terça-feira, 1 de dezembro de 2009

Potencial da biodiversidade é tema de seminário nesta terça, em Brasília

Especialistas e pesquisadores se reúnem para discutir a agenda ambiental, que ganha destaque com a proximidade da COP 15. Seminário começa às 8h45, na sede do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). Transmissão ao vivo no site da autarquia
da página do Ipea

O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) promove nesta terça, 1° de dezembro, o seminário Potencialidades Econômicas da Biodiversidade Amazônica: Desafios e Oportunidades. O evento será transmitido ao vivo nos sites do Ipea (www.ipea.gov.br e www.agencia.ipea.gov.br).

Às vésperas da Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP 15), que será realizada entre os dias 7 e 18, na Dinamarca, especialistas e pesquisadores de universidades e de órgãos de governo discutirão temas como os programas e projetos voltados para a biodiversidade; as políticas públicas para a Amazônia; a concessão de florestas e distritos florestais sustentáveis; as alternativas sustentáveis para a geração de energia e a eficiência dos Fundos Constitucionais.

Participarão do seminário o presidente do Ipea, Marcio Pochmann; a diretora da Dirur, Liana Carleial; e o coordenador de Meio Ambiente, José Aroudo Mota, além de representantes da Superintendência da Zona Franca de Manaus (Suframa), do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), e dos ministérios do Meio Ambiente; da Ciência e Tecnologia e dos Transportes.

O evento será realizado das 8h45 às 18 horas, no auditório do Ipea em Brasília (SBS, Quadra 1, Bloco J, Edifício BNDES, subsolo).

segunda-feira, 30 de novembro de 2009

DEM e PSDB com telhados de vidro

Vai ser difícil para o sr. José Serra falar em temas como ética, moralidade e probidade administrativa nas eleições de 2010. Além de Yeda Crusius, governadora do PSDB que vive às voltas com CPIs e pedidos de impeachment no Rio Grande do Sul, agora também o governador DEMOcrata do Distrito Federal, José Roberto Arruda, parceiro de ACM na violação do painel de votações do Senado em 2001 está na berlinda. Para resumir, ele foi flagrado por uma câmera recebendo dinheiro de propina recolhida por um secretário. A seguir, a cobertura do escândalo pela mídia

segunda, 30 de novembro de 2009

Blog do João Bosco Rabello
É só o começo. O escândalo que decretou a morte política do governador José Roberto Arruda tem aspectos que o diferenciam de tantos outros de mesma gênese.O acervo de vídeos e escutas do ex-policial Durval Barbosa é suficiente para comprometer quase uma centena de atores desse processo. Um desses vídeos é especialmente chocante: parlamentares agradecem a Deus pela propina, numa cena inacreditável
blogs.estadao.com.br/joao-bosco/e-so-o-comeco

Luis Nassif
Desdobramentos do caso Arruda. Arruda e integrantes do esquema souberam da investigação. Temendo pela vida, Durval desistiu de prosseguir com grampos
colunistas.ig.com.br/luisnassif/2009/11/30/desdobramentos-do-caso-arruda/

domingo, 29 de novembro de 2009

Está na Folha Online e no You Tube
Vídeo mostra governador do DF recebendo dinheiro. São cinco DVDs, entre os quais um que mostra o governador do Distrito Federal, José Roberto Arruda (DEM), recebendo dinheiro. O vídeo foi feito pelo então presidente da Codeplan (empresa do DF), Durval Barbosa, que era, até sexta-feira, secretário de Relações Institucionais de Arruda
www.youtube.com/watch?v=BwoascUeti0

sábado, 28 de novembro de 2009

O Estado de S. Paulo
Polícia Federal investiga "mensalão do DEM" no governo Arruda. O próprio governador aparece nos papéis da PF, orientando secretário a entregar R$ 400 mil para pagar a aliados
www.estadao.com.br/estadaodehoje/20091128/not_imp473424,0.php
"Temos confiança no Arruda", diz Rodrigo Maia
www.estadao.com.br/estadaodehoje/20091128/not_imp473439,0.php

Conversa Afiada
Polícia Federal estoura mensalão dos demos. O que dirá o Heráclito? O Agripino? O Rodrigo Maia? O Kassab?
www.paulohenriqueamorim.com.br/?p=23229

Reuters
A Polícia Federal realizou nesta sexta-feira operação de busca e apreensão com o objetivo de "coletar provas sobre suposta distribuição de recursos ilegais à 'base aliada'" do governo do Distrito Federal, segundo nota divulgada pelo Superior Tribunal de Justiça
br.reuters.com/article/domesticNews/idBRSPE5AQ0S420091127?sp=true

Jornal da Tarde
"Homem grampo" revela mensalão do DEM. PF apura esquema de propina para deputados na gestão de José Roberto Arruda no DF
txt.jt.com.br/editorias/2009/11/28/pol-1.94.9.20091128.1.1.xml

sexta, 27 de novembro de 2009

TV Globo
Governo do DF é suspeito de comprar apoio de deputados. O governador Arruda pode estar envolvido. O secretário Durval Barbosa colaborou com a PF por redução da pena em caso de condenação. Ele, secretários e assessores envolvidos foram exonerados
jornalnacional.globo.com/Telejornais/JN/0,,MUL1395539-10406,00-GOVERNO+DO+DF+E+SUSPEITO+DE+COMPRAR+APOIO+DE+DEPUTADOS.html

Acréscimo: conversando com um amigo hoje, me dei conta de um detalhe impressionante. O leitor reparou que nenhum destes jornais, sites ou TVs com matérias citadas é de Brasília? Saudações educomunicativistas (R.B, Equipe do Blog EDUCOM - 1/12/09)

Uruguai e Honduras: o contraste entre duas eleições

da Carta Maior
No Uruguai, a jornada eleitoral foi uma festa cívica exemplar na qual o candidato apresentado pela Frente Ampla, José Mujica, venceu o segundo turno sem qualquer dúvida ou impugnação, derrotando o ex-presidente direitista Luis Alberto Lacalle, do Partido Nacional (Branco). No país centroamericano, em troca, ocorreu uma farsa, desprovida de credibilidade e de legitimidade, onde as vontades determinantes não foram as dos cidadãos hondurenhos, mas sim as da reduzida oligarquia local e a do governo dos Estados Unidos. O editorial é do jornal La Jornada, do México.

Neste domingo ocorreram eleições presidenciais no Uruguai e em Honduras, em contextos radicalmente diferentes. No primeiro caso, a jornada eleitoral foi uma festa cívica exemplar na qual o candidato progressista apresentado pela Frente Ampla, no governo, José Mujica, venceu o segundo turno sem qualquer dúvida ou impugnação, derrotando o ex-presidente direitista Luis Alberto Lacalle, do Partido Nacional (Branco). No país centroamericano, em troca, ocorreu uma farsa, desprovida de credibilidade e de legitimidade, onde as vontades determinantes não foram as dos cidadãos hondurenhos, mas sim as da reduzida oligarquia local e a do governo dos Estados Unidos.

No país sulamericano, a eleição presidencial de domingo colocava em jogo a continuidade ou interrupção do programa social e econômica aplicado pela Frente Ampla desde 2005, quando a esquerda estreou seu primeiro governo nacional, encabeçado por Tabaré Vázquez. Programa este que, no passado, conseguiu reduzir a pobreza em 5,5 pontos percentuais (a 20,5% da população) e que, em 2009, evitou a queda do país na recessão, obtendo inclusive um moderado crescimento – em meio à crise econômica mundial – de 1,2%.

Já nas eleições em Honduras, realizadas por um poder golpista e usurpador, respaldado solitariamente por Washington e desdenhado pela maior parte da cidadania, podem ser vistas como uma tentativa do poder oligárquico de legitimar sua tomada de assalto das instituições, no final de junho deste ano, a expulsão ilegal do país do presidente constitucional, Manuel Zelaya, e a posterior conformação de uma presidência usurpada, repressiva e antipopular, em torno de Roberto Micheletti. Em tais circunstâncias, a vitória do candidato Porfírio Lobo (Partido Nacional) sobre Elvin Santos (Partido Liberal) carece de relevância. De fato, a principal inquietude internacional não era a conseqüência formal da eleição, mas sim a materialização do perigo de confrontações massivas entre o difuso, mas perseverante, movimento de resistência contra o golpe de Estado de junho, e as forças políticas e militares.

Assim como cabe felicitar o desenrolar e os resultados do segundo turno das eleições presidenciais celebradas ontem no Uruguai, é inevitável duvidar da perspectiva que a farsa ocorrida em Honduras conduza a uma normalização democrática e constitua uma saída da crise política que persiste neste país, como esboçaram os golpistas hondurenhos e a presidência de Barack Obama.

