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sábado, 28 de dezembro de 2013

Ditadura judicial e o IPTU paulistano

22/12/2013 - Pressão contra Haddad envolve soberania popular e democracia
- Paulo Moreira Leite (*) em seu blog no Portal Terra

Muitas vezes, os  golpes contra a democracia são movimentos óbvios e visíveis, ilustrados por tanques de guerra, baionetas e generais.

Vivemos tempos em que a consciência democrática dos povos rejeita ataques frontais a seus direitos e é capaz de sair às ruas para defender conquistas históricas e permanentes.

São tempos de judicialização, quando forças conservadoras, sem voto, batem a porta dos tribunais para ameaçar a soberania popular, ignoram a vontade do cidadão e procuram resolver, às suas costas, o que é melhor para um país, um Estado, uma cidade.

A Constituição diz, no artigo 1, que todos os poderes emanam do povo, e são exercidos através de representantes eleitos – ou diretamente, na forma da lei.

Penso nisso diante da mais recente cena do Superior Tribunal Federal.

O prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, eleito de forma límpida e clara em 2012, foi obrigado a apresentar recurso para Joaquim Barbosa anular uma liminar da Justiça de São Paulo que proíbe a cobrança do aumento no IPTU, principal fonte de recursos da prefeitura da maior cidade do país.

Vamos combinar: já é absurdo que um prefeito que recebeu 55% dos votos no segundo turno seja obrigado a fazer uma caravana até Brasília para fazer valer seu direito de definir como pretende governar São Paulo.

É ainda mais absurdo, no entanto, que a palavra final fique com a Justiça.

Não há nenhum aspecto, neste debate, que envolva matéria constitucional.

Do ponto de vista eleitoral, Haddad pode estar até ajudando a colocar uma pedra na reeleição de Dilma Rousseff, como acreditam tantos petistas de olho em 2014, mas este é um debate entre o prefeito e seu partido.

A questão aqui envolve princípios e nunca é demais lembrar a visão que explica que os bons princípios são aqueles que podem ser defendidos inclusive quando contrariam nossos interesses.

O IPTU é um imposto tradicional das cidades brasileiras, com alíquotas que sobem e descem de acordo com as prioridades de cada prefeito.

Minha opinião é que o STF tem obrigação de devolver o assunto a quem foi eleito para isso – o prefeito e a Câmara de Vereadores, que já tomou posição a favor do aumento, também.

Essa situação elimina o mais maroto dos argumentos favoráveis a judicialização, aquele que admite que é um caminho errado, mas diz que a Justiça só entra em cena por causa da omissão dos demais poderes.

Qualquer passo em falso, nessa matéria, representará um ataque à vontade popular.

O recurso alternativo, de cozinhar o assunto numa sopa de oportunidades durante meses sem fim, será, na prática, uma forma de atender a pressão contra o aumento do IPTU, privando a cidade de recursos que o prefeito julga serem necessários – foi ele o escolhido por 3,3 milhões de eleitores para resolver isso.

Ao dar a liminar contra o aumento, o Tribunal de Justiça de São Paulo alegou, como causa principal, a “falta de debate público” sobre o tema.

Desculpe mas pensei que isso tinha ocorrido na eleição.

Quer dizer que tivemos o horário político, os debates eleitorais em todos os canais de TV e é possível alegar que “faltou debate?”

Depois de protestos de junho, onde a questão do transporte coletivo teve um destaque óbvio, será razoável bloquear receitas para investimentos que, por caminhos diversos, irão enfrentar este problema?

Nem nos tempos de George Bush, pai, aquele presidente dos EUA que mandou a população fixar o olho em seu lábios enquanto ele dizia vagarosamente não-haverá-mais-impostos durante a campanha, para mudar de ideia depois da posse na Casa Branca ouviu-se um argumento desses.

Tão subjetivo, digamos assim.

O debate sobre impostos maiores e menores faz parte do cotidiano político das democracias e, salvo nas ditaduras, sempre foi resolvido pelo eleitor.

Fernando Henrique Cardoso fez a carga tributária subir de 24% do PIB para 35%. Foi assim que seu governo conseguiu manter o célebre equilíbrio fiscal. O  Supremo não deu um pio, nem poderia nem deveria.

Dilma Rousseff desonerou vários setores da economia.

Nos Estados  municípios, governadores e prefeitos criam e eliminam incentivos fiscais.

É possível debater a oportunidade de cada uma dessas medidas.

Mas seria absurdo questionar o direito de autoridades eleitas de resolver uma questão fundamental do funcionamento do Estado.

