que representa o nervo central da vida humana em sociedade, ou seja, o poder.





No Brasil, a esfera do poder sempre se apresentou dividida em dois níveis, um oficial e outro não-oficial, sendo o último encoberto pelo primeiro.

O nível oficial de poder aparece com destaque, e é exibido a todos como prova de nosso avanço político. A Constituição, por exemplo, declara solenemente que todo poder emana do povo.

Quem meditar, porém, nem que seja um instante, sobre a realidade brasileira, percebe claramente que o povo é, e sempre foi, mero figurante no teatro político.

Ainda no escalão oficial, e com grande visibilidade, atuam os órgãos clássicos do Estado: o Executivo, o Legislativo, o Judiciário e outros órgãos auxiliares.

Finalmente, completando esse nível oficial de poder e com a mesma visibilidade, há o conjunto de todos aqueles que militam nos partidos políticos.

Para a opinião pública e os observadores menos atentos, todo o poder político concentra-se aí.

É preciso uma boa acuidade visual para enxergar, por trás dessa fachada brilhante, um segundo nível de poder, que na realidade quase sempre suplanta o primeiro.

É o grupo formado pelo grande empresariado: financeiro, industrial, comercial, de serviços e do agronegócio.

No exercício desse poder dominante (embora sempre oculto), o grande empresariado conta com alguns aliados históricos, como a corporação militar e a classe média superior.


Esta, aliás, tem cada vez mais sua visão de mundo moldada pela televisão, o rádio e a grande imprensa, os quais estão, desde há muito, sob o controle de um oligopólio empresarial.

Ora, a opinião – autêntica ou fabricada – da classe média conservadora sempre influenciou poderosamente a mentalidade da grande maioria dos membros do nosso Poder Judiciário.

Tentemos, agora, compreender o rumoroso caso do “mensalão”.


Ele nasceu, alimentou-se e chegou ao auge exclusivamente no nível do poder político oficial. A maioria absoluta dos réus integrava o mesmo partido político; por sinal, aquele que está no poder federal há quase dez anos. Esse partido surgiu, e permaneceu durante alguns poucos anos, como uma agremiação política de defesa dos trabalhadores contra o empresariado. Depois, em grande parte por iniciativa e sob a direção de José Dirceu, foi aos poucos procurando amancebar-se com os homens de negócio. Os grandes empresários permaneceram aparentemente alheios ao debate do “mensalão”, embora fazendo força nos bastidores para uma condenação exemplar de todos os acusados.

Essa manobra tática, como em tantas outras ocasiões, teve por objetivo desviar a atenção geral sobre a Grande Corrupção da máquina estatal, por eles, empresários, mantida constantemente em atividade magistralmente desde Pedro Álvares Cabral.

Quanto à classe média conservadora, cujas opiniões influenciam grandemente os magistrados, não foi preciso grande esforço dos meios de comunicação de massa para nela suscitar a fúria punitiva dos políticos corruptos, e para saudar o relator do processo do “mensalão” como herói nacional.

É que os integrantes dessa classe, muito embora nem sempre procedam de modo honesto em suas relações com as autoridades – bastando citar a compra de facilidades na obtenção de licenças de toda sorte, com ou sem despachante; ou a não-declaração de rendimentos ao Fisco –, sempre esteve convencida de que a desonestidade pecuniária dos políticos é muito pior para o povo do que a exploração empresarial dos trabalhadores e dos consumidores.

E o Judiciário nisso tudo?
Sabe-se, tradicionalmente, que nesta terra somente são condenados os 3 Ps: pretos, pobres e prostitutas.

Agora, ao que parece, estas últimas (sobretudo na high society) passaram a ser substituídas pelos políticos, de modo a conservar o mesmo sistema de letra inicial.



Pouco se indaga, porém, sobre a razão pela qual um “mensalão” anterior ao do PT, e que serviu de inspiração para este, orquestrado em outro partido político (por coincidência, seu atual opositor ferrenho), ainda não tenha sido julgado, nem parece que irá sê-lo às vésperas das próximas eleições.