Em contraste com Washington e com o presidente da Costa Rica, Oscar Arias, cuja subserviência aos gorilas hondurenhos chegou a graus deploráveis, a maior parte dos governos latinoamericanos, encabeçados pelo Brasil, anunciaram sua determinação, correta e ética, de não reconhecer como autoridade legítima de Honduras a quem quer que fosse declarado ganhador da farsa efetuada ontem. Devemos pedir ao governo do México para que se some sem reservas a essa postura continental majoritária e se abstenha de conceder o menor gesto de reconhecimento diplomático a quem, em Tegucigalpa, dê continuidade e consumação ao golpismo. Para finalizar, os setores mais lúcidos e conscientes da sociedade hondurenha tenham diante de si a perspectiva amarga de uma luta prolongada para restituir a ordem constitucional atingida pelo golpe de junho. Essa tarefa será tanto menos árdua e dolorosa quando menor for a margem de manobra internacional que se outorgue ao governante que substitua Micheletti no cargo.
Tradução: Marco Aurélio Weissheimer

Nota da Equipe do Blog EDUCOM: A luta continua. Siga os blogs da resistência (links em nossa barra lateral). Saudações educomunicativistas

Médicos do povo para o povo

do Blog do Emir
Há 10 anos que se estão formando as primeiras gerações de médicos de origem pobre na América Latina. Não estão sendo formados pelas excelentes universidades publicas latinoamericanas, que têm os melhores cursos tradicionais de medicina do continente. Nem falar das universidades privadas.

Eles estão sendo formados pelas Escolas Latinoamericanas de Medicina, projeto iniciado há 10 anos em Cuba e que agora já conta com uma Escola similar na Venezuela e tem projeto de ampliar-se para países como Bolívia e Equador. São selecionados estudantes por cotas de movimentos sociais - originários do movimento camponês, do movimento negro, do movimento sindical, do movimento indígena e de outros movimentos sociais -, se tornam alunos do melhor curso de medicina social do mundo e retornam a seus países para praticar os conhecimentos adquiridos não na medicina privada, mas na medicina social, pública, nos lugares que os nossos países mais precisam, sem contar normalmente com os médicos formados nas universidades tradicionais.

Cuba transformou uma antiga instalação militar – a Academia Naval Granma – em uma universidade médica latinoamericana, para que milhares de jovens privados de estudar medicina nos seus países, possam ter acesso a esse curso em Cuba e retornem a seus países para atender necessidades que não são contempladas pela medicina tradicional.

Além da melhor medicina social que se pode dispor hoje no mundo, os alunos recebem formação histórica sobre o nosso continente, respeitando-se as convicções – políticas, religiosas – de cada aluno. “Médicos dispostos a trabalharem onde for preciso, nos mais remotos cantos do mundo, onde outros não estão dispostos a ir. Esse é o médico que vai ser formar nesta Escola” – dizia Fidel na inauguração da Escola.

A primeira turma se formou em 2005. Formar um médico nos EUA custa não menos de 300 mil dólares. Cuba está formando atualmente mais de 12 mil médicos para países do Terceiro Mundo, em uma contribuição inestimável para os povos desses países. Mesmo passando dificuldades econômicas nas duas ultimas décadas, Cuba não diminuiu nenhuma vaga na Escola Latinoamericana de Medicina – como, aliás, nenhuma vaga nas escolas cubanas, nem nenhum leito em hospital.

Desde a formação da primeira turma, em 2005, graduaram-se médicos de 45 países e de cerca de 84 povos originários. Formaram-se 1496 médicos em 2005, 1419 em 2006, 1545 em 2007, 1500 em 2008, 1296 em 2009. Os três países que tiveram mais médicos formados na Escola são Honduras, com 569, Guatemala, com 556 e Haiti, com 543. Atualmente mais de 2 mil alunos estudam na Escola. A procedência social deles é em sua maioria operários e camponeses. As religiões predominantes são a católica e a evangélica.

A Escola em Cuba – em uma cidade contigua a Havana – é integrada por 28 edificações numa área de mais de um milhão de metros quadrados, onde os estudantes recebem o curso pré-medico e os dois primeiros anos do curso de medicina, de ciências básicas. Depois os alunos recebem o “ciclo clínico” nas 13 universidades médicas existentes em Cuba. O corpo geral de professores é de mais de 12 mil.

O Brasil também já conta com cinco gerações de médicos, formados na melhor medicina social, sem que possam exercer a profissão, propiciada pela generosidade de Cuba. Os Colégios Médicos tem conseguido bloquear esse beneficio extraordinário para o povo brasileiro, alegando que o currículo em que se formara, não corresponde exatamente ao das universidades brasileiras – uma forma corporativa de defender seus privilégios.

As nossas universidades públicas costumam ter as vagas ocupadas por alunos que se preparam muito melhor que a grande maioria, por dispor de recursos econômicos que lhes possibilitam ter formação muito superior às dos outros. Assim, em geral tem origem na classe média alta e na burguesia, que desfrutam da melhor formação que as universidades públicas possuem, gratuitamente, sem que a isso corresponda a contrapartida de exercer medicina social, nas regiões em que o país mais necessita.

Essas instituições corporativas não devem se preocupar, as centenas de médicos formados na Escola Latinoamericana de Medicina não abrirão consultórios nos Jardins de São Paulo, na zona sul do Rio ou em outras regiões ricas das capitais brasileiras. Eles irão fazer a medicina social que o Brasil precisa, atendendo a demandas que não são atendidas pelos médicos formados nas melhores universidades públicas brasileiras, mas que derivam seus conhecimentos para atender a clientelas privadas, em condições de pagar consultas e tratamentos caros.

As negociações para o reconhecimento dos diplomas dos jovens médicos solidários formados em Cuba estão em desenvolvimento, com apoio do governo brasileiro, mas ainda não chegaram a uma solução que permita o aporte dessas primeiras gerações de médicos brasileiros de origem popular.

domingo, 29 de novembro de 2009

Essas eleições não serão reconhecidas e não calam a resistência de Honduras



Infelizmente para a causa da democracia e das liberdades, para a luta pela América Latina livre, unida e soberana, infelizmente para Honduras, dentro de algumas horas serão realizadas eleições em um país sem Judiciário independente, sem imprensa livre, com censura, assassinatos e outras perseguições. É injusto, absurdo. Ainda que os Estados Unidos de Obama e dona Hillary Clinton apoiem este verdadeiro crime, ainda que a Organização dos Estados Americanos esteja tentadíssima a ceder ao bajulador de Washington no poder em San José, é preciso resistir. Não basta o povo boicotar as "eleições". Não basta o Brasil e mais alguns pouquíssimos países se recusarem a aceitar o inaceitável. A luta precisa continuar dentro e fora de Honduras. Veja a seguir, em textos e vídeos, a história de um golpe de Estado covarde, chamado por alguns, reivindicando-se "imprensa livre", de crise constitucional...

HONDURAS – AMÉRICA LATINA LIVRE*

BOLETIM DE LUTA – 28/11/2009

Tirzo Tarriuz e Marco Fonseca, membros da RESISTÊNCIA DEMOCRÁTICA, estão desaparecidos desde a noite de sexta-feira, dia 27. Estavam hospedados no Hotel Caribe, na Costa Norte de Honduras.

Movimentos internacionais pelos direitos humanos começam a se mobilizar para evitar que, tal e qual tem acontecido sistematicamente desde o golpe de julho que depôs o presidente constitucional do país Manuel Zelaya, seja torturados e assassinados pelo regime golpista controlado pelos Estados Unidos.

As prisões em Honduras, às vésperas das eleições de cartas marcadas, para legitimar o golpes, estão sendo marcadas por intensa e violenta ação dos militares hondurenhos, agentes da CIA lotados na base norte-americana em Tegucigalpa e agentes israelenses do MOSSAD, muitos deles no cerco à embaixada do Brasil, onde está o presidente Zelaya.

Um acidente com um caminhão militar que transportava urnas e cédulas já muitas delas preenchidas com o nome do candidato oficial, Porfírio Lobo, incendiou-se e morreram soldados que estavam no veículo.

A população está sendo coagida a comparecer amanhã aos locais de votação e as ameaças vão desde perda de emprego, prisões, confisco de bens e pequenas propriedades.

Em todo o país o regime de terror é coordenado a partir do comandante da base militar norte-americana na capital hondurenha, que é também o comandante em chefe das forças armadas do país, inteiramente subordinadas às políticas golpistas dos EUA e com militares ligados ao tráfico de drogas.

A base militar dos Estados Unidos em Honduras existe desde a formação de grupos no governo Reagan para lutar contra a revolução sandinista na Nicarágua e agora treina militares de todos os países latino-americanos com capital em Washington e sob comando do Pentágono para golpes preventivos, como o presidente Obama chama a derrubada ou tentativa de presidentes que contrariem interesses do seu país, mesmo que sejam eleitos pela vontade popular.

Brasil, Venezuela, Paraguai, Argentina, Equador, Bolívia, Nicarágua, Guatemala e Uruguai já anunciaram que não vão reconhecer as eleições em Honduras. Há todo um esforço do governo dos EUA para fazer parecer que se exerce a democracia ali.

É a mesma democracia da prisão de Guantánamo (que Obama disse que fecharia e mentiroso contumaz não fechou), ou dos crimes contra o povo afegão e o saque do petróleo iraquiano, além de ameaças ao Irã.

O poder imperial se espalhando pelo mundo.

O povo hondurenho resiste e continua a luta pela refundação do país sem norte-americanos, sem sionistas de Israel e pela vontade dos hondurenhos.

O PODER É DO POVO – ZELAYA É O PRESIDENTE

RESISTIMOS À BRUTALIDADE MILITAR E DOS EUA
*movimento hondurenho de resistência ao Golpe de Estado

"Os EUA não cumpriram com sua palavra", diz Zelaya
do Portal Vermelho

A cinco dias das eleições, o presidente deposto de Honduras, Manuel Zelaya, culpou, na última terça-feira (24), os Estados Unidos por sua mudança de posição com os golpistas. "Obama não só não priorizou a democracia em Honduras, mas também não priorizou a democracia na América Latina", disse ele nesta entrevista publicada no Página 12.

Manuel Zelaya tem todas as razões para estar irritado, mas não o demonstra. Atende o telefone da embaixada brasileira em Tegucigalpa com um tom amável, obliterado só pelo cansaço de quem vive preso e assediado há dois meses.

O presidente hondurenho derrubado perdeu a disputa e sabe disso. Quanto mais se aproximam as eleições de domingo, mais patente se torna a sua impotência. "Estamos na luta do mais forte, e na verdade não sabemos o que vai acontecer", reconheceu ontem pela tarde.

Ele não quer adiantar seus próximos passos, mas deixa todas as portas abertas. Nesta conversa com o jornal Página/12, ele não descartou o exílio, nem a negociação com o próximo presidente hondurenho. "Minhas diferenças são políticas, não pessoais", defendeu-se.

Minutos depois da entrevista, as organizações de direitos humanos hondurenhas confirmaram um novo assassinato, a cinco dias dos comícios. "A ditadura continua reprimindo a resistência. Hoje [terça-feira], um professor que havia sido preso pela polícia na segunda-feira apareceu morto. Como podem se chamar de líderes democráticos aqueles que calam e apoiam esse terrorismo de Estado?", sentenciou Bertha Oliva, veterana dirigente.

Segundo seus cálculos, Gradis Espinal, aposentado de 58 anos e pai de três filhos, é a vítima número 26 da ditadura. Nenhum dos principais meios de comunicação hondurenhos repercutiram a notícia, e a ditadura nem se pronunciou. "Nem todos têm as mesmas possibilidades nestas eleições", lembrou Zelaya. Confira a entrevista:

Página 12 - Finalmente, chegou-se ao pior cenário político: eleições sob a ditadura. Por que não se conseguiu a restituição? O que faltou?
Manuel Zelaya - Há um mandato da OEA, outro da ONU e o Plano Arias. Todos pediam a restituição para poder fazer eleições democráticas, em igualdade de condições. Todos pediam isso, mas não aconteceu. Não aconteceu porque os Estados Unidos renunciaram à sua posição, mudaram a sua prioridade, apoiaram as eleições sem restituição, e isso eliminou as possibilidades de restaurar a democracia hondurenha. Não só não priorizaram a democracia em Honduras, mas também não priorizaram a democracia na América Latina.

Página 12 - Eles cometeram erros nos últimos cinco meses?
MZ - As negociações avançavam, mas quando os Estados Unidos mudaram sua posição com relação à ditadura, tudo caiu. Foi isso que aconteceu.

Página 12 - O senhor acredita que o boicote eleitoral será suficiente para fazer com que o próximo governo se desequilibre?
MZ - É preciso se pronunciar contra o processo, que tem uma raiz ilegal, e nem todos temos as mesmas possibilidades. A democracia deve ser um acordo político para que todos possamos competir em igualdade de condições.

Página 12 - Não parece suficiente para desestabilizar o próximo governo...
MZ - Veja, estas eleições têm três elementos que as tornam únicas. Primeiro, é a primeira vez na América Latina que se realizam eleições depois de uma ditadura, sem um pacto social prévio. Segundo, as eleições foram convocadas sob um estado de repressão. E, terceiro, existe um grande temor de uma fraude eleitoral. São eleições frágeis e delas sairá um governo frágil.

Página 12 - Como continuará sua vida depois das eleições? Continuará na embaixada?
MZ - Estamos lutando por uma causa que não tem limites de tempo nem de espaço. Trata-se de sacrifícios e de continuar lutando pela liberdade, aqui ou onde quer que seja. Quando se perde o sistema democrático, perde-se o destino do país inteiro. Estamos lutando a luta do mais forte, e na verdade não sabemos o que vai acontecer.

Página 12 - Tentará dialogar com quem ganhar as eleições?
MZ - Eu me afastei politicamente deles porque apoiaram o golpe, não saíram em defesa da democracia e dos direitos humanos, como nós. Temos diferenças políticas, mas não pessoais.

Página 12 -Está pensando em exilar-se ou imagina continuar vivendo em Honduras?
MZ - Minha vida está sim nas mãos do general Romeo Vázquez Velázquez. Eu não me preocupo com isso. Ele decidirá o que eu posso fazer.

Página 12 - Mas o senhor está considerando o fato de se exilar?
MZ - Minha vida está ligada ao povo hondurenho e está orientada a lutar por uma causa, a da democracia e da liberdade hondurenha. Essa causa não tem um tempo, uma forma ou um lugar determinado. Isso não é importante.

Página 12 - Como ficou sua relação com o governo norte-americano depois de sua mudança em favor das eleições hondurenhas?
MZ - Todo o direito internacional dita que os Estados Unidos podem tomar a decisão que quiserem. Nós não questionamos sua soberania. Mas quando esse governo faz um trato comigo, eu tenho direito de reclamar. Sempre guardarei um respeito por essa nação livre, mas os Estados Unidos não cumpriram com sua palavra.

Página 12 - Obama havia lhe colocado condições para apoiar sua restituição?
MZ - Não, nenhuma. Prometeu a reenquadramento do sistema democrático antes das eleições, nada mais.

Página 12: - por que o senhor acredita que os Estados Unidos mudaram de opinião?
MZ - O senador De Mint disse isso muito claro. Eu não faço juízos, ele disse. Ele veio, como muitos outros republicanos, e falou com Micheletti. Depois, voltou para Washington e fez um acordo com o presidente Obama. Não é preciso especular muito.

Página 12 - Como os países latino-americanos deveriam agir com o próximo governo?
MZ - Além de impugnar as eleições, vamos pedir que sejam anuladas. Os países que se unirem não vão estar defendendo somente os direitos dos hondurenhos, mas também os de todos os latino-americanos.

Página 12 - Muito se discutiu sobre a polarização política que existia em Honduras antes do golpe. Se o senhor pudesse fazer alguma recomendação aos presidentes vizinhos para evitar uma situação similar, qual seria?
MZ - Quando um presidente quer corrigir a economia e torná-la mais justa, precisa fazer reformas que não são do agrado das transnacionais financeiras, de serviços e industriais. Minha recomendação para os presidentes que queiram bem, de verdade, os seus povos é que eles se mantenham firmes, mesmo que as velhas castas militares se mostrem ameaçadoras.

Democracia “a la Obama”
por Ernesto Germano Parés

No domingo, dia 22 de novembro, Barack Obama enviou uma carta ao presidente Lula. O jornal New York Times publicou parte da carta e ficamos sabendo que o governo estadunidense está apoiando as eleições do próximo domingo, em Honduras. Nas palavras de Obama, “a situação deverá começar de zero após a eleição”!

A pergunta que deveríamos estar fazendo é: começar de zero, como? Esquecer que houve um golpe que derrubou um presidente legitimamente eleito? Esquecer que os golpistas estabeleceram um Estado de terrorismo dentro do país, prendendo milhares de opositores e matando centenas de pessoas? Passando uma borracha no fato de os golpistas desprezarem e desconsiderarem todas as instituições internacionais que condenaram o golpe? Afinal de contas, não é o governo estadunidense o primeiro a gritar – quando é de seu interesse – que as instituições devem ser respeitadas?

Interessante é que nossa imprensa parece já ter esquecido os motivos do golpe em Honduras. Os golpistas alegavam que Manuel Zelaya estava tentando um golpe para se reeleger, o que não é verdade, como já demonstramos em artigo anterior. Mas a mesma imprensa não toca no golpe dado por Álvaro Uribe, na Colômbia, para concorrer a um terceiro mandato, quando não poderia ter disputado nem o segundo!

Democracia “a la Obama” é assim. Para o aliado que deixa montar sete bases militares em seu território é democrático rasgar a Constituição para concorrer a novo mandato!

Democracia “a la Obama” é assim. O presidente que foi eleito com uma expectativa mundial em torno do fato de ser negro retirou a delegação estadunidense do encontro da ONU contra o racismo porque não podia deixar seu aliado Israel ser julgado por crimes de racismo contra o povo palestino!

Democracia “a la Obama” é assim. O país que mais polui o planeta, responsável pelas maiores emissões de gás na atmosfera, retirou seus representantes do encontro sobre o aquecimento do planeta e, até hoje, não assinou o Protocolo de Quioto!

Democracia “a la Obama” é assim. Vende armas para Israel, concorda com o arsenal atômico daquele país, mas pretende impedir o Irã de desenvolver tecnologia nuclear para geração de energia!

Por fim, hoje tomamos conhecimento de mais um exemplo da democracia “a la Obama”. O voto nas eleições hondurenhas, domingo, não será secreto!

Isto mesmo! Segundo nota divulgada pelo Tribunal Eleitoral dos golpistas, cada eleitor hondurenho, ao chegar ao local de votação, receberá uma cédula numerada e codificada eletronicamente. A cada eleitor corresponde apenas um número e código! Depois, na apuração, poderão ser identificados todos os votos, inclusive quem votou branco, nulo ou escreveu alguma mensagem de protesto!

Isto é “democracia a la Obama”. E ele ainda diz que vai “começar do zero”? Talvez seja democracia-zero...

Veja este Dossiê do Golpe Oligárquico-Militar e as eleições espúrias em Honduras...




... este artigo publicado na página da Fundação Lauro Campos, que detalha as origens do golpe...
Ex-secretária de Allende: golpe é advertência para América Latina

... e apoie a luta do povo hondurenho pela volta do presidente constitucional, Manuel Zelaya, ao poder participando nestes blogs
Frente Nacional Contra el Golpe de Estado
Honduras en lucha!

2º FÓRUM DE MÍDIA LIVRE - Vitória 2009. Tá chegando a hora!


da página do FML
Neste ano, o Fórum de Mídia Livre acontece nos dias 4, 5 e 6 de dezembro, na Universidade Federal do Espírito Santo, em Vitória.

O evento ocorre no hiato entre o período das conferências estaduais e a nacional de comunicação. E terá a participação de ativistas, artistas, intelectuais, profissionais de comunicação, gestores públicos, empreendedores, estudantes, que debaterão uma agenda comum para os realizadores de mídia independente no país.

O FML contará com desconferências temáticas, mesas de debate (propostas pelos convidados através da internet), oficinas de produção de mídia (propostas pelos próprios convidados através da internet), transmissão ao vivo de palestras e oficinas pela internet, encontro nacional dos pontos de mídia (ligados ao Ministério da Cultura), encontro nacional de blogs políticos, colóquios de mídias sociais nas organizações e movimentos, lançamentos de livros, revistas e sites.

Você pode conferir aqui a programação. E fazer INSCRIÇÃO pelo site.

Nota da Equipe do Blog: o FML será oficialmente aberto dia 4 de dezembro, mas para o dia 3 está prevista uma extensa programação pré-Fórum, que você confere ao ser direcionado para a página. Saudações midialivristas

sábado, 28 de novembro de 2009

Seminário sobre comunicações no BNDES esquenta baterias para a Confecom

por Rodrigo Brandão, da Equipe do Blog EDUCOM
O Seminário "Comunicações e Desenvolvimento em Tempos de Convergência de Mídias" reuniu em seu painel de encerramento, na sede do BNDES, na quarta, 25, alguns dos mais importantes ativistas pela democratização dos meios de comunicação no Brasil. Estavam na mesa de debates Orlando Guilhon, superintendente de Rádio da Empresa Brasileira de Comunicação (EBC) e um dos fundadores do Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação, Adilson Cabral, professor do curso de Comunicação Social e também pioneiro em diversos movimentos de comunicadores e Oona Castro, jornalista e militante nos portais Overmundo e Intervozes. Todos esses, por assim dizer, atores da luta pelo direito à comunicação estarão na 1ª Confecom. O que fez com que a conferência estivesse em foco no painel “Movimentos Sociais na Comunicação”. Aliás, também o coordenador do Seminário, o professor da UFRJ Marcos Dantas, é presença provável em Brasília.

“Direito à comunicação é tão importante quanto os três direitos vitais: a terra, trabalho e liberdade. É preciso que as pessoas entendam isso, que a sociedade civil não-empresarial (ou movimentos sociais) lute por isso”, resumiu Orlando Guilhon, da EBC, a empresa criada em 2007 pelo governo federal e responsável pela rede de TVs e rádios públicas do país, cuja menina dos olhos é a TV Brasil. “Estamos todos empolgados e ansiosos com a Confecom, que é um fato novo no cenário nacional e tem cumprido um extraordinário papel em matéria de politização e democratização Brasil afora”, disse Guilhon, que está na comissão organizadora, para em seguida alertar que “a Confecom tem limites. Não irá representar a solução de todos os nossos problemas e imediatamente significar um novo marco regulatório para o setor”.

Vamos mais longe, amigo leitor: o setor empresarial, representado em 40% dos delegados à Confecom e da própria comissão organizadora conseguiu impor alguns de seus pleitos. Responsável pela definição do regimento e dos temas, a comissão organizadora aprovou duas propostas polêmicas: o caráter apenas consultivo da Confecom e a exclusão do eixo temático “Sistemas”, onde seriam debatidas novas propostas para as regras de concessão de outorgas, regulação e o papel do Estado na comunicação. “Mas o fato é que a Confecom está aí. O governo enfim a convocou e que assuma as consequências políticas do que virá a partir da conferência”, completou Guilhon, destacando que a conferência dará bons resultados se discutir: a necessidade do fortalecimento da comunicação comunitária, a importância da regionalização parcial da produção jornalística e cultural, políticas públicas anti-monopólio e o controle amplo e democrático da sociedade sobre a mídia. “Precisamos popularizar o tema da democratização da comunicação e elevar o nível de organização de nosso povo na luta por esse direito”, finalizou Guilhon.

O professor da Universidade Federal Fluminense (UFF) e militante no movimento Comunicativistas Adilson Cabral trouxe uma polêmica para o debate, precisamente sobre um dos últimos pontos levantados por Guilhon: o controle social da mídia. “Precisamos reformular essa bandeira de luta. Quando falamos em controle, possibilitamos que a mídia corporativa, a chamada grande imprensa, nos acuse de querer atacar a liberdade de imprensa”. Para Adilson, é preciso cobrar “participação social nas mídias”. “Os sites dos grandes jornais já não gostam de nos estimular a interagir com o conteúdo? Não nos pedem para enviar vídeos, para ser o ‘repórter cidadão’? Temos que dizer a eles que não queremos somente ajudar a escrever algumas linhas, mas definir coletivamente as políticas, a linha editorial dos meios”, defendeu.

Cabral foi outro a destacar a importância da discussão sobre comunicação na pauta dos movimentos sociais. “O MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) e outras entidades de luta são diariamente criminalizados pela mídia. Para eles, democratizar a mídia significa sobrevivência”, já que, segundo o professor Adilson Cabral, “avançar na democratização da mídia significa avançar na democratização do país”. Sobre a Confecom, Cabral disse que o principal desafio é propor uma regulamentação da lei de telecomunicações, que estabelece o sistema em três segmentos: estatal, público e privado.

Oona Castro, do Coletivo Intervozes e do Portal Overmundo, centrou sua intervenção na discussão sobre o avanço da internet e a polêmica sobre a legislação ultrapassada no campo dos direitos autorais versus necessidade de veiculação ampla do conhecimento. Ao citar números que constatam a queda na venda de mídias musicais em todo o mundo, Oona também mostrou outros números que atestam o avanço do faturamento dos artistas com shows, propaganda e comercialização de direitos. “Nossa legislação sobre direito autoral precisa mudar com urgência. Não é possível que uma obra só caia em domínio público setenta anos depois da morte do autor. Vejam o caso da literatura: como as editoras donas dos direitos não os perdem, mesmo se não relançarem suas obras com todas as edições esgotadas, configura-se uma retenção da informação”, classificou. “Milhares de livros mofam em prateleiras Brasil afora, prejudicando a juventude, o educando com sede de conhecimento.”

Perguntada sobre os riscos da verticalização do controle sobre a internet e a necessidade de lutarmos por quebrar essa caixa preta, garantindo soberania aos países, a jornalista disse ser muito mais preocupante a ausência de políticas de ampliação do acesso em banda larga. “Em lugar de massificar acessos ruins, a lógica do mercado, é preciso universalizar a banda larga. O Brasil já tem 1 mil pontos de cultura e pontões de cultura digital, muitos no Nordeste, o que é bom, mas pouquíssimos no Norte e no Centro-Oeste”, observou, cobrando mais descentralização.

Bem, companheiros e amigos, nos veremos no 2º Fórum de Mídia Livre e na 1ª Conferência Nacional de Comunicação.

E ainda...
Empresários da mídia alternativa podem criar entidade nacional
Confecom: última rodada de conferências estaduais reúne mais de 2 mil em 12 estados
O que o Brasil tem a ganhar com a Confecom
Pelo Fim do Monopólio das Comunicações no Brasil

Da luta do povo ninguém se cansa


Curso de Jornalismo Prático: O manual do colunista

do Blog do Sakamoto
Agora que a obrigatoriedade do diploma para exercício da profissão caiu, o Blog do Sakamoto reforça o seu "Curso de Jornalismo Prático". Já em sua terceira aula (a primeira e a segunda, sobre o Disk-Fonte: O Jornalismo Papagaio de Repetição, foram um sucesso), o Curso é elaborado em conjunto com amigos que são grandes repórteres e conhecem como ninguém o universo das redações. Para esta aula, um deles foi certeiro na análise do problema, criando um manual que será de grande utilidade aos recém-formados, mas também àqueles com mais quilometragem que querem “chegar lá”.

Quer virar colunista ou editorialista de jornalão impresso, de um telejornal noturno ou de uma revista semanal de grande circulação? Fácil. Basta seguir esse manual. Para cada tema polêmico da atualidade, há um repertório de cinco argumentos que devem ser repetidos ad nauseum, sem margem para hesitação. Pintou o tema, escolha um dos cinco argumentos abaixo e tasque na sua coluna. Se quiser, use mais de um. Você é a estrela.

Uma dica: para sua coluna parecer diversificada, democrática, procure colocar alguns dos argumentos abaixo na boca de “especialistas”. Veja a lista de nossos especialistas no Disk -Fonte e escolha livremente. Se já estiver na hora do fechamento e ninguém atender, ligue para o Demétrio Magnolli, pois esse está sempre à disposição e discorre sobre qualquer assunto. Ele é fera.

E atenção: não se preocupe se o seu concorrente direto anda usando exatamente esses mesmos argumentos há anos. Não importa também se quase todos esses argumentos já foram aniquilados pelos fatos. O importante, em todos os casos, não é citar fatos. O que conta é dar ênfase no argumento. Se você estiver apresentando um telejornal, faça cara de compenetrado. Se for uma coluna, um editorial, carregue no título.

Além da segurança, da facilidade e da comodidade, há várias outras razões para você usar esse manual: 1) você vai parecer erudito; 2) você vai gastar pouco tempo para fechar a coluna; e 3) seu texto irá repercutir muito bem junto ao dono do(a) jornal/revista/TV que você trabalha.

Ao manual:

Se o assunto é: Cotas nas universidades, ação afirmativa, Estatuto da Igualdade Racial

Seus argumentos devem ser:
“Para a biologia, a raça humana é uma só. Logo, não faz sentido dividir as pessoas por raças”
“A política de cotas é perigosa. Irá criar conflitos que não existem hoje no Brasil”
“É uma ameaça à qualidade do ensino, pois os beneficiários não conseguirão acompanhar as aulas”
“Essas iniciativas representam uma ameaça ao princípio de que todos são iguais perante a lei”
“Cotas são ruins para os próprios negros, pois eles sempre se sentirão discriminados na faculdade”

Se o assunto é: Reforma agrária, MST, agricultura familiar

Seus argumentos devem ser:
“Não faz mais sentido fazer reforma agrária no século 21”
“O agronegócio é muito mais produtivo, eficiente, rentável, moderno e lucrativo”
“O Fernando Henrique já fez a reforma agrária no Brasil”
“Se você distribui lotes, o agricultor pega a terra e a vende para terceiros depois”
“O MST é bandido”

Se o assunto é: Bolsa Família

Seus argumentos devem ser:
“O pobre vai usar o dinheiro para comprar TV, geladeira, sofá e outros artigos de luxo”
“O pobre não terá incentivo para trabalhar. Vai se acostumar na pobreza”
“Não adianta dar o peixe, tem de ensinar a pescar”
“O programa não tem porta de saída” (não tente explicar o que é isso)
“O governo só sabe criar gastos”

Se o assunto é: Mortos e desaparecidos políticos, abertura de arquivos da ditadura, revisão da Lei de Anistia

Seus argumentos devem ser:
“Não é hora de mexer nesse assunto”
“A Anistia foi para todos. Valeu para os militares; valeu para os terroristas”
“Não é hora de mexer nesse assunto”
“A Anistia foi para todos. Valeu para os militares; valeu para os terroristas”
“Não é hora de mexer nesse assunto”

Se o assunto é: Confecom, democratização da comunicação, classificação indicativa

Seus argumentos devem ser:
“Qualquer regulamentação é ruim, o mercado regula”
“É um atentado à liberdade de imprensa”
“Querem acabar com o seu direito de escolha”
“Já tentaram expulsar até o repórter do New York Times, sabia?”
“A classificação indicativa é censura. Os pais é que têm que regular o que seus filhos assistem”

Se o assunto é:
A política econômica

Seus argumentos devem ser:
“O governo deveria aproveitar esse período de vacas gordas para fazer as reformas que o Brasil precisa, cortando custos”
“Os gastos e a contratação de pessoal estão completamente fora de controle”
“O país precisa fazer a lição de casa e cortar postos de trabalho”
“Quem produz sofre muito com o Custo Brasil, é necessário cortar custos e investir em infra-estrutura”
“Só dá certo porque é continuidade do governo FHC”

Se o assunto é:
Trabalho e capital

Seus argumentos devem ser:
“O que os sindicatos não entendem é que, nesta hora, todos têm que dar sua cota de sacrifício”
“Os grevistas não pensam na população, apenas neles mesmos”
“Sem uma reforma trabalhista que desonere o capital, o Brasil está fadado ao fracasso”
“A CLT é uma amarra que impede a economia de crescer”
“É um absurdo os sindicatos terem tanta liberdade”

sexta-feira, 27 de novembro de 2009

'Musa do trabalho escravo' comanda golpe contra camponeses em Tocantins

por Leandro Fortes, da Carta Capital
Em dezembro passado, a senadora Kátia Abreu, do DEM de Tocantins, assumiu a presidência da Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária (CNA) com um discurso pretensamente modernizador. Previa uma nova inserção social dos produtores rurais por meio de “rupturas” no modo de se relacionar com o mercado, o consumidor, o governo e a economia global. Pretendia, segundo ela mesma, “remover os preconceitos” que teriam isolado os ruralistas do resto da sociedade brasileira e cravado neles a pecha de “protótipos do atraso”. Diante de uma audiência orgulhosa da primeira mulher a assumir o comando da CNA, Kátia concluiu: “Somos o que somos e não quem nos imaginam (sic)”. Foi efusivamente aplaudida. E tornou-se a musa dos ruralistas.

Talvez, em transe corporativo, a plateia não tenha percebido, mas a senadora parecia falar de si mesma. Aos 46 anos, Kátia Abreu é uma jovem liderança ruralista afeita à velha tradição dos antigos coronéis de terras, embora, justiça seja feita, não lhe pese nos ombros acusações de assassinatos e violências outras no trato das questões agrárias que lhe são tão caras. A principal arma da parlamentar é o discurso da legalidade normalmente válido apenas para justificar atos contra pequenos agricultores.

Com a espada da lei nas mãos, e com a aquiescência de eminências do Poder Judiciário, ela tem se dedicado a investir sobre os trabalhadores sem-terra. Acusa-os de serem financiados ilegalmente para invadir terras Brasil afora. Ao mesmo tempo, pede uma intervenção federal no estado do Pará e acusa a governadora Ana Júlia Carepa de não cumprir os mandados de reintegração de posse expedidos pelo Judiciário local. O foco no Pará tem um objetivo que vai além da política. A senadora, ao partir para o ataque, advoga em causa própria. Foram ações do poder público que lhe garantiram praticamente de graça extensas e férteis terras do Cerrado de Tocantins. E mais: Kátia Abreu, beneficiária de um esquema investigado pelo Ministério Público Federal, conseguiu transformar terras antes produtivas em áreas onde nada se planta ou se cria. Tradução: na prática, a musa do agronegócio age como os acumuladores tradicionais de terras que atentam até contra a modernização capitalista do setor rural brasileiro.

De longe, no município tocantinense de Campos Lindos, a mais de 1,3 mil quilômetros dos carpetes azulados do Senado Federal, ao saber das intenções de Kátia Abreu, o agricultor Juarez Vieira Reis tentou materializar com palavras um conceito que, por falta de formação, não lhe veio à boca: contrassenso.

Expulso em 2003 da terra onde vivia, graças a uma intervenção política e judicial capitaneada pela senadora do DEM, Reis rumina o nome da ruralista como quem masca um capim danado. Ao falar de si mesmo, e quando pronuncia o nome Kátia Abreu, o camponês de 61 anos segue à risca o conselho literal da própria. Não é, nem de longe, quem ela imagina.

Em 2003, Reis foi expulso das terras onde havia nascido em 1948. Foi despejado por conta de uma reforma agrária invertida, cuja beneficiária final foi, exatamente, a senadora. Classificada de “grilagem pública” pelo Ministério Público Federal de Tocantins, a tomada das terras de Reis ocorreu numa tarde de abril daquele ano, debaixo da mira das armas de quinze policiais militares sob as quais desfilaram, como num quadro de Portinari, o agricultor, a mulher, Maria da Conceição, e dez filhos menores. Em um caminhão arranjado pela Justiça de Tocantins, o grupo foi despejado, juntamente com parte da mobília e sob um temporal amazônico, nas ruas de Campos Lindos. “Kátia Abreu tem um coração de serpente”, resmunga, voz embargada, o agricultor, ao relembrar o próprio desterro.

Em junho de 2005, Reis reuniu dinheiro doado por vizinhos e amigos e foi de carona a Brasília, a fim de fazer, pessoalmente, uma reclamação na Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados. Na capital federal, alojou-se na casa de amigos, no miserável município goiano de Águas Lindas, e se alimentou de restos de almoços servidos em uma pensão da cidade. Aos técnicos da comissão apresentou documentos para provar que detinha a posse da terra em questão, de 545 hectares, desde 1955, parte da fazenda Coqueiros, de propriedade da família, numa região conhecida como Serra do Centro. De acordo com a documentação apresentada pelo agricultor, uma ação de usucapião da fazenda havia sido ajuizada em 8 de agosto de 2000.

Após esse ajuizamento, um vizinho de Reis, o também agricultor Antônio dos Santos, ofereceu-lhe para venda uma área contígua de 62 hectares, sob sua posse havia onze anos, cuja propriedade ele alegava ser reconhecida pelo governo de Tocantins. O negócio foi realizado verbalmente por 25 mil reais, como é costume na região, até a preparação dos papéis. Ao estender a propriedade, Reis pretendia aumentar a produção de alimentos (arroz, feijão, milho, mandioca, melancia e abacaxi) de tal maneira a sair do regime de subsistência e poder vender o excedente.

Ele não sabia, mas as engrenagens da máquina de triturar sua família haviam sido acionadas uns poucos anos antes, em 1996, por um decreto do então governador de Tocantins Siqueira Campos (PSDB). O ato do tucano, mítico criador do estado que governou por três mandatos, declarou de “utilidade pública”, por suposta improdutividade, uma área de 105 mil hectares em Campos Lindos para fins de desapropriação. Protocolada na comarca de Goiatins, município ao qual Campos Lindos foi ligado até 1989, a desapropriação das terras foi tão apressada que o juiz responsável pela decisão, Edimar de Paula, chegou à região em um avião fretado apenas para decretar o processo. O magistrado acolheu um valor de indenização irrisório (10 reais por hectare), a ser pago somente a 27 produtores da região.

Do outro lado da cerca ficaram 80 famílias de pequenos agricultores. A maioria ocupava as terras a pelo menos 40 anos de forma “mansa e pacífica”, como classifica a legislação agrária, cujas posses foram convertidas em área de reserva legal, em regime de condomínio, sob o controle de grandes produtores de soja. Na prática, os posseiros de Campos Lindos passaram a viver como refugiados ilegais nessas reservas, torrões perdidos na paisagem de fauna e flora devastadas de um Cerrado em franca extinção. Sobre as ruínas dessas famílias, o governador Siqueira Campos montou uma confraria de latifundiários alegremente formada por amigos e aliados. A esse movimento foi dado um nome: Projeto Agrícola Campos Lindos.

Em 1999, 47 felizardos foram contemplados com terras do projeto ao custo de pouco menos de 8 reais o hectare (10 mil metros quadrados), numa lista preparada pela Federação da Agricultura e Pecuária do Estado do Tocantins (Faet). A federação teve o apoio da Companhia de Promoção Agrícola (Campo), entidade fundada em 1978, fruto do acordo entre consórcios que implantaram o Programa de Cooperação Nipo-Brasileira para o Desenvolvimento dos Cerrados (Prodecer) em parceria com o Banco do Brasil e com cooperativas de produtores.

Escrúpulos às favas, os dirigentes de ambas as instituições se esbaldaram nas posses de Campos Lindos. À época, a presidente da Faet era ninguém menos que Kátia Abreu, então deputada federal pelo ex-PFL. No topo da lista, a parlamentar ficou com um lote de 1,2 mil hectares. O irmão dela, Luiz Alfredo Abreu, abocanhou uma área do mesmo tamanho. O presidente da Campo, Emiliano Botelho, também não foi esquecido: ficou com 1,7 mil hectares.

Dessa forma, um ambiente de agricultura familiar mantido ao longo de quase meio século por um esquema de produção de alimentos de forma ecologicamente sustentável foi remarcado em glebas de latifúndio e entregue a dezenas de indivíduos ligados ao governador Siqueira Campos. Entre elas também figuraram Dejandir Dalpasquale, ex-ministro da Agricultura do governo Itamar Franco, Casildo Maldaner, ex-governador de Santa Catarina, e o brigadeiro Adyr da Silva, ex-presidente da Infraero. Sem falar numa trupe de políticos locais, entre os quais brilhou, acima de todos, a atual presidente da CNA.

O resultado dessa política pode ser medido em números. De acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a produção de soja em Campos Lindos cresceu de 9,3 mil toneladas, em 1999, para 127,4 mil toneladas, em 2007. Um crescimento de 1.370% em apenas oito anos. O mesmo IBGE, contudo, revela a face desastrosa desse modelo de desenvolvimento. No Mapa da Pobreza e Desigualdade, divulgado também em 2007, o município apareceu como o mais pobre do País. Segundo o IBGE, 84% da população vivia na pobreza, dos quais 62,4% em estado de indigência.

No meio das terras presenteadas por Siqueira Campos a Kátia Abreu estava justamente o torrão de Reis, a fazenda Coqueiro. Mas, ao contrário dos demais posseiros empurrados para as reservas do Cerrado, o agricultor não se deu por vencido. Tinha a favor dele documentos de propriedade, um deles datado de 6 de setembro de 1958 e originário da Secretaria da Fazenda de Goiás, antes da divisão do estado. O documento reconhece as terras da família em nome do pai, Mateus Reis, a partir dos recibos dos impostos territoriais de então. De posse dos papéis, o pequeno agricultor tentou barrar a desapropriação na Justiça. A hoje senadora partiu para a ofensiva. Mais

Kátia Abreu tem se notabilizado por defender "nobres" causas, como o direito da Cutrale de fazer agronegócio em terras da União, griladas pela fábrica de sucos assim como ela faz no Tocantins com as terras de pequenos lavradores

Presidente da CNBB demite editores e manda recolher jornal católico em Minas Gerais

Decisão é motivada por conteúdo que faz duras críticas a prefeitos da região e ao governador
por Danilo Augusto, do Brasil de Fato

Dom Geraldo Lyrio Rocha, presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e arcebispo de Mariana (MG), demitiu parte do conselho editorial do Jornal Pastoral e mandou recolher os exemplares da edição do mês de setembro, proibindo assim sua circulação. O periódico, com tiragem de aproximadamente 2 mil exemplares, é de responsabilidade da diocese de Mariana e tem circulação garantida em aproximadamente 70 municípios da região.

Segundo religiosos envolvidos no caso, entrevistados pelo Brasil de Fato e que não se identificaram temendo perseguições, o que levou dom Geraldo a adotar tal medida foi o conteúdo do editorial da edição de setembro. Intitulado “Do toma lá dá cá ao projeto popular”, o texto faz duras críticas a prefeitos da região e ao governador de Minas Gerais, Aécio Neves (PSDB). De acordo com um dos religiosos, o texto estava totalmente pautado no pensamento da Igreja. “O editorial condiz com o que pensa a Igreja voltada para o compromisso social. Por isso, avaliamos que esta é uma posição pessoal do bispo”, completa.

Questionamento

Em trechos, o editorial questiona as despesas da prefeitura de Piranga (MG), que gastou aproximadamente R$ 375 mil nas obras de uma praça. O valor gasto pela administração do prefeito Eduardo Sérgio Guimarães (PSDB) estaria em média R$ 225 mil acima do valor de mercado, como informou um laudo técnico do engenheiro Carlos Alberto Gomes Beato. Saindo do âmbito regional, o editorial desenvolve críticas à administração do governo mineiro apontando que “levantamento publicado no jornal Estado de Minas do dia 30/08/2009 mostra que em 81 dos 85 municípios com menor índice de desenvolvimento [renda, emprego, saúde e educação] a pobreza caminha de mãos dadas com a corrupção”.

Em outro momento, o nome do governador mineiro é citado: “O governo Aécio, sob a diligência da Secretaria Estadual de Desenvolvimento Econômico, canalizou recursos da ordem de R$ 15 bilhões, em grande parte recursos públicos, para quatro empresas (Vallourec, Sumitomo, CSN e Gerdau) ampliarem ou consolidarem seus próprios negócios na região do Alto Paraopeba. O dinheiro é suficiente para a construção de 700 mil casas populares ao preço de R$ 20 mil cada, quase quatro vezes mais do que os R$ 4 bilhões reservados pelo governo federal para programas de moradia em todo o Brasil. Se esse recurso fosse distribuído para as três cidades Congonhas, Ouro Branco e Jeceaba, onde as empresas ‘sortudas’ estão instaladas, que somam 70 mil habitantes, tocariam perto de R$ 219 mil para cada pessoa ou quase R$ 1 milhão por família.

Os nomes envolvidos no editorial também seriam motivos para a tal atitude de dom Geraldo. “O texto cita nomes de políticos e esses políticos citados poderiam cobrar a igreja por meio do bispo uma satisfação sobre o editorial. Isto foi uma motivação política e não religiosa. O bispo quer manter o seu lado do poder, ele não quer perder isso”, explica um dos nossos entrevistados.

Resgate

O editorial também faz um histórico dos financiamentos do governo de Minas em empresas privadas desde o ano de 2003. “As ricas áreas desapropriadas e entregues de mão beijada às minerados e siderúrgicas em Jeceaba e Congonhas chegam a 4 mil hectares. E, de 2003 a 2008, foram canalizados R$ 199 bilhões para as empresas em todo o estado de Minas Gerais, em negociatas de compadrio e cumplicidade tipo ‘unha e carne'”, finaliza.

“Não concordo...”

Em resposta, no mês de outubro, dom Geraldo afirma em editorial do Jornal Pastoral, que “não concordo, não aceito e não aprovo o editorial do Jornal Pastoral do mês de setembro. A Arquidiocese de Mariana não se responsabiliza pelas afirmações e acusações aí expressas. Seja essa a última vez que o Jornal Pastoral incorre em erro tão grave. A fé cristã implica em compromisso social e a Igreja Católica nunca renunciará à sua missão de ser advogada dos pobres e injustiçados”.

Esse trecho, segundo religiosos ouvidos pelo Brasil de Fato, evidencia a postura de uma parte dos lideres católicos. “Ele tem uma visão de Igreja. E nessa visão ele tem preocupação de manter o nome da Igreja. E qualquer coisa que venha colocar em questionamento a posição da Igreja ele teme e foge do conflito. Pois grande parte da Igreja ainda tem medo do conflito e tem medo de se colocar contra a posição do poder político. E na hora desse conflito eles se colocam do lado de quem detém o poder”, observa.

Contrário

Os religiosos acrescentam que essa posição e essa atitude de dom Geraldo não causaram estranhamento. “Acreditamos que essa posição do bispo não é a mais importante de toda a situação. Ele tem posição contrária diante da Romaria dos Trabalhadores, posição contrária em relação à denuncia contra corrupção, posição de afastamento de padres que se envolvem com pautas de movimentos sociais e populares. Então, há uma série de coisas que vão definindo o rumo da diocese e a linha de trabalho dele” lamenta.

Segundo eles, esse posicionamento é contraditório com o atual momento vivido pela Igreja Católica, que apóia o projeto Ficha Limpa e que tem como tema da Campanha da Fraternidade de 2010 “Vocês não podem servir a Deus e ao dinheiro”. “Essa posição é contraditória, pois bate de frente com o momento vivido pela Igreja, que é o posicionamento contra a corrupção política. O editorial condena pessoas politicamente corruptas. A posição do bispo em relação a isso é uma contradição e acaba ficando contra a coleta de assinaturas para o projeto de Ficha Limpa. Ele ficou preocupado com a imagem diante do Senado Federal, na pessoa representada por José Sarney, diante do Estado e dos políticos citados pelo texto”.

Fé em movimento

No Brasil, mesmo estando em queda, os católicos ainda são maioria. De acordo com última pesquisa realizada em 2007 e divulgada pelo Datafolha, aproximadamente 64% dos brasileiros se dizem católicos. O número é 11% menor que uma pesquisa realizada pelo mesmo instituto em 1994. Soma-se a isso o crescimento dos evangélicos pentecostais e não pentecostais, que somam mais de 22%. Esses dados preocupam os religiosos, tendo em vista que muitas vezes o caminho da Igreja é traçado por pessoas como dom Geraldo. “Esse posicionamento dificulta muito a caminhada da Igreja. Por outro lado, eu acredito que a força da Igreja está se manifestando nos movimentos populares. Uma atitude como essa não demora muito tempo a ruir” completa.

O Brasil de Fato informa que entrou várias vezes em contato com o arcebispo dom Geraldo Lyrio Rocha, mas ele não atendeu e nem retornou as ligações

O GOVERNADOR E O ARCEBISPO

por Laerte Braga, jornalista e analista político

A Igreja Católica Apostólica Romana resistiu dois mil anos, mas não vai sobreviver a João Paulo II e Bento XVI. Não tem como. Dois predadores conscientes do papel que cumpriu o primeiro e cumpre o segundo. E toda a equipe montada pacientemente desde a ascensão de Wojtila e seu braço capitalista, o cardeal Marcinkus.

Dom Geraldo Lyrio Rocha, presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) demitiu parte do conselho editorial do JORNAL PASTORAL e mandou retirar de circulação exemplares da edição de setembro. A denúncia foi feita pelo jornalista Danilo Augusto, no jornal BRASIL DE FATO. A tiragem do JORNAL PASTORAL é de dois mil exemplares, circulando em pelo menos 70 municípios da região.

Pensar que o arcebispo de Mariana era Dom Luciano Mendes de Almeida.

Dom Geraldo Lyrio não gostou de criticas feitas ao governador de Minas Aécio Neves e a prefeitos tucanos de cidades da região da sua arquidiocese. Para ser ter uma idéia de uma das mutretas abençoadas pela decisão do arcebispo, o prefeito de Piranga gastou 375 mil reais em obras numa praça da cidade, pelo menos 225 mil acima dos custos reais. O prefeito é Eduardo Sérgio Guimarães, do PSDB.

O jornal publicou ainda parte de trabalho do ESTADO DE MINAS que denuncia (deve ter escapado e o jornalista já deve ter sido demitido) que 81 dos 85 municípios da região com menor índice de desenvolvimento (renda, emprego, saúde e educação), no que diz respeito ao governo Aécio, a “pobreza caminha de mãos dadas com a corrupção”.

D. Geraldo Lyrio não gostou, tomou a decisão em caráter pessoal, bem ao estilo truculento do esquema montado desde o papado de João Paulo II. O JORNAL PASTORAL mostra também que as verbas públicas estavam e estão sendo empregadas em empresas privadas. “O governo Aécio, sob a diligência da Secretaria Estadual de Desenvolvimento Econômico, canalizou recursos da ordem de 15 bilhões de reais para quatro empresas.”

Vallourec, Sumitomo, CSN e Gerdau. São os tais que defendem a iniciativa privada, o deus mercado (que orienta D. Lyrio), mas tudo com dinheiro público. Esse valor, na denúncia formulada pelo jornal daria para a construção de 700 mil casas populares ao preço de 20 mil reais cada uma, quatro vezes mais que os bilhões reservados pelo governo federal para programas de moradia em todo o Brasil.

Em compensação as obras de caridade do arcebispo devem estar bem fornidas, o palácio episcopal deve ter a despensa sortida de caridade empresarial, tanto quanto a caixinha do governador de Minas para sua campanha presidencial.

E mais. “Se esse recurso fosse distribuído para as três cidades Congonhas Ouro Branco e Jeceaba, onde as empresas sortudas estão instaladas, a totalidade dos 70 mil habitantes teria em programas de saúde, educação, moradia, 219 mil reais por pessoa, cerca de um milhão por família.”

Os demitidos pelo gesto inquisitório de Dom Lyrio consideram que a decisão do arcebispo foi política e não religiosa. O santo homem não gostou de ver o governador de Minas exposto assim de público como corrupto e pilantra, naturalmente, movido por piedade cristã.

Não deve ser por outra razão que quando as máfias foram criadas na Itália (Marcinkus tinha ligações com mafiosos e foi pedida sua prisão por esse motivo) decidiram que os chefões seriam chamados de Dom.

O jornal apontou também que terras em áreas privilegiadas foram desapropriadas e entregues de mão beijada a essas empresas, com toda certeza para gerar “progresso”, “emprego”, etc, etc, essa pilantragem Aécio fez semana passada em Juiz de Fora, Minas, onde prefeita o corrupto tucano Custódio Matos.

Preocupado e com medo de perder os convescotes no Palácio em BH, o arcebispo Dom Lyrio, na edição de outubro diz que não concorda com as críticas.

A eminência vai de encontro, na visão correta dos demitidos à campanha de candidatos ficha limpa. A de Aécio é branquinha, mas de outra coisa. E não é pinga não.

Fica fácil explicar o motivo da queda do número de católicos no País nos últimos anos. Da ordem de 11% revela pesquisa do DATA FOLHA, feita em 2007.

Se já não recebeu a medalha Tiradentes, em Ouro Preto, com toda certeza Dom Lyrio vai recebê-la e mais muitas coisas. Um convite para uma semana em Honduras, onde o cardeal de lá apóia o golpe militar (prendeu, torturou, estuprou e matou mais de mil resistentes), com direito a estadia na base militar dos EUA, um fim de semana na CERVEJARIA/TRAMBIQUETERIA CASA BRANCA e se bobear ainda ganha de Obama o direito de abençoar os 40 mil homens que “vão completar o serviço no Afeganistão”.

Breve no Vaticano e em todas as dioceses e arquidioceses, a bandeira ornada com a suástica e Bento XVI de bigodinho, relembrando seus velhos tempos de juventude hitlerista.

O jornal BRASIL DE FATO, que denuncia o esquema D. Lyrio/Aécio (Gerson Camata deve ter alguma participação no batismo imagino) tentou ouvir o Dom, mas não obteve resposta a seus pedidos.

Já já vira cardeal.

quinta-feira, 26 de novembro de 2009

MST e atingidos por barragens oferecem estágio de vivência a estudantes

Se você é estudante universitário e gostaria de conhecer melhor como é um acampamento ou um assentamento de movimentos sociais como o MST ou o Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), além de adquirir formação política para as lutas sociais, eis uma ótima oportunidade

3º Estágio Internacional de Vivência em Áreas de Reforma Agrária e Atingidas por Barragens

10 janeiro a 3 de f
evereiro de 2010

Escola de Agroecologia Laudenor de Souza - Itapeva, SP

Inscrições abertas. Até 4 de dezembro de 2009


O EIV é uma ferramenta construída conjuntamente pelo movimento estudantil e movimentos sociais populares, em que estudantes de diversas localidades do estado de São Paulo, do Brasil e até de outros países da América Latina se propõem a um exercício de formação e vivência nas comunidades de movimentos sociais do campo.
O Estágio de 2010 acontecerá entre os dias 10 de janeiro e 3 de fevereiro de 2010, sendo estruturado em 3 etapas:

1. Preparação: Nessa primeira fase (seis ou sete dias) os estagiários ficam no mesmo local e participam de espaços de formação política através de oficinas, seminários e grupos de discussão sobre economia política, questão agrária no Brasil, histórico e o papel atual dos movimentos sociais, etc.
2. Vivência: Após a preparação, os estagiários se separam e vão para a convivência com as famílias organizadas nos movimentos camponeses (MST e MAB), em diversas localidades do estado de São Paulo, realizando junto a estas as atividades do dia-dia e conhecendo a realidade das pessoas e da organização dos movimentos sociais (cerca de 10 dias).
3. Avaliação: Os estagiários voltam a se encontrar para compartilhar as experiências das vivências e avaliar o estágio como um todo (cinco a sete dias). Também são realizados nesta etapa mais espaços de formação e apontamentos da continuidade do trabalho iniciado no EIV.
Para se inscrever, escreva para eivsaopaulo@gmail.com - até o dia 8 de dezembro será divulgada a primeira lista dos selecionados.

A preparação e a avaliação do Estágio acontecerão na Escola de Agroecologia Laudenor de Souza, do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra - Brasil, em Itapeva, São Paulo.

Outras informações sobre o Estágio

"Quem não se movimenta não sente as correntes que o prendem" (Rosa Luxemburgo)

Organização
ABEF (Associação Brasileira dos Estudantes de Filosofia)
ABEEF (Associação Brasileira dos Estudantes de Engenharia Florestal)
CES (Centro dos Estudantes de Santos)
Coletivo Universidade Popular – Campinas
ENEBio (Entidade Nacional dos Estudantes de Biologia)
ExNEEF (Executiva Nacional dos Estudantes de Educação Física)
ExNETO (Executiva Nacional dos Estudantes de Terapia Ocupacional)
FEAB (Federação dos Estudantes de Agronomia do Brasil)
MAB (Movimento dos Atingidos por Barragens)
MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra)

terça-feira, 24 de novembro de 2009

Ele tem 16 anos e é jornalista comunitário

Aos 16 anos, René Silva é o idealizador e há cinco anos organizador de um jornal produzido exclusivamente por jovens da favela carioca do Adeus, no Complexo do Alemão. Começando cedo, com apenas onze anos, mostrou à familia e aos amigos que não lhe davam crédito, que com dedicação e perseverança algo como um jornalzinho de pequena circulação pode se tornar um processo de transformação social. Entre algumas realizações do "Voz da Comunidade", além da publicação de matérias de interesse da maioria dos moradores do Adeus, notícias e receitas, está a participação em campanhas, como as de arrecadação de alimentos. "Voz da Comunidade" é um jornal independente, que conta com uma equipe de organizadores, realizadores, patrocinadores e anunciantes. Conheça o jovem jornalista René Silva




Nota da Equipe do Blog: se você quiser entrar em contato com René e apoiar essa iniciativa, deixe seu e-mail em nossa caixinha de comentários. Obrigado e saudações educomunicativistas

Os comunicadores e os Pontos de Cultura

publicado por Thereza Dantas no Ponto por Ponto, Espaço de Comunicação Compartilhada

Não é incomum observar oficinas de comunicação na grade da programação das oficinas de diversas Organizações Não-governamentais (ONG), Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público (Oscip) e instituições de caráter social, públicas e privadas. Ao fazer uma reportagem sobre o trabalho de uma ONG na Baixada Fluminense, no Rio de Janeiro, encontrei uma oficina de "Jornalismo" e como jornalista resolvi pesquisar mais sobre essa nova onda.

Afinal o que é Jornalismo e o que é Comunicação?
Essa definição é consensual e pública: Jornalismo é a atividade profissional que consiste em lidar com notícias, fatos e a divulgação dessas informações. Também define-se o Jornalismo como a prática de coletar, redigir, editar e publicar informações sobre eventos atuais. Jornalismo é uma atividade da área da Comunicação, e dentro da Universidade, é o campo de conhecimento que forma publicitários, jornalistas ou relações públicas.

Mas a Comunicação é um conceito mais amplo, uma qualidade intrínseca do ser humano. Para Flávia Ferreira, jornalista que ministra as oficinas na Rede Enraizados, Ponto de Cultura da baixada fluminense que conta hoje com participação da militância do Hip-Hop de 16 organizações no Brasil e de outros países como Colômbia, Espanha, Bélgica, Portugal, Finlândia, França, Angola, Moçambique e Japão, a Comunicação é "tudo que envolve a sociedade, independente de ser mídia, pois tudo que fazemos precisa da comunicação". Flávia completa a sua ideia: "costumamos falar que um ser desprovido da comunicação se torna um animal, pois não conseguindo articular seus pensamentos com outros seres, ele não consegue pensar criticamente sobre si e sobre o mundo que o cerca, mundo este que só existe por que a comunicação o dotou de significados e signos". E a Flávia tem razão porque através da Comunicação nos relacionamos, dividimos e trocamos experiências, idéias, sentimentos, informações, e juntos modificamos a sociedade onde estamos inseridos.

A coordenadora de Comunicação do Ponto de Cultura Viva Favela, Mayra Jucá, explica o que são as oficinas de Comunicação da ONG carioca: "basicamente, nós capacitamos jovens moradores de comunidades de baixa renda para atuarem como 'Correspondentes Comunitários', termo que criamos no projeto Viva Favela para nomear os comunicadores que reportam sobre suas comunidades". Além desse trabalho formador de comunicadores existe uma grande preocupação com a forma, a maneira como essas comunidades serão retratadas “a proposta é a de construir uma imagem sem estigmas e sem o foco em questões sempre negativas como a violência e a pobreza, que é como a mídia em geral aborda esses espaços”, explica Mayra. É realmente difícil imaginar o ser humano que não se relaciona com outro, que não ame um outro, que não compre e que não venda para outro, enfim que não se comunique com outro ser humano. E a partir da afirmativa da Mayra Jucá podemos antever que para cada grupo social existe uma forma de se comunicar.

Quem são os comunicadores?
Na sua grande maioria são jovens, entre 16 a 25 nos, participantes das oficinas e atividades ligadas à comunicação dos eventos e problemas de suas comunidades. Mas para a carioca Gizele Martins, os jovens carecem de mais informações sobre o tema, "principalmente para quem não estuda na área de jornalismo". Gizele é uma virajovem, participa da redação da Revista Viração, projeto que nasceu em 2003 em São Paulo, e que conta hoje com a participação de jovens de escolas públicas e particulares nos conselhos editoriais nos 21 estados brasileiros para a produção da revista. Além da revista Viração ela também escreve no jornal "O Cidadão" produzido há 10 anos pela comunidade da Maré, no Rio de Janeiro. O bacana é que a jovem Viviane Oliveira também faz parte da equipe de colaboradores deste mesmo jornal só que participa via ONG Viva Favela, extensão do trabalho de políticas públicas da ONG Viva Rio. "Lá somos um total de oito pessoas. Duas delas são jornalistas formadas pela PUC-RJ, um é formado em publicidade, e todos os outros estudam Comunicação Social com habilitação em jornalismo", explica Viviane.

Para se ter uma ideia da importância do trabalho dos comunicadores, só o jornal "O Cidadão" cobre 16 bairros no Complexo da Maré, no Rio de Janeiro. São 20 mil exemplares distribuídos gratuitamente a cada três meses "nas escolas, nas associações de moradores, nos comércio, em lugares públicos da favela", explica a vira-midiadora (nome dos comunicadores da Revista Viração) Gizele Martins. E as mídias utilizadas por esses comunicadores são variadas. Podem ser jornais impressos, webrádios, rádios comunitárias, fanzines, blogs, sites, rádio poste, youtube, ou seja, eles podem ser impressos, áudios e vídeos produzidos de forma alternativa, mas não menos eficientes e muito mais próximos das reais necessidades de seus ouvintes, leitores e espectadores. Mas o comunicador tem uma característica curiosa: ele trabalha para várias redes sociais e de comunicação. O exemplo da correspondente comunitária Viviane Oliveira é muito comum: ela colabora com os blogs "O Cotidiano", "Foto&Jornalismo Maré" e "O CIDADÃO". Mais

E viva a democracia participativa

USP cria Licenciatura em Educomunicação

Projeto da Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (ECA/USP) destinado à criação de uma Licenciatura em Educomunicação foi aprovado pelo Conselho Universitário na última terça, dia 17. A Licenciatura destina-se a preparar profissionais para atender demandas provenientes do campo do magistério e da prática social, que prevê o uso das tecnologias da informação e das linguagens da comunicação das artes em projetos voltados para a comunicação educativa.

O profissional a ser formado encontrará espaço de atuação na docência,
especialmente nos cursos profissionalizantes de nível médio voltados
para a comunicação e as tecnologias da informação. Terá atuação,
ainda, no desenvolvimento de projetos destinados a qualificar a
expressão comunicativa da comunidade escolar, fazendo uso das
linguagens da comunicação, das artes, assim como das tecnologias da
informação, tanto no ensino básico quanto no superior. No caso, o
educomunicador agirá como um assessor a serviço das secretarias de
comunicação, das diretorias de ensino e das próprias escolas.

A presença do educomunicador já é visível em escolas de redes
públicas, bem como em projetos de organizações não governamentais que,
na área do terceiro setor, empregam a mídia em programas educativos. O
novo curso pretende potencializar as ações destes profissionais, assim
como as práticas dos que, nos meios de comunicação, especialmente
jornais, emissoras de rádio e de TV, se dedicam à comunicação
educativa.

A iniciativa foi precedida, ao longo das últimas duas décadas, por
pesquisas de mestrado e doutorado sobre a inter-relação
Comunicação/Educação em programas de Pós-Graduação da USP,
especialmente na ECA e na Faculdade de Educação. Por sua vez, o
conceito da Educomunicação vem sendo aplicado, especialmente na última
década, à ação profissional na interface entre os dois campos através
de uma série de experiências de formação em serviço, em todo o país,
mediante projetos de extensão, tanto presenciais quanto a distância,
implementados por docentes e núcleos de pesquisa vinculados ao
Departamento de Comunicações e Artes da ECA.

O novo curso, com 2.800 horas e duração de quatro anos, será oferecido
no período noturno, a partir de fevereiro de 2011. Uma equipe
multidisciplinar de 19 professores doutores, especialistas em teorias,
linguagens e gestão da comunicação, educação, teoria e crítica das
artes e tecnologias da informação assumirá as disciplinas e a direção
do novo programa. De acordo com o Prof. Ismar de Oliveira Soares,
chefe do CCA-USP, a aprovação do novo curso é uma vitória de um
esforço coletivo de uma equipe de pesquisadores e professores da ECA
muitos dos quais aposentados, que identificaram o potencial da ECA
para o atendimento das demandas que a sociedade da informação está
colocando para o ensino da comunicação e da educação no mundo
contemporâneo.