O Estado do bem-estar europeu não foi construído com recursos espirituais, mas com impostos retirados dos mais ricos – inclusive sobre grandes fortunas – para beneficiar os mais pobres.

Imagine se eles fossem bater as portas dos tribunais para revogar as decisões?

Como mostra o grande pensador Tony Judt [foto], a Europa estaria nos braços negros do fascismo até hoje.

A contra revolução conservadora patrocinada por Ronald Reagan, nos EUA, tinha como base o corte de impostos da classe média alta e dos ricos.

Ninguém foi à  Corte Suprema por causa disso.

Podemos até não gostar, mas era o voto que naquele momento dava autoridade a Reagan.

O mesmo aconteceu na Inglaterra, nos anos de Margareth Thatcher.

A população chegou a fazer uma revolta popular quando ela criou uma taxa que tungava fundo no orçamento da população dos bairros mais pobres – a palavra final coube ao eleitor.

A questão do IPTU paulistano foi levada ao Supremo por esses caminhos que sempre são percorridos por quem não tem respaldo na vontade popular.

Não foi por acaso de Haddad mencionou a eliminação da CPMF, ocorrida no segundo mandato do governo Lula.

Naquele momento, a mesma FIESP já presidida pelo mesmo Paulo Skaf [foto] participou da operação que acabou com a CPMF através do Congresso.

A ação nada teve de democrática.

Os deputados tinham medo de não conseguir reeleger-se no pleito seguinte depois de apoiar uma medida tão perniciosa para a população mais pobre e queriam dinheiro para mudar de lado.

Foi um escândalo, conforme apurou a Polícia Federal na Operação Castelo de Areia.

Com base na investigação do caixa 2 de uma das maiores empreiteiras do país, descobriu-se o pagamento de propinas imensas a uma larga fatia do Congresso.

Feito o serviço com os parlamentares, chegou a hora de pedir ajuda a Justiça para se impedir a punição dos responsáveis.

Havia montanhas de diálogos gravados, comprometedores e vergonhosos.

Mas as principais peças de acusação foram anuladas, pois haviam sido obtidas sem autorização judicial.

Resultado: o STF anulou as provas e ficou tudo por isso mesmo.

Está certo? Está, por mais que seja chato admitir isso.

A democracia tem seus rituais, e um deles informa que os direitos dos cidadãos, mesmo aqueles acusados de crimes gravíssimos, devem ser respeitados.

E é em nome dos mesmos rituais que (putz!) ajudaram a salvar até aqueles tubarões que derrubaram a CPMF, mas em função de uma causa muito melhor, que se deve devolver as prerrogativas democráticas a quem tem o direito de falar pelo povo.

A alternativa é a ditadura judicial.

Este é um sistema que até pode conviver com algumas franquias democráticas mas, toda vez em que os ricos e poderosos se consideram atingidos em seus direitos, oferece acesso especial e personalizado para revogar medidas que não são de seu interesse.

(*) Paulo Moreira Leite, Diretor da Sucursal da ISTOÉ em Brasília, é autor de "A Outra História do Mensalão". Foi correspondente em Paris e Washington e ocupou postos de direção na VEJA e na Época. Também escreveu "A Mulher que Era o General da Casa".

Fonte:
http://www.istoe.com.br/colunas-e-blogs/colunista/48_PAULO+MOREIRA+LEITE

Nota:
A inserção das imagens, quase todas capturadas do Google Images, são de nossa responsabilidade, pois inexistem no texto original.

Leia também:
- Elio Gaspari e, quem sabe, sua última chance - Saul Leblon
- As almas penadas da ditadura - Leandro Fortes

terça-feira, 22 de outubro de 2013

Marina “Disruptura” e o fim da “Era Lula”

17/10/2013 - “Disruptura”.
- Ou como Marina quer por fim à “Era Lula”, tal como FHC quis sepultar a “Era Vargas”
- Fernando Brito - Tijolaço

Eu convivi, certa feita, com dois idiotas, ambos de péssimo caráter, a quem chamávamos de Azeitona e Empada, de tanto que se completavam as suas nulidades.

Como não tinham capacidade de raciocinar com profundidade, apelavam para expressões pernósticas para explicar suas estultices, e a preferida era “quebrar os paradigmas”.

Volta e meia, quando não tinham o que dizer, falavam que “era preciso quebrar os paradigmas”.

Nem é preciso dizer que eu e outros ironizávamos:

- Ah, vou me atrasar, o carro quebrou o paradigma…

- Fulano está no hospital? Por que? Quebrou o paradigma, coitado…

Por isso, fico incomodado quando vejo Marina Silva falando em disruptura.

Eu insisto que é preciso um projeto de país e essa disruptura será boa para todo mundo”.