Da mesma forma, não causou comoção, à época, o fato de que o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso tivesse sido publicamente acusado de haver comprado a aprovação da sua reeleição no Congresso por emenda constitucional, e a digna Procuradoria-Geral da República permanecesse muda e queda.

Tampouco houve o menor esboço de revolta popular diante da criminosa façanha de privatização de empresas estatais, sob a presidência de Fernando Henrique Cardoso. As poucas ações intentadas contra esse gravíssimo atentado ao patrimônio nacional, em particular a ação popular visando a anular a venda da Vale do Rio Doce na bacia das almas, jamais chegaram a ser julgadas definitivamente pelo Poder Judiciário.

Mas aí vem a pergunta indiscreta:
– E os grandes empresários?
- Bem, estes parecem merecer especial desvelo por parte dos magistrados.

Ainda recentemente, a condenação em primeira instância por vários crimes econômicos de um desses privilegiados, provocou o imediato afastamento do Chefe da Polícia Federal, e a concessão de habeas-corpus diretamente pelo presidente do Supremo Tribunal, saltando por cima de todas as instâncias intermediárias.

Estranho também, para dizer o mínimo, o caso do ex-presidente Fernando Collor.

Seu impeachment foi decidido por “atentado à dignidade do cargo” (entenda-se, a organização de uma empresa de corrupção pelo seu fac-totum, Paulo Cezar Farias).

Alguns “contribuintes” para a caixinha presidencial, entrevistados na televisão, declararam candidamente terem sido constrangidos a pagar, para obter decisões governamentais que estimavam lícitas, em seu favor. E o Supremo Tribunal Federal, aí sim, chamado a decidir, não vislumbrou crime algum no episódio.

Vou mais além.

Alguns Ministros do Supremo Tribunal Federal, ao votarem no processo do “mensalão”, declararam que os crimes aí denunciados eram “gravíssimos”. Ora, os mesmos Ministros que assim se pronunciaram, chamados a votar no processo da lei de anistia, não consideraram como dotados da mesma gravidade os crimes de terrorismo praticados pelos agentes da repressão, durante o regime empresarial-militar: a saber, a sistemática tortura de presos políticos, muitas vezes até à morte, ou a execução sumária de opositores ao regime, com o esquartejamento e a ocultação dos cadáveres.

Com efeito, ao julgar em abril de 2010 a ação intentada pelo Conselho Federal da OAB, para que fosse reinterpretada, à luz da nova Constituição e do sistema internacional de direitos humanos, a lei de anistia de 1979, o mesmo Supremo Tribunal, por ampla maioria, decidiu que fora válido aquele apagamento dos crimes de terrorismo de Estado, estabelecido como condição para que a corporação militar abrisse mão do poder supremo.

O severíssimo relator do “mensalão”, alegando doença, não compareceu às duas sessões de julgamento.

Pois bem, foi preciso, para vergonha nossa, que alguns meses depois a Corte Interamericana de Direitos Humanos reabrisse a discussão sobre a matéria, e julgasse insustentável essa decisão do nosso mais alto tribunal.

Na verdade, o que poucos entendem – mesmo no meio jurídico – é que o julgamento de casos com importante componente político ou religioso não se faz por meio do puro silogismo jurídico tradicional: a interpretação das normas jurídicas pertinentes ao caso, como premissa maior; o exame dos fatos, como premissa menor, seguindo logicamente a conclusão.

O procedimento mental costuma ser bem outro.
De imediato, em casos que tais, salvo raras e honrosas exceções, os juízes fazem interiormente um pré-julgamento, em função de sua mentalidade própria ou visão de mundo; vale dizer, de suas preferências valorativas, crenças, opiniões, ou até mesmo preconceitos.

É só num segundo momento, por razões de protocolo, que entra em jogo o raciocínio jurídico-formal.

E aí, quando se trata de um colegiado julgador, a discussão do caso pelos seus integrantes costuma assumir toda a confusão de um diálogo de surdos.


Foi o que sucedeu no julgamento do “mensalão”.

Fonte:
http://www.cartamaior.com.br/templates/materiaMostrar.cfm?materia_id=21075