quinta-feira, 15 de setembro de 2011

A CALÇA E SEUS REMENDOS



Laerte Braga


O problema é que num determinado momento que não há mais o que remendar. Nem colocar remendos sobre remendos. Vai ser um tal de arrebenta aqui, arrebenta ali e o rei vai ficar nu. O rei ficar nu nada demais. O pior disso é que para se vestir sua majestade desanda a maquinar remendos/arranjos que serão pagos pelos trabalhadores, os costureiros/as.

Ai é o diabo. Nem o tal “mata capeta”, spray inventado por um pilantra travestido de pastor (vende nuvens no céu para moradia futura dos fiéis) resolve.

Os índices de pobreza nos Estados Unidos são os mais altos da história do país. Os índices de riqueza das elites norte-americanas são também os mais altos de todos os tempos.

O terror neoliberal se impõe com ogivas nucleares espalhadas pelo mundo – principalmente as colônias agregadas sob o nome de Comunidade Européia.

Países da Comunidade Européia querem ajuda dos países que formam o BRICS. Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul. Já não bastam os tesouros acumulados e desperdiçados ao longo dos séculos, desde os tempos em que a América, a África e a Ásia eram colônias em sua grande maioria.

A dívida dos EUA é impagável.

Barack Obama, em plena campanha pela reeleição, enviou carta a cada uma das famílias de vítimas da ação de guerra que derrubou as torres gêmeas do World Trade Center falando em vigilância, segurança, contribuição patriótica, o de sempre.

Brad Manning, o militar que é acusado de liberar documentos secretos norte-americanos para o site WIKILEAKS continua preso em condições subumanas e o campo de concentração de Guantánamo funcionando a pleno vapor.

Israel prossegue sua sanha sanguinária de buscar o extermínio do povo palestino. A ONU vota neste mês o reconhecimento do Estado Palestino. Os EUA são contra. Israel detém o controle acionário do país.

A Turquia assesta sua defesa antiaérea para poder atingir Israel diante das barbáries do governo de Tel Aviv, inclusive contra turcos (cinco foram assassinados numa das flotilhas humanitárias que levavam ajuda a Gaza e a ajuda, lógico, confiscada, entra na coluna do lucro).

Neste momento e até segunda ordem o Irã deixou de ser o grande vilão do mundo cristão, democrático e coisa e tal. Os remendos da calça do capitalismo não se sustentam mais, a cada dia o rei tenta tampar um buraco, mas aparece outro.

O modelo está falido.

Num desses atos da boçalidade que marca a tal democracia cristã e ocidental aviões da OTAN – braço terrorista europeu de ISRAEL/EUA TERRORISMO S/A – bombardearam e destruíram o maior aqueduto do planeta. Um rio subterrâneo construído na Líbia, com três mil e quinhentos quilômetros de extensão, cinco metros de diâmetros que levou água a todos os líbios.

Permitiu o desenvolvimento da agricultura, geração de energia e condições de saneamento mínimas, além de muitos outros benefícios. A UNICEF, órgão das Nações Unidas está comprando água para distribuir aos cidadãos de Trípoli, capital da Líbia, agora “libertada” pelas tais forças cristãs, democráticas, etc.

Falta água na Líbia, mas o petróleo está garantido para as grandes empresas que controlam o setor e são acionistas privilegiados do complexo capitalista/terrorista que controla o mundo.

O aqueduto construído pelo governo do coronel Gadaffi permitiu transformar o deserto em região fértil. Os aviões da OTAN levaram de volta a infertilidade na barbárie definida pelo governador geral da Micro Bretanha – antiga Grã Bretanha – como o “fim do multiculturalismo”.

Mas querem ajuda de países como o Brasil, a Índia e a África do Sul, além de Rússia e China. Ora como? Não somos um povo miscigenado?

As calças estão rotas, não há chances de remendo, os países da Comunidade Européia vivem um processo de extinção que se segue à colonização imposta por ISRAEL/EUA TERRORISMO S/A.

Quem sabe não importam o pastor Malafaia e seu novo “mata capeta”. Às vezes, nunca se sabe, o spray abre uma linha direta com o divino e conseguem que a rainha Elizabeth tenha mais cem anos de reinado. Compra uma nuvem, reina dos céus.

É só não levar o príncipe Charles. Esse não tem jeito. Lionel Messi joga muito mais e é latino, argentino. E não sei se nas nuvens de Malafaia existem farmácias que vendam “tampax”.

Não há como remendar essa calça. Está pronta para ser jogada no lixo. O capitalismo vive seus estertores na inconseqüência que traz consigo em cada um dos seus momentos. Na barbárie que lhe é implícita. O principal gene do modelo.

E nem devem os países do BRICS colocar seu rico dinheirinho para socorrer falidos, já que não socorrem seres humanos. Mas banqueiros, grandes empresários e controladores dos nossos latifundiários.

No caso do Brasil. Paga 12% para tomar dinheiro emprestado e empresta pela metade a essa súcia européia. Por que?

No final das contas quem paga somos os brasileiros.

É a típica armadilha que no nosso caso se desenha nas contradições do governo. Uma no cravo e outra na ferradura e o peso de alianças que forjam ministros como esse do Turismo que saiu enquanto o que entra vai aguardar sua vez.

Aí deita e rola a mídia inconseqüente e venal, ressuscitam vozes dos porões da ditadura militar preocupadas com a Comissão da Verdade e no final sobra sempre o risco de um tresloucado como Aécio Neves ser eleito presidente.

Dá para imaginar Aécio desembarcando num aeroporto de um país qualquer da Comunidade Européia, vestido de conde mineiro (pobre Minas Gerais governada por um ornitorrinco) e jogando dinheiro para o alto?

Não vai nem querer passar perto do bafômetro.

O governo Dilma não pode imaginar que a calça remendada dos países da Comunidade Européia tenha que ser cerzida pelo dinheiro brasileiro. Não tem como.

Professores, profissionais de saúde no Brasil, servidores públicos (serviços públicos são direitos fundamentais do cidadão, dever do Estado) vivem jogado ao relento nas políticas voltadas para os interesses das elites.

Ou o governo toma um rumo ou continua à deriva e a mercê dos bandidos que infestam tanto essa arca da aliança – espúria – como a oposição, montada no viés tucano de vestir o País e o povo com calças irremendáveis.

Esse modelo já foi para as calendas. É hora de realidade, logo é hora de luta nas ruas. Do contrário vamos pagar os custos da Maison Dior, enquanto os professores são espancados pelas polícias militares que matam juízes/as e fazem acordo com traficantes.

Não dá nem para fazer uma colcha de retalhos. Isso se faz com perfeição aqui em Minas Gerais (longe de Aécio), nos estados do Nordeste e do Norte (longe de coronéis como Sarney), na luta dos trabalhadores, nunca nos vestidos de madame Alckimin e quatro milhões de devo no dinheiro público da Prefeitura de São Paulo.

Não dá capa de VEJA. A revista, O GLOBO, ÉPOCA, FOLHA DE SÃO PAULO, ESTADO DE SÃO PAULO, ISTO É foram comprados por nove milhões de reais traduzidos em assinaturas para distribuição na rede de escolas públicas e em troca do silêncio.

A ajuda a Comunidade Européia (isso é disfarce, na verdade bases do completo ISRAEL/EUA TERRORISMO S/A) é armadilha. Mais ou menos como as caçadas do rei da Espanha. Cinco mil dólares por búfalo abatido. No caso, querem abater o Brasil.

É que nem aquela história né, só porque John Wayne usava calças de brim, calças jeans significam liberdade.

Usava botas também e esporas. Continuam usando. Pesados coturnos com que sufocam trabalhadores no mundo inteiro, enquanto mantêm a glória dos banqueiros. Das grandes corporações e latifundiários que nos servem veneno no agrotóxico de cada dia.

Manda o Sérgio Cabral para Paris, contrata o escritório da mulher dele, quem sabe essa combinação “mata capeta” com Cabral e Aécio (são aliados agora) não consegue resolver o problema das rotas calças européias, legalizando tudo assim que nem a casa ilegal do Luciano Huck?

É tudo questão de por cento.    

Ah! De quebra podem contratar também o Ricardo Teixeira e os juízes e bandeirinhas do campeonato brasileiro. No mínimo dá empate. Os dois lados falam.

    

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Eduardo Guimarães: Atos contra a corrupção da mídia, levem suas faixas

Atos contra corrupção da Mídia em São Paulo e no Rio

por Eduardo Guimarãesno Blog da Cidadania


Haverá ato contra a corrupção da mídia também no Rio, na Cinelândia, na próxima sexta-feira, dia 16 de setembro, às 17 horas. Está sendo organizado pelo companheiro Sergio Telles.
Em São Paulo, a página do ato do Movimento dos Sem Mídia no Facebook já conta com 1000 confirmações de presença e mais de 300 adesões na página da Marcia e do Adolfo, que criaram o ato antes do MSM mas depois se uniram a ele. Aqui no blog, contabilizei umas 200 pessoas que não têm Facebook e que prometem comparecer.
No Rio de Janeiro, de ontem para hoje o ato pulou de 36 adesões para mais de 70 durante a madrugada. Possivelmente não haverá tempo para fazerem um ato mais denso, mas, pelo menos, farão alguma coisa.
Para  o ato paulista – no Masp, no próximo sábado, 17 de setembro, às 14 horas – já conseguimos um carro de som e o MSM fará algumas faixas. Não temos recursos para fazer muitas, então peço que quem puder faça a sua e leve.
A mídia não deu nem uma notinha, claro. Mas quem viu os atos recentes do novo Cansei  “contra a corrupção” na avenida Paulista, verá agora um ato contra a corrupção da mídia e quem tiver cérebro perceberá que a mesma mídia escondeu.
Os discursos e faixas pedirão o marco regulatório da comunicação e denunciarão que a mídia só noticia corrupção dos políticos do PT e aliados e ignora a dos governos tucanos como o de São Paulo. E que, acima de tudo, ignora os corruptores, ou seja, os que corrompem os políticos.
Estou preparando o manifesto do Movimento dos Sem Mídia que, como em todos os atos da ONG, será lido na abertura do evento, para que depois quem quiser faça uso da aparelhagem de som (potente) que levaremos.
São Paulo e Rio, portanto, começam reação contra um movimento engendrado, financiado e amplamente divulgado pela mídia, e que, lendo os leões-de-chácara dessa mídia em suas colunas e blogs, percebe-se que pretende atingir o governo Dilma e o legado de Lula.
É preciso reagir. No Rio, uma empresária “cansada” está convocando um ato genérico “contra a corrupção” para o próximo dia 20; em São Paulo, os “cansados” locais querem voltar à avenida Paulista em 12 de outubro; em Florianópolis e em Recife, outros “cansados” irão à rua no mesmo dia.
Os atos contra a corrupção da mídia não têm outra fonte de divulgação além deste blog, do facebook e do Twitter do blogueiro e no boca a boca dos leitores na internet, além de outros blogs que estão veiculando, enquanto que os atos da mídia saem em todos os grandes jornais, revistas, tevês, rádios e portais de internet.
É uma luta desigual? Sim, mas aí é que está o valor da iniciativa.
Para confirmar presença no Facebook no ato contra a corrupção da mídia em São Paulo, clique aqui, e para confirmar presença no ato do Rio, clique aqui

Fonte: extraído do blog Viomundo

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Inglaterra discute regulação da mídia


Por Paulo Nogueira, no blog Diário do Centro do Mundo:

Martin Wolf, colunista do Financial Times, é um dos grandes jornalistas britânicos. Os cabelos brancos mostram sua senioridade, e a forma e o conteúdo dos textos explicam sua reputação.

Li com atenção em dobro um artigo seu sobre um tema especialmente complicado: a regulamentação da mídia. Não à toa, espalha-se sempre a desconfiança de que o Estado esteja interessado em manietar a mídia quando fala em regulá-la.

Mas não há como evitar o assunto, por mais desagradável que seja. Deve haver regras para tudo, incluída a mídia. E elas podem e devem mudar de acordo com novas circunstâncias.

Wolf entende que o caso News of the World, com a violação da caixa postal de celulares de milhares de pessoas, é uma oportunidade de atualizar a legislação da mídia no Reino Unido. “Aproveitemos a chance para a reforma da mídia” é o título do texto.

Ele é franco para dizer, logo de cara, que é daqueles a quem incomoda o acúmulo de poder nas mãos de Rupert Murdoch. Tal poder é, para Wolf, “intolerável”. “Mídia diversificada exige propriedade diversificada”, afirma ele.

Sua análise sobre a natureza da mídia, se não é exatamente original, é clara e lúcida. “A mídia é um negócio”, diz ele. “Mas não só negócio. Ela não apenas reflete como molda a opinião pública, e por isso detém considerável influência política. É por isso que ditadores querem controlar a mídia e políticos democráticos tentam usá-la. Uma pessoa que controle negócios na mídia impressa e na televisão tem uma influência enorme na vida pública. É o caso, ou pelo menos era, de Rupert Murdoch.”

Murdoch, com suas mídias variadas e poderosas, exerce no Reino Unido (ou exercia, para seguir o raciocínio de Wolf) uma influência similar à que têm, no Brasil, as Organizações Globo. Com uma diferença: lá existe o contraponto da BBC, que é objeto de devoção entre os ingleses com seu soberbo jornalismo — sereno, cosmopolita e o mais próximo possível da objetividade e do interesse público.

Wolf avisa que é a favor da manutenção do status-quo da BBC, financiada pelo Estado por meio do dinheiro que todo mundo paga no Reino Unido quando adquire uma televisão – a licence fee. Ele está certo. As publicações de Murdoch fazem permanente campanha contra a BBC.

A concentração na mídia, como nota Wolf, leva os políticos a dobrar os joelhos diante dos proprietários. “No pior cenário, o dono pode manipular e distorcer os fatos, de forma a transformar a vida pública”, escreveu Wolf. É o caso nos Estados Unidos, segundo ele, da Fox News, de Murdoch, com seu “populismo de direita”. “Isso não pode acontecer no Reino Unido”, diz ele.

(Os políticos britânicos se vergavam diante de Murdoch mais ou menos como os seus congêneres brasileiros diante de Roberto Marinho. Não nos primórdios da TV Globo, quando os militares estavam no poder e beneficiaram Roberto Marinho para que este, com a televisão que lhe deram, os apoiasse. A servidão voluntária a Marinho veio depois que os militares saíram. Foi o ápice da influência e do poder das Organizações Globo: pós-generais e pré-internet).

Wolf assinala que qualquer legislação deve prever um ajuste futuro, dadas as extraordinárias mudanças que a internet está provocando na mídia. Cada país tem suas peculiaridades e idiossincrasias. E é preciso levar em conta que na Inglaterra se formou um consenso em torno da necessidade de reforma na mídia depois que se soube que o News of the World, em busca de furos, grampeara a caixa de mensagens do celular de uma garotinha assassinada.

Tal consenso não existe ainda no Brasil. Mas mesmo assim os brasileiros deveriam acompanhar de perto as discussões sobre a mídia que estão sendo travadas entre os britânicos. Muita coisa do que for feito lá poderá ser útil no Brasil. 
 
 
Fonte: Extraído do Blog do Miro

Quando a chuva inclui mais que os rios



por Mario Osava, da IPS
184 Quando a chuva inclui mais que os rios
Uma nordestina tira água de uma cisterna para irrigar sua horta. Foto: Mario Osava/IPS

Ouricuri, Brasil, 12/9/2011 – O surgimento da violência parecia iminente quando quase 1.500 camponeses famintos invadiram esta pequena cidade pernambucana. À ameaça de saque se contrapunha a polícia disposta ao combate. Era o ano de 1993 e a seca já durava três anos no interior do semiárido do Nordeste. As mortes por fome e sede que se sucediam empurravam multidões para as cidades em busca de alívio, às vezes assaltando comércios e armazéns em sua passagem.
O governo do presidente Itamar Franco (1992-1995) tentava contar os desesperados oferecendo alguns alimentos e trabalho temporário nas chamadas “frentes de emergência”. “Eles vinham dispostos à guerra”, lembrou Juvenal Ferraz, na época presidente do Sindicato de Trabalhadores Rurais de Ouricuri, município do oeste do Estado de Pernambuco, cuja população era 70% de origem camponesa, quando a média nacional chegava a apenas 25%.
“A única alternativa” que ocorreu a Ferraz para evitar a tragédia foi acompanhar os manifestantes nos três dias em que ocuparam as ruas diante do sindicato, do Tribunal de Justiça e da prefeitura, “pedindo que ficassem calmos”, enquanto também dialogava com a polícia, “pedindo compreensão”. Conseguiu alojá-los em um casarão, onde ficaram outros três dias sem comida, e costurou um acordo para que se alistassem em uma frente de emergência para limpar açudes, de onde se retira água dos rios para irrigação e uso doméstico. Desse modo conseguiu baixar a tensão e os camponeses voltaram para suas casas.
No Nordeste, a reiteração de tragédias climáticas semelhantes e o fracasso de políticas de “obras contra a seca”, com construção de represas, estradas e sistemas de irrigação, pediam urgência na busca de novas soluções. Entretanto, apenas uma década depois foi implantada uma alternativa efetiva. A Articulação do Semiárido Brasileiro (ASA), uma rede de mais de 700 organizações sociais, adotou o caminho da “convivência com o semiárido”, espalhando cisternas e outras formas de coletar água da chuva em pequenas unidades familiares e comunitárias.
Por sua vez, o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (2003-2011) iniciou, em 2007, um gigantesco projeto “contra a seca”, a transposição artificial das águas do Rio São Francisco, que nasce no Estado de Minas Gerais e cruza o sul da região rumo a bacias do Nordeste, para abastecer 30 represas e perenizar vários rios que secam por temporadas. A obra, uma vez acabada, beneficiará 12 milhões de pessoas, que vivem em 390 municípios dos Estados de Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte e Ceará, os mais afetados pelas secas, garantindo o abastecimento a algumas das grandes cidades e centenas de pequenas e médias, segundo o Ministério de Integração Nacional, responsável pelo projeto.
A oferta adicional permitirá melhor gestão dos recursos hídricos no Nordeste e estimulará o desenvolvimento econômico do interior da região, desviando apenas 1,4% do fluxo do São Francisco, argumentou o governo, em resposta às críticas que o projeto desperta. Contudo, a situação no Nordeste semiárido já mudou. Os pequenos agricultores e trabalhadores rurais deixaram de ser tão vulneráveis às secas, segundo Ferraz. A do ano passado foi em muitas partes mais intensa do que a de 1993 e não se repetiu a fome daquela época, lembrou.
Isso se deve aos programas sociais do governo Lula, continuado pela administração de Dilma Rousseff, como o Bolsa Família, que ajuda 13 milhões de famílias pobres, a metade no Nordeste. Também graças às tecnologias de armazenagem da água da chuva, explicou Ferraz. “A fome desapareceu, já não é permanente”, acrescentou o sindicalista. O Programa Um Milhão de Cisternas (P1MC), iniciado em 2003 pela ASA já beneficiou, até o final de julho deste ano, 351.140 famílias com o sistema que leva a água caída no telhado das casas para um depósito feito com placas de concreto, com capacidade para 16 mil litros. É água potável para beber e cozinhar.
As cisternas instaladas com apoio dos governos locais e de outras instituições já passaram de meio milhão, segundo Paulo Pedro de Carvalho, coordenador-geral da Caatinga, uma organização não governamental com sede em Ouricuri e dedicada ao desenvolvimento rural sustentável nas proximidades da Meseta do Araripe, no oeste de Pernambuco. A Caatinga “ajudou muito” a superar a crise de 1993 em Ouricuri, reconheceu Ferraz, que, “sem deixar o sindicalismo”, se incorporou a esta organização para espalhar cisternas. Ultimamente promove sua construção em escolas, para garantir água potável aos alunos e incentivar conhecimentos sobre a realidade do semiárido e temas hídricos.
“Vi muitas meninas e meninos chorando de sede e mães por não terem água para cozinhar”, recordou Ferraz, destacando que alguns não acreditam na eficácia das cisternas até elas “melhorarem muito a vida de suas famílias. “É uma pena que os governos não apoiem o programa como gostaríamos”, prosseguiu. O governo federal financiou cerca de três quartos das cisternas construídas pela ASA, por intermédio do Ministério de Desenvolvimento Social, mas com recursos bem abaixo do necessário para a meta de um milhão de cisternas em cinco anos, cumprida em apenas 35% em oito anos.
É um mistério Lula não ter abraçado o programa da ASA, atendendo sua sensibilidade de ter nascido no Nordeste, filho de uma família que emigrou para São Paulo quando ele era criança fugindo da pobreza e das seca, disse Jean Carlos Medeiros, coordenador do P1MC. Lula impôs políticas que beneficiaram os pobres, especialmente os nordestinos, mas na questão hídrica deu prioridade à transposição do São Francisco, uma ideia em discussão desde o Século 19, que só por sua decisão finalmente começa a se concretizar.
O projeto custara R$ 6,85 bilhões, informou em agosto o Ministério de Integração, admitindo aumento de 36% sobre o orçamento inicial. Além disso, as obras avançam lentamente, com alguns trechos paralisados. Sua conclusão, inicialmente prevista para 2010, foi adiada, no mínimo, para 2014. “É um retrocesso” sobre a “convivência com o semiárido” que hoje se reconhece como caminho para uma solução efetiva dos problemas sociais do Nordeste, definiu Alba Cavalcanti, coordenadora-adjunta de outro programa da ASA, de coleta de água da chuva para irrigar hortas
A transposição constitui uma brutal intervenção na natureza, somando 518 quilômetros de canais mais 42 aquedutos, cinco túneis, 30 represas e nove estações de bombeamento de água a centenas de metros de altura. No total são 713 quilômetros de obras em dois eixos. No entanto, essa gigantesca obra pode não beneficiar a chamada “população difusa”, como são os camponeses do semiárido, os mais pobres e afetados pelas secas periódicas, que no passado viam a emigração como única saída.
Em Ouricuri, por exemplo, seus 74.526 habitantes do censo de 1991 baixaram para 56.733 em 2000, devido a várias secas na década de 1990. A recuperação se refletiu no censo de 2010, com 64.358 habitantes. “Conviver com o semiárido é mais do que ter água, compreende também valorizar a terra, ter orgulho de ser nordestino, sentir-se capaz de viver ‘em minha terra’, e não um cidadão inferior”, concluiu Alba Cavalcanti.

Fonte: Envolverde/IPS

domingo, 11 de setembro de 2011

O ONZE DE SETEMBRO



Laerte Braga


A multidão que foi convocada a ir ao chamado marco zero – local onde existiam as torres gêmeas do World Trade Center – recebeu Obama com frieza e Bush com entusiasmo. É o que relatam as principais agências de notícias do mundo.

Os países latino-americanos em 1970, à exceção da Venezuela, Colômbia e Chile estavam sob controle de ditaduras militares instaladas pelos Estados Unidos. E apenas os governos de Cuba e do Chile se opunham ao império do norte. À época os norte-americanos estavam empenhados em sua “cruzada” no Vietnã, de onde saíram derrotados política e militarmente depois de causar mais de um milhão de mortes e destruir boa parte do país com armas químicas e biológicas (o agente laranja, usado hoje no agro negócio, o transgênico e nas lavouras do latifúndio).

No Brasil, em 1964, os Estados Unidos assumiram o controle do País. Designaram o general Vernon Walthers para o comando das forças armadas brasileiras (a parte nazi/fascista) e derrubaram o governo democrático de João Goulart. Documentos secretos revelados nos EUA mostram que nos dias do golpe a IV Frota norte-americana estava pronta a intervir em nosso País caso os golpistas não conseguissem dar conta do recado. O nome da operação era BROTHER SAM e foi revelada pelo extinto JORNAL DO BRASIL através do jornalista Marcos Sá Corrêa.

Um expurgo nas forças armadas brasileiras (militares legalistas foram presos, expulsos, reformados) colocou o País a reboque dos interesses norte-americanos e lotaram as prisões de adversários. A tortura era a regra geral desses patriotas. A barbárie e a violência eram os princípios.

Obama leu um salmo nas comemorações em homenagem às vítimas do onze de setembro. É claro que o salmo diz que Deus é norte-americano e habita em New York. Pode gerar uma disputa com Tel Aviv, pois os nazi/sionistas que governam Israel costuma alegar ser os “proprietários” de Deus.

O terrorista George Bush foi ovacionado pela massa ensandecida e dirigida pela grande campanha feita pela mídia para transformar um ato de guerra num ato terrorista. O medo gerado pela mídia a paranóia que viveram os norte-americanos nesta semana que se finda.

Milhões de homens, mulheres e crianças já foram assassinados nas guerras pós onze de setembro para “libertar” o mundo. Campos de concentração como Guantánamo, tortura autorizada no Ato Patriótico, prisões secretas, missões militares em função de interesses econômicos (sempre o petróleo e agora a água também).

A morte de inocentes – são inocentes as vítimas, lógico, como inocentes/estúpidos os que acreditam no american way life e moram em barracas, trailers, debaixo de pontes, etc, enquanto bancos e empresas se regalam com os bônus do governo qualquer que seja ele. Obama ou Bush – transformada em espetáculo eleitoral. Obama tenta dar a arrancada para as eleições do próximo ano e Bush dar uma ajuda aos republicanos. Um dos pretendentes de seu partido é Jeb Bush, seu irmão, ex-governador da Flórida e que fraudou uma das seções eleitorais que permitiu a vitória do irmão derrotado nos votos populares.

Em onze de setembro de 1973 o presidente do Chile, eleito pelo voto, Salvador Allende, foi derrubado por um golpe militar montado pela CIA (documentos secretos do governo norte-americano tornados públicos como manda a lei naquele país e depois de um determinado período, contam toda a história).

O Brasil através dos militares que governavam o nosso País foi cúmplice da barbárie. Numa extensão do controle dos EUA sobre as forças armadas de países que viviam regimes ditatoriais, líderes de oposição foram assassinados ao longo do tempo que os golpes sobreviveram. Caso do general chileno Carlos Pratts, que se recusou a participar do golpe de Pinochet (era um homem de confiança de Allende, mas a mala de dinheiro da CIA falou mais alto na hora agá).

Milhares de chilenos foram presos, torturados, submetidos a toda a sorte de violência e estupidez (características de militares golpistas). Como aconteceu com milhares de brasileiros, argentinos, uruguaios, paraguaios, peruanos e povos da América Central). E recentemente com Honduras e com hondurenhos.

A boçalidade do império norte-americano não tem limites.

A asfixia econômica do Chile foi a arma usada pela CIA com a cumplicidade de empresários, banqueiros e latifundiários para derrubar Allende. Banqueiros, latifundiários e grandes empresários não têm pátria, só interesses. É assim no mundo inteiro e o povo norte-americano começa a provar desse veneno na grande crise que assola o país e a grande mídia – podre e venal – silencia.

Um por cento do poder destruidor de uma bomba atômica foi a força do ataque às torres gêmeas. É o que revelam os jornalistas dos EUA Jim Dweyer e Kevin Flynn, no livro “102 MINUTOS – A HISTÓRIA INÉDITA DA LUTA PELA VIDA NAS TORRES GÊMEAS”.

Os norte-americanos despejaram em 1945 duas bombas atômicas sobre o Japão, nas cidades de Hiroshima e Nagazaki, numa guerra que já estava ganha, apenas para testar os efeitos do “artefato” e mostrar ao mundo quem de fato mandava e manda.

Foi o maior atentado terrorista da história. O onze de setembro foi um ato de guerra. De uma guerra que os EUA começaram e mantêm em vários cantos do mundo na “missão divina” de levar liberdade e saquear riquezas (petróleo principalmente).

O onze de setembro gerou uma histeria da mídia em todo o mundo. No Brasil os canais da REDE GLOBO produziram programas em torno do ataque e seguiram a orientação de Washington ao dizer que é possível a repetição de um ato semelhante.

O medo gerado pelas imagens como forma de justificar boçalidade. No caso da GLOBO um faturamento extra, lógico e o rastejar humilhante de uma rede de comunicação corrupta, fétida e dominada de fora para dentro.

Usaram, aqui e em todo o mundo, nos EUA principalmente, de imagens de horror e sofrimento para justificar o horror e o sofrimento que infligem a povos outros em todo o mundo.

Obama e Bush cumpriram seus papéis de faces visíveis do terrorismo de Estado.

O onze de setembro gerou a maior organização terrorista do mundo. ISRAEL/EUA/TERRORISMO S/A.

Especialista em destruição, em saques, em extorsão, em chantagens, assassinatos, tortura, estupros, todo o leque de boçalidade que se possa imaginar e tudo em nome de Deus, o deles.

O espetáculo dirigido a partir da Casa Branca neste onze de setembro tem um objetivo. Manter vivo o medo, o pânico, consolidar mentiras, justificar presentes e futuras ações de terrorismo do complexo nazi/fascista a ressurreição do Reich de Hitler.

Causam engulhos tanto a imagem de dois criminosos – crimes contra a humanidade – Obama e Bush orando e falando em liberdade, como a histeria da mídia comprada nas besteiras ditas durante toda a semana.

A melhor imagem, no duro mesmo, talvez outras tantas, é aquela da menina vietnamita fugindo com o corpo queimando pela explosão de bombas de napalm, dilacerada pela “liberdade” do terrorismo norte-americano, na guerra do Vietnã.

Não creio que os bárbaros, como são chamados alguns povos da antiguidade, tenham atingido tal nível de estupidez como os norte-americanos e seus proprietários os sionistas, nos dias atuais.

Que o digam, se puderem e da forma que puderem, os mortos do onze de setembro, de todas as guerras estúpidas dos norte-americanos, usados e transformados em espetáculo no show de um mundo dominado pelo terror. Mas o terror dos que guardam arsenais capazes de destruir o planeta cem vezes se necessário for.E já mostraram que o fazem.

Hiroshima e Nagazaki.  

Estão buscando um tipo de Oscar. Obama e Bush. O da barbárie.  

  

Ciência sem Consciência conduz à demência

Por Jorge Leão*
Atualmente, com a hipertrofia da ideologia consumista, vive-se a ilusão de que somos máquinas de produção de bens voláteis. Em nenhum outro espaço de tempo da história da humanidade, observa-se com tanta frequência e temeridade o colapso das relações de produção, objetivadas pela busca exacerbada do domínio econômico e do lucro sem medidas.
Por isso, a natureza transformou-se em objeto de consumo. Os processos de adaptação sistêmica e transformação sinérgica, eminentemente naturais, não são respeitados pela máquina de produção global. Assim, a maior parte da população do planeta vive à margem dos mecanismos tecnológicos de domínio, sem condições de acompanhar o ritmo desenfreado de destruição que a economia capitalista imprime aos ecossistemas e aos povos excluídos dos bens advindos da produção de mercadorias.
Diante deste quadro calamitoso, o combate aos sintomas da doença não resolverá os problemas globais da Terra. A ciência médica, ainda marcada pelo dualismo cartesiano entre sujeito e objeto, também é limitada quanto às demandas urgentes do organismo mundano, que se encontra na UTI. A não ser por um processo radical de mudança de paradigma, será possível a reestruturação da organicidade planetária. Isto é, sem medicina preventiva, a demanda por farmácias aumenta em proporção geométrica, pois se fabrica com este modelo dependentes químicos e não pessoas saudáveis.
O número de doenças consideradas incuráveis aumenta a cada ano. E o ônus aos cofres públicos em escala geométrica. Infelizmente, a academia ainda não compreende que a causa da doença não se trata com mecanismos paliativos, que apenas encobrem momentaneamente o problema. Obviamente, que a conta é paga pela população, sendo que o lucro vai para a indústria de remédios.
Outro grave sintoma é que não pensamos de modo conjuntural. Isto é, a teia de relações que enriquece a indústria farmacêutica gera estreitos laços com o agronegócio e a indústria dos fast-foods. Ou seja, existe um mecanismo global de enriquecimento astronômico, alimentado pela miséria, pela fome e pela doença da população. A mesma indústria do agronegócio que financia a lógica da exportação encontra-se ligada à violência e à destruição das florestas, e às doenças crônicas advindas da alimentação à base de carne contaminada e de corantes artificiais.
O elo que une este mecanismo perverso traz consigo o fundamento de que a ciência opera a máquina e a sociedade compra os produtos no supermercado. Mas, para reverter este cruel e destruidor maquinário não é suficiente apenas o domínio da informação. Isso a indústria dos fast-foods faz de modo impecável. Será necessário um esforço conjunto, de caráter ético, político e ecológico, para religarmos a Terra aos níveis orgânicos de equilíbrio sócio-ambiental. Será necessário reverter informação em política sustentável de justa distribuição de produção e consumo ético. Aí sim, a lógica deixa de ser exclusivista e passa a ser cooperativa e solidária.
Desse modo, sem o entendimento de que a razão instrumental moderna não será jamais geradora de equilíbrio sócio-ecológico, mas uma organizadora de ideias potencialmente geradoras de conhecimento, ainda passaremos longos anos amargando a destruição do planeta e de nossos intestinos como algo inevitável.
Portanto, penso que a política social do equilíbrio ecológico deve ser o norte de nossas ações para o mundo neste novo século. Isso será uma conquista não de uma razão que calcula, mede e domina. Mas de uma intuição sensível que acolhe, escuta e coopera.
A emissão de gases poluentes não se desconecta de uma política de medicina preventiva. Assim como a destruição da floresta amazônica está ligada diretamente ao enriquecimento da indústria dos fast-foods, que vende o hambúrger enlatado com o cheiro de floresta queimada em seu “selo de qualidade”. É uma lógica perversa e aparentemente invisível, mas que penetra com muita eficácia em nossas casas pela propaganda e pela indústria das futilidades dominicais.
Assim, lutar por um novo mundo é dizer não à máquina de destruição do agronegócio, da indústria de remédios, da produção desenfreada de agrotóxicos, da violência dos matadouros, que é a mesma lógica que produz  tecnologia de ponta nas universidades para atender à indústria bélica. Portanto, a ciência não passa incólume pela morte das crianças africanas, onde desnutrição confunde-se com abandono sócio-econômico-ambiental. Em nome da ciência tem-se patrocinada genocídios ao longo da história. Agora, é chegado o tempo de dar à ciência um novo patamar de consciência. Isto é, a medicina deverá ser preventiva. A educação deverá ser formativa. E a política deverá ser justa, compreendendo que não se faz novos mundos sem ecologia, sem dignidade e paz entre os povos.
Jorge Leão*
Professor de Filosofia do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Maranhão

sábado, 10 de setembro de 2011

Terror e o atentado de 11 de setembro


  • Por Pedro Alves
Terror e o atentado de 11 de setembro 9/11Acordei cedo. Era talvez 6 horas da manhã. Alguma coisa estava acontecendo e estava errado. Estava profundamente errado. Dava para sentir o clima, a expectativa de defecho dos  conflitos. Tinha que haver uma solução. De alguma forma, a cidade amanhecia diferente, com outro clima, outra ansiedade, outra emoção.
Desci e fui comprar pão e ver o que certamente estava acontecendo.
Na volta soube da noticia pelo rádio: o golpe militar estava em marcha contra Allende.
Descemos, eu e Iracema, e fomos direto para o centro da cidade, percorrendo a Alameda as pressas, contornando as obras do metrô, conforme haviamos combinado com o pessoal - Julio, Ritinha, Viegas, Ferreira, para resistir.
Chegamos na casa do Ferreira. Aguardamos algum tempo, mas não havia como telefonar para ninguém: estava tudo congestionado e só sabiamos o que estava acontecendo pela rádio e, como estavamos perto do palácio La Moneda, podiamos ouvir bem claramente os tiros e as rajadas sendo disparadas contra Allende.
Depois de alguns minustos esperando e vendo que não chegava mais ninguém, saimos, eu e Iracema, e fomos encontrar o pessoal na población, depois da estação Mapocho.
Enquanto subiamos pela Alameda, vimos famílias completas, com mulher e filhos, caminhando em direção a La Moneda, com suas 'frazadas' (cobertores), dispostos a passar a noite em defesa do companheiro presidente Salvador Allende, conforme havia acontecido inúmeras vezes antes. Contudo, estas mesmas familias, ao ouvirem os tiros partindo de La Moneda, algumas vacilavam em continuar a sua caminhada, temendo pelo pior. Nesta hora, precisávamos de armas e pessoal bem treinado para assumir a resistência e enfrentar o terror que certamente viria.
Continuamos a caminhada. Pudemos, mais adiante, na altura da estação Mapocho, ver o cerco realizado ao centro da capital Santiago. Os soldado estavam com os seus fuzis e suas baionetas. Por onde passei usavam um lenço vermelho, das tropas leais a Pinochet. Lenços vermelhos, da cor de sangue, traiçoeiros de sua própria nação, antecipando o sangue do povo chileno em sua jornada futura de luta contra a tirania, imposta por Pinochet, também chamado de 'Praga da Humanidade'.
Enquanto isto, Allende resistia em La Moneda, aos bombardeios da aviação e aos tanques golpistas.

Allende contra o golpeNa verdade, a resistência em La Moneda fora bem curta. O golpe militar organizado para derrubar o governo de Unidade Popular de Allende tivera início na madrugada daquele mesmo dia, quando o almirante José Toribio Merino prendeu o comandante-em-chefe da Marinha, leal a Allende, e sitiou as grandes cidades costeiras de Valparaíso, Viña del Mar e Talcahuano com a ajuda da esquadra americana que estava nas costas de Valparaiso.

A estrategia dos golpista não foi atacar os bairros populares, mas sim, cercar o centro da cidade, não permitindo que ninguém entrasse ou saisse, criando um bolsão, decretando o toque de recolher, e prendendo os representantes do poder: Allende e seus ministros, e  ocupando os terrenos com os simbolos de poder: o palacio La Moneda e  o centro da cidade. Depois, e somente bem mais tarde, foi para as 'poblaciones' - os bairros populares, para dominar e impor o terror, a morte e o retrocesso.
A estrategia foi, portando, cercar o centro da cidade, construindo um cinturão em torno, e isolando a resistencia do centro da cidade para não ter contato com  a periferia.
Dominado o centro, aniquilada a resistencia, o resto - a periferia - seria mais uma questão de 'limpeza'.
A estrategia de resistencia ao golpe por parte do movimento popular era atrair os golpistas para as poblaciones. Mas o golpe mostrou que este caminho foi um erro estratégio clamoroso.
É preciso dizer que a frota americana estava em frente a Valparaiso dando cobertura ao golpe. Em verdade, a frota chilena tinha saido de Valparaiso para realizar manobras conjuntas com os americanos e voltaram a noite para o golpe de 11 de setembro, sabendo que podia contar com o apoio da maior nação imperialista de toda a históra da humanidade até hoje: os Estados Unidos da América do Norte.
Em terra, os tanques cercavam o palácio. Mensagens militares se repetiam nas emissoras de rádio controladas pelos militares, enquanto grupos de operários tentavam resistir ao golpe nos cordões industriais de Vicuña Mackenna e Cerrillos, e surgiam franco-atiradores nos edifícios do centro da capital. Pablo, que encontrei na población, não vacilou em pegar um fuzil e ir para o centro da cidade de onde, certamente, fez muitos disparos e acabou sendo preso. Voltei a encontrá-lo no Estadio Nacional em outubro.
O golpe teve início na costa do oceano Pacífico, na cidade portuária de Valparaíso, de onde partiram tropas navais chilenas com destino a Santiago, enquanto vários vasos de guerra da marinha estadunidense estavam na costa do Chile. O plano previa que os marines - Corpo de Fuzileiros Navais dos Estados Unidos - invadiriam o Chile, para "preservar a vida de cidadãos norte-americanos" - velho argumento utilizado pelo EEUU para invadir outros paises, atualmente apresentado como intervenção humanitária e dispostos a sacrificarem populações civis. Um avião WB-575 - um centro de telecomunicações - da força área norte-americana, pilotado por militares norte-americanos, sobrevoava o Chile. Simultaneamente 33 caças e aviões de observação da força aérea norte-americana aterrissavam na base aérea de Mendoza, na fronteira da Argentina com o Chile.

E foi assim que Pinochet e os civis que apoiaram o golpe, fecharam e escondiam o Chile para o mundo por uma semana, enquanto os tanques rolavam e os soldados arrombavam portas e destruiam familias. O som das execuções gritavam dos estádios do Chile, do Nacional e dos outros ao longo do pais. Os mortos se empilhavam ao longo das ruas e flutuavam nos rios. Os centros de tortura iniciaram suas atividades com treinamento e supervisão de militares torturadores brasileiros presentes. Os livros considerados subversivos eram queimados, relembrando os tempos de Hitler e da Inquisição medieval.
Temos que relembar, com pesar, este ataque contra a democracia e um governo eleito democraticamente, realizado com apoio, dinheiro, supervisão, navios de guerra e armas fornecidos pelo terror  norte americano.
Temos que relembrar, para não esquecer jamais que, em defesa dos seus interesses, seja de petróleo ou área de influencia, os norte americanos estarão sempre dispostos a invadir e impor o terror onde quer que seja, usando os mais torpes argumentos, falando em defesa de valores humanos, mas pouco se lixando quantos civis morrem, nem quantas familias são destroçadas, desde que eles tenham total acesso a riqueza e exploração das riquezas do pais.


Fonte: Rede Democrática

TRABALHADOR CORROMPE? PROFESSOR CORROMPE? QUEM CORROMPE?



Laerte Braga


Há dias o País tem assistido a um esforço desesperado de velhos golpistas (torturadores, estupradores, assassinos de 1964), aliados a grandes empresários, banqueiros e latifundiários, para mobilizar os brasileiros contra a corrupção.

Tentam convocar uma nova marcha da família com Deus pela liberdade arvorados em uma condição de salvadores da pátria, do mesmo jeito que fizeram em 1964 sob o comando do embaixador Lincoln Gordon dos EUA e do general Vernon Walthers, ex-diretor da CIA (o governo dos EUA, em 1964 designou um comandante militar para as forças golpistas que entre outras coisas era amigo pessoal de Castelo Branco e falava português).

Apoiados pela grande mídia, a mídia privada, GLOBO à frente, tecem as mentiras de sempre, criam as ilusões que sempre criaram e tentam reduzir a corrupção a deputados, governadores, senadores, prefeitos, até presidente da República.

Dilma repete o malabarismo de Lula, uma no cravo outra na ferradura. O diapasão desse concerto petista é a bolsa família e 45% das receitas orçamentárias para pagar juros da dívida junto a bancos privados.

A diferença entre Dilma e Lula é que a presidente não consegue se equilibrar sobre o fio tênue do “capitalismo a brasileira” que o ex-presidente inventou. É menor que o cargo e ainda carrega consigo alma de tecnocrata. Ou seja, o que vale são os números não o ser humano. Na cabeça dessa gente numa tragédia, digamos assim, se a primeira impressão é que morreram dez quando poderiam ter morrido vinte, houve lucro, deixaram de morrer outros dez. Enxergam o mundo desse jeito.

No sete de setembro a GLOBO editou as matérias sobre o Grito dos Excluídos e a marcha das elites paulistas que tentam espalhar pelo Brasil, jogando tudo no ar como se fosse protesto contra a corrupção. Canalhice bem ao estilo da rede.

Nasceu com a ditadura, apoiou a ditadura e é instrumento de interesses estrangeiros, de banqueiros, grandes empresários e latifundiários.

Trabalhador e professor, por exemplo, não corrompem ninguém. São ludibriados por políticos corrompidos por banqueiros, grandes empresários e latifundiários. Veja o caso de Minas. Quando governador do estado o ex-presidente Itamar Franco anulou um acordo feito pelo seu antecessor, Eduardo Azeredo – corrupto de carteirinha – que entregava a CEMIG a grupos estrangeiros. Aécio, agora, no final de seu governo refez o acordo e entregou a CEMIG.

A mídia disse alguma coisa? Nada. Está no bolso. É venal. E o povo, o trabalhador, os professores mineiros nas mãos de uma aberração política o tal Antônio Anastasia, valet de chambre de toda essa gente, está como? Mas Aécio comprou um apartamento de um milhão de reais no Rio de Janeiro.

Segundo outra aberração, Cid Gomes, “professor tem que dar aula por amor, se acha o salários baixo que procure outra profissão”. Sogra não. O dito leva para Paris em vôo pago pelos cofres públicos.

O esquema de financiamento de campanhas políticas no Brasil permite que empresas, bancos e latifundiários comprem lotes de candidatos em todos os partidos com representação na Câmara ou no Senado através de doações. Tornam-se proprietários lato senso desses deputados, senadores, de governadores, prefeitos, vereadores, atingem o Judiciário e permeiam o Executivo.

Mas e daí?

O xis da questão não está em reformas políticas ou outras, na tentativa de construir painéis coloridos de ilusão e manter uma realidade podre como querem os que se voltam apenas contra os políticos no caso da corrupção.

E quem corrompe? Para que exista um corrupto é necessário que exista um corruptor.

A corrupção está intrinsecamente ligada ao modelo político e econômico vigente. A reforma política tira José Sarney de cena e coloca na cadeia? Não. Sarney serviu a ditadura militar com subserviência e de quatro durante todo o período do regime, da mesma forma que descaradamente emergiu – com a morte de Tancredo – como guia e condutor do processo de reconstrução democrática.

E o povo? A participação popular? Não tivemos uma assembléia nacional constituinte, mas um congresso constituinte e tutelado pelos militares que, entre outras coisas, não permitiram, como tem criado toda a sorte de obstáculos para que sejam revelados os documentos que mostrem a covardia diária dos golpistas/torturadores enquanto durou o regime.

Na passeata contra a corrupção em São Paulo estava um desses generais, eram visíveis bandeiras dos Estados Unidos.

Não foi por outra razão que o pensador e parlamentar inglês Samuel Johnson afirmou que “o patriotismo é o último refúgio dos canalhas”.

O que querem? Mudar os políticos? É só olhar os antigos colaboradores do regime militar, vivos e fortes aí, exercendo mandatos e se afirmando democratas.

O que essa gente pretende é simples. Antônio Ermírio de Moraes compra dez tênis adidas a vista produzidos com trabalho escravo em países asiáticos, inclusive a China e o trabalhador compra um pagando em dez prestações para se sentir num dado momento como Ermírio de Moraes, na ilusão que vivemos numa democracia. O espetáculo, a “sociedade do espetáculo”.

Ermírio de Moraes está destruindo o Espírito Santo – o meio ambiente – com suas empresas, o tal progresso, adoecendo um povo, com aplausos de um ex-governador corrupto e assassino, Paulo Hartung, que de fato continua no covil do governo (chamam de palácio), onde um contínuo chamado Renato Casagrande faz de conta que governa.

Por trás da tal campanha existe a sórdida mentira capitalista, pela simples razão que os corruptos são corrompidos por eles. Não querem pagar impostos, não querem conquistas e direitos dos trabalhadores, não querem que o progresso seja algo comum a todos e sim privilégio deles. Querem professor dando aula por amor.

Quando se concede benefícios fiscais e tributários a uma grande empresa o custo dessa concessão é pago pelos trabalhadores, pelos pequenos empresários, pelo dinheiro que falta na saúde, na educação. É o caso da COCA COLA que financia parte dessa campanha. Ocupa terras públicas, através de uma empresa chamada CUTRALE, vende a idéia de progresso, geração de empregos, compra deputados, senadores, juízes, etc para manter as terras que repito são públicas e imputa-se a culpa aos trabalhadores rurais sem terra, aos pequenos produtores rurais.

E infestam a mesa do brasileiro de veneno como mostra um excelente documentário do notável Sílvio Tendler sobre agrotóxicos e coisas que tais. O veneno que comemos todos os dias produzido pelos compradores de deputados, senadores. juízes e que agora protestam contra a corrupção, biombo para disfarçar seus verdadeiros interesses.

Se fosse para valer não haveria um banqueiro solto. Estariam todos presos. Nem um grande empresário, ou latifundiário que até hoje se vale de trabalho escravo.

Por mais irônico que possa parecer, ou trágico, os que protestam contra a corrupção e tentam transformar a corrupção em único mal do Brasil são os que corrompem.  E a meia dúzia de inocentes a acreditar nesse tipo de marginal.

O institucional está falido. O modelo está corrompido por essa gente. O palco da luta é outro, é dos trabalhadores e é nas ruas contra a farsa de campanhas como essa.

São velhos gatunos tentando fazer ressurgir o golpismo que é parte da genética desse tipo de gente.

Deputados, senadores e juízes corruptos, governadores, são apenas figuras execráveis e compradas que carregam em seus balaios.

Trabalhador não corrompe ninguém. Professor, que é trabalhador, não corrompe ninguém.

Quem corrompe são banqueiros, grandes empresários e latifundiários.

É simples entender isso. A corrupção é parte inseparável do modelo político e econômico que temos.

Jogar por terra toda essa estrutura podre e construir um Brasil livre e soberano, sem essa gente, aí sim, essa é a luta real dos brasileiros.

Não há corrupto sem corruptor.

E por longo que fique, uma breve e real historinha. Nos idos de 2002 a GLOBO estava enfrentando sérias dificuldades de caixa. A GLOBOPAR estava levando o dinheiro da empresa. Tentaram 250 milhões de dólares junto a FHC e como o ex-presidente estivesse demorando muito a liberar o dinheiro, lançaram, inventaram, a candidatura Roseana Sarney à presidência. Chamaram o IBOPE e suas pesquisas prontas para atender o interesse do cliente, levaram Roseana às alturas e aí FHC chamou a turma na conversa.

O capital da GLOBOPAR era o seguinte – 90% da GLOBO, 5% do BNDES e 5% da MICROSOFT. Convocaram uma assembléia geral para aumento de capital de um jeito que esse aumento implicasse nos 250 milhões de dólares e aprovação da emenda constitucional que passava a permitir a presença de capital estrangeiro no setor de telecomunicações. A GLOBO não entrou com sua parte, lógico, estava inclusive ameaçada de falência, havia credores externos apertando os Marinhos, a MICROSOFT que já sabia da mutreta correu fora e o BNDES entrou com a sua parte, dinheiro dos brasileiros. O Congresso aprovou a emenda, o grupo MURDOCH comprou parte da GLOBOPAR. Na semana seguinte a Polícia Federal de FHC estourou o escritório do marido de Roseana achando um milhão de reais ilegais doados para a campanha. Tudo pronto, ficou acertado o apoio da rede a candidatura de Serra. O furo foi exclusivo da GLOBO.

E a GLOBO está na campanha contra a corrupção. Dá para entender os verdadeiros motivos desses bandidos?  

A luta é outra. É contra bandidos compradores e comprados. Se bobear essa gente revoga a Lei Áurea e amplia os limites da escravidão contra todos os trabalhadores. Na prática, vão fazendo isso nessa mistura de populismo com capitalismo e campanhas imorais e amorais como essa. Jogo de cena de bandidos para vender imagem de santos. 


A paz fora de controle



por Rodrigo Martins*, da Carta Capital
158 A paz fora de controle
Exército acusa o tráfico de insuflar moradores do Complexo do Alemão contra os militares. Mas abusos de soldados não podem ser ignorados. Foto: Marcello Casal Jr./Agência Brasil
Um dia após o intenso tiroteio entre soldados da 9ª Brigada de Infantaria do Exército e traficantes no Complexo do Alemão, ocorrido na noite da terça-feira 6, o general Adriano Pereira Júnior, do Comando Militar do Leste, acusou os criminosos de insuflar moradores da comunidade contra os militares (veja o vídeo da troca de tiros aqui).
Os tumultos começaram após o anúncio da permanência do Exército no complexo de 13 favelas, na zona norte do Rio, até junho de 2012. “Houve ordem para que soldados do tráfico tentassem se comportar de forma a causar tumulto e desconforto à tropa”, disse o general, em entrevista coletiva na manhã desta quarta-feira.
Era de se esperar que o crime organizado, com as finanças abaladas pela ocupação militar, tentaria retomar o controle territorial do Complexo do Alemão, como escreveu o jurista Wálter Fanganiello Maierovitch, colunista de CartaCapital, em artigo publicado no site Terra Magazine (clique aqui para ler). Mas as manifestações de moradores engrossaram em face dos abusos cometidos pelos policiais e militares envolvidos na ocupação, a impor revistas vexatórias aos transeuntes, fazer abordagens agressivas a suspeitos e regulamentar até que tipo de música pode-se ouvir ou o horário limite das festas.
159 A paz fora de controle
O fuzil continua presente nas favelas, só mudou de mãos, criticaram moradores durante visita da reportagem ao local. Foto: Wilton Junior/AE
“A maneira de abordagem está horrível. Nós somos moradores da comunidade e eles precisam nos abordar com respeito, com bom dia, boa tarde e boa noite. Não é chegar e ‘esculachar’ [destratar]”, disse Ivo Rosa, que trabalha com transportes e mora na região à Agência Brasil. O comerciante Nivaldo Bento, conhecido como Baiano, há 25 anos dono de um bar na Favela da Grota também reclamou da atitude dos militares. “Será que eles não gravam a nossa fisionomia. Ficam abordando a toda hora. Aí os moradores ficam revoltados com isso, pois todo mundo vira suspeito”.
Mesmo em favelas ocupadas por UPPs (Unidades de Polícia Pacificadora) há anos, são numerosas as queixas de moradores contra a rotina militarizada e os abusos cometidos pelos agentes públicos. “Vivemos numa ditadura branca. Tudo é proibido e depende do aval da polícia”, avalia o rapper Mc Fiell, do morro Dona Marta, a primeira favela “pacificada”, em 2008.
Apesar de as pesquisas demonstrarem ampla aprovação das UPPs, tanto nas favelas já ocupadas como nas demais, os conflitos têm se multiplicado na mesma proporção que o descontentamento dos moradores, sobretudo entre os mais jovens, alvos preferenciais das abordagens policiais. No fim de julho, CartaCapital publicou uma extensa reportagem sobre o tema, intitulada “Paz ou medo” (edição 655). A íntegra do texto pode ser lida aqui.
Com informações da Agência Brasil.
* Rodrigo Martins é repórter da revista CartaCapital há cinco anos. Trabalhou como editor assistente do portal UOL e já escreveu para as revistas Foco Economia e Negócios, Sustenta!, Ensino Superior e Revista da Cultura, entre outras publicações. Em 2008 foi um dos vencedores do Prêmio Vladimir Herzog de Anistia e Direitos Humanos. Acompanhe também pelo www.twitter.com/rodrigomartins0.
** Publicado originalmente no site da revista Carta Capital 
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Leia também:" Segurança para quem"", matéria especial de Silvana Sá, que publicamos no Blog

quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Brasil: o mais rico em água do planeta


Por Zilda Ferreia

Com a descoberberta do Rio Hamza, que corta toda a calha amazônica,o Brasil  passa ter mais de um quinto de toda a água do planeta. A extensão desse Rio Subterrâneo embaixo do Amazonas, que também nasce na Cordilheira dos Andes, no Peru, é estimada em 6(seis) mil quilômetros, na Amazônia brasileira e,quando entra no Acre atinge 4(quatro) mil metros de profundidade e a largura em alguns pontos chega a 400 quilômetros- margem a  margem- equivalente a distância Rio de Janeiro a São Paulo. Agora,  com o Aquífero Alter do Chão, que fica nas mesma região, num trecho em cima do Hamza, há possibilidade que juntos tenham mais de quatro vezes o volume do Aquífero Guarani, avaliou o doutor Valiya Hamza, orientador da doutorando Elizabeth Tavares Pimentel, que conduz esse projeto de pesquisa. Ele defendeu que essas pesquisas sejam comandadas por brasileiros e que essa água seja reserva. Não quis fazer comentários sobre a cobiça à Amazônia com mais essa descoberta...
 Afirmação  que nos dá medo:"As guerras do  século 21 serão travadas por causa da água”, principalmente pelo autor; Ismail Serageldin, do Banco Mundial 1972/2000, que dirigiu  várias áreas  e foi fundador e ex-presidente da Global Water Partnership, responsável pela privatização do sistema de água de vários países. Atualmente é consultor de várias instituições científicas do mundo, recebeu 29 doutorados honorários, faz parte da Academia de Ciências e Artes da França e da Academia Americana de Filosofia, além ser considerado  um dos mais inteligentes intelectuais de seu país, Egito, onde dirige a Biblioteca de Alexandria. Além disso é professor  da Cátedra Internaciona Savoirs contre  Pauvreté-Collège de France .Foi também co-presidente do Comitê de ONGs-Bank(1997-1999).

 É bom lembrar que, a Europa tem apenas 3,8% de água, e as  empresas francessas Vivendi Universal e Suez têm mais de 70%(setenta) do mercado  de água do mundo, através de suas subsídiárias .O Amapá faz divisa com  território francês, a Guiana Francesa. Rio Hamza e o Aquífero Alter do Chão estão no Amapá também. Há denuncias de que empresas estrangeiras já estão na região. Ninguem se lembra mais que Jacques Chirac quis criar uma agência para monitorar o meio ambiente,  e principalmente a Amazônia, em 2007. Na sua equipe de governo, havia ex-dirigentes da Suez e da Vivendi, a primeira do mundo em serviços ambientais. A  Vivendi Communication é  considerada  o segundo conglomerado do mundo em comunicação e serviços audiovisuais,consiste em seis subdivisões –televisão e filmes, publicaçoes(grandes editoras), equipamento de telecomunicações e serviços de internet. Porem, as maiores geradoras de renda são as empresas de água. Para conhecer detalhes dessa guerra e  da manipulção da mídia é precio ler “ O OURO AZUL -  como as grandes corporações estão se apoderando da água doce  do planeta,” de  Maude Barlow e Tony Clarke. É bom não esquecer  que Nicolas Sarkozy liderou a invasão da Líbia, através da OTAN, tammbém  por causa  da água.

É fundamental saber que se a Petrobrás não fosse brasileira, dificilmente teríamos acesso aos dados que levaram a essa descoberta do Rio Hamza. Ela  foi feita a partir  da análise de temperatura de 241 poços profundos  perfurados pela Petrobrás, nas décadas 1970 e 1980. Atualmente, esses dados estão disponíveis, no Observatório Nacional –ON. O aquífero Allter do Chão também foi descoberto, em 1958, pela Petrobras quando perfurava poços na região a  procura de petróleo. Recentemente,  pesquisadores  da Universida Federal do Pará-UFPA, liderados pelo professor Milton Matta, após detalhados estudos, estimaram o volume de água do aquífero Alter do Chão em, aproximadamente,  86 mil quilômetros cúbicos de água, enquanto o Guarani tem 45 mil quilômetros cúbicos de água.

          Ilustrações  de Antonio Fernando de Araújo

  • Cópia de Amazonas,Acre,Rondônia,Roraima.jpg
  • Cópia de Pará,Amapá.jpg
  



O Rio Hamza atravessa toda calha amazônica,numa extensão de 6(seis) mil quilometros, nasce na Cordilheira dos Andes, no Peru e deságua na mesma foz do Amazonas, no Oceano Atlantico. Está demonstrado nos mapas, na cor azul. O Aquífero Alter do Chão está em vemelho. Enquanto Rio Hamza atinge quatro mil metros de  profundidada quando entra no Acre, corre do oeste para o leste, o Aquífero Alter do Chão atinge apenas 800 metros de profundidade, a agua não se movimento e abrange o oeste do Pará, Amapá e do Amazonas.

terça-feira, 6 de setembro de 2011

Estamos mais parecidos com a Europa. Infelizmente



por Leonardo Sakamoto*
91 300x225 Estamos mais parecidos com a Europa. InfelizmenteUm grupo de jovens brancos, bem vestidos, criados no leite Ninho e provavelmente alunos de escolas caras da Paulicéia alopravam dois bolivianos que cruzavam apressados uma rua na região dos Jardins. “Esse aí perdeu sua flauta de bambu e a lhama!”, proferiu um deles – que provavelmente aprendeu a fazer humor com alguns gênios da TV. Os dois, de origem humilde, antes mesmo de ouvirem qualquer uma das baboseiras, já deviam se sentir deslocados naquelas ruas de alto poder aquisitivo devido suas feições.
Há algum tempo, vi outro grupo de pessoas ridicularizando imigrantes bolivianos no Centro de São Paulo. Também jovens, todos brancos, alguns de olhos claros. Índios, portanto não eram. E, dessa forma, desprezavam aquilo que um dia seus pais também já foram: estrangeiros recém-chegados, tentando a sorte.
Queria retomar esse tema, aproveitando que a discussão sobre imigração está em alta por aqui por conta das recentes libertações de bolivianos em oficinas de costura. Não vou debater as origens da xenofobia, a relação entre estabelecidos e outsiders, o entendimento da alteridade… enfim. Afinal isto é um post, não uma missa ou uma defesa de mestrado. Mas é ridículo que pessoas da mesma classe média que reclama ser barrada nos aeroportos na Europa e nos Estados Unidos reserve um tratamento preconceituoso como esse aos que vêm de fora. O ser humano aprende com a experiência coletiva? Faz-me rir.
Muitos dos latino-americanos não vêm para cá atrás das belezas naturais (sic) de São Paulo, mas sim de oportunidades melhores ou fugindo da miséria. Miséria da qual, muitas vezes, somos co-responsáveis por explorar terra, trabalho e recursos naturais lá. Guardadas as proporções, é a mesma coisa que empresas e governos do hemisfério norte fazem com a gente. Reclamamos de estrangeiras operando no Brasil, porém, quando alguém na Bolívia ou no Paraguai pensa em rever contratos para tornar menos injusta a relação com o nosso país, parte da opinião pública daqui brada aos quatro ventos o absurdo que é essa ousadia. Quem eles pensam que são? Iguais a nós?
E, afinal de contas, o que é ser “brasileiro”? A história de nosso país é feita de migrações, de receber gente de todos os cantos (não tão bem, é claro – São Paulo, por exemplo, é a maior cidade nordestina fora do Nordeste e, ao mesmo tempo, ostentamos um preconceito raivoso e irracional). Mas não faz sentido que viremos às costas aos que vêm de fora e adotam o Brasil, mesmo que a contragosto. Eles são tão brasileiros quanto eu e você, trabalham pelo desenvolvimento do país, entregam sua juventude e sua dignidade para que possamos estar todos na moda sem gastar, mas normalmente passam invisíveis aos olhos da administração pública e do resto de nós.
O aumento da imigração de pessoas que procuram uma vida melhor em um país com maior oportunidade de emprego tem mostrado o que certas nações têm de pior. Os Estados Unidos erguem uma cerca entre eles e o México, para regular o fluxo de faxineiros, operários e serventes. Na Inglaterra, brasileiros levam bala. Na Espanha, turistas, se piscarem, são tidas como prostitutas querendo invadir o território. Em muitos cantos da Europa africanos, sul-americanos e asiáticos são carne de segunda.
(Lembrando que boa parte dos imigrantes faz o trabalho sujo que poucos europeus ocidentais querem fazer, limpando latrinas, recolhendo o lixo, extraindo carvão, isso vai ser um tanto quanto hipócrita de se ver. Até porque os países que recebem esses trabalhadores ganham com sua situação de subemprego e o não pagamento de todos os direitos.)
Tempos atrás, uma amiga me mandou o texto de uma campanha que estava circulando na Espanha. Apesar de errar um pouco nas referências, acerta na idéia final: “Seu Cristo é judeu, sua escrita é latina, seus números são árabes, sua democracia é grega, seu som é japonês, sua bola é coreana, seu DVD é de Hong Kong, sua camiseta é da Tailândia, seus melhores jogadores de futebol são do Brasil, seu relógio é suíço, sua pizza italiana. E você ainda vê o trabalhador imigrante como um depreciável estrangeiro?”
Em todo o mundo, culpamos os migrantes de roubar empregos, trazer violência, sobrecarregar os serviços públicos porque é mais fácil jogar a responsabilidade em quem não tem voz (apesar de darem braços para gerarem riqueza para o lugar em que vivem) do que criar mecanismos para trazê-los para o lado de dentro do muro que os separa da dignidade – que, inclusive, geraria recursos através de impostos.
Adoraria que o Brasil desse um exemplo aos países do Norte, derrubando os muros que criam cidadãos de primeira e terceira classe (coloco-os atrás dos brasileiros pobres, os cidadãos de segunda classe, porque esses – apesar de maltratados – ao menos existem para algumas políticas públicas), possibilitando o livre trânsito de trabalhadores sem condicionantes. Há legislação que já garante isso no caso do Mercosul e Estados parceiros, mas interpretações diferentes dentro do próprio governo e na Polícia Federal garantem que as coisas fiquem como estão. Mesmo com direito a permanecer por aqui, gente tem sido deportada por conta de ignorância estatal.
Vivemos sim uma dúvida parecida àquela enfrentada pelo Velho Mundo. Não, não é se haverá trabalho e espaço para todos com os deslocamentos de imigrantes em busca de emprego (ou fugindo de catástrofes ambientais). Mas se as características que nos fazem humanos não estarão corroídas até lá.

* Publicado originalmente no Blog do Sakamoto.

sábado, 3 de setembro de 2011

O MST e a saúde dos brasileiros


Por Emanuel Cancella
A única entidade de visibilidade nacional e internacional que faz campanha em defesa da saúde dos brasileiros, denunciando o uso indiscriminado de agrotóxicos e transgênicos, é o MST.

O Brasil já é o país que mais utiliza agrotóxicos, desde 2008. Ativistas ambientais e pesquisadores,como a professora Raquel Rigotto, do Departamento de Saúde Comunitária da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Ceará, denunciam: além de contaminar a água, os agrotóxicos são responsáveis por diversos tipos de câncer e chegam até a provocar abortos.

Os transgênicos são ruins para os produtores e para os consumidores: os produtores serão obrigados a pagar pelas sementes; os consumidores correm alto risco, já que as pesquisas que estudam o efeitos desses alimentos em nossos organismos ainda não estão concluídas.

Os trabalhadores rurais ligados ao MST e à Via Campesina, através da Agricultura Familiar, praticam a agricultura orgânica sem o uso de agrotóxicos e transgênicos. A Agricultura Familiar é responsável pela maior parte dos alimentos produzidos no campo que vão para a mesa dos brasileiros.

É preciso que as entidades ligadas ao governo, o Ministério Público e os produtores rurais
previnam a população sobre os riscos do uso de alimentos que utilizam agrotóxicos e transgênicos.

O filme "O veneno está na mesa", do cineasta Silvio Tendler, faz esse alerta. Além das campanhas que chamam atenção para os riscos provocados pelos cigarros, bebidas e drogas, também é preciso alertar a sociedade para o perigo dos agrotóxicos e transgênicos.

Se não querem proibir uso dos agrotóxicos e dos transgênicos, pelo menos alertem à população, nos rótulos dos alimentos e em campanhas publicitárias, sobre os riscos que se corre. Até quando vamos continuar agindo como se o veneno não estivesse na mesa!

Fonte: Emanuel Cancella é diretor do Sindipetro-RJ/Agência Petroleira de Notícias. 

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sexta-feira, 2 de setembro de 2011

CUIDADO! PROFESSOR NA PISTA



Laerte Braga


O governador Cid Gomes, Ceará, disse a jornalistas que “professores têm que trabalhar por amor. Se não estiverem satisfeitos com o salário, arranjem outra profissão”. Cid Gomes é aquele que foi para a Europa cuidar dos “interesses” do Ceará e levou a sogra à custa dos cofres públicos. A senhora em questão sonhava conhecer Paris. Os cearenses pagaram o regalo.

Na cidade mineira de Juiz de Fora, 600 mil habitantes, pouco mais, numa manifestação de estudantes em solidariedade aos professores do setor público, policiais militares prenderam um professor, prenderam, algemaram e conduziram-no à Delegacia de Polícia, por tentar impedir que um guarda municipal, montado numa moto cortasse pelo meio o protesto em típica atitude de ameaça e represália, colocando em risco a vida de pessoas.

A guarda municipal de Juiz de Fora é formada por golden boys do “general” Vítor Valverde, secretário de Governo, uma das figuras mais repugnantes já produzidas na política daquela cidade e principal controlador do prefeito Custódio Matos, sonso de plantão na Prefeitura.

É desnecessário dizer que o prefeito é do PSDB – tucano – e parceiro do ex-prefeito Alberto Bejani, aquele que apareceu no JORNAL NACIONAL contando a montanha de notas de cinqüenta da propina paga pelos empresários do setor de transportes coletivos urbanos. Terminou na penitenciária Ariosvaldo de Campos Pires, mas já se converteu, virou o pastor Carlos e afirma que vai ser candidato a prefeito nas eleições de 2012.

Professores e estudantes se mobilizam em todo o País contra governos municipais e estaduais que têm a mesma visão do governador Cid Gomes. Escravagista, repulsiva, abominável.

A repressão a esses movimentos (que não se resumem a questões salariais, mas a condições mínimas de trabalho) não difere do que acontecia no tempo da ditadura militar. As policiais militares saem às ruas, em alguns lugares ao lado das guardas municipais e prendem e arrebentam no melhor estilo Brilhante Ustra, o mais célebre carniceiro do regime militar.

Polícias militares são uma aberração. Em qualquer lugar do mundo supostamente civilizado Polícia é uma instituição civil. Por aqui não. Existem com a função de proteger a ordem e a lei, mas a ordem e a lei segundo os interesses das elites. Professores, estudantes, trabalhadores de um modo geral são alvos preferidos desses chamados “homens da lei”.

A repressão aconteceu em São Paulo quando era governador José Serra. Em Minas com Aécio Neves e agora com o ornitorrinco Antônio Anastasia. No Rio com o dissimulado Sérgio Cabral, no Ceará com o governador Cid Gomes (puxa saco da sogra) e assim por diante.

Professor na pista para as “autoridades” é um perigo e uma ameaça às instituições, à ordem pública, etc.

Traficante, assaltante, essa turma, via de regra age de maneira impune quando não com cumplicidade dessas “autoridades” como se vê quase que diariamente no noticiário até da mídia comprada e guardada nos cofres do poder. A chamada grande mídia, não importa sua dimensão, se nacional, estadual ou regional.

Segundo a Polícia Militar de Minas Gerais o professor foi detido por “desacato à autoridade”. O clássico “teje preso”.

Costumam dizer que no Brasil estamos livres de tufões, tornados, furacões, etc. Mas é de Cid Gomes? Ou do prefeito de Juiz de Fora Custódio Matos? Ou de Sérgio Cabral agora defendendo a entrega do pré-sal a empresas estrangeiras? Ou de José Serra? de Geraldo Alckimin? Do ministro Paulo Bernardo – integrante do festival de besteiras que assola o País – ao defender a entrega da banda larga às teles e viajar em aviões dessas empresas? Uai! Não é sogra de Cid Gomes!

A prisão do professor em Juiz de Fora foi um ato de violência, característica genética em policias militares, como violentas e bárbaras são as ações contra estudantes, trabalhadores, sem terra, tudo em defesa dos interesses das elites.

Polícia é outra coisa, tem outra finalidade. O direito à livre manifestação de idéias e a protestos públicos contra criminosos hediondos como Cid Gomes, Sérgio Cabral, Antônio Anastasia é assegurado na Constituição.

E um detalhe. O secretário de governo de Juiz de Fora, MG, comandante da guarda municipal, inventou uma nova categoria de general. O general R/3. Vítor Valverde é o nome da peça e professor e estudante para essa aberração significam transtornos para os “negócios” feitos à frente da Prefeitura.

Não resistem, os tais “negócios”, a uma operação dessas que a Polícia Federal costuma fazer Brasil afora. Falta incluir Juiz de Fora outra vez na agenda. E o Ceará também.