Bem, vamos achar que ela está querendo falar em disrupção, do latim disruptio, fratura, quebra, despedaçar, romper, destruir…

Em política, o significado seria, então, o de revolução, não é?

Por que fugir da palavra, mesmo com as ressalvas de que seria pelo voto, sem violência ou atropelos?

Porque Marina adotou, como todos vemos, uma agenda cheia de palavrórios mas, em termos de conteúdo, idêntica a do conservadorismo.

Apresentou-se, logo que teve oportunidade, como a defensora do status quo.

O tripé, a santíssima trindade do neoliberalismo.

É o crucifixo que não se pode deixar de adorar, embora se saiba que o crucificado ali é o povo.

Nega-lo é heresia e heresia é fogueira.

Tanto que se diz que Dilma o negligencia e ela tem de vir a público dizer que nele crê, mesmo  que não seja sempre “praticante”.

Mas em Marina, não se pode negar, a fé é fundamentalista.

Ao ponto de seu “irmão” Aécio o reconhecer:

Ele (Aécio) ainda se colocou ao lado da ex-senadora Marina Silva, que afirmou que o governo atual flexibilizou o controle da inflação e da política fiscal.

O senador disse que considera que as propostas da candidatura do PSB com a Rede são “muito semelhantes” às do PSDB.

- Vejo que há uma aproximação do discurso da Marina com aquilo que o PSDB vem pregando.

Tenho certeza que uma eventual candidatura do PSB nasce exatamente por essa visão muito semelhante à nossa, de que esse ciclo de governo do PT, em benefício do Brasil, tem que ser encerrado.

Pouco importa se Marina Silva é ou não uma pessoa de direita, embora eu tenda a achar que ninguém possa ser de esquerda com seu fundamentalismo moral.

O fato objetivo é que parte da direita sentiu nela – e no seu comportamento marcado por personalismo, rancores e vaidades – a oportunidade de dividir e derrotar um projeto progressista que, ficou claro, as ambições traiçoeiras de Eduardo Campos, o vazio de Aécio Neves e a repugnância de José Serra não permitiriam.

Tal como Fernando Henrique, na sua gabolice estúpida, disse que chegava ao poder para sepultar a Era Vargas, Marina vem para tentar sepultar a quadra histórica mais semelhante àquela que já tivemos: a Era Lula.

Só que vai ter de se defrontar com o retrato do Velho, outra vez. E de um Velho vivo, vivíssimo.

Fonte:
http://tijolaco.com.br/index.php/disruptura-ou-como-marina-quer-por-fim-a-era-lula-tal-como-fh-quis-sepultar-a-era-vargas/

domingo, 11 de agosto de 2013

"EU NÃO. EU SOU DEUS"




Laerte Braga



Quando o ex-presidente Fernando Henrique diz que “o PSDB não é farinha do mesmo saco”, não estava querendo defender o partido. Isso é o que pode parece à primeira vista. Estava defendendo a si, largando os “amigos” (não tem, tem cumplices) na chuva e cuidando de sua própria pele.

É deus, privatizou o mundo em seis dias e depois foi a Camp David passar o sétimo com Bil Clinton onde recebeu a mala pelos serviços prestados.

O que está dizendo é que não o confundam com Serra, com Alkmin, com Aécio, com Álvaro Dias, com Portelinha, Azeredo e toda a corja. Ele não. É deus e está acima do bem e do mal. O que fez não importa se eivado de corrupção, importa que ele é “deus”.

Parênteses.

No caso de Aécio estar no PSDB é falta de vergonha na cara, ou já está num estado de depauperação mental irrecuperável. Tancredo tinha horror de FHC.

Fernando Henrique percebeu a gravidade do caso do metrô paulista e sente o cheiro da podridão que exala da REDE GLOBO, donde podem surgir segredos aterradores do seu governo, falo da sonegação fiscal de 600 milhões.

A GLOBO sempre foi fétida, só que agora o cheiro está chegando com insuportável odor às ruas.

São as duas grandes questões pontuais que vive o País nesse momento e são elas que devem fazer parte de qualquer bandeira de protesto, onde quer que se vá. no território nacional, ao lado das grandes causas,  a Constituinte Popular, por exemplo. São produtos da podridão e da falência do Estado desde a época da ditadura militar.

Um corpo corroído muito mais pelos corruptores, principais acionistas desse Estado (bancos, grandes empresas, latifúndio, templários evangélicos, que pela corrupção, que é consequência (a bancada evangélica é uma espécie de ordem dos templários da Idade Média, mas caricata, latifúndios são pistoleiros do velho oeste e banqueiros e grandes empresários são a OPUS DEI).

O sistema político eleitoral brasileiro permite que os corruptores elejam e mantenham a maioria das casas legislativas, prefeituras, esse adereço desnecessário câmaras municipais, governos estaduais, assembleias e as duas casas legislativas nacionais, uma delas a chamada representação popular, a Câmara dos Deputados e a outra, outro adereço desnecessário, o Senado, representação dos estados de uma federação que não existe exceto no papel.

 Nosso sistema judiciário é uma teia de não resolve nada e isso é proposital. Quem vai ter peito de encarar o mea culpa no erro do “mensalão? Todo o arcabouço do Estado brasileiro guarda consigo “preciosidades” do Brasil colônia, do Brasil império e das várias “repúblicas” que tivemos ao longo de nossa História, mas sempre sob o controle das elites econômicas. O caráter democrático,  que é também o caráter humano que deveria prevalecer não existe.

E aí, entra FHC, como entra o grupo GLOBO, como entram os que compram e se beneficiam do que na verdade é a diferença de classes, que por sua vez nos remete à luta de classes, necessária e fundamental para a construção de um Estado democrático. Aquele em que o trabalhador decide ao invés de ser alvo de gás lacrimogênio ou gás de pimenta, além da borduna da excrescência Policia Militar, outra “preciosidade” que trouxeram de antanhos.

Neste momento temos o que se chama de “condições objetivas” para buscar mudanças estruturais indispensáveis, a não ser que queiramos aceitar o papel de zumbis em função dos interesses dos donos. Não mudanças totais, plenas, mas portas para a construção de um futuro socialista.

No Brasil e em quase todos os países, há um problema complicado. Classe média. Come arroz e feijão, deve horrores ao banco para ter carro do ano e arrota maionese. Pior, lê VEJA e acha que o JORNAL NACIONAL é o ponto de referência da verdade absoluta. Extasia-se com o ET de Varginha.

No caso específico de FHC um safardana de grande porte, amoral, logo destituído de qualquer principio e que em sua versão fumante de charuto cubano acredita que tudo é obra dele.

E que numa frase, como a que disse, falou para fora uma coisa, falou para dentro outra coisa, até porque se chegarem a ele respingos desse processo do metrô, da GLOBO, o risco de retaliação é imenso. É detentor de segredos desde alcovas a gabinetes escuros e sombrios como aqueles que Drácula usa e não vai ter escrúpulos em esgrimá-los a seu favor.

É característica do amoral.

Foi o que ele quis dizer.

“EU NÃO. EU SOU DEUS”.

O PSDB não é farinha do mesmo saco só, é um tipo de farinha predadora e que ao invés de alimentar devora.


Publicado orignalmente no Site Redecastorphoto.

segunda-feira, 5 de agosto de 2013

Sem as ruas os cartéis continuam



Por Laerte Braga

 
O Brasil tem uma elite bisonha. Tão bisonha que antes preferia Paris e hoje vai para Miami (exceto tucanos de alto plumagem, esses continuam em Londres e Paris), refúgio de mafiosos. O escândalo, no sentido de show, espetáculo deprimente, diante da decisão do governo de trazer médicos estrangeiros para políticas primárias de saúde é um exemplo disso.

De repente se descobre que a maioria não trabalha, muitos não fizeram residência e outros tantos estão lotados em municípios do interior de um determinado estado e vivem e não trabalham nas capitais.

A mídia, logo a mídia conservadora, seis dedos de silicone que era usado para que os pontos fossem registrados sem a presença dos profissionais.

A reação? Batem o ponto e vão embora, não trabalham.

É claro que há falta de estrutura, que inclua um plano de cargos e salários, entre outras coisas, como é cristalino que os municípios foram penalizados, são penalizados pelos estados e pelo governo federal, por absoluta falta de recursos e fiscalização.

O que a roubalheira do metrô de São Paulo não daria para benefícios e criação de uma estrutura de saúde? O que os desvios de verbas no governo Aécio Neves em Minas, justamente na área de saúde (a cargo do deputado Marcus Pestana) não significariam para a saúde e o maior de todos, a criação da CPMF para suprir a saúde de recursos e o rumo que FHC deu ao dinheiro?

“Precisamos de médicos que cuidem de gente” é uma frase de Adib Jatene. Foi autor da idéia da CPMF e renunciou ao Ministério quando percebeu que FHC era um blefe, um sacripanta a serviço do capital internacional.e que o dinheiro não usado na saúde, que fora logrado pelo presidente da República e pelo ministro da Fazenda, Pedro Malan, hoje principal executivo do grupo Eike Batista e condutor do golpe da falência fraudulenta.

Um estudo das Nações Unidas mostra que os médicos cubanos no Haiti fizeram muito mais pelo país, que toda a ostentação militar de norte-americanos, brasileiros e quejandos, de olhos na reconstrução (que nunca acontece). A divisão do botim.

Os problemas do Brasil são estruturais. Não é como num prédio onde se descobre que há um vazamento numa determinada sala e o conserto é feito sem que a fonte seja procurada, porque cada vazamento vai permitir a um cartel de empreiteiras “solucionar” o problema.

Mudanças estruturais como a política, a agrária, a tributária e fiscal (impostos sobre igrejas e grandes fortunas, por exemplo) e a busca de tecnologias nacionais (somos capazes), por falta de investimento desde a educação básica, fazendo com que em nossas ruas não circule um carro nacional, mas todos de montadoras estrangeiras sobre os quais pagamos roialtyes. Temos uma divida pública escandalosa e FHC desconstruiu o serviço público para  privatizar e terceirizar setores essenciais do Estado, dentre eles a saúde e a educação.

E governos que administram o caos de uma constituição remendada, num cipoal de leis, em que os recursos são mínimos, pois a dívida consome a maior parte da receita do governo federal.

Pior, não existe a vontade política de mudar essa situação, exceto nas palavras vazias de políticos do tempo do império e que atuam em seus estados como imperadores.

Hoje se sabe que os sistemas de satélites de espionagem podem alterar os resultados de uma eleição nas urnas eletrônicas, daí a razão e o medo do voto impresso, que impediria a fraude. Podem até identificar o eleitor.

Bancos, grandes empresas (formadoras de cartéis em setores essenciais da economia) e latifundiários (devastadores do Pantanal e da Amazônia) têm o controle do País, submetem o governo a constrangimentos vergonhosos, somam-se à bancada evangélica – uma das grandes ameaças à democracia – num jogo proposital de mais de 40 partidos (a maior parte sem representação que não busca de cargos) e um Judiciário preocupado com Miami e outras coisas mais, onde as vozes sérias são caladas por ministros do Gilmar Mendes e Joaquim Barbosa, figuras suspeitas em qualquer crime que se cometa no Brasil.

A saída está nas ruas. Mas de forma organizada, bem dirigida e voltada para bandeiras essenciais, básicas e não pontuais, pois acabam fazendo o jogo dos que subjugaram o Brasil no golpe militar e para eles pouco interessa o que quer, o que deseja o cidadão brasileiro.

A classe média envenenada pela mídia podre, corrompida. E o naufrágio a vista no imenso iceberg que é como uma espécie de barco dirigido pelos donos, nada natural.

O confronto entre trabalhadores e elites é inevitável, mas e preciso que seja organizado.

Do contrário vamos ter sempre Sérgio Cabral, Aécio, Anastasia, Alkimin, Serra, FHC e outros dirigindo de fato o Brasil partir do exterior.

É um confronto que se deseja pacífico, mas nem sempre será. É a “explosão das ruas” como disse o jornalista Ricardo Boechat.

Não tem a menor importância, pois os EUA e os seus interesses apostam num novo Oriente Médio na América do Sul. O quanto mais cedo iniciarmos a luta real, concreta, sem caráter festivo, mais cedo conseguiremos nos livrar desse terror que nos vem sendo imposto sem perder de vista que somos um País continental e apostam na divisão. Fomentam essa divisão. O único risco real para o poder dessa gente, além da China e da Rússia é o Brasil, por isso os grandes olhos do grande irmão.

Teoria conspiratória? Quando se falava em espionagem diziam o mesmo.

“Quando as idéias não têm organização, morrem, somem” – Chê Guevara



quinta-feira, 11 de julho de 2013

FHC contratou empresa que participa de programa-espião dos EUA para mapear o Brasil


Matéria publicada  no Correio do Brasil em 10/07/2013*


No governo de Fernando Henrique Cardoso (FHC), a Booz-Allen, na qual trabalhava o espião Edward Snowden, foi responsável por consultorias estratégicas contratadas pela esfera federal. Incluem-se aí o “Brasil em Ação” (primeiro governo FHC) e o “Avança Brasil” (segundo governo FHC), entre outras, como as dos programas de privatização (saneamento foi uma delas) e a da reestruturação do sistema financeiro nacional.

A reação imediata do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (FHC) às denúncias de que os EUA mantiveram uma base de espionagem no país, durante o seu governo, suscitou interrogações e recomenda providências às autoridades do país. Dificilmente elas serão contempladas sem uma decisão soberana do Legislativo brasileiro, para instalação de uma CPI que vasculhe os porões de sigilo e dissimulação no qual o assunto pode morrer.

“Entre as inúmeras qualidades do ex-presidente, uma não é o amor à soberania nacional”, sublinha a matéria publicada, nesta quarta-feira, na agência brasileira de notícias Carta Maior, que o Correio do Brasil reproduz, em seguida:

“Avulta, assim, a marca defensiva da nota emitida por ele no Facebook, dia 8, horas depois de o jornal ‘O Globo‘ ter divulgado que, pelo menos até 2002, Brasília sediou uma das estações de espionagem nas quais funcionários da NSA e agentes da CIA trabalharam em conjunto.

‘Nunca soube de espionagem da CIA em meu governo, mesmo porque só poderia saber se ela fosse feita com o conhecimento do próprio governo, o que não foi o caso. De outro modo, se atividades deste tipo existiram, foram feitas, como em toda espionagem, à margem da lei. Cabe ao governo brasileiro, apurada a denúncia, protestar formalmente pela invasão de soberania e impedir que a violação de direitos ocorra…”, defendeu-se Fernando Henrique.

O jornal afirma ter tido acesso a documentos da NSA, vazados pelo ex-agente Edward Snowden, que trabalhou como especialista em informática para a CIA durante quatro anos, nos quais fica evidenciado que a capital federal integrava um pool formado por 16 bases da espionagem para coleta de dados de uma rede mundial. Outro conjunto de documentos, segundo o mesmo jornal, com data mais recente (setembro de 2010), traria indícios de que a embaixada brasileira em Washington e a missão do país junto às Nações Unidas, em Nova York, teriam sido grampeadas em algum momento.

Espionagem e grampos não constituíram propriamente um ponto fora da curva na gestão do ex-presidente. Durante a privatização do sistema Telebrás, grampos no BNDES flagraram conversas de Luiz Carlos Mendonça de Barros, então ministro das Comunicações, e André Lara Resende, então presidente do BNDES, articulando o apoio da Previ para beneficiar o consórcio do banco Opportunity – que tinha como um dos donos o economista Pérsio Arida, amigo de Mendonça de Barros e de Lara Resende.

O próprio FHC foi gravado , autorizando o uso de seu nome para pressionar o fundo de pensão dos funcionários do Banco do Brasil. Em outro emaranhado de fios, em 1997, gravações revelaram que os deputados Ronivon Santiago e João Maia, do PFL do Acre, ganharam R$ 200 mil para votar a favor da emenda da reeleição, que permitiria o segundo mandato a FHC. Então, como agora, o tucano assegurou que desconhecia totalmente o caso, que ficou conhecido como ‘a compra da reeleição’.

As sombras do passado e as do presente recomendam a instalação de uma CPI como a medida cautelar mais adequada para enfrentar o jogo pesado de interesses que tentará blindar o acesso do país ao que existe do lado de dentro da porta entreaberta pelo espião Snowden. O PT tem a obrigação de tomar a iniciativa de convoca-la.

Mas, sobretudo, o PSDB deveria manifestar integral interesse em sua instalação.

Soaria no mínimo estranho se não o fizesse diante daquilo que o ex-presidente Fernando Henrique definiu como exclamativa ilegalidade: “Se atividades deste tipo existiram, foram feitas, como em toda espionagem, à margem da lei…”.

O Congresso não pode tergiversar diante do incontornável: uma base de espionagem da CIA operou em território brasileiro pelo menos até 2002.

A sociedade tem direito de saber o que ela monitorou e com que objetivos.

Há outras perguntas de vivo interesse nacional que reclamam uma resposta.

O pool de espionagem apenas coletou dados no país ou se desdobrou em processar, manipular e distribuir informações, reais ou falsas, cuja divulgação obedecia a interesses que não os da soberania nacional?

Fez o que fez de forma totalmente clandestina e ilegal? Ou teve o apoio interno de braços privados ou oficiais, ou mesmo de autoridades avulsas?

Quem, a não ser uma Comissão Parlamentar, teria acesso e autoridade para responder a essas indagações de evidente relevância política nos dias que correm?

Toda a mídia progressista deveria contribuir para as investigações dessa natureza, de interesse suprapartidário, com a qual o Congresso daria uma satisfação ao país depois da lenta e hesitante reação inicial do Planalto e do Itamaraty, cobrada até por FHC.

Carta Maior e o Correio do Brasil alinham-se a esse mutirão com algumas sugestões de fios a desembaraçar.

Por exemplo: o repórter Geneton Moraes Neto acaba de publicar no G1 (um site do sistema Globo) um relato com o seguinte título: “O dia em que o ministro Fernando Henrique Cardoso descobriu o que é “espionagem”: secretário de Estado (norte-)americano sabia mais sobre segredo militar brasileiro do que ele”.

A reportagem, que vale a pena ler, remete a uma entrevista anterior, na qual FHC comenta seu desconhecimento sobre informações sigilosas do país dominadas por um graduado integrante do governo norte-americano.

O tucano manifesta naturalidade desconcertante diante do descabido.

A mesma naturalidade com a qual comenta agora seu esférico desconhecimento em relação às operações da CIA durante o seu governo.

Ter sido o último a saber, no caso citado por Geneton, talvez seja menos grave do que não procurar, a partir de agora, informar-se sobre certas coincidências, digamos por enquanto assim.

Há questões que gritam por elucidação.

A empresa que coordenava o trabalho de grampos da CIA, a Booz-Allen, na qual trabalhava Snowden, é uma das grandes empresas de consultoria mundial.

No governo FHC, ela foi responsável por consultorias estratégicas contratadas pela esfera federal.

Inclua-se aí desde o “Brasil em Ação” (primeiro governo FHC) até o “Avança Brasil” (segundo governo FHC) e outras, como as dos programas de privatização (saneamento foi uma delas) e a da reestruturação do sistema financeiro nacional.

Todos os trabalhos financiados pelo BNDES. Alguns exemplos:

• Caracterização dos Eixos Nacionais de Desenvolvimento. Programa Brasil em Ação. BNDES. Consórcio FIPE/BOOZ-ALLEN. 1998;

• Alternativas para a Reorientação Estratégica do Conjunto das Instituições Financeiras Públicas Federais.

• Relatório Saneamento Básico e Transporte Urbano. Consórcio FIPE/BOOZ-ALLEN & Hamilton. BNDES/Ministério da Fazenda. São Paulo. 2000

Vale repetir: a mesma empresa guarda-chuva do sistema de espionagem que operou no Brasil até 2002, a Booz Allen, foi a mentora intelectual de uma série de estudos e pareceres, contratados pelo governo do PSDB, para abastecer uma estratégia de alinhamento (‘carnal’, diria Menen) do Brasil com a economia dos EUA. Mais detalhes desse ‘impulso interativo’ podem ser obtidos aqui:

Na aparência, sempre, a perfeita identidade com os inoxidáveis interesses nacionais.
O estudo dos Eixos Nacionais de Integração e Desenvolvimento, por exemplo, foi realizado por um consórcio sugestivamente abrigado sob o nome fantasia de “Brasiliana”.

Por trás, o comando a cargo da Booz-Allen & Hamilton do Brasil Consultores, com suporte da Bechtel International Incorporation e Banco ABN Amro.

O ‘mutirão’ (até a consultoria do banco) foi pago com dinheiro público pelo governo federal, sob a supervisão das equipes do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social e do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão.

Os resultados do trabalho levaram a dois eixos centrais da concepção tucana de desenvolvimento: o “Brasil em Ação” e o “Avança Brasil”.

Reconheça-se, tudo feito às claras, em perfeita sintonia entre o Estado brasileiro e a empresa guarda-chuva do sistema de espionagem em operação dupla no país.

Na pág. 166 de uma publicação do BNDES, a “contribuição” da Booz-Allen está explicitamente citada:

Uma análise de como a turma da versátil Booz-Allen teve robusta influência na modelagem do sistema financeiro nacional (leia-se, menos bancos públicos, conforme o cânone da concepção de Estado mínimo) pode ser avaliada aqui:

Um fato curioso e que não pode ser desconsiderado na avaliação criteriosa de uma incontornável CPI sobre o assunto: a ex-embaixadora dos Estados Unidos no Brasil Donna Hrinack, tão logo se despediu do cargo no país, sentou-se na cadeira de assessora qualificada da Kroll.

A Kroll, como se sabe, é uma empresa internacional de espionagem que operou a serviço de Daniel Dantas e de seu fundo, o Opportunity.

Trata-se, coincidentemente, de um dos braços financeiros mais importantes do processo de privatização no Brasil, estreitamente associado ao Citybank e, claro, a toda a “carteira” de acionistas que injetou dinheiro na farra neoliberal dos anos 90.

A Kroll foi usada para bisbilhotar autoridades e chegou a espionar ministros do governo Lula, como ficou evidente com a Operação Chacal, da Polícia Federal, deflagrada em 2004.

Como se vê, as revelações de Snowden, ao contrário do que sugere a nota de FHC, definitivamente, não deveriam soar como algo inusitado aos círculos do poder, em Brasília. Se assim são tratadas, há razões adicionais para suspeitar que um imenso pano quente será providenciado para evitar que as sombras fiquem expostas à luz.

A questão, repita-se, não se esgota em manifestar a indignação nacional pelo que Snowden denunciou.
O que verdadeiramente não se pode mais adiar é a investigação pública do que foi espionado, com que finalidade e a mando de quem.

Isso quem faz é uma Comissão Parlamentar de Inquérito”.


Nota: Veja os links remissivos na matéria original do Correio do Brasil
http://correiodobrasil.com.br/destaque-do-dia/fhc-contratou-empresa-que-participa-de-programa-espiao-dos-eua-para-mapear-o-brasil/626668/

Veja também o video de Bob Feranandes sobre a espeionagem da CIA,FBI,DEA, NSA ..no Brasil, onde ele relata as entrevistas que fez para Carta Capital, que antecipavam essas denúcias..

http://www.pragmatismopolitico.com.br/2013/07/os-86-deputados-que-nao-repudiaram-a-espionagem-dos-eua-contra-o-brasil.html


quarta-feira, 27 de março de 2013

A estranha apatia da gestão Dilma

25/03/2013 - Requião critica governo FHC e estranha apatia da gestão Dilma
- da Redação do Portal Carta Maior

Para o senador paranaense, falta uma diretriz firme ao governo diante da volta de ideias que "quebraram o Brasil três vezes".

Deplorando a adoção de propostas liberais por "certa esquerda", ele prega a construção de um projeto nacional “doutrinariamente à esquerda, fundado na solidariedade, na distribuição da renda e dos benefícios do avanço tecnológico, na prevalência, sempre, dos interesses populares e nacionais”.
Da Redação

O senador Roberto Requião (PMDB-PR) (foto) fez um irônico pronunciamento na quarta-feira (20/3), criticando opiniões recentes de economistas que participaram do governo Fernando Henrique Cardoso.

Um deles, Ilan Goldfajn (foto), ex-diretor do Banco Central, em artigo publicado no jornal ‘O Estado de S. Paulo’, afirmou que “para manter a inflação sob controle pode ser necessário temporariamente reduzir o consumo e desaquecer o mercado de trabalho”.

Ou seja, segundo o economista chefe e sócio do Itaú-Unibanco, a saída para o país está em provocar uma recessão e aumentar o desemprego.

Não faltaram também farpas para a gestão petista.

Cortejo de fantasmas
Para o senador, o que se vê é um “cortejo de fantasmas, que procura aterrorizar o país com ideias fossilizadas que, quando aplicadas, quebraram o Brasil por três vezes”.

Em recentes viagens à Polônia e à Suécia, Requião contou que, ao ler notícias do Brasil, foi assaltado por espectros do passado, propondo a volta de velhas e falidas políticas, que “quebraram o país três vezes”.

Um a um foram listados os responsáveis pelo desastre: os irmãos Mendonça de Barros, Gustavo Loyola, Pedro Malan, Pérsio Arida, André Lara Rezende, Gustavo Franco, Edmar Bacha e Mailson da Nóbrega perfilados ao lado dos pais do neoliberalismo, o Nobel de Economia Milton Friedman e o apoiador de primeira hora do golpe de 1964, Eugênio Gudin.

Não ficaram de fora os “especialistas” da GloboNews e da CBN, “que nada entendem de tudo” e as palestras do Instituto Millenium, em linha direta com os integrantes da Marcha com Deus pela Família e Liberdade, defensores da deposição do governo João Goulart, há meio século. Mas Requião não mirou apenas o passado.

Privatismo à la Thatcher
Sua preocupação voltou-se também para a falta de iniciativa do atual governo.

Aterroriza-me a ideologia do superávit primário. Desassossega-me não o aumento da inflação, e sim corrosão de nossa base industrial, sucateando-se ao céu aberto da incúria governamental” e “a paralisia das obras de infra-estrutura”.

Em seguida perguntou publicamente aos integrantes do governo Dilma: “De que têm medo os nossos próceres ministeriais? Intimidam-nos a insepulta Delta ou o libérrimo Cachoeira?”.

E adiante criticou “o abuso, o desregramento das concessões, superando até mesmo toda fobia privatista de Margareth Thatcher, como se vê agora no caso dos portos”.

O parlamentar terminou dizendo que “a direita sabe o que quer”.

A incógnita estaria na inação governamental e na adesão a certas teses mercadistas tidas como “modernas” e “responsáveis”.

Fonte:
http://www.cartamaior.com.br/templates/materiaMostrar.cfm?materia_id=21795&editoria_id=4

Nota:
A inserção das imagens, quase todas capturadas do Google Images, são de nossa responsabilidade e, excetuando uma ou outra, inexistem no texto